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Ecologia comportamental: diferenças entre revisões

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===Competindo por recursos===
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O termo competição em ecologia pode ser explicado pelo uso ou pela defesa de qualquer recurso, deixando-o indisponível para outros organismos. As competições podem ser interespecíficas ou intraespecíficas, isto é, entre espécies distintas ou dentro da mesma espécie. A competição traz consequências para os dois lados, mesmo o competidor que é beneficiado no final teve tempo e energia gastos durante o processo. Além disso, em uma competição entre espécies a redução populacional de ambas é esperado, sendo assim, uma pode contribuir para a regulação ou até mesmo o desaparecimento da outra. A coexistência e [[coevolução]] derivam desse fato. O [[princípio da exclusão competitiva]] ou princípio de Gause competitiva surgiu a partir de experimentos em que duas espécies não conseguiram coexistir e uma acabou sobrepujando a outra<ref>{{citar livro|título=A economia da natureza|ultimo=Ricklefs|primeiro=Robert E.|editora=Guanabara Koogan|ano=2003|local=Rio de Janeiro|páginas=337-366}}</ref>. Esse princípio é facilmente percebido em dois momentos na natureza: quando há sobreposição de nichos ecológicos e quando uma espécie exótica ([[espécie introduzida]]) é incluída em algum ambiente. {{Referências}}
O termo competição em ecologia pode ser explicado pelo uso ou pela defesa de qualquer recurso, deixando-o indisponível para outros organismos. As competições podem ser interespecíficas ou intraespecíficas, isto é, entre espécies distintas ou dentro da mesma espécie. A competição traz consequências para os dois lados, mesmo o competidor que é beneficiado no final teve tempo e energia gastos durante o processo. Além disso, em uma competição entre espécies a redução populacional de ambas é esperado, sendo assim, uma pode contribuir para a regulação ou até mesmo o desaparecimento da outra. A coexistência e [[coevolução]] derivam desse fato. O [[princípio da exclusão competitiva]] ou princípio de Gause competitiva surgiu a partir de experimentos em que duas espécies não conseguiram coexistir e uma acabou sobrepujando a outra<ref>{{citar livro|título=A economia da natureza|ultimo=Ricklefs|primeiro=Robert E.|editora=Guanabara Koogan|ano=2003|local=Rio de Janeiro|páginas=337-366}}</ref>. Esse princípio é facilmente percebido em dois momentos na natureza: quando há sobreposição de nichos ecológicos e quando uma espécie exótica ([[espécie introduzida]]) é incluída em algum ambiente. Nos dois casos existe a possibilidade de coexistência, mas muitas vezes não é o que acontece. Em um artigo de Santos ''et al''<ref>{{citar periódico|ultimo=Santos|primeiro=Gilberto M. de M.|ultimo2=Aguiar|primeiro2=Cândida M. L.|ultimo3=Genini|primeiro3=Julieta|ultimo4=Martins|primeiro4=Celso F.|ultimo5=Zanella|primeiro5=Fernando C. V.|ultimo6=Mello|primeiro6=Marco A. R.|data=2012|titulo=Invasive Africanized honeybees change the structure of native pollination networks in Brazil|jornal=Biological Invasions|doi=10.1007/s10530-012-0235-8}}</ref>

{{Referências}}


[[Categoria:Etologia]]
[[Categoria:Etologia]]

Revisão das 23h35min de 4 de julho de 2017

A Ecologia comportamental é o estudo das origens evolutivas do comportamento animal devido às pressões ecológicas. A Ecologia comportamental surgiu depois que Niko Tinbergen formulou as quatro questões de estudo do comportamento, que consistiam na causação, desenvolvimento, função e filogenia.

Se um organismo possui alguma característica que dá alguma vantagem adaptativa em um novo ambiente, a seleção natural irá favorecê-lo. Isto foi originalmente proposto pela teoria da seleção natural de Charles Darwin. Portanto, isto se refere a benefícios obtidos, em termos de sobrevivências e reprodução, pela característica em questão. Diferenças genéticas nos indivíduos levam a diferenças comportamentais que se tornam diferenças em adaptação, sucesso reprodutivo e evolução.

