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Biografia[editar | editar código-fonte]

Nome completo Cleber Machado Neto
Nascimento 25 de junho de 1937 (86 anos)

Porto Alegre, RS
Nacionalidade  Brasil
Prémios 1970 Arte Contemporânea Brasileira - Bankboston
1971 Pesquisa Joia - XI Bienal Internacional de São Paulo, Brasil
1972 Pesquisa - I Bienal Nacional São Paulo, Brasil
1991 Especial Escultura - II Bienal Internacional Makurazaki, Japão
Área artista plástico

Cleber Machado é um artista brasileiro. Escultor e pintor, nasceu em Porto Alegre, em 25 de junho de 1937 e hoje mora e trabalha em São Paulo. Expõe individualmente desde 1971 e em grupo desde 1968. A literatura do artista inclui textos de importantes críticos. Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais e sua obra integra importantes acervos públicos e particulares.

Filho de Marina Machado Neto e João Pedro Pereira Neto, em 1960, Cleber muda-se com a família para o Rio de Janeiro, onde começa a participar do movimento estudantil, ao lado dos amigos e também artistas da Escola de Belas Artes do Rio, Artur Barrio e Ivald Granato. Em 1968, em meio a passeatas e o Salão Nacional de Arte Moderna, é preso e solto em 24 horas - por influência de um amigo do pai. O susto o afastou das manifestações de rua, mas não lhe tirou o interesse e engajamento político.

Antes de definir-se como escultor, quando morava no bairro de Santa Tereza, Cleber começou a desenhar e produzir joias em prata e em acrílico. Incursão que lhe rendeu o Prêmio de Pesquisa em Joia, na 11ª Bienal de São Paulo. Anos mais tarde, ele retoma a produção de joias, dessa vez ainda mais fortemente influenciado pela escultura, com a criação da Linha Sculpture to Wear, composta de verdadeiras esculturas para serem usadas nos dedos como anéis.

Entre 1970 e 1974, manteve um estúdio no bairro de Botafogo onde ministrou diversos cursos e, à convite da Bienal de São Paulo, participou da Sala Brasília, tendo um trabalho adquirido pelo Presidente Juscelino Kubitschek para compor o acervo do futuro Museu de Arte Brasileira, construído na capital federal. Depois de uma passagem por Guaratiba, praia a 40 quilômetros do Rio, onde retomou uma antiga paixão pela caça submarina, muda-se para São Paulo e realiza com o MAM-SP uma exposição às margens do Lago do Ibirapuera. De São Paulo embarca para um período em Nova Iorque e, na sequência, se estabelece por três anos na Cidade do México onde mostra sua instalação "Arqueologia do ano 4000" (segundo ele, uma grande responsabilidade, já que seu trabalho foi exposto logo após o encerramento da exposição de Henry Moore).

De volta ao Brasil e ao Rio de Janeiro, Cleber constrói um estúdio no bairro de São Cristóvão onde segue trabalhando por dois anos. Sua participação na 20ª Bienal Internacional de São Paulo é marcada pela performance “Terra, Água e Ar”, de um helicóptero que simula a presença e aterrissagem de um disco voador no Lago do Parque Ibirapuera.

No início dos anos 90, volta a morar em São Paulo e, recuperado de um período de depressão, retoma com ainda mais vigor sua linguagem original, como ele mesmo gostar de chamar, a ”geometria onírica”. A volta ao trabalho é marcada por uma exposição no jardim da Casa das Rosas (atual Espaço Haroldo de Campos de Poesia.

"O companheiro de vagabundagens", por Luis Fernando Verissimo:[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Cleber e Luis Fernando Verissimo.JPG
O escritor Luis Fernando Verissimo, sua netinha Lucinda e Cleber

