Teoria da dupla herança: diferenças entre revisões

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=== Processamento de alimentos ===
=== Processamento de alimentos ===
A cultura provocou mudanças no sistema digestivo humano tornando muitos órgãos digestivos, como nossos dentes ou estômago, menores do que o esperado para [[primatas]] de tamanho semelhante,<ref>{{Citar periódico|ultimo=Aiello|primeiro=Leslie C.|ultimo2=Wheeler|primeiro2=Peter|data=1995-04-01|titulo=The Expensive-Tissue Hypothesis: The Brain and the Digestive System in Human and Primate Evolution|url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/204350|jornal=Current Anthropology|volume=36|numero=2|paginas=199–221|doi=10.1086/204350|issn=0011-3204}}</ref> e foi atribuído a uma das razões pelas quais os seres humanos têm cérebros tão grandes em comparação com outros grandes símios.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Fonseca-Azevedo|primeiro=Karina|ultimo2=Herculano-Houzel|primeiro2=Suzana|data=2012-11-06|titulo=Metabolic constraint imposes tradeoff between body size and number of brain neurons in human evolution|url=https://www.pnas.org/content/109/45/18571|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=109|numero=45|paginas=18571–18576|doi=10.1073/pnas.1206390109|issn=0027-8424|pmid=23090991}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.scientificamerican.com/article/cooking-up-bigger-brains/|titulo=Cooking Up Bigger Brains|data=|acessodata=|publicado=Scientific American.|ultimo=Gorman|primeiro=Rachael Moeller}}</ref>  Isso ocorre devido ao processamento de alimentos. Os primeiros exemplos de processamento de alimentos incluem martelar, marinar e, principalmente, cozinhar. A carne martelada quebra as fibras musculares, tirando parte do trabalho da boca, dentes e mandíbula.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Farrell|primeiro=J. H.|data=1956|titulo=The effect on digestibility of methods commonly used to increase the tenderness of lean meat|url=https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/effect-on-digestibility-of-methods-commonly-used-to-increase-the-tenderness-of-lean-meat/ADFFB847F84D78FB91CB2B39C22A265A|jornal=British Journal of Nutrition|lingua=en|volume=10|numero=2|paginas=111–115|doi=10.1079/BJN19560019|issn=1475-2662|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/title/secret-of-our-success-how-culture-is-driving-human-evolution-domesticating-our-species-and-making-us-smarter/oclc/930040859|título=The secret of our success: how culture is driving human evolution, domesticating our species, and making us smarter|ultimo=Henrich|primeiro=Joseph Patrick|data=2016|lingua=English|isbn=9780691178431|oclc=930040859}}</ref> Marinar emula a ação do estômago com altos níveis de ácido. Cozinhar parcialmente decompõe os alimentos, tornando-os mais facilmente digeríveis. O alimento entra no corpo efetivamente digerido parcialmente e, como tal, o processamento de alimentos reduz o trabalho que o sistema digestivo deve realizar. Isso significa que há seleção para órgãos digestivos menores, pois o tecido é energeticamente caro<ref>{{Citar periódico|ultimo=Aiello|primeiro=Leslie C.|ultimo2=Wheeler|primeiro2=Peter|data=1995-04-01|titulo=The Expensive-Tissue Hypothesis: The Brain and the Digestive System in Human and Primate Evolution|url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/204350|jornal=Current Anthropology|volume=36|numero=2|paginas=199–221|doi=10.1086/204350|issn=0011-3204}}</ref>, aqueles com órgãos digestivos menores podem processar seus alimentos, mas a um custo energético menor do que aqueles com órgãos maiores.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/title/catching-fire-how-cooking-made-us-human/oclc/972834623|título=Catching fire: how cooking made us human|ultimo=Wrangham|primeiro=Richard W|data=2010|editora=Profile|local=London|lingua=English|isbn=9781846682858|oclc=972834623}}</ref> A prática do cozimento é notável porque a energia disponível nos alimentos aumenta quando cozidos e isso também significa menos tempo gasto na procura de alimentos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmody|primeiro=Rachel N.|ultimo2=Wrangham|primeiro2=Richard W.|data=2009-10-01|titulo=The energetic significance of cooking|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047248409001262|jornal=Journal of Human Evolution|series=Paleoanthropology Meets Primatology|volume=57|numero=4|paginas=379–391|doi=10.1016/j.jhevol.2009.02.011|issn=0047-2484}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmody|primeiro=Rachel N.|ultimo2=Weintraub|primeiro2=Gil S.|ultimo3=Wrangham|primeiro3=Richard W.|data=2011-11-29|titulo=Energetic consequences of thermal and nonthermal food processing|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3228431/|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|volume=108|numero=48|paginas=19199–19203|doi=10.1073/pnas.1112128108|issn=0027-8424|pmc=3228431|pmid=22065771}}</ref>
