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Sepse é uma condição potencialmente fatal que surge quando a resposta do corpo a uma infeção danifica aos seus próprios tecidos e órgãos.[1] Os sinais e sintomas mais comuns são febre, aumento do ritmo cardíaco, autmento da frequência respiratória e confusão mental.[2] Determinadas infeções podem desencadear sintomas específicos, como tosse no caso de pneumonia, ou dor ao urinar, no caso de uma infeção renal. Nas crianças mais novas, em idosos e em pessoas com o sistema imunitário debilitado, é possível que não se manifestem sintomas de infeções específicas, podendo também apresentar temperatura baixa ou normal, em vez de elevada.[3] Sepse grave é a sepse que causa insuficiências nos órgãos ou na corrente sanguínea. A insuficiência na corrente sanguínea pode manifestar-se por baixa pressão arterial, níveis elevados de ácido láctico ou diminuição da produção de urina. Choque séptico é a baixa pressão arterial que não melhora mesmo após terapia intravenosa.[4]

A sepse é causada por uma resposta imunitária do corpo a uma infeção.[3][5] É mais comum que a infeção seja de origem bacteriana, mas pode também ser causada por fungos, vírus ou parasitas.[3] Os locais de infeção primária mais comuns são os pulmões, cérebro e órgãos abdominais. Entre os fatores de risco estão idade precoce ou avançada, um sistema imunitário debilitado devido a doenças como cancro ou diabetes, traumatismo com gravidade ou ainda queimaduras.[2] Até 2016, o diagnóstico de sepse era determinado quando perante uma infeção se observava pelo menos dois critérios da síndrome da resposta inflamatória sistémica (SRIS). Em 2016, a SRIS foi substituída pelo sistema de avaliação SOFA, devendo-se observar pelo menos dois dos seguintes três critérios: aumento da frequência respiratória, alterações no estado de consciência e baixa pressão arterial.[6] É recomendada a realização de hemoculturas antes da administração de antibióticos, embora a infelamação do sangue não seja determinante para o diagnóstico.[3] Pode ser usada imagiologia médica para determinar a localização da infeção.[4] Entre outras possíveis causas de sinais e sintomas semelhantes à sepse estão a anafilaxia, insuficiência adrenal, diminuição do volume de sangue, insuficiência cardíaca e embolia pulmonar.[3]

A sepse é geralmente tratada com terapia intravenosa e antibióticos.[2][7] Os antibióticos são administrados assim que possível, sendo o tratamento realizado muitas vezes numa unidade de cuidados intensivos. Quando a terapia intravenosa não é suficiente para manter a pressão arterial estável, podem ser administrados medicamentos que a aumentam. Pode ser necessário o recurso a ventilação mecânica e hemodiálise para assistir a função pulmonar e renal, respetivamente.[2] As pessoas com sepse necessitam de medidas de prevenção para evitar tromboses venosas profundas, úlceras de stresse e úlceras de pressão. Em alguns casos a quantidade de glicose no sangue pode ser controlada com insulina.[4] A administração de corticosteroides é controversa.[8] A drotrecogina alfa, embora tenha sido inicialmente comercializada para o tratamento de sepse grave, não demonstrou benefícios, pelo que foi retirada do mercado em 2011.[9]

O prognóstico é influenciado pela gravidade da sepse.[10] O risco de morte por sepse é de até 30%. No caso da sepse grave, este risco é de 50%, enquanto no choque séptico é de 80%.[10] Desconhece-se o número de casos em todo o mundo, uma vez que existem poucos dados de países em vias de desenvolvimento.[10] Estima-se que em cada ano haja milhões de pessoas afetadas pela doença.[4] Nos países desenvolvidos, entre 0,2 e 3 pessoas em cada 1000 são afetadas pela doença anualmente.[10][11] A incidência da doença tem vindo a aumentar.[4] É mais comum em homens do que em mulheres.[3] A sepse tem sido descrita na literatura desde a época de Hipócrates.[12] Tanto "septicemia" como "envenenamento do sangue" são termos em desuso.[12][13]

