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Dorothy Louise Eady, também conhecida como Omm Sety ou Om Seti (Londres, 16 de janeiro de 1904 - El Araba, 21 de abril de 1981), foi guardiã do Templo de Abydos de Seti I e desenhista do Departamento de Antiguidades Egípcias. Ela é conhecida em particular pela sua crença de que em numa vida anterior fora uma sacerdotisa no antigo Egito, bem como pela considerável pesquisa histórica que fez em Abidos. A sua vida e obra foram tema de muitos artigos, documentários para a televisão e biografias.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Dorothy Louise Eady nasceu em Londres em 1904 numa família irlandesa de classe média baixa. Era filha única de Reuben Ernest Eady, um alfaiate e de Caroline Mary (Frost) Eady, [1] e foi criada numa cidade costeira. [2] Aos três anos de idade, após cair de um lance de escadas, começou a apresentar comportamentos estranhos, como pedir que a levassem "para casa".[3] Ela também desenvolveu síndrome do sotaque estrangeiro . Isto causou alguns conflitos na sua infância. A sua catequista pediu aos seus pais que a retirassem da catequese depois de ela comparar o cristianismo a uma religião egípcia "pagã". [4] Dorothy foi expulsa da escola feminina Dulwich depois de se recusar a cantar um hino que clamava a Deus para "amaldiçoar os egípcios morenos". Apesar de gostar e de ir regularmente a missas católicas, uma vez que a faziam lembrar a "Antiga Religião", Dorothy foi forçada a deixar de as frequentar após um interrogatório e visita do padre aos seus pais. [5]
Quando os seus pais a levaram ao Museu Britânico e depois de observar uma fotografia na sala de exposições do templo do Novo Reino, a jovem Dorothy gritou: "Esta é a minha casa!" mas "onde estão as árvores? Onde estão os jardins?" O templo era o de Seti I, o pai de Ramessés, o Grande . [6] Ela percorreu os corredores dos aposentos egípcios, "entre aquele que era o seu povo", beijando os pés das estátuas. [7] Depois desta visita, Dorothy aproveitou todas as oportunidades para visitar as salas do Museu Britânico. Lá, ela conheceu E. A. Wallis Budge, que admirou o seu entusiasmo infantil e encorajou-a a estudar hieróglifos. [8]
Após ela e a sua família terem escapado por pouco a um bombardeio durante a Primeira Guerra Mundial, estes mudaram-se para a casa da sua avó em Sussex. Aqui, ela continuou com os seus estudos do antigo Egito na biblioteca pública de Eastbourne. [7] Quando Dorothy tinha quinze anos, descreveu uma visita noturna da múmia do Faraó Seti I. [9] O seu comportamento, juntamente com sonambulismo e pesadelos, levou a que fosse internada várias vezes num sanatório. Depois de deixar a escola aos dezasseis anos, Dorothy visitou vários museus e complexos arqueológicos por todo o Reino Unido. Tal foi possível graças às investigações que o seu pai fez por todo o país para a indústria cinematográfica. [10]
Eady passou a estudar a tempo parcial na Plymouth Art School e começou a colecionar antiguidades egípcias a preços acessíveis. [7] Durante o seu período em Portsmouth, ela juntou-se a um grupo de teatro que ocasionalmente apresentava uma peça baseada na história de Ísis e Osíris. Ela assumiu o papel de Ísis e cantou a lamentação pela morte de Osíris, baseada na tradução de Andrew Lang :
Aos 27 anos, Doroyhy começou a trabalhar em Londres para uma revista egípcia de relações públicas, para a qual escreveu artigos e desenhou cartoons que refletiam o seu apoio político à independência do Egito. [7] Durante este período, ela conheceu o seu futuro marido, Eman Abdel Meguid, um estudante egípcio, com quem continuou a trocar correspondência quando ele voltou ao seu país natal.
Mudança para o Egito
[editar | editar código-fonte]Em 1931 Dorothy mudou-se para o Egito depois de Emam Abdel Meguid, na altura professor de inglês, a ter pedido em casamento. Ao chegar ao Egito, ela beijou o chão e anunciou que tinha voltado para ficar. [7] O casal ficou a viver no Cairo e a família do seu marido deu-lhe a alcunha de "Bulbul" (Rouxinol). O seu filho recebeu o nome de Sety, que é de onde vem o nome pelo qual Dorothy é mais conhecida: 'Omm Sety' ("Mãe de Sety"). [11] Depois de um encontro casual com a secretária de George Reisner, que comentou a sua aparente habilidade de encantar cobras e lhe disse que os feitiços sobre tais poderes estavam na literatura egípcia antiga, Omm Sety visitou a pirâmide de Unas da Quinta Dinastia . [12] Klaus Baer relembrou a sua devoção quando o acompanhou numa visita a Sakkara no início dos anos 1950. Dorothy levou uma oferenda e tirou os sapatos antes de entrar na pirâmide de Unas. [13] Ela continuou a relatar aparições e experiências fora do corpo durante este período, o que prejudicou a sua relação com a família de classe média alta do seu marido.