Indivíduos competem entre si por recursos limitados do meio ambiente, incluindo alimento, território e parceiros sexuais. Conflitos ocorrem entre predador e presa, rivais por cópulas, irmãos, parceiros sexuais e pais com filhos.


Vida em grupo

Na natureza, é comum observarmos animais que vivem em grupos e animais de vida solitária, às vezes da mesma espécie. Essa escolha é determinante para decidir quem, na média, produz mais prole sobrevivente. Viver sozinho é melhor do que viver junto quando a razão custo-benefício [1] é melhor para indivíduos solitários do que para os indivíduos sociais.

Mas o que quer dizer custo-benefício? Os custos são os riscos ou gastos energéticos que o animal tem, enquanto os benefícios são as vantagens e economias dessa vida social.

Podemos citar como custos:

Maior visibilidade de indivíduos agrupados para os predadores, Maior transmissão de doenças e parasitas entre os membros do grupo, Maior competição por alimento entre os membros do grupo, Tempo e energia gastos pelos subordinados ao se relacionarem com companheiros mais dominantes, Maior vulnerabilidade do macho ao adultério, Maior vulnerabilidade das fêmeas de terem ovos atirados dos ninhos ou terem seus ninhos parasitados, e outras formas de interferência reprodutiva realizadas por outros indivíduos.

Já como benefícios, temos os seguintes:

Defesa contra predadores via efeito de diluição ou via defesa mútua (O aumento do número de indivíduos promove vigilância, reduzindo a s chances de um predador não ser detectado. Além disto, as chances de cada indivíduo ser predado reduzem consideravelmente conforme o grupo aumenta), Oportunidades de receber assistência dos outros ao tratar de doenças, Aumentar o forrageamento, Subordinados têm permissão concedida para permanecer a salvo dentro do grupo, Oportunidade para alguns machos tentarem adultério, Oportunidade para ejetar ovos alheios, parasitar ninhos e interferir na reprodução de rivais.


Existem diferentes tipos de comportamentos de ajuda, como o mutualismo, a reciprocidade e o altruísmo, que pode ser obrigatório ou facultativo. O mutualismo é o ganho compartilhado quando se trabalha junto, por exemplo, um grupo de leões que, juntos, consegue capturar uma presa que um animal sozinho não conseguiria.

A reciprocidade é um ganho esperando algo em troca. Como exemplo, temos o caso de morcegos vampiros. Esses animais, que se alimentam de sangue, tem que buscar suas presas na noite e, quando não encontram, recebem um pouco do sangue de indivíduos que tiveram sucesso na sua alimentação. Esses morcegos que regurgitam sangue para o companheiro fazem isso pensando em ser tratados da mesma forma caso não consigam se alimentar.

Morcego Vampiro

O altruísmo é a ajuda sem esperar algo em troca. Esse conceito é complexo, pois na natureza os animais estão todos competindo para deixar uma prole maior, portanto, porque ajudar outro indivíduo sem receber recompensa, e às vezes, abrindo mão da própria prole? Embora certos fatores genéticos talvez expliquem essa questão, fatores ecológicos que aumentem o efeito positivo da ajuda sobre a sobrevivência dos parentes são igualmente importantes. Então, no geral, a ideia é ajudar os parentes a se reproduzirem e, assim, passar pelo menos parte dos genes para a prole é mais vantajoso que competir e não ter a certeza de reprodução.


Outro conceito importante para entender a vida em grupo dos animais é a eusocialidade. [2] Em organismos eusociais, indivíduos vivem em colônias e dividem-se em castas: uma casta real que produz filhotes, e um conjunto de castas estéreis que trabalham e protegem a colônia, e ajudam a casta real a produzir juvenis. Em geral, trabalhadores e soldados são parentes da casta real – filhos e filhas – e isso pode ajudar a explicar o seu desenvolvimento. Uma característica encontrada em quase todas as espécies eusociais é o seu sistema genético: a haplodiploidia. Ao contrario dos mamíferos, onde cada individuo tem uma cópia materna e uma cópia paterna de cada gene (exceto nos genes sexuais), em espécies haplodiploides, os machos têm somente uma cópia de cada gene, transmitido pela mãe. Isto faz com que a fêmea seja geneticamente mais próxima das suas irmãs do que dos seus filhos. Apesar disso, alguns trabalhos mostraram que mais do que o sistema genético, as características ecológicas particulares a cada espécie, como vantagens de viver em grupo ou riscos elevados de dispersão, a permitir o desenvolvimento deste sistema social.