A cultura provocou mudanças no sistema digestivo humano tornando muitos órgãos digestivos, como nossos dentes ou estômago, menores do que o esperado para [[primatas]] de tamanho semelhante,<ref name=":5">{{Citar periódico|ultimo=Aiello|primeiro=Leslie C.|ultimo2=Wheeler|primeiro2=Peter|data=1995-04-01|titulo=The Expensive-Tissue Hypothesis: The Brain and the Digestive System in Human and Primate Evolution|url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/204350|jornal=Current Anthropology|volume=36|numero=2|paginas=199–221|doi=10.1086/204350|issn=0011-3204}}</ref> e foi atribuído a uma das razões pelas quais os seres humanos têm cérebros tão grandes em comparação com outros grandes símios.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Fonseca-Azevedo|primeiro=Karina|ultimo2=Herculano-Houzel|primeiro2=Suzana|data=2012-11-06|titulo=Metabolic constraint imposes tradeoff between body size and number of brain neurons in human evolution|url=https://www.pnas.org/content/109/45/18571|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=109|numero=45|paginas=18571–18576|doi=10.1073/pnas.1206390109|issn=0027-8424|pmid=23090991}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.scientificamerican.com/article/cooking-up-bigger-brains/|titulo=Cooking Up Bigger Brains|data=|acessodata=|publicado=Scientific American.|ultimo=Gorman|primeiro=Rachael Moeller}}</ref>  Isso ocorre devido ao processamento de alimentos. Os primeiros exemplos de processamento de alimentos incluem martelar, marinar e, principalmente, cozinhar. A carne martelada quebra as fibras musculares, tirando parte do trabalho da boca, dentes e mandíbula.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Farrell|primeiro=J. H.|data=1956|titulo=The effect on digestibility of methods commonly used to increase the tenderness of lean meat|url=https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/effect-on-digestibility-of-methods-commonly-used-to-increase-the-tenderness-of-lean-meat/ADFFB847F84D78FB91CB2B39C22A265A|jornal=British Journal of Nutrition|lingua=en|volume=10|numero=2|paginas=111–115|doi=10.1079/BJN19560019|issn=1475-2662|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/title/secret-of-our-success-how-culture-is-driving-human-evolution-domesticating-our-species-and-making-us-smarter/oclc/930040859|título=The secret of our success: how culture is driving human evolution, domesticating our species, and making us smarter|ultimo=Henrich|primeiro=Joseph Patrick|data=2016|lingua=English|isbn=9780691178431|oclc=930040859}}</ref> Marinar emula a ação do estômago com altos níveis de ácido. Cozinhar parcialmente decompõe os alimentos, tornando-os mais facilmente digeríveis. O alimento entra no corpo efetivamente digerido parcialmente e, como tal, o processamento de alimentos reduz o trabalho que o sistema digestivo deve realizar. Isso significa que há seleção para órgãos digestivos menores, pois o tecido é energeticamente caro<ref>{{Citar periódico|ultimo=Aiello|primeiro=Leslie C.|ultimo2=Wheeler|primeiro2=Peter|data=1995-04-01|titulo=The Expensive-Tissue Hypothesis: The Brain and the Digestive System in Human and Primate Evolution|url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/204350|jornal=Current Anthropology|volume=36|numero=2|paginas=199–221|doi=10.1086/204350|issn=0011-3204}}</ref>, aqueles com órgãos digestivos menores podem processar seus alimentos, mas a um custo energético menor do que aqueles com órgãos maiores.<ref name=":6">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/title/catching-fire-how-cooking-made-us-human/oclc/972834623|título=Catching fire: how cooking made us human|ultimo=Wrangham|primeiro=Richard W|data=2010|editora=Profile|local=London|lingua=English|isbn=9781846682858|oclc=972834623}}</ref> A prática do cozimento é notável porque a energia disponível nos alimentos aumenta quando cozidos e isso também significa menos tempo gasto na procura de alimentos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmody|primeiro=Rachel N.|ultimo2=Wrangham|primeiro2=Richard W.|data=2009-10-01|titulo=The energetic significance of cooking|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047248409001262|jornal=Journal of Human Evolution|series=Paleoanthropology Meets Primatology|volume=57|numero=4|paginas=379–391|doi=10.1016/j.jhevol.2009.02.011|issn=0047-2484}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmody|primeiro=Rachel N.|ultimo2=Weintraub|primeiro2=Gil S.|ultimo3=Wrangham|primeiro3=Richard W.|data=2011-11-29|titulo=Energetic consequences of thermal and nonthermal food processing|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3228431/|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|volume=108|numero=48|paginas=19199–19203|doi=10.1073/pnas.1112128108|issn=0027-8424|pmc=3228431|pmid=22065771}}</ref>