A história da vida de Hor-Ra
[editar | editar código-fonte]Nos primeiros tempos que passou no Egito, Dorothy relatou visitas noturnas de uma aparição de Hor-Ra. Ele ditou-lhe lentamente, ao longo de um período de doze meses, a história de sua vida anterior. [14] A história ocupou cerca de setenta páginas de texto hieroglífico cursivo. Descreveu a vida de uma jovem no antigo Egito, chamada Bentreshyt, que reencarnou na pessoa de Dorothy Eady. [15] Bentreshyt ("Harpa da Alegria") é descrita neste texto como sendo de origem humilde, a sua mãe era uma vendedora de vegetais e o seu pai um soldado durante o reinado de Seti I (c.1290 a.C. a 1279 a.C.). Quando ela tinha três anos, a sua mãe morreu e ela foi colocada no templo de Kom el-Sultan porque o seu pai não tinha dinheiro para a sustentar. Lá, ela foi educada para ser sacerdotisa. Quando tinha doze anos, o Sumo Sacerdote perguntou-lhe se ela gostaria sair do templo e ser independente ou ficar e se tornar uma virgem consagrada . Na ausência de total compreensão e sem alternativa prática, ela fez os votos.
Ns dois anos seguintes, ela aprendeu o seu papel no drama anual da paixão e ressurreição de Osíris, um papel que apenas virgens sacerdotisas consagradas a Ísis podiam desempenhar. [16] Um dia, Seti visitou-a e falou com ela. Eles tornaram-se amantes e comeram "o ganso cru", um antigo termo egípcio que tem sido comparado a "comer o fruto proibido". Quando Bentreshyt engravidou, ela disse ao sumo sacerdote quem era o pai. O Sumo Sacerdote informou-a de que a gravidade da ofensa contra Ísis era tão terrível que a morte seria a pena mais provável se o caso fosse a julgamento. [17] Não querendo enfrentar o escândalo público de Seti, ela cometeu suicídio em vez de ser julgada. [18]
Trabalho com Selim Hassan e Ahmed Fakhry
[editar | editar código-fonte]Em 1935, Dorothy Eady separou-se do marido quando ele começou a trabalhar como professor no Iraque. O seu filho Sety ficou com ela. [19] Dois anos depois do fim do casamento, Dorothy mudou-se Nazlat al-Samman, perto das pirâmides de Gizé, onde conheceu o arqueólogo egípcio Selim Hassan, do Departamento de Antiguidades, que a empregou como sua secretária e desenhista. Ela foi a primeira funcionária do departamento e uma bênção para Hassan. [20] De acordo com Barbara Lesko, "Ela foi uma grande ajuda para os estudiosos egípcios, especialmente Hassan e Fakhry, corrigindo o seu inglês e escrevendo artigos em inglês para outros. Assim, esta inglesa de baixa escolaridade tornou-se numa desenhista de primeira classe e escritora prolífica e talentosa que, mesmo com seu próprio nome, produziu artigos, ensaios, monografias e livros de grande variedade, sagacidade e substância. " [7]
Graças ao seu grande interesse por antiguidades, ela conheceu e travou amizade com muitos dos famosos egiptólogos da época. [21] Omm Seti fez uma contribuição tão significativa para o trabalho de Hassan que, após sua morte, ela foi contratada por Ahmed Fakhry durante as suas escavações em Dashur. [22] O magnum opus de Hassan, os dez volumes "Excavations at Giza", faz uma "menção especial, com sincera gratidão" a Dorothy Eady pelo seu trabalho de edição, desenho, indexação e revisão. [23] Ela aprendeu com esses estudiosos as técnicas da arqueologia, enquanto eles tiraram benefício da sua experiência em hieróglifos e desenho.