A territorialidade é um ponto a se considerar quando trabalhamos com a vida em grupo de animais, e também leva em conta a razão custo-benefício. A defesa de território para viver só evolui quando os indivíduos territoriais podem ganhar benefícios substanciais, como acesso especial a parceiros reprodutivos ou comida. Disputas territoriais em geral são rapidamente decididas a favor dos donos dos territórios. A arma que os residentes territoriais têm para a competição pode vir de força física superior ou de reserva de energia (que lhes dá maior capacidade de defender recursos). A vantagem competitiva também pode resultar do fato de que os residentes têm mais a perder do que os intrusos tem a ganhar graças ao efeito do querido inimigo (pelo qual vizinhos familiares não brigam tão intensamente entre si pelos limites dos seus territórios depois de estabelecidos).

Alimentação

A alimentação é uma das áreas estudadas em ecologia comportamental. Alimentação é um tema bem abrangente por envolver diversos conceitos como: recursos, relações entre organismos, cadeias tróficas, evolução, gasto energético, dentre outros e cada um desses ser relativo a uma população ou espécie diferente.

Recursos

Recurso ambiental é tudo aquilo que pode ser consumido por um organismo e varia para cada tipo de organismo. Para plantas, por exemplo, a luz (radiação solar), dióxido de carbono e sais minerais são recursos, enquanto para herbívoros, são as plantas, já para carnívoros os outros animais são o seu. Não somente na alimentação que os recursos são utilizados, basicamente, tudo o que os organismos consomem é chamado assim. E, como é consumido, existem duas consequências nisso: a primeira é o fator limitante, ou seja, a disponibilidade de alimento, espaço, água, luz, fêmeas, entre outros, pode limitar o desenvolvimento ou a continuidade de uma espécie; A segunda é que vários organismos podem necessitar do mesmo recurso sendo eles de mesma espécie ou não gerando competição. [3]

Competindo por recursos

O termo competição em ecologia pode ser explicado pelo uso ou pela defesa de qualquer recurso, deixando-o indisponível para outros organismos. As competições podem ser interespecíficas ou intraespecíficas, isto é, entre espécies distintas ou dentro da mesma espécie. A competição traz consequências para os dois lados, mesmo o competidor que é beneficiado no final teve tempo e energia gastos durante o processo. Além disso, em uma competição entre espécies a redução populacional de ambas é esperado, sendo assim, uma pode contribuir para a regulação ou até mesmo o desaparecimento da outra. A coexistência e coevolução derivam desse fato. O princípio da exclusão competitiva ou princípio de Gause competitiva surgiu a partir de experimentos em que duas espécies não conseguiram coexistir e uma acabou sobrepujando a outra[4]. Esse princípio é facilmente percebido em dois momentos na natureza: quando há sobreposição de nichos ecológicos e quando uma espécie exótica (espécie introduzida) é incluída em algum ambiente. Nos dois casos existe a possibilidade de coexistência, mas muitas vezes não é o que acontece. Em um artigo de Santos et al[5]

Referências

  1. ALCOCK, John. Comportamento animal: uma abordagem evolutica. 9 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011
  2. https://synergy.st-andrews.ac.uk/gardner/files/2015/05/GardnerAlpedrinhaWest_2012.pdf
  3. Townsend, Colin R; Begon, Michael; Harper, John L. (2010). Fundamentos em ecologia. Porto Alegre: ARTMED. pp. 90–131 
  4. Ricklefs, Robert E. (2003). A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. pp. 337–366 
  5. Santos, Gilberto M. de M.; Aguiar, Cândida M. L.; Genini, Julieta; Martins, Celso F.; Zanella, Fernando C. V.; Mello, Marco A. R. (2012). «Invasive Africanized honeybees change the structure of native pollination networks in Brazil». Biological Invasions. doi:10.1007/s10530-012-0235-8