Cleber e Luis Fernando Verissimo são amigos desde que tinham vinte e poucos anos. Na crônica “Dou Fé”, Verissimo deixa sua impressão carinhosa do amigo, desde os tempos que eram “companheiros de vagabundagens e ambições difusas em Porto Alegre”, fazendo referência a um período que conviveram no Rio. “O Machado era um virador. Com boa aparência e boa conversa, se metia onde quisesse e às vezes me levava junto, e um dia nos vimos convivendo com um grupo internacional que fazia um filme chamado, se não me falha a memória, o que eu duvido, “Copacabana Palace”. E o Machado namorou a Mylene Demongeot. E fez grande sucesso na varanda do Hotel Miramar, contando que tinha chegado às vias. Como eu não tinha visto, não podia confirmar o feito, e só dei fé por amizade. Comeu, comeu. Anos mais tarde, reencontrei o Machado e ele me contou que era escultor, com uma grande reputação mundial. Certo, certo, disse eu, me lembrando afetuosamente do seu passado de contador de vantagens improváveis. Pouco depois entrei numa exposição de “Artistas do século”, e lá estava, entre fotos gigantescas do Matisse e do Picasso, uma foto gigantesca do Machado! Ninguém entendeu o comentário que fiz diante da foto, depois de me recuperar da surpresa. -Ele comeu mesmo!”[1]



Exposições Individuais[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Desenho de Cleber por Julio Larraz.jpg
Desenho de Cleber por Julio Larraz

1971 Museu de Arte do Rio de Janeiro - MAM Rio
1980 Museu de Arte Moderna de São Paulo - MASP
1983 Museo de Arte Moderno - México
1984 Museu de Arte do Rio de Janeiro - MAM Rio
1997/98 Casa das Rosas - São Paulo
1999 Ricardo Camargo Galeria - São Paulo
2000 A Estufa - São Paulo




Exposições Coletivas[editar | editar código-fonte]

1968 a 1971 Salão Nacional de Arte Moderna - Brasil
1970 BankBoston - Arte Contemporânea Brasileira - Rio de Janeiro - Brasil
1970 Pré Bienal de São Paulo - Brasil
1971 XI Bienal Internacional de São Paulo - Brasil
1971 Festival Panamericano de Cultura - Cali - Colômbia
1972 Brasil Plástica 72 - Bienal de São Paulo - Brasil
1972 - 1991 Panorama da Escultura Brasileira - MAM - São Paulo - Brasil
1975 XIII Bienal Internacional de São Paulo - Brasil
1979 XV Bienal Internacional de São Paulo - Brasil
1979 Espaço Alternativo "Galpão"- São Paulo - Brasil
1982 12a. International Sculpture Conference - San Francisco - EUA
1982 100 Anos de Escultura Brasileira - MASP - São Paulo - Brasil
1987 Arte Contemporânea Brasileira - Tendências - Rio de Janeiro - Brasil
1989 XX Bienal Internacional de São Paulo - Eventos Especiais, São Paulo - Brasil
1991 Gallerie Montesanti, International Art Fair, Bogotá - Colômbia
1991 Bienal Internacional de Makurazaki - Japão
1996 Museu Brasileiro da Escultura,São Paulo - Brasil
1998 Museu de Arte Contemporânea de Campinas Toque de Mestre - São Paulo - Brasil

Projeto Nova Iorque[editar | editar código-fonte]

Octopus Como disse o crítico de arte e amigo pessoal de Cleber, Pierre Restany, em texto escrito por ele em 1982, “...Machado é, efetivamente, um portador de mensagens. Ele concebeu todo um programa de intervenções, do qual “Octopus” é o ponto de partida, para dar à sua arte a envergadura existencial de um fenômeno vital.Olhe no céu de Nova York a evolução de um polvo gigante. Quais serão as reações das pessoas numa esquina? A imaginação toma o poder entre os arranha-céus de Wall Street, acaricia a Estátua da Liberdade. Mais do que arte em liberdade, Machado tenta interessar-nos em nossa essencial liberdade de ser. Seu sonho, se compartilharmos, é uma chamada à ordem, à ordem existencial, à lei da grande natureza.”[2]

Projeto São Paulo[editar | editar código-fonte]

Um ovni em São Paulo Para ser apresentada nos Eventos Especiais da 20ª Bienal Internacional de São Paulo (1989), Cleber Machado prepara uma interferência urbana para lá de especial. Do Aeroporto de Congonhas (SP), um helicóptero disfarçado de disco voador decola, equipado com 20 fachos de luz verdes e azuis. O “disco” voa sobre a cidade por volta de 40 minutos, descrevendo rotas simétricas e desce em espiral sobre o lago do Parque Ibirapuera. Segundo Cleber, o objetivo dessa interferência é possibilitar um mergulho da fantasia na realidade, provocando os indivíduos, estimulando-os a novas sensações ou nova percepção da realidade.