  1. Singer M, Deutschman CS, Seymour CW, Shankar-Hari M, Annane D, Bauer M, Bellomo R, Bernard GR, Chiche JD, Coopersmith CM, Hotchkiss RS, Levy MM, Marshall JC, Martin GS, Opal SM, Rubenfeld GD, van der Poll T, Vincent JL, Angus DC (23 de fevereiro de 2016). «The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3)». JAMA. 315: 801–10. PMC 4968574Acessível livremente. PMID 26903338. doi:10.1001/jama.2016.0287 
  2. a b c d «Sepsis Questions and Answers». cdc.gov. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 22 de maio de 2014. Consultado em 28 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2014 
  3. a b c d e f Jui, Jonathan (2011). «Ch. 146: Septic Shock». In: Tintinalli, Judith E.; Stapczynski, J. Stephan; Ma, O. John; Cline, David M.; et al. Tintinalli's Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide 7th ed. New York: McGraw-Hill. pp. 1003–14. Consultado em 11 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 15 de janeiro de 2014 – via AccessMedicine. (pede subscrição (ajuda)) 
  4. a b c d e Surviving Sepsis Campaign Guidelines Committee including The Pediatric Subgroup; Dellinger, RP; Levy, MM; Rhodes, A; et al. (2013). «Surviving Sepsis Campaign: International guidelines for management of severe sepsis and septic shock: 2012» (PDF). Critical Care Medicine. 41 (2): 580–637. PMID 23353941. doi:10.1097/CCM.0b013e31827e83af. Cópia arquivada (PDF) em 2 de fevereiro de 2015 – via Surviving Sepsis Campaign 
  5. Deutschman, CS; Tracey, KJ (Abril de 2014). «Sepsis: Current dogma and new perspectives». Immunity. 40 (4): 463–75. PMID 24745331. doi:10.1016/j.immuni.2014.04.001 
  6. Singer, M; Deutschman, CS; Seymour, CW; Shankar-Hari, M; Annane, D; Bauer, M; Bellomo, R; Bernard, GR; Chiche, JD; Coopersmith, CM; Hotchkiss, RS; Levy, MM; Marshall, JC; Martin, GS; Opal, SM; Rubenfeld, GD; van der Poll, T; Vincent, JL; Angus, DC (23 de fevereiro de 2016). «The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3).». JAMA. 315 (8): 801–10. PMC 4968574Acessível livremente. PMID 26903338. doi:10.1001/jama.2016.0287 
  7. Rhodes, Andrew; Evans, Laura E. (18 de janeiro de 2017). «Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Sepsis and Septic Shock: 2016». Intensive Care Medicine. doi:10.1007/s00134-017-4683-6 
  8. Patel, GP; Balk, RA (15 de janeiro de 2012). «Systemic steroids in severe sepsis and septic shock». American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. 185 (2): 133–9. PMID 21680949. doi:10.1164/rccm.201011-1897CI 
  9. Martí-Carvajal, AJ; Solà, I; Gluud, C; Lathyris, D; Cardona, AF (12 de dezembro de 2012). «Human recombinant protein C for severe sepsis and septic shock in adult and paediatric patients.». The Cochrane database of systematic reviews. 12: CD004388. PMID 23235609. doi:10.1002/14651858.CD004388.pub6 
  10. a b c d Jawad, I; Lukšić, I; Rafnsson, SB (Junho de 2012). «Assessing available information on the burden of sepsis: Global estimates of incidence, prevalence and mortality». Journal of Global Health. 2 (1). 010404 páginas. PMC 3484761Acessível livremente. PMID 23198133. doi:10.7189/jogh.01.010404 
  11. Martin, GS (Junho de 2012). «Sepsis, severe sepsis and septic shock: Changes in incidence, pathogens and outcomes». Expert Review of Anti-infective Therapy. 10 (6): 701–6. PMC 3488423Acessível livremente. PMID 22734959. doi:10.1586/eri.12.50 
  12. a b Angus, DC; van der Poll, T (29 de agosto de 2013). «Severe sepsis and septic shock». The New England Journal of Medicine. 369 (9): 840–51. PMID 23984731. doi:10.1056/NEJMra1208623. Cópia arquivada em 1 de setembro de 2013. Resumo divulgativo (30 de agosto de 2013) 
  13. Bone, R; Balk, R; Cerra, F; Dellinger, R; et al. (1992). «Definitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. The ACCP/SCCM Consensus Conference Committee. American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine» (PDF). Chest. 101 (6): 1644–55. PMID 1303622. doi:10.1378/chest.101.6.1644