Os seres humanos que vivem com dietas cozidas passam apenas uma fração do dia mastigando, em comparação com outros primatas que vivem com dietas cruas. Meninas e meninos americanos gastavam em média 8 e 7% do dia mastigando, respectivamente, em comparação com chimpanzés que passam mais de 6 horas por dia mastigando. Isso libera tempo que pode ser usado para caçar. Uma dieta crua significa que a caça é restrita, já que o tempo gasto na caça não é tempo comendo e mastigando material vegetal, mas o cozimento reduz o tempo necessário para obter as necessidades de energia do dia, permitindo mais atividades de subsistência.  digestibilidade dos carboidratos cozidos é aproximadamente 30% maior que a digestibilidade dos carboidratos não cozidos. Esse aumento da ingestão de energia, mais tempo livre e economia de tecido usado no sistema digestivo permitiram a seleção de genes para um tamanho cerebral maior.
Os seres humanos que vivem com dietas cozidas passam apenas uma fração do dia mastigando, em comparação com outros primatas que vivem com dietas cruas. Meninas e meninos americanos gastavam em média 8 e 7% do dia mastigando, respectivamente, em comparação com chimpanzés que passam mais de 6 horas por dia.<ref name=":6" /> Isso libera tempo que pode ser usado para caçar. Uma dieta crua significa que a caça é restrita, já que o tempo usado na caça não é gasto comendo e mastigando material vegetal, mas o cozimento reduz o tempo necessário para obter as necessidades de energia do dia, permitindo mais atividades de subsistência.<ref name=":6" />  A digestibilidade dos carboidratos cozidos é aproximadamente 30% maior que a digestibilidade dos carboidratos não cozidos.<ref name=":6" /> Esse aumento da ingestão de energia, mais tempo livre e economia de tecido usado no sistema digestivo permitiram a seleção de genes para um tamanho cerebral maior.