Coleções Selecionadas[editar | editar código-fonte]

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM Rio
Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP
Museu de Arte Moderno- México
Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado - MAB FAAP - SP
Museo Rayo-Roldenibe Del Vale - Colombia
Museu de Arte Brasileira - Brasília - Brasil
Centro de Arte Latino Americano|Centro de Arte Latino Americano - México - DF
Museo de Arte Americano - Manágua - Nicarágua
Arquivo do Estado de São Paulo- Brasil
Museo de Arte Moderna - La Tertulia - Cali - Colômbia
Museo Casa Del Lago - México - DF
Nanmeikan Art Modern - Makurazaki - Japão
Museo El Chopo - México - DF
Museu de Arte de Londrina - Paraná - Brasil

prêmios[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Jóias.jpg












1970 Arte Contemporânea Brasileira - Bankboston
1971 Pesquisa Joia - XI Bienal Internacional de São Paulo, Brasil
1972 Pesquisa - I Bienal Nacional São Paulo, Brasil
1991 Especial Escultura - II Bienal Internacional Makurazaki, Japão

cleber machado por:[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Desenho de Cleber por Julio Larraz.jpg
Desenho de Cleber por Julio Larraz “[3]

O teórico e crítico de arte argentino Fermín Fèvre (1939-2005) coloca Cleber como um dos escultores mais prestigiados do Brasil, que, apesar das diferentes fases e suas respectivas diversas ênfases, mantêm um trabalho de extraordinária continuidade.

Referindo-se a obra “Cubo-Esfera-Cubo”, o autor e escritor suíço Peter Karl Wehrli qualifica como uma tarefa histórica a façanha de Cleber de cubificação da esfera e esferação do cubo.

Aracy Amaral percebe o desafio da escultura na trajetória de Cleber. Sejam as questões de equilíbrio exploradas nos projetos de móbiles da metade dos anos 1960, ou a força rara de combinações não convencionais de materiais, como o vidro e a madeira. Em seguida, destaca a fixação em formas geométricas, que se mantém até hoje.


O professor doutor e matemático Luiz Barco visita o ateliê de Cleber Machado, lança a questão se o Universo é ou não infinito e narra seu encontro com o Cubo-Esfera-Cubo.






Oscar Niemeyer[editar | editar código-fonte]

"Não sendo crítico de arte, procuro evitar declarações nesse sentido, limitando-me, quando indispensável, a considerações gerais sobre as artes plásticas e suas ligações com a arquitetura. No caso de Cleber Machado, sinto-me à vontade diante da preocupação de criar coisa diferente que seus trabalhos revelam, atitude que reclamo dentro da própria arquitetura.Utilizando troncos de árvores, vidros e metais, o nosso escultor invade os caminhos da fantasia, e isso me agrada, pois só com fantasia e invenção concebo as obras de arte."

“...E fiquei satisfeito ao ver que ele procura – com muito talento – esses contrastes entre volume e formas diferentes que caracterizam a escultura abstrata. Às vezes, é uma solução mais simples e pura que o atrai, e me agrada particularmente. Outras, é um jogo de volume diferente que organiza com um bom gosto exemplar.”

Mário Schenberg[editar | editar código-fonte]

A partir da obra dos concretistas e neoconcretistas a escultura se tornou uma das formas mais criativas de arte contemporânea brasileira, provavelmente a mais criativa de nossos dias, uma vez que se liberta das limitações construtivistas sem se esquecer de seus descobrimentos fundamentais. Machado surge como uma das figuras mais estimulantes da nova escultura brasileira, revelando uma capacidade surpreendente de relacionar vida e construção de formas e objetos. O artista o consegue por sua vivência profunda do momento e por sua combinação de historicidade e supratemporalidade, vivendo o passado e o futuro no aqui e agora, dando-lhe uma expansão universal humana. Machado sente o tempo tanto como expansão espacial, como porvir histórico e, sobretudo, como manifestação de forças e desejos humanos individuais, nacionais, mundiais, históricos. Machado sente instintivamente as relações entre arquitetura e escultura prevendo sempre no movimento a força, no repouso escultural, uma luta de tensões. Particularmente notáveis são as obras de Machado constituídas de várias partes separadas, ainda que, unidas por um campo de forças sugerido por relações de ritmos dinâmicos. Utiliza também com grande maestria os efeitos de reflexão de imagens por espelhos, introduzindo assim, espaços distantes na obra e na atmosfera. Machado sente sua responsabilidade de artista brasileiro e latino americano buscando aprender e vivenciar tudo que nos identifica com o resto da América Latina, mas também as diferenças essenciais que nos distinguem por não termos sido incluídos nos grandes impérios da Indo-América.São Paulo, 1983

