Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Rodrigo Araújo Marinho Franco/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

No estudo de ciência das redes, assortatividade ou correlação de graus é uma propriedade estrutural amplamente observada em redes do mundo real. A correlação de graus indica a relação entre os nós de uma rede, e é frequentemente definido como o coeficiente de correlação de Pearson[1]

Topologias de rede devido a correlação de graus

[editar | editar código-fonte]

A partir do cálculo da correlação dos graus da rede estudada, é possível observar até três tipos de topologias diferentes, que irão impactar na forma como hubs (nós fortemente vinculados) se comportam na rede.

Rede Neutra (Neutral Network)

[editar | editar código-fonte]

Em redes neutras, os hubs não possuem tendências a se conectar entre si e nem com nós de baixo grau, ao invés disso, possuem um número aleatório de arestas entre si. A rede elétrica é um exemplo de rede neutra. Nesse tipo de rede, a probabilidade de se ter uma aresta entre um nó com grau e , pode ser calculada a partir de:



Onde é o número de links (arestas) na rede.

Rede Assortativa (Assortative Network)

[editar | editar código-fonte]

Em redes assortativas, os hubs tendem a se conectar entre si, evitando nós com grau baixo. Ao mesmo tempo, nós com grau baixo tendem a se conectar entre si. Redes sociais são exemplos de redes deste tipo.

Rede Dissassortativa (Disassortative Network)

[editar | editar código-fonte]

Em redes dissassortativas, os hubs tendem a se conectar com nós de baixo grau. Um exemplo de rede deste tipo é a rede formada pelo mapa de interações de proteínas de fermento.

Formas de quantificar a correlação de graus

[editar | editar código-fonte]

Existem diversas formas de verificar a correlação de graus em uma rede, ela pode ser quantificada na forma de uma matriz, função ou até mesmo um único número.

Matriz de correlação de graus

[editar | editar código-fonte]

Uma das formas de observar a correlação de graus em uma rede é através da visualização da matriz de correção de graus [2]. Nesta matriz, cada elemento representa a probabilidade de se selecionar uma aresta aleatória, e nesta aresta encontrar um nó de grau em uma ponta, e grau na outra ponta.

Matriz de correlação de graus de uma rede neutra
Matriz de correlação de graus de uma rede neutra.
Matriz de correlação de graus de uma rede assortativa
Matriz de correlação de graus de uma rede assortativa.
Matriz de correlação de graus de uma rede dissassortativa
Matriz de correlação de graus de uma rede dissassortativa.
Adaptação da imagem 7.3 do livro Network of Science de Albert-László Barabási[3]

Função de correlação de graus

[editar | editar código-fonte]

Uma outra forma de observar a correlação de graus, é através da função de correlação de graus, a qual oferece uma forma mais simples de verificar a correlação em uma rede. Essa função pode ser calculada para todos os nós com grau , a partir de:


Onde é a probabilidade condicional de que seguindo uma aresta de um nó com grau , encontraremos um nó com grau .

  • Em redes neutras, o gráfico de deve resultar em uma linha horizontal;
  • Em redes assortativas, o gráfico de aumenta conforme o grau k vai aumentando;
  • Em redes dissassortativas, o gráfico de diminui conforme o grau k vai diminuindo.
Gráfico da função de correlação de graus de uma rede assortativa.
Gráfico da função de correlação de graus de uma rede assortativa.
Gráfico da função de correlação de graus de uma rede neutra.
Gráfico da função de correlação de graus de uma rede neutra.
Gráfico da função de correlação de grau de uma rede dissassortativa.
Gráfico da função de correlação de grau de uma rede dissassortativa.
Adaptação da imagem 7.6 do livro Network of Science de Albert-László Barabási[4]


Podemos também aproximar a função de correlação de graus, escrevendo-a da seguinte forma:



Onde é a amplitude, e é o expoente de correlação. Utilizando essa aproximação, podemos verificar a correlação de graus a partir de :

  • Se , a rede é assortativa;
  • Se , a rede é neutra;
  • Se , a rede é dissassortativa.

Coeficiente de correlação de graus

[editar | editar código-fonte]

Também é possível determinar correlação de graus utilizando um único número, para tal, podemos usar o coeficiente de correlação de graus, proposto por Mark Newman[5], e que pode ser definido como:


Sendo:


Onde é probabilidade de se encontrar um nó com grau na rede, é o grau médio dos nós da rede e é calculado da mesma forma que os elementos () da matriz de correlação .


O coeficiente de correlação é um valor que está sempre no intervalo . De forma mais prática, assim como proposto por Newman[5], podemos reescrever a equação do coeficiente de correlação como:


Onde , são os graus dos nós nas pontas da i-ésima aresta da rede. Utilizando , podemos verificar a correlação de graus de acordo com o sinal do valor encontrado:

  • Se , a rede é assortativa;
  • Se , a rede é neutra;
  • Se , a rede é dissassortativa.

Correlação de graus no mundo real

[editar | editar código-fonte]

A tabela abaixo apresenta o coeficiente de correlação de graus , descrito na seção anterior, em diferentes tipos de redes.

Quantidade de nós e coeficiente de correlação de graus em diversas redes[5].
Rede
Redes do mundo real co-autoria de físicaa 52909 0,363
co-autoria de biologiaa 1520251 0,127
co-autoria de matemáticab 253339 0,120
colaboração de atores de cinemac 449913 0,208
Diretores de uma empresad 7673 0,276
Internete 10697 -0,189
World-Wide Webf 269504 -0,065
Interações de Proteínasg 2115 -0,156
Rede Neuralh 307 -0,163
Modelos Rede Aleatóriau 0
Barabási and Albertw 0

Nesta tabela, os indíces representam: (a) redes de colaboração científica de físicos, biólogos[6] e (b) matemáticos [7]; (c) atores de filmes[8]; (d) empresários[9]; (e) conexões entre sistemas autônomos na internet[10]; (f) hyperlinks não direcionados entre páginas da Web em um único domínio[11]; (g) Interação proteína-proteína no fermento[12]; (h) Conexões sinápticas não direcionadas e sem peso de um nematóide[8]; (u) Rede aleatória produzida pelo modelo de Erdós and Rényi[13]; (w) Modelo de Barabási e Albert com acoplamento preferencial[11].

  1. Takemoto, Kazuhiro; Akutsu, Tatsuya (21 de junho de 2016). «Analysis of the Effect of Degree Correlation on the Size of Minimum Dominating Sets in Complex Networks». PLOS ONE (em inglês) (6): e0157868. ISSN 1932-6203. PMC 4915616Acessível livremente. PMID 27327273. doi:10.1371/journal.pone.0157868. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  2. Newman, M. E. J. (27 de fevereiro de 2003). «Mixing patterns in networks». Physical Review E (em inglês) (2). 026126 páginas. ISSN 1063-651X. doi:10.1103/PhysRevE.67.026126. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  3. Barabási, Albert-László (2016). Network science. [S.l.]: Cambridge University Press 
  4. Barabási, Albert-László (2016). Network science. [S.l.]: Cambridge University Press 
  5. a b c Newman, M. E. J. (28 de outubro de 2002). «Assortative Mixing in Networks». Physical Review Letters (em inglês) (20). 208701 páginas. ISSN 0031-9007. doi:10.1103/PhysRevLett.89.208701. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  6. Newman, M. E. J. (16 de janeiro de 2001). «The structure of scientific collaboration networks». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês) (2): 404–409. ISSN 0027-8424. doi:10.1073/pnas.98.2.404. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  7. Grossman, Jerrold W.; Ion, Patrick D. F. (1995). «On a Portion of the Well-Known Collaboration Graph». Congressus Numerantium: 129–131. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  8. a b Watts, Duncan J.; Strogatz, Steven H. (junho de 1998). «Collective dynamics of 'small-world' networks». Nature (em inglês) (6684): 440–442. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/30918. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  9. Davis, Gerald F.; Yoo, Mina; Baker, Wayne E. (31 de julho de 2016). «The Small World of the American Corporate Elite, 1982-2001:». Strategic Organization (em inglês). doi:10.1177/14761270030013002. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  10. Qian Chen; Hyunseok Chang; Govindan, R.; Jamin, S. (junho de 2002). «The origin of power laws in Internet topologies revisited»: 608–617 vol.2. doi:10.1109/INFCOM.2002.1019306. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  11. a b Barabási, Albert-László; Albert, Réka (15 de outubro de 1999). «Emergence of Scaling in Random Networks». Science (em inglês) (5439): 509–512. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.286.5439.509. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  12. Jeong, H.; Mason, S. P.; Barabási, A.-L.; Oltvai, Z. N. (maio de 2001). «Lethality and centrality in protein networks». Nature (em inglês) (6833): 41–42. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/35075138. Consultado em 29 de dezembro de 2020 
  13. Bollobás, Béla (2001). Random Graphs. Col: Cambridge Studies in Advanced Mathematics 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press