Apesar de seus benefícios, o tecido cerebral requer uma grande quantidade de calorias; portanto, a principal restrição na seleção de cérebros maiores é a ingestão de calorias. Uma maior ingestão calórica pode suportar maiores quantidades de tecido cerebral. Argumenta-se que isso explica por que os cérebros humanos podem ser muito maiores que outros macacos, uma vez que os humanos são os únicos macacos a se envolver no processamento de alimentos.<ref name=":7">{{Citar periódico|ultimo=Fonseca-Azevedo|primeiro=Karina|ultimo2=Herculano-Houzel|primeiro2=Suzana|data=2012-11-06|titulo=Metabolic constraint imposes tradeoff between body size and number of brain neurons in human evolution|url=https://www.pnas.org/content/109/45/18571|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=109|numero=45|paginas=18571–18576|doi=10.1073/pnas.1206390109|issn=0027-8424|pmid=23090991}}</ref> O cozimento de alimentos influenciou os genes na medida em que, segundo pesquisas, os humanos não podem viver sem cozinhar.<ref name=":8">{{Citar periódico|ultimo=Koebnick|primeiro=C.|ultimo2=Strassner|primeiro2=C.|ultimo3=Hoffmann|primeiro3=I.|ultimo4=Leitzmann|primeiro4=C.|data=1999|titulo=Consequences of a long-term raw food diet on body weight and menstruation: results of a questionnaire survey|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10436305|jornal=Annals of Nutrition & Metabolism|volume=43|numero=2|paginas=69–79|doi=10.1159/000012770|issn=0250-6807|pmid=10436305}}</ref>
Apesar de seus benefícios, o tecido cerebral requer uma grande quantidade de calorias; portanto, a principal restrição na seleção de cérebros maiores é a ingestão de calorias. Uma maior ingestão calórica pode suportar maiores quantidades de tecido cerebral. Argumenta-se que isso explica por que os cérebros humanos podem ser muito maiores que outros macacos, uma vez que os humanos são os únicos macacos a se envolver no processamento de alimentos.  O cozimento de alimentos influenciou os genes na medida em que, segundo pesquisas, os humanos não podem viver sem cozinhar.  Um estudo com 513 indivíduos que consumiram dietas cruas a longo prazo constatou que, à medida que a porcentagem de sua dieta composta por alimentos crus e / ou o tempo que eles mantinham uma dieta de alimentos crus aumentava, seu IMC diminuía. . Isso ocorre apesar do acesso a muitos processos não térmicos, como moagem, batidas ou aquecimento a 48 graus. c. (118 graus F).  Com aproximadamente 86 bilhões de neurônios no cérebro humano e 60 a 70 kg de massa corporal, uma dieta exclusivamente crua, próxima à dos primatas existentes, não seria viável, pois, quando modelada, argumenta-se que seria necessário um processo inviável. nível de mais de nove horas de alimentação todos os dias.  No entanto, isso é contestado, com modelos alternativos mostrando calorias suficientes que podem ser obtidas dentro de 5 a 6 horas por dia.  Alguns cientistas e antropólogos apontam para evidências de que o tamanho do cérebro na linhagem Homo começou a aumentar bem antes do advento do cozimento devido ao aumento do consumo de carne  e que o processamento básico de alimentos (fatia) é responsável pela redução do tamanho dos órgãos relacionados à mastigação.  Cornélio et al. argumenta que o aprimoramento das habilidades cooperativas e uma variação da dieta para mais carne e sementes melhoraram a eficiência de forrageamento e caça. Foi isso que permitiu a expansão do cérebro, independente do cozimento, que eles argumentam ter ocorrido muito mais tarde, uma consequência da complexa cognição que se desenvolveu.  No entanto, este ainda é um exemplo de uma mudança cultural na dieta e a evolução genética resultante. Críticas adicionais vêm da controvérsia das evidências arqueológicas disponíveis. Alguns afirmam que há uma falta de evidência de controle de incêndio quando os tamanhos do cérebro começaram a se expandir. Wrangham argumenta que evidências anatômicas na época da origem do ''Homo erectus'' (1,8 milhão de anos atrás) indicam que o controle do fogo e, portanto, do cozimento ocorreu.  Nesse momento, ocorreram as maiores reduções no tamanho dos dentes em toda a evolução humana, indicando que alimentos mais macios se tornaram predominantes na dieta. Também nessa época havia um estreitamento da pelve indicando um intestino menor e também há evidências de que houve uma perda da capacidade de escalar, que Wrangham argumenta que indica o controle do fogo, já que dormir no chão precisa de fogo para afastar predadores. Os aumentos propostos no tamanho do cérebro do processamento de alimentos levaram a uma maior capacidade mental de inovação cultural adicional no processamento de alimentos, o que aumentaria a eficiência digestiva, fornecendo mais energia para ganhos adicionais no tamanho do cérebro.  Argumenta-se que esse ciclo de feedback positivo levou ao rápido aumento do tamanho do cérebro observado na linhagem ''Homo'' .