Peter Karl Wehrli[editar | editar código-fonte]

Um cubo e uma esfera e tudo
Uma esfera: de alguma forma parece mágica: Cleber Machado consegue construir um cubo a partir de oito quartos de esfera. Aparentemente simples, claro, o visivelmente evidente e modesto, ou seja: lúcido, revele sua complexidade inerente, sua riqueza de aspectos. E todo o trabalho de Cleber Machado parece provar esta sentença. Em um de seus mais recentes trabalhos, “Esfera-Cubo-Esfera”, que consiste em uma esfera cujas partes formam um cubo, Cleber demonstra a multiplicidade de significados e campos de visão concentrados naquela simples bola, que é o símbolo de harmonia e clareza. E tudo se modifica para o seu oposto assim que Cleber corta a esfera em partes e delas constrói um cubo.
Um cubo: Um plano seccional rígido e severo dos quartos na parte externa da escultura titânica sugere rigidez e falta de sensibilidade, portanto, uma metáfora de ameaça em seu sentido mais amplo. Para esta parte inóspita do mundo Cleber Machado energeticamente ousa opor um contra-mundo acolhedor: o interior de sua estrutura, a suavidade do redondo das partes da esfera, sua harmonia. Assim, o artista Cleber Machado atinge um objetivo notável: mesmo “ameaça” sendo até o momento um tema presente na arte contemporânea, assim como também é a “segurança protegida”. É a impressionante ideia brilhante de Cleber Machado de unir os dois assuntos, os dois temas em uma única peça de arte: ele conseguiu unificar ameaça e abrigo em uma forma convincente. Em uma forma. Em uma única escultura. O oposto consiste em uma única coisa. Antes precisávamos criar oposição. Agora, as coisas mudaram.
Um cubo e uma esfera: Duas formas fundamentais e básicas a partir das quais se constrói o mundo. E Cleber Machado consegue forma a esfera a partir do cubo (“esfera se torna cubo”) e do cubo a esfera (“cubo se torna esfera). A façanha de Cleber: nada menos que a quadratura do círculo, seu enquadramento. E a circulofacção do quadrado. Cleber nos traz uma nova dimensão dessa tarefa histórica: a cubifacção da esferra e a esferafacção do cubo. Ele é o inventor do cubo esférico e da esfera cúbida. Coloca estes dois elementos básicos em movimento – em todas as direções ao mesmo tempo. Girando, eles incluem cada uma e todas as formas existentes. Há uma palavra para isso: “onifacção”. Ou ainda mais precisa: “Onificação”. É o que Cleber Machado pratica. Peter K. Wehrli, Zurique, 2006 (Mora e trabalha na Suiça. Entre outros fez filme com Robert Rauschenberg, Jean Tinguely, Andy Warhol e Franz Gertsch. Sobre arte brasileira fez :”O mundo chama-se Brasil” e “Sinal de Tudo”. Publicou diversos livros de arte).

Wesley Duke Lee[editar | editar código-fonte]

“Here in this hidden corner you are making the best of brazilian art.” São Paulo, 2006











Marc Berkowitz[editar | editar código-fonte]

“...Cleber Machado is able to occupy a position of importance in Latin American art, to move at international level. I shall not refer to those who have disapperead, leaving the unmistakable imprint: the Mexican muralist, Torres Garcia, a few more. We are interested in those who are alive. The Sotos, the Negrets, the Sergio Camargos, the Oteros, the Boteros, the Omar Rayos, the Ramires-Villamisar, and now, coming on full strength, Cleber Machado.”Rio de Janeiro, 1980

“...Much of the Biennale building was occupied by special rooms and exhibits that were of only relative interest. Only one special event was striking. Project São Paulo, the brainchild of Cleber Iobo Machado, one of Brazil’s most interesting artists, consisted of two sculptures. One was an aluminum flying saucer with a 26-foot diameter half-submerged in a big lake nearby. The other was a set of colored stoplights, placed inside a black-painted helicopter circling over the city. Seen though the São Paulo smog, it mystified the population.” [8]