Nesta épica, Dorothy rezava, fazia oferendas frequentes aos deuses do antigo Egito e costumava passar a noite na Grande pirâmide . [24] Eady tornou-se alvo de rumores na aldeia porque fazia orações noturnas e oferendas a Hórus na Grande Esfinge . [25] No entanto, ela também era respeitada pelos aldeões pela sua honestidade e por não esconder a sua verdadeira fé nos deuses egípcios. Ela era sensível às práticas religiosas dos outros e jejuava com os aldeões muçulmanos durante o Ramadão e celebrava com os cristãos no Natal. [26]
Suas associações com os trabalhadores e suas famílias proporcionaram sua experiência de primeira mão da vida egípcia contemporânea. Ela viu um fio condutor comum a todos os períodos da história egípcia; o faraônico, o greco-romano, o cristão e o islâmico. Esse fio era o Nilo, que animava a vida das pessoas em muitos níveis. [27] [[Categoria:Reencarnação]] [[Categoria:Egiptólogos do Reino Unido]] [[Categoria:Egiptólogos do Egito]] [[Categoria:Mortos em 1981]] [[Categoria:Nascidos em 1904]]
- ↑ «Eady, Dorothy (1904–1981)». Encyclopedia.com
- ↑ Hansen, 2008, p. xiv
- ↑ Hansen, 2008, p. xv
- ↑ Cott, p. 15
- ↑ Cott, p. 15-16
- ↑ Hansen, 2008
- ↑ a b c d e f Lesko
- ↑ Hansen, 2008, p. xix–xv, Lesko; It was Omm Sety's belief that Wallis Budge adopted the Ancient Egyptian religion but he discouraged her from using heka, commonly translated into English as magic. (El Zeini, p. 15)
- ↑ Lesko; El Zeini, p. 22; The mummy of Seti I (the form in which Eady reported he first appeared to her) was discovered in 1881 as part of the Deir el Bahri cache and exhibited in Room 52 of the Cairo Museum. Anwar Sadat had the room closed to the public as he considered it a desecration that the Royal mummies should be objects of casual curiosity. It has since been reopened.(El Zeini, p. 29)
- ↑ El Zeini, p. 32-33 who notes during a visit to Stonehenge she found Egyptian mummy beads, "not the first" such find of beads "or even scarabs" at the site which he takes as evidence of trade between the Mediterranean and the British Isles
- ↑ Hansen, 2008, p. xvi;
- ↑ El Zeini, p. 59
- ↑ Cott, p. 56; S. G. F. Brandon, a Professor of comparative Religion, noted "The Pyramid Texts have a unique place in human records; for they are not only the earliest records we have of Egyptian thought, but they are also the earliest body of religious writings we have of mankind as a whole." (Man, Myth& Magic, vol 1/7, p. 305)
- ↑ Cott, p. 42
- ↑ Cott, p. 42; Omm Sety described the Demotic text as looking "to me like nothing I could appreciate – as if a beautiful hieroglyph text had been run over by a lorry and totally distorted out of shape" (El Zeini, p. 72-75 for part transcript) She had not studied demotic and it was only whilst in a trance like state she was able to struggle in putting down what she reported as Hor-Ra's dictation. She showed the text to Jaraslov Cerny a few years later who thought her writing was good for a beginner and that he could obtain employment for her if she continued to be enthusiastic about the subject.(El Zeini, p. 69)
- ↑ Cott, p. 42; cf. El Zeini, p. 34
- ↑ Cott, p. 5-6
- ↑ Cott, p. 6
- ↑ Lesko; El Zeini (2007)describes the incredulous response of the midwife to Omm Sety's pain free traditional birth (p. 65) and the Islamic ceremony El Sebou relating to the naming of the baby involving placing the baby on a sieve, harking back to an Ancient Egyptian custom in which Anubis holds the sieve to determine the child's life span: an example of the ceremony appears on the walls of Hatshepsut's temple at Deir el Bahri.(p. 66, fn)
- ↑ Hansen, 2008, p. xvi, Lesko; El Zeini, p. 81
- ↑ Cott, p. 47
- ↑ Hansen, 2008, p. xvi
- ↑ Cott, p. 46
- ↑ Lesko, p. 50 recounts an episode when Napoleon visited the Great Pyramid on 12 April 1797. He spent the night in the Kings chamber and emerged distressed in the morning. He refused to describe what had happened other than "You'd never believe me."
- ↑ El Zeini, p. 82
- ↑ Cott, p. 59
- ↑ Hansen, 2008, p.; See also Naguib essay "Survivals of Pharaonic Religious Practices in Contemporary Coptic Christianity", Encyclopedia of Egyptology, UCLA, 2008, quote "..the Coptic renewal and, from the 1970s, the radicalization of religion among both Copts and Muslims have led to the consolidation of normative religion and the abandonment of most religious practices belonging to the Egyptian lore" and that "Cultural changes usually occur as part of long processes of transformation. However, some changes may trigger rapid changes in a culture's structures, generate innovations, and bring about new ways of life. The construction of the Aswan High Dam was such an event. Inaugurated in January 1971, the Aswan High Dam has radically altered Egypt's ecology and led to the disappearance of most rituals and religious practices related to the Nile and its inundation. It has modified a cumulative body of local knowledge and made the agricultural calendar meaningless. Nevertheless, some religious practices tied to seasonality of the Nile are still recognizable in Coptic Christianity."