Um estudo com 513 indivíduos que consumiam dietas cruas a longo prazo constatou que, à medida que a porcentagem de sua dieta composta por alimentos crus e / ou o tempo que eles mantinham uma dieta de alimentos crus aumentava, seu [[Índice de massa corporal|IMC]] diminuía.<ref name=":8" /> Isso ocorre apesar do acesso a muitos processos não térmicos, como moer bater ou aquecer a 48 graus centígrados. Com aproximadamente 86 bilhões de neurônios no cérebro humano e 60 a 70 kg de massa corporal, uma dieta exclusivamente crua, próxima à dos primatas existentes, não seria viável, pois, quando modelada, argumenta-se que seria necessário um processo de mais de nove horas de alimentação todos os dias.<ref name=":7" /> No entanto, isso é contestado com modelos alternativos mostrando calorias suficientes que podem ser obtidas dentro de 5 a 6 horas por dia.<ref name=":9">{{Citar periódico|ultimo=Cornélio|primeiro=Alianda M.|ultimo2=de Bittencourt-Navarrete|primeiro2=Ruben E.|ultimo3=de Bittencourt Brum|primeiro3=Ricardo|ultimo4=Queiroz|primeiro4=Claudio M.|ultimo5=Costa|primeiro5=Marcos R.|data=2016-04-25|titulo=Human Brain Expansion during Evolution Is Independent of Fire Control and Cooking|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4842772/|jornal=Frontiers in Neuroscience|volume=10|doi=10.3389/fnins.2016.00167|issn=1662-4548|pmc=4842772|pmid=27199631}}</ref>

Alguns biólogos e antropólogos apontam para evidências de que o tamanho do cérebro na linhagem Homo começou a aumentar bem antes do advento do cozimento devido ao aumento do consumo de carne<ref name=":5" /> <ref>{{Citar web|titulo=06.14.99 - Meat-eating was essential for human evolution, says UC Berkeley anthropologist specializing in diet|url=https://www.berkeley.edu/news/media/releases/99legacy/6-14-1999a.html|obra=www.berkeley.edu|acessodata=2019-10-19}}</ref> e que o processamento básico de alimentos (fatiamento) é responsável pela redução do tamanho dos órgãos relacionados à mastigação.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Zink|primeiro=Katherine D.|ultimo2=Lieberman|primeiro2=Daniel E.|data=2016|titulo=Impact of meat and Lower Palaeolithic food processing techniques on chewing in humans|url=https://www.nature.com/articles/nature16990|jornal=Nature|lingua=en|volume=531|numero=7595|paginas=500–503|doi=10.1038/nature16990|issn=1476-4687|acessodata=}}</ref> Cornélio et al. argumenta que o aprimoramento das habilidades cooperativas e uma variação da dieta para mais carne e sementes melhoraram a eficiência de forrageamento e caça. Foi isso que permitiu a expansão do cérebro, independente do cozimento, que argumentam ter ocorrido muito mais tarde, uma consequência do desenvolvimento da complexificação cognitiva.<ref name=":9" /> No entanto, este ainda é um exemplo de uma mudança cultural na dieta e a evolução genética resultante.

