Trembolona

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Estrutura química de Trembolona
Trembolona
Aviso médico
Nome IUPAC (sistemática)
(8S,13S,14S,17S)-17-hydroxy-13-methyl-2,6,7,8,14,15,16,17-octahydro-1H-cyclopenta[a]phenanthren-3-one
Identificadores
CAS ?
ATC ?
PubChem 25015
Informação química
Fórmula molecular C18H22O2 
Massa molar 270.37 g/mol
Farmacocinética
Biodisponibilidade ?
Metabolismo Fígado, Testículo e Próstata
Meia-vida 2-3 dias
Excreção Urina
Considerações terapêuticas
Administração Injeção intramuscular
DL50 ?

Trembolona é um esteroide anabolizante, com propriedades androgênicas do grupo 19-nor. A trembolona é utilizada na veterinária, proporcionando crescimento muscular e apetite para o gado.[1][2] A trembolona é utilizada em forma de fármaco, injetável. É dividido em ésteres, sendo estes o acetato de trembolona (Trembolona Acetato, Trembo-Life), o hexahidrobenzilcarbonato de trembolona (Parabolan, Hexabolan) e o enantato de trembolona (Trembolona Enantato, Trenabol).[2]

Uso da trembolona[editar | editar código-fonte]

Veterinária[editar | editar código-fonte]

A trembolona melhora o aumento de massa muscular e apetite de animais.

Efeitos colaterais[editar | editar código-fonte]

Às vezes, os usuários humanos podem experimentar um evento chamado "tosse tren" logo após ou durante uma injeção, onde o usuário experimenta um ataque de tosse violento e extremo, que pode durar minutos.[3]

História[editar | editar código-fonte]

A trembolona injetável (acetato) foi introduzida na indústria, no ano de 1980, com o nome de Finajet. Sob a ação de éster curto do acetato, era utilizada para "reforçar" o gado antes do abate.[4]

O hexahidrobenzilcarbonato de trembolona foi desenvolvido pela empresa farmacêutica Negma, fundada na França. O uso humano começou a se propagar em meados do início dos anos noventa. No ano de 1997 a trembolona parou de ser fabricada pela empresa e, a partir daquele instante, toda forma de trembolona encontrada no mercado é veterinária ou é feita em laboratórios ilegais.[4]

Farmacologia[editar | editar código-fonte]

Mecanismo de ação[editar | editar código-fonte]

A trembolona possui propriedade anabolizante e androgênica.[2] Após metabolizadas, as drogas anabólicas tem o poder de aumentar a captação de íons de amônio pelos músculos, levando por consequência á um aumento na síntese proteica. Possui, como um dos efeitos secundários, a diminuição da taxa de catabolismo e aumento de apetite.[5] Um estudo comprovou que a trembolona administrada em ratos mostrou que a trembolona consegue alcançar um potencial anabólico tão potente quanto a di-hidrotestosterona (DHT).[6] Isso indica que a trembolona tende a alcançar um aumento nas características secundárias masculinas sem se converter em DHT.

Farmacocinética[editar | editar código-fonte]

Para aumentar a meia-vida efetiva da trembolona, a substância é dividida em ésteres diferentes, sendo estes o acetato de trembolona, enantato de trembolona e hexahidrobenzilcarbonato de trembolona. As lipases plasmáticas separam a trembolona na corrente sanguínea de acordo com as cadeias de carbono do éster e deixam a trembolona livre.

Os compostos da trembolona tem uma afinidade cinco vezes maior que a testosterona em relação aos receptores androgênicos.[2][7] A trembolona também tem afinidade com o receptor de progesterona.[2][7][8] A trembolona se liga ao receptor glucocorticoide também.[8]

Química[editar | editar código-fonte]

A trembolona, também conhecida como 19-nor-δ9,11-testosterone ou como estra-4,9,11-trien-17β-ol-3-one esteroide anabolizante sintético derivado da nandrolona (19-nortestosterona). É o mesmo que a nandrolona com duas ligações duplas adicionais no núcleo.

Sociedade, Leis e Cultura[editar | editar código-fonte]

Regulamentação[editar | editar código-fonte]

O uso e porte de esteroides anabolizantes no Brasil sem receita médica é crime.[9] A trembolona, particularmente, é ilegal na maioria dos países. Nos Estados Unidos, a trembolona é classificada como uma substância veterinária controlada, seu porte sem autorização é crime, resultando em penalidade e retenção do produto. É tratada da mesma forma no Canadá. No Reino Unido é classificada como uma substância veterinária e ilegal para uso em humanos, porém, o seu porte só resulta em retenção do produto, não em penalidade como nos outros países anteriormente descritos. No Paraguai, o uso, fabricação e venda de anabolizantes é totalmente legal. No México, é totalmente legal a compra e venda de anabolizantes.

Saúde[editar | editar código-fonte]

A trembolona é muito nociva ao corpo humano, possui efeitos colaterais adversos (como paranoia, medo irracional, aumento na frequência de batimentos cardíacos, etc) que podem resultar em morte.[10] Diferente de outros esteroides anabolizantes, ela possui um efeito androgênico extremamente alto, que vem acompanhado de efeitos colaterais demasiados (efeitos colaterais que ultrapassam os naturais dos esteroides anabolizantes comuns). Seu uso é desaconselhável pela comunidade científica mundial.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Residues of Some Veterinary Drugs in Animals and Foods: Monographs Prepared by the Thirty-Fourth Meeting of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives, Geneva, 30 January-8 February 1989 (em inglês). [S.l.]: Food & Agriculture Org. 1990. ISBN 9789251029336 
  2. a b c d e Llewellyn, William (2011). Anabolics (em inglês). [S.l.]: Molecular Nutrition Llc. ISBN 9780982828014 
  3. Mahony, Matt (3 de agosto de 2022). «What is Tren Cough [Explained]» (em inglês). Consultado em 7 de fevereiro de 2023 
  4. a b «Trenbolone - Evolutionary.org». www.evolutionary.org (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  5. «Anabolic Steroids: Mechanisms and Effects». www.sportsci.org. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  6. Wilson, Vickie S.; Lambright, Christy; Ostby, Joe; Gray, L. E. (1 de dezembro de 2002). «In Vitro and in Vivo Effects of 17β-Trenbolone: A Feedlot Effluent Contaminant». Toxicological Sciences. 70 (2): 202–211. ISSN 1096-6080. doi:10.1093/toxsci/70.2.202 
  7. a b Mascie-Taylor, C. G. Nicholas; Rosetta, Lyliane (13 de janeiro de 2011). Reproduction and Adaptation: Topics in Human Reproductive Ecology (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 9781139494304 
  8. a b APMIS.: Supplementum (em inglês). [S.l.]: Munksgaard. 2001 
  9. «L9965». www.planalto.gov.br. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  10. Yarrow, Joshua F.; McCoy, Sean C.; Borst, Stephen E. (1 de junho de 2010). «Tissue selectivity and potential clinical applications of trenbolone (17β-hydroxyestra-4,9,11-trien-3-one): A potent anabolic steroid with reduced androgenic and estrogenic activity». Steroids. 75 (6): 377–389. doi:10.1016/j.steroids.2010.01.019