Aracy Amaral[editar | editar código-fonte]

Visita a Cleber Machado

Na verdade, a busca pela originalidade e por um discurso pessoal e autêntico através do tridimensional, ou seja, da escultura, pode ser tão árduo quanto essa mesma tentativa para o pintor de nossos dias. Buscar essa expressão com a consciência de tudo o que já foi feito, já realizado, pode ser tão frustrante quanto a dificuldade de enfrentar a matéria, ou suporte. Assim, o artista deve ter uma vida interior muito rica, uma capacidade de recolhimento, de concentração muito intensa, para poder tentar superar esses obstáculos.

Talvez no campo da escultura propriamente dita seja ainda mais difícil essa busca de uma expressão que transpire individualidade pois a arte do tridimensional traz a marca do classicismo através da matéria, ou dos modismos através da multiplicidade de recursos oferecidos hoje pela tecnologia, assim como para a execução de projetos concebidos pelo artista, que deixa com raras exceções, de ser também artesão. Como então a despeito de todos esses obstáculos pode o artista chegar a uma trajetória criativa? Gillo Dorfles considera que mesmo quando a escultura moderna adquire pleno "direito de cidadania no vasto campo das formas espaciais puras e destiladas como aquelas criadas a seu tempo por Pevsner, Gabo, Bill e Vantongerllo, que são em realidade mais construções de linhas de força no espaço que verdadeiras esculturas" elas permitem, assim mesmo, que se conduza "esta arte à diáfana pureza em que toda sua organicidade - ainda presente nas estátuas futuristas de Boccioni, nas cubistas de Picasso ou de Zadkine, e naquelas puríssimas de Brancusi - chegava finalmente a sublimar-se e a se exaurir"¹.

Há também a tradicional ligação entre escultura e arquitetura, vigente através dos tempos, ou da escultura e a cidade. Mas nas cidades de nosso países do Terceiro mundo que nunca chegarão a ser de Primeiro Mundo, na implacável divisão que é um fato em nosso universo, os artistas já sabem igualmente que seu espaço é muito restrito para participar nos raros projetos de uma utópica urbanização.

O desafio da escultura atinge plenamente Cléber Machado, em busca de seu caminho. Na segunda metade dos anos 60 apresentava ele propostas de móbiles, nos quais a constante era a problemática do equilíbrio no espaço, com objetos singelos e delicados em sua realização.

Algum tempo depois surgiam projetos inusuais em seus trabalhos, combinando dois materiais não convencionais, ao justapôr a bela transparência do vidro à calidez da madeira polida, com resultados de rara força, vibrantes em sua rusticidade domada. Abordou em seguida, em mudança de rota de materiais, o ferro, fixando-se em formas absolutamente geométricas, das quais desde então não tem se afastado.

Nestes últimos anos vemos o círculo circunscrito no círculo, círculo virtual versus círculo real, jogos perspectivistas com retângulos, paralelogramos ou triângulos, ou esferas, reais ou virtuais, visualização de faces de ângulos poliédricos, jogos intermináveis de reflexos na pintura automotiva prateada, a simular a magia do espelho também virtual. Faces espelhadas, portanto, que se movem no espaço, que se constitui antes como "moldura". Ou, conforme escreve poeticamente Marco Rodriguez del Camino: "o exterior que rodeia a escultura não é tanto moldura como eco. Seu espaço vem a ser como a água para o peixe ou, seguindo com nossa metáfora, como uma reverberação".²

Não há inocência possível no processo de criação artística de hoje. O artista rejeita o parecer-se "com" muito embora exista uma empatia com processos de outros contemporâneos ou modernos e Cléber Machado está ciente dessas injunções. Há, contudo, inerente ao criador, o desejo, a vontade de encontrar um caminho original, a destacar-se mesmo daqueles que admira. Mas as admirações são palpáveis, e deve-se com modéstia admitir que as variações sobre um mesmo tema, a partir de formas geométricas, cumprem, segundo Federica Palomero, o papel do vocabulário e seu ordenamento estrutural matemático, o da gramática. Ainda segundo essa autora, é esta linguagem que "permite ao artista desenvolver uma relação estrutural das partes entre si, e destas frente ao conjunto, criador de harmonia". E é essa harmonia que despreza o caos a ordem perseguida por todos aqueles que se expressam através de formas construtivas, ou na escultura, que "desenham" ou/e compõem formas no espaço. Creio que Cléber Machado persegue essa linha, batalhando com os materiais e técnicas com que trabalha, otimizando ou perdendo partido, na luta permanente frente à dificuldade de escolha, na inevitável liberdade com que atua perigosamente o artista contemporâneo.[9]

