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Parto[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parto

O parto é o processo pelo qual nasce o bebé. Considera-se que a mulher está em trabalho de parto quando começa a sentir contrações uterinas em intervalos regulares e progressivas que gradualmente fazem descer o feto pelo colo do útero e pela vagina (canal de parto) até à sua expulsão para o exterior. Estas contrações são acompanhadas por alterações no colo do útero, o qual dilata e se torna cada vez mais fino até desaparecer. Embora a maior parte dos nascimentos ocorra por parto vaginal, podem surgir determinadas complicações que obriguem à realização de uma cesariana.[1]

Termo da gravidez[editar | editar código-fonte]

A maioria dos partos tem início num intervalo de duas semanas antes ou depois da data prevista de parto.[1] Na situação mais desejável, o trabalho de parto ocorre de forma espontânea e quando a mulher se encontra na data de termo.[2] A gravidez é considerada a termo quando a gestação durou entre 37 e 42 semanas.[3] Os eventos ocorridos antes das 37 semanas completas são considerados pré-termo e os eventos ocorridos após as 42 semanas são considerados pós-termo.[3] Os bebés nascidos entre as 39 e as 41 semanas de gestação são os apresentam o melhor prognóstico de saúde possível, em comparação com aqueles que nascem antes ou depois deste intervalo. A não ser que exista uma recomendação médica em contrário, o parto planeado não deve acontecer antes das 39 semanas completas, a apenas com indicação médica e no caso do colo do útero ser favorável.[3][2]

O parto pré-termo, ou prematuro, está associado a uma série de riscos e problemas, pelo que é evitado sempre que possível até a gravidez se encontrar a termo.[4][5] No entanto, existem situações em que o parto prematuro é inevitável, como no caso de contrações uterinas ou rotura prematura das membranas antes das 39 semanas.[3] Quando uma gravidez excede as 42 semanas, o risco de complicações para a mulher e para o feto aumenta significativamente.[6][7] Neste casos, e quando não existam outras complicações, os obstetras geralmente optam por induzir o parto entre as 41 e 42 semanas.[8]

Trabalho de parto[editar | editar código-fonte]

O trabalho de parto tem início com a expulsão do rolhão mucoso, a rotura da bolsa de águas e contrações uterinas em intervalos regulares. Durante a fase de dilatação o colo do útero dilata até 10 cm e extingue-se, permitindo a passagem do bebé pela vagina na fase expulsiva. Após o nascimento, é cortado o cordão umbilical (imagem) e são realizados vários exames ao recém-nascido.

Recém-nascido durante o corte do cordão umbilical.]] Os primeiros sinais que indicam o início de trabalho de parto são a expulsão do rolhão mucoso, a rotura da bolsa de águas e contrações uterinas em intervalos regulares. A expulsão do rolhão mucoso consiste na expulsão pela vagina de um muco gelatinoso, o qual pode ser rosado ou acastanhado. Esta expulsão pode ocorrer horas ou até mesmo dias antes do parto, significando que o nascimento poderá ocorrer em breve. A rotura da bolsa de águas é a saída do líquido amniótico pela vagina, causada pela rotura das membranas que envolvem o bebé. O líquido amniótico é normalmente claro e transparente e a sua saída pode ocorrer de forma lenta e gradual ou bruscamente e em grande quantidade. No início do trabalho de parto as contrações são irregulares e pouco frequentes e, gradualmente, vão-se tornando mais regulares, intensas e próximas. As contrações do trabalho de parto, regulares e dolorosas, não devem ser confundidas com as contrações de Braxton Hicks, que são contrações irregulares e indolores comuns nas últimas semanas de estação.[9]

Na grande maioria das gravidezes (80-90%), o trabalho de parto começa nas 24 horas a seguir à rotura da bolsa de águas. Geralmente recomenda-se a deslocação para a instituição de saúde onde irá ocorrer o parto quando rompem as águas ou quando as contrações são regulares, dolorosas e com intervalos de dez minutos entre cada uma delas. Na primeira gravidez, o trabalho de parto geralmente não demora mais do que 12-14 horas. Em gravidezes posteriores é mais curto, demorando em média 6-8 horas. Pensa-se que o parto seja provocado pela ação da ocitocina, uma hormona que causa a contração do útero. O trabalho de parto vaginal divide-se em 3 etapas: dilatação, expulsão e dequitadura. Geralmente, as 4 horas posteriores à expulsão da placenta são também denominadas quarta etapa do trabalho de parto.[1]

