Trissecção do ângulo

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Trissecção do ângulo é um dos problemas clássicos da geometria sobre construções com régua e compasso e consiste em, dado um ângulo qualquer, construir um outro com um terço de sua amplitude.[1]

O problema era conhecido dos antigos gregos e a resposta — negativa — só foi obtida em 1837 pelo matemático francês Pierre Laurent Wantzel que mudou o foco da questão, passando a buscar uma prova de que o problema não teria solução. Wentzel apoiou-se sobretudo nos resultados de Gauss o qual afirmara no seu livro Disquisitiones Arithmeticae (publicado em 1801) que não era possível construir com régua e compasso um polígono regular com nove lados. Como é possível construir um triângulo regular com régua e compasso e como, para um tal triângulo, o ângulo formado pelos segmentos que unem o centro a dois dos seus vértices é de 120º, resulta daqui que o ângulo de 120º não pode ser trissectado somente com régua e compasso. No entanto Gauss nunca publicou uma demonstração do seu enunciado.

Aproximação geométrica[editar | editar código-fonte]

Trissecção aproximada

Considerando ∠AOB = 2a e ∠HOG = 2x, verifica-se que no triângulo ΔOCF temos que o ângulo ∠OCF = ½(a + x) pois é um ângulo inscrito na circunferência que compreende um arco de medida a + x, e também temos que ∠CFO = ½(a − x) pois ao prolongarmos a bissetriz obtemos um ângulo oposto ao ângulo ∠EOB = a pelo vértice, que por outro lado, ele é ângulo externo ao triângulo ΔOCF não adjacente aos ângulos ∠OCF = ½(a + x) e ∠CFO, então:

Utilizando a lei dos senos e cossenos no triângulo ΔOCF e considerando os lados OF e OC que medem respectivamente 2.r e r, onde r é o raio da circunferência construída temos:

Com a segunda igualdade chegamos a:

Dividindo o numerador e o denominador do primeiro membro da expressão anterior, temos: .

Com isso mostra-se que . Conclui-se então que x é aproximadamente .

Solução algébrica[editar | editar código-fonte]

Seja um número construtível. Então o ângulo pode ser trissecado com régua e compasso se a equação polinomial tiver uma solução construtível.
Por exemplo, o ângulo (60 graus) não é construtível, porque o polinômio é irredutível (se não fosse, ele teria uma raiz racional da forma com ou e ou ; é fácil verificar que nenhum destes número é raiz de .[2]
A irreducibilidade de mostra que as suas raízes são de grau 3, portanto não são construtíveis.

Construção geométrica[editar | editar código-fonte]

Traçado com régua e compasso:[1]

  • Trace uma circunferência auxiliar,
  • Prolongue o segmento BO e determine o ponto C na circunferência,
  • Prolongue o segmento AO e determine o ponto D na circunferência,
  • Trace a bissetriz do ângulo AOB,
  • O segmento EO tem a mesma medida do segmento EF,
  • Ligue os pontos C e D no ponto F,
  • Os pontos H e G dividem a circunferência em 3 partes iguais (aproximadamente).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. a b Giongo, Afonso Rocha - Curso de Desenho Geométrico. Ed. Nobel, São Paulo: 1954. p.14
  2. Ver raízes racionais de polinômios com coeficientes inteiros

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Boyer, Carl B. (1996). História da matemática. 2ª Edição. São Paulo. Edgard Blücher ltda. ISBN 85-212-0023-4.
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