Críticas adicionais vêm da controvérsia das evidências arqueológicas disponíveis. Alguns afirmam que há uma falta de evidência do [[Controle do fogo pelos primeiros humanos|controle do fogo]] quando os tamanhos do cérebro começaram a se expandir.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Roebroeks|primeiro=Wil|ultimo2=Villa|primeiro2=Paola|data=2011-03-29|titulo=On the earliest evidence for habitual use of fire in Europe|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3069174/|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|volume=108|numero=13|paginas=5209–5214|doi=10.1073/pnas.1018116108|issn=0027-8424|pmc=3069174|pmid=21402905}}</ref> Wrangham argumenta que evidências anatômicas na época da origem do ''[[Homo erectus]]'' (1,8 milhão de anos atrás) indicam que o controle do fogo e, portanto, a prática do cozimento ocorreu.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmody|primeiro=Rachel N.|ultimo2=Wrangham|primeiro2=Richard W.|data=2009-10-01|titulo=The energetic significance of cooking|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047248409001262|jornal=Journal of Human Evolution|series=Paleoanthropology Meets Primatology|volume=57|numero=4|paginas=379–391|doi=10.1016/j.jhevol.2009.02.011|issn=0047-2484}}</ref> Nesse momento, ocorreram as maiores reduções no tamanho dos dentes em toda a evolução humana, indicando que alimentos mais macios se tornaram predominantes na dieta. Também nessa época havia um estreitamento da pelve indicando um intestino menor e também há evidências de que houve uma perda da capacidade de escalar, que Wrangham argumenta que são indícios do controle do fogo, já que o comportamento de dormir no chão trás uma necessidade de manusear o fogo para afastar predadores.<ref name=":6" />

Os aumentos propostos é que o processamento de alimentos levou a uma aumento da a eficiência digestiva, fornecendo mais energia para ganhos adicionais no tamanho do cérebro, que permitiu que houvesse mais capacidade para inovação cultural e novas formas de processamento de alimentos. Argumenta-se que esse ciclo de feedback positivo levou ao rápido aumento do tamanho do cérebro observado na linhagem ''Homo''.<ref name=":6" />


== Referências ==
== Referências ==

Revisão das 11h54min de 19 de outubro de 2019

Bisonte Magdaleniense polícromo. Altamira

A Teoria da dupla herança (TDH), também conhecida como co-evolução gene-cultura ou evolução biocultural,[1]  é uma teoria desenvolvida por volta de 1960 até o início dos anos 1980 para explicar como o comportamento humano é um produto de dois diferentes e interativos processos evolutivos: evolução genética e evolução cultural. Atualmente não é considerada uma ciência empírica.[2]

A TDH pressupõe que genes e cultura interagem continuamente em um ciclo de feedback,[3] mudanças nos genes podem levar a mudanças na cultura que podem influenciar a seleção genética e vice-versa. Uma das reivindicações centrais da teoria é que a cultura evolui parcialmente através de um processo de seleção darwiniano, que os teóricos da dupla herança geralmente descrevem por analogia à evolução genética.[4]

Base teórica

A TDH sustenta que a evolução genética e cultural interagiram na evolução do Homo sapiens. Reconhece que a seleção natural de genótipos é um componente importante da evolução do comportamento humano e que os traços culturais podem ser restringidos por imperativos genéticos. No entanto, ela também reconhece que a evolução genética dotou a espécie humana com um processo evolutivo paralelo de evolução cultural. A TDH faz três reivindicações principais:[5]

Capacidades culturais são adaptações

Stonehenge

A capacidade humana de armazenar e transmitir cultura surgiu a partir da evolução e desenvolvimento genético de mecanismos psicológicos. Isso implica que, em algum momento da evolução da espécie humana, um tipo de aprendizado social que levou à evolução cultural cumulativa foi evolutivamente vantajoso.