Primeira etapa: dilatação[editar | editar código-fonte]

O período de dilatação é o intervalo de tempo desde o início do trabalho de parto até à dilatação completa do colo do útero (cerca de 10 cm). Esta etapa é a mais longa do trabalho de parto, podendo ultrapassar as 12 horas no primeiro filho. A etapa de dilatação pode ser dividida em duas fases: a fase latente e a fase ativa. Na fase latente, que dura em média 8,5 horas na primeira gravidez, as contrações do útero tornam-se gradualmente mais intensas e ritmadas, o colo do útero contrai-se e dilata até cerca de 4 cm e a sensação de desconforto ainda é mínima. Na fase ativa, o colo do útero dilata entre 4 e 10 cm e a parte com que o bebé se apresenta (geralmente a cabeça) começa a descer pelo canal de parto, pelo que a mãe começa a sentir a necessidade de fazer força. A fase ativa dura em média 5 horas na primeira gravidez e 2 nas gravidezes seguintes.[1][9]

Se, ao fim de 24 horas após a rotura das membranas, o trabalho de parto ainda não tiver começado, geralmente é necessária a indução do parto para reduzir o risco de infeção causado pela entrada das bactérias da vagina no útero. O parto é geralmente induzido com a administração de ocitocina. Ao dar entrada no hospital, geralmente com contrações fortes de 5 em 5 minutos e uma dilatação superior a 4 cm, são feitos vários exames e análises de sangue e urina e controla-se o ritmo cardíaco da mãe e do feto e é avaliada a apresentação do fetoSe, durante a rotura das membranas, o líquido amniótico se apresentar com uma coloração esverdeada, significa que o feto defecou mecónio para o líquido e pode ser um indicador de sofrimento fetal.[1]

Segunda etapa: expulsão[editar | editar código-fonte]

A fase expulsiva é o intervalo de tempo desde a dilatação completa do colo uterino até à expulsão completa do bebé pela vagina. Esta etapa pode durar até 60 minutos na primeira gravidez e cerca de 15-30 minutos nas gravidezes seguintes. A posição e apresentação do feto determinam como vai passar pela vagina. Nas semanas anteriores ao parto, normalmente o bebé dá a volta para que a cabeça se apresente de frente para a vagina (apresentação cefálica). Esta é a apresentação mais segura e frequente. A apresentação de nádegas (podálica) e de ombros (transversal) fazem com que o parto seja mais complicado, ao tornarem mais difícil a passagem do feto no canal vaginal. É durante esta etapa que é pedido à mãe que faça força em cada contração, de modo a deslocar o feto pela vagina, descontraindo entre as contrações. Em algumas situações é necessário realizar um pequeno corte cirúrgico do períneo (episiotomia) para evitar rompimentos dos tecidos.[1][9]

Terceira etapa: dequitadura[editar | editar código-fonte]

O contacto entre a pele da mãe e do bebé nas duas horas a seguir ao parto diminui o choro, melhora a interação mãe-filho e ajuda a mãe a conseguir amamentar.

A dequitadura é o intervalo de tempo entre a expulsão do bebé e a expulsão da placenta e normalmente dura poucos minutos.[1] A expulsão da placenta tem início com o desprendimento fisiológico da placenta da parede do útero.[10] Mais de metade das mortes maternas acontece nas 24 horas posteriores ao parto e são causadas principalmente por hemorragias pós-parto. A Organização Mundial de Saúde recomenda que seja feita a gestão ativa da terceira etapa do parto, de modo a diminuir o risco de hemorragias pós-parto. A gestão ativa consiste na administração de uterotónicos durante ou após a expulsão do feto, na remoção controlada do cordão umbilical e da placenta e em massagem uterina.[11][12]