¹ Gillo Dorfles, Il Divenire delle Arli. Bompiani, Milão, 1996, cap, "Scultura/Valori estereognosici e spaziali della scultura", pp 126/131

² Marco Rodriguez del Camino, "El arte de la escultura: Escultura europea contemporanea", apud Escultura Europea Contemporánea, Museo Nacional de Bellas Artes, cat. nº 846, Caracas, 1990


David M. Furchgott[editar | editar código-fonte]

Clever Cleber

The sculpture of Cleber Machado resonates in memory. They have the sense of having been seen before. They encompasses familiar forms placed together in unfamiliar ways that, when viewed, become a part of a memory one already truly feels that one knows.

Over twenty years ago when I was first introduced to Cleber Machado’s work, he was then experimenting with combinations of glass and metal. These were works that moved with the wind. They were both visible and not, because of their transparency and their movement. The glass sections were derived from windshield parts directly from the factory. They were fit together in an only slightly veiled dance of form that made portions of the sculptures vibrate between a sense of comfort and strangeness. They were both known and unknown.

Those works drew upon my understanding of how parts of an automobile are no longer automobile parts when they become a part of something else. An automobile windshield, when used by Machado becomes a dance. This might be true of any reassembled objects – their context and meaning becomes re-defined or obscured, or lost.

Since that time, other work by Cleber Machado has come to my attention. Often they have been made of scrap material placed together in such a combination as to hide its original intent. A piece of industrial waste becomes an object of beauty, resonating with repeated and rhythmic certainty. It becomes a lesson in symmetry, in balance. It is the obvious and then not so.

Taking common objects and re-placing them in a different context, in ways that have nothing to do with their original intent, is not new in art, as this is a pursuit that artists have followed for decades. Machado’s art differs by virtue of the nature of the kind of materials he uses, how he assembles them, and the order (or the lack of randomness) in his work.

Cleber Machado’s work also engages geometry in pattern and in concept. He tackles age-old geometrical problems such as the puzzle of containg a circle with in a square of a ball within a box, or a box within a ball.

Machado work is thoughtful. It is clever – in the most significant sense of that word, which implies a use of intelligence in a new way. His work is thought provoking – giving a sense of “if I had only known this before, I would have done it that way myself.” (Executive Director, International Sculpture Center)

entrevistas[editar | editar código-fonte]

  • TM,Televisão Mexicana






















  1. Verissimo, Luis Fernando (dezembro de 2001). «Dou Fé»  Texto "Diário de Pernambuco" ignorado (ajuda); Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  2. Restany, Pierre. Projeto São Paulo - 1989 «Um sonho e uma chamada à ordem» Verifique valor |url= (ajuda) Catálogo da 20a Bienal Internacional de São Paulo - Eventos Especiais, p.77 ed. Projeto São Paulo  Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  3. Larraz, Julio (fevereiro de 2003). «Retrato de Cleber Machado». retrato  Texto "Revista Arte al día " ignorado (ajuda); Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  4. Fèvre, Fermín (fevereiro de 2003). «El precario equilibrio estructural». Arte Al Día n 95 
  5. Wehrli Peter, Karl. «Um cubo e uma esfera e tudo»  Texto "Art Canal " ignorado (ajuda); Texto "data " ignorado (ajuda); Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  6. Amaral, Aracy (dezembro de 1999). «Visita a Cleber Machado»  Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  7. Barco, Luiz (2008). «Epur si muove»  Texto "Art Canal " ignorado (ajuda); Texto "acessadoem" ignorado (ajuda)
  8. Berkowitz, Marc (fevereiro de 1990). Artnews https://en.wikipedia.org/wiki/ARTnews  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  9. Amaral, Aracy (agosto de 1999). «Visita a Cleber Machado»  Texto "url" ignorado (ajuda)
  10. Band News. «Cleber Machado – O cubo e a esfera=abril de 2012»