A cultura evoluiu

Os processos de aprendizagem social dão origem à evolução cultural. Os traços culturais são transmitidos de maneiras diferentes dos traços genéticos e, portanto, resultam em diferentes efeitos a nível da população sobre a variação comportamental.

Genes e cultura co-evoluem

Os traços culturais alteram os ambientes sociais e físicos sob os quais a seleção genética opera. Por exemplo, as adoções culturais da agricultura e dos laticínios causaram, em humanos, a seleção genética das características para digerir amido e lactose, respectivamente.[6][7][8][9][10][11]

É provável que uma vez que a cultura tenha se adaptado, a seleção genética tenha causado um refinamento da arquitetura cognitiva que armazena e transmite informações culturais. Esse refinamento pode ter influenciado ainda mais a maneira como a cultura é armazenada e os vieses que governam sua transmissão.

A TDH também prevê que, em certas situações, a evolução cultural pode selecionar características que são geneticamente desadaptativas. Um exemplo disso é a transição demográfica, que descreve a queda das taxas de natalidade nas sociedades industrializadas. Os teóricos da dupla herança hipotetizam que a transição demográfica pode ser resultado de um viés de prestígio, onde indivíduos que renunciam à reprodução para ganhar mais influência nas sociedades industriais têm maior probabilidade de serem escolhidos como modelos culturais.[12][13]

Concepção de cultura

Steve Jobs e Bill Gates, modelos culturais divergentes

As pessoas definem a palavra "cultura" para descrever um grande número de fenômenos diferentes[14][15]. Uma definição que resume o que se entende por "cultura" na TDH é:

A cultura é uma informação socialmente aprendida armazenada no cérebro dos indivíduos e capaz de afetar o comportamento.[13][16]

Essa visão da cultura enfatiza o pensamento da população, concentrando-se no processo pelo qual a cultura é gerada e mantida. Ela também vê a cultura como uma propriedade dinâmica dos indivíduos, em oposição a uma visão da cultura como uma entidade super-orgânica à qual os indivíduos devem se conformar.[17] A principal vantagem dessa visão é que ela conecta processos em nível individual a resultados em nível populacional.[4]

'Cultura', neste contexto é definida como 'comportamento socialmente aprendido', e 'aprendizado social' é definido como cópias de comportamentos observados em outros ou da aquisição de comportamentos através do ensino de terceiros. A maior parte da modelagem feita em campo se baseia na primeira dinâmica (cópia), embora possa ser estendida ao ensino. A aprendizagem social, na sua forma mais simples, envolve a cópia cega de comportamentos de um modelo (alguém observado se comportando), embora também seja entendido como tendo muitos vieses em potencial, incluindo viés de sucesso (copiando aqueles que são considerados melhores), viés de status (copiando aqueles com status mais alto), homofilia (copiando daqueles que são mais parecidos conosco), viés conformista (desproporcionalmente copiar comportamentos que mais pessoas estão executando ), etc. O entendimento da aprendizagem social é um sistema de replicação de padrões e o entendimento de que existem diferentes taxas de sobrevivência para diferentes variantes culturais aprendidas socialmente, isso configura, por definição, uma estrutura evolutiva: evolução cultural.[18]

Como a evolução genética é relativamente bem compreendida, a maior parte da TDH examina a evolução cultural e as interações entre evolução cultural e evolução genética.

Desenvolvimento histórico

Johannes Vermeer - Google Art Project

A ideia de que as culturas humanas passam por um processo evolutivo semelhante ao da evolução genética remonta ao menos a Darwin[19]. Na década de 1960, Donald T. Campbell publicou alguns dos primeiros trabalhos teóricos que adaptaram os princípios da teoria da evolução à evolução das culturas.[20] Em 1976, dois desenvolvimentos na teoria da evolução cultural prepararam o terreno para a TDH. Naquele ano, O gene egoísta, de Richard Dawkins, introduziu ideias de evolução cultural para um público popular. Embora um dos livros de