Puerpério[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Puerpério

O puerpério, ou período pós-natal, tem início imediatamente a seguir ao nascimento e prolonga-se por seis semanas. Durante este intervalo, o corpo da mãe regressa ao estado anterior à gravidez, incluindo a alteração na quantidade de hormonas e no tamanho do útero. No período imediatamente a seguir ao nascimento, a libertação de hormonas faz com que a mãe e o bebé criem uma ligação única. A mãe liberta ocitocina, a qual também é libertada durante a amamentação. O contacto entre a pele da mãe e do recém-nascido imediatamente a seguir ao parto apresenta benefícios para ambos: diminui o choro, melhora a interação mãe-filho e ajuda a mãe a conseguir amamentar. A Organização Mundial de Saúde recomenda que se promova o contacto entre a pele da mãe e do recém-nascido nas duas horas imediatamente a seguir ao parto, uma vez que é neste intervalo de tempo que estão mais alertas, em comparação com as horas seguintes.[13][14]

Parto por cesariana[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Cesariana
O parto por cesariana é uma opção apenas quando existem razões médicas que o justificam, uma vez que também tem riscos associados.

Uma cesariana é um procedimento cirúrgico em que é feita uma ou mais incisões no abdómen e útero da grávida para fazer nascer o bebé. Este procedimento é geralmente realizado quando um parto vaginal coloca em risco a saúde da mãe ou do bebé. Antes da incisão são administrados antibióticos. É feita uma incisão no útero, a qual é alargada ao longo do eixo céfalo-caudal, sendo depois extraído o bebé e, por fim, a placenta.[15] É usada anestesia local em 95% das cesarianas, sendo as mais comuns a anestesia espinhal e a combinação de anestesia espinhal com anestesia epidural. Em ambas a grávida permanece acordada.[16]

Entre as razões médicas mais comuns que justificam a realização de uma cesariana estão a placenta prévia, infeção por VIH, pélvis contraída, apresentação do feto difícil ou uma cesariana anterior. Entre os potenciais benefícios são citados a maior segurança para o bebé, menor trauma no soalho pélvico para a mulher, conveniência e ausência das dores do trabalho de parto. No entanto, as cesarianas também estão associadas ao aumento do risco de morbilidade ou mortalidade para a mãe, sequelas psicológicas adversas, infeções pós parto e problemas nas gravidezes futuras, incluindo rotura do útero e um risco acrescido de morbilidade neonatal. Pensa-se também que as diferenças fisiológicas da cesariana para o parto vaginal possam ter implicações no bebé, uma vez que a cesariana pode aumentar o risco de problemas de saúde a curto e a longo prazo.[17][18]

No entanto, e apesar dos riscos, algumas cesarianas são realizadas a pedido da mãe e sem uma razão médica que a justifique.[19] A Organização Mundial de Saúde e as recomendações internacionais alertam para que não sejam realizadas cesarianas antes das 39 semanas e que não sejam realizadas cesarianas sem que exista uma justificação médica. Em muitos países, recorre-se a cesarianas com maior frequência daquilo que é necessário (idealmente entre 10 e 15%), pelo que muitos governos e instituições promovem programas para diminuir a prevalência de cesarianas em relação ao parto vaginal.[20]

  1. a b c d e f g Manual Merck - Biblioteca Médica Online. «Parto». Consultado em 12 de agosto de 2015 
  2. a b ACOG Committee on Practice Bulletins (Agosto de 2009). «ACOG Practice Bulletin No. 107: Induction of labor.». Obstetrics and gynecology. 114 (2 Pt 1): 386–97. PMID 19623003. doi:10.1097/AOG.0b013e3181b48ef5 
  3. a b c d American Congress of Obstetricians and Gynecologists (22 de outubro de 2013). «Ob-Gyns Redefine Meaning of 'Term Pregnancy'». acog.org. Consultado em 19 de setembro de 2014 
  4. Saigal, Saroj; Doyle, Lex W (2008). «An overview of mortality and sequelae of preterm birth from infancy to adulthood». The Lancet. 371 (9608): 261–269. ISSN 0140-6736. PMID 18207020. doi:10.1016/S0140-6736(08)60136-1 
  5. Main, Elliott; Oshiro, Bryan; Chagolla, Brenda; Bingham, Debra; Dang-Kilduff, Leona; Kowalewski, Leslie. «Elimination of Non-medically Indicated (Elective) Deliveries Before 39 Weeks Gestational Age» (PDF). March of Dimes; California Maternal Quality Care Collaborative; Maternal, Child and Adolescent Health Division; Center for Family Health; California Department of Public Health 
  6. Norwitz, MD, PhD, Errol R. «Postterm Pregnancy (Beyond the Basics)». UpToDate, Inc. Consultado em 24 de agosto de 2012 
  7. The American College of Obstetricians and Gynecologists (Abril de 2006). «What To Expect After Your Due Date». Medem. Consultado em 16 de janeiro de 2008  |editora= e |publicado= redundantes (ajuda)
  8. «Induction of labour – Evidence-based Clinical Guideline Number 9» (PDF). Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. 2001. Consultado em 18 de janeiro de 2008. Cópia arquivada (PDF) em 30 de dezembro de 2006 
  9. a b c Portal da Saúde. «Parto». Ministério da Saúde. Consultado em 12 de agosto de 2015 
  10. Jangsten, E.; Mattsson, L., Lyckestam, I., Hellström, A., Berg, M. (2011). «A comparison of active management and expectant management of the third stage of labour: A Swedish randomised controlled trial». BJOG: an International Journal of Obstetrics & Gynaecology. 118 (3): 362–9. PMID 21134105. doi:10.1111/j.1471-0528.2010.02800.x 
  11. Organização Mundial de Saúde. «Gestão Ativa da Terceira Fase do Parto» (PDF). Consultado em 12 de agosto de 2015 
  12. Organização Mundial de Saúde (2 de março de 2009). «Choice of uterotonic agents in the active management of the third stage of labour». Consultado em 14 de agosto de 2015 
  13. Moore, ER; Anderson GC, Bergman N, Dowswell T. (2012). «Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants». Cochrane Database of Systematic Reviews (5. Art. No.: CD003519)  Parâmetro desconhecido |dois= ignorado (ajuda)
  14. Organização Mundial de Saúde (2013). «Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants». Consultado em 14 de agosto de 2015 
  15. Dahlke, Joshua D.; Mendez-Figueroa, Hector; Rouse, Dwight J.; Berghella, Vincenzo; Baxter, Jason K.; Chauhan, Suneet P. (2013). «Evidence-based surgery for cesarean delivery: an updated systematic review». American Journal of Obstetrics and Gynecology. 209 (4): 294–306. ISSN 0002-9378. doi:10.1016/j.ajog.2013.02.043 
  16. Bucklin, BA; Hawkins JL, Anderson JR, Ullrich FA (2005). «Obstetric anesthesia workforce survey: twenty-year update». Anesthesiology. 103 (3): 645–53. PMID 16129992. doi:10.1097/00000542-200509000-00030 
  17. Lavender, T; Hofmeyr GJ, Neilson JP, Kingdon C, Gyte GML (2012). «Caesarean section for non-medical reasons at term.». Cochrane Database of Systematic Reviews (3.). doi:10.1002/14651858.CD004660.pub3. Verifique |doi= (ajuda) 
  18. Smaill, FM; Gyte, GM (2010). «Antibiotic prophylaxis versus no prophylaxis for preventing infection after cesarean section.». The Cochrane database of systematic reviews (1): CD007482. PMC 4007637Acessível livremente. PMID 20091635. doi:10.1002/14651858.CD007482.pub2 
  19. Finger, C (2003). «Caesarean section rates skyrocket in Brazil. Many women are opting for Caesareans in the belief that it is a practical solution». Lancet. 362 (9384). 628 páginas. PMID 12947949. doi:10.1016/S0140-6736(03)14204-3 
  20. Organização Mundial de Saúde (2015). «WHO Statement on Caesarean Section Rates» (PDF). Consultado em 14 de agosto de 2015