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O Caso Sunderland foi uma operação clandestina de repatriamento de pilotos britânicos, levada a cabo em 1941 por elementos das Forças Armadas Portuguesas, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Portugal era um país neutro no conflito.

Após uma aterragem de emergência no estuário do Rio Sado (Península de Tróia), em 14 de fevereiro de 1941, a tripulação foi auxiliada por militares portugueses e escapou do território português a 23 de março do mesmo ano, desembarcando em Gibraltar quatro dias depois.

Aterragem de emergência[editar | editar código-fonte]

Aeronave P9623 Sunderland da RAF, no local onde aterrou de emergência.

Na noite de 14 de fevereiro de 1941, durante o Ciclone de 1941, os pilotos de um P9623 Sunderland da RAF foram forçados a aterrar de emergência em Portugal, no estuário do Rio Sado (Península de Tróia).[1][2][3]

Os pilotos da aeronave (um Short Sunderland Mk I pertencente à 95ª Esquadra da RAF, com o numero de série RAF W6065) voavam de Pembroke Dock (Reino Unido) para Freetown (Serra Leoa). As condições adversas provocadas pelo ciclone forçaram um consumo de combustível superior ao normal e a uma elevada pressão na fuselagem, levando à avaria de um dos motores, o que obrigou à aterragem de emergência.[1]

A tripulação era composta por onze militares (três oficiais e oito sargentos/praças):[4][5][6]

  • Squadron Leader Patrick Abercrombie Lombard;
  • Flight Lieutenant Charles Ewen Willders Evison;
  • Flying Officer John Graham Bowie;
  • Sergeant William John Ashcroft;
  • Sergeant John Decent Banfield;
  • Sergeant Roy Cedric Booth;
  • Sergeant John Ellis Stevens;
  • Sergeant Leonard James Thomas;
  • Leading Aircraftman Evan Thomas Edwards;
  • Leading Aircraftman Henry Leonard Fry;
  • Leading Aircraftman William EricTanner.

Operação de resgate[editar | editar código-fonte]

Devido à neutralidade de Portugal na Segunda Guerra Mundial, todo o processo de repatriamento ocorreu de forma oficiosa. O major da Força Aérea Portuguesa António Dias Leite organizou a fuga da tripulação pelo mar, através de Aveiro, em coordenação com o Embaixador Britânico em Portugal.[1]

Em 23 de março de 1941, após serem transportados em botes ao largo da costa de Aveiro, os militares britânicos foram resgatados pela Royal Navy, desembarcando em território britânico (Gibraltar) no dia 27.[1]

Toda a operação ocorreu de forma secreta, embora viessem a ocorrer situações semelhantes até ao final do conflito. António Dias Leite continuou a sua carreira militar até ao posto de coronel e tornou-se posteriormente governador civil do distrito de Aveiro.[7]


Em 14 de Fevereiro de 1941 um Short Sunderland Mk1 (P9623) da RAF 95 Sqn voando de Pembroke Dock (UK) para Freetown (Serra Leoa) foi forçado a procurar refúgio no estuário do rio Sado, Portugal. A luta contra uma tempestade esgotou o combustível do avião e o piloto foi forçado a abandonar a doca. A tripulação foi repatriada em 23 de Março de 1941. Esta foi a primeira vez que os aviadores britânicos deixaram Portugal, e foi feita sob a supervisão de um Oficial Aéreo português. O Major António Dias Leite, a pedido da Embaixada Britânica e sob a supervisão de "autoridades superiores", organizou a "fuga" por mar através de Aveiro.


On February 14, 1941 a Short Sunderland Mk1 (P9623) from RAF 95 Sqn flying from Pembroke Dock (UK) to Freetown (Sierra Leone) was forced to seek refuge in the Sado river estuary, Portugal. The fight against a storm exhausted the aircraft's fuel and the pilot was forced to ditch. The crew was repatriated in 23 March 1941. This was the first time that British airmen left Portugal, and it was made under the supervision of a Portuguese Air Officer. Major António Dias Leite, asked by the British Embassy and under the supervision of "higher authorities", organized the "escape" by sea through Aveiro.

Destino da aeronave[editar | editar código-fonte]

Antecipando-se à legal anexação por parte do Governo Português, o Governo Britânico ofereceu-o a Portugal.[3]


O avião foi entregue a Portugal em Maio de 1942 e tornou-se AN 136 da "Aviação Naval", o ramo aéreo da Marinha Portuguesa. A 8 de Março de 1944, após reparações, descolou numa missão noturna à Guiné Portuguesa, mas 3 horas mais tarde perdeu-se uma hélice que danificou a hélice externa do motor da mesma asa, o que provocou o sobreaquecimento desse motor. O acidente ocorreu perto das ilhas Canárias, mas o piloto - Capitão-de-Mar-e-Guerra Paulo Viana - conseguiu trazer o avião de volta a Lisboa apenas com os dois motores da asa esquerda. Esta fotografia mostra o avião após o seu regresso a Lisboa. Não voltou a voar e foi abatido no ano seguinte. Riscado do seu esquema (muito provavelmente) Camo Temperado do Mar da RAF, mostra-o aqui em metal nu com marcas portuguesas.


The airplane was given to Portugal in May 1942 and it became AN 136 of the “Aviação Naval”, the air branch of the Portuguese Navy. On March 8, 1944, after repairs, it took off on a night mission to Portuguese Guinea but 3 hours later one propeller was lost damaging the external engine prop of the same wing which caused that engine to overheat. The accident happened near the Canaries islands but the pilot - Capitão-de-Mar-e-Guerra Paulo Viana – was able to bring the aircraft back to Lisbon with only the two left wing engines. This photo shows the aircraft after its return to Lisbon. It never flew again and was scrapped the next year. Striped of its RAF’s (most probably) Sea Temperate Camo scheme, it shows here in bare metal with Portuguese markings.

http://aterrememportugal.blogspot.com/2011/03/primeira-fuga.html


Ao fim de demorada estadia encalhado em Tróia, foi rebocado para o Centro de Aviação Naval (CAN) do Bom Sucesso, em Lisboa, onde se manteve por bastante tempo fundeado no Rio Tejo, sem quaisquer cuidados de proteção contra as intempéries.

Por fim, foi decidida a sua ativação, sendo integrado na Aviação Naval (AN), que lhe atribuiu o número de matrícula 136. Foi então alvo de uma grande reparação, que incluiu a substituição dos motores. A pintura original foi removida, ficando em metal natural, com o casco a preto. A Cruz de Cristo, provavelmente sem círculo branco, foi pintada em ambos os lados das asas e também nos lados da fuselagem, o que não era habitual nos aviões da AN. As cores nacionais, sem escudo, cobriam todo o leme de direção. O número de matrícula foi pintado a preto nos lados da fuselagem, perto da cauda.

Completada a reparação, realizaram-se curtos voos de ensaio. Entretanto, a AN recebeu autorização para utilizar o Sunderland num voo de ida e volta à Guiné, ficando em aberto a possibilidade de viagens a Luanda e a Lourenço Marques.

No dia 8 de Março de 1944 o hidroavião empreendeu a viagem noturna à Guiné. Pouco depois de completadas três horas de voo, quando passava ao largo do Arquipélago das Canárias, o hélice do motor interno direito soltou-se, danificando o hélice do motor externo da mesma asa. Nestas condições extremamente difíceis, com dois motores parados do mesmo lado, regressou penosamente a Lisboa, amarando no Rio Tejo.[2]

Foi içado para a muralha da AN, no Bom Sucesso, onde se manteve até ser desmantelado e transformado em sucata. Foi abatido ao ativo em 1945.[8]

Referências

  1. a b c d «O ciclone trouxe o Sunderland (P9623) a Portugal – Portugal 1939-1945». Consultado em 5 de março de 2021 
  2. a b «Short Sunderland Operated by Portugal». Destination's Journey (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 2 de janeiro de 2023 
  3. a b London, Peter (2003). British flying boats. Internet Archive. [S.l.]: Stroud : Sutton. p. 276 
  4. Hanson, Colin M. (2001). By Such Deeds: Honours and Awards in the Royal New Zealand Air Force, 1923-1999 (em inglês). [S.l.]: Volplane Press 
  5. «New Zealand Air Casualties - MANAWATU TIMES, VOLUME 66, ISSUE 81, 4 APRIL 1941, PAGE 8». paperspast.natlib.govt.nz. 4 de abril de 1941. Consultado em 14 de março de 2021 
  6. «Flight Lieutenant J ELLIS (407497), Royal Australian Air Force) [Royal Air Force WW2 Casualty ]». RAFCommands. Consultado em 14 de março de 2021 
  7. «AVEIRENSES NOTÁVEIS | António Dias Leite, o aviador que foi Governador Civil de Aveiro – Comissão Diocesana da Cultura | Aveiro». Consultado em 17 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 7 de março de 2021 
  8. Evans, John (1993). The Sunderland Flying-boat Queen (em inglês). [S.l.]: Paterchurch Publications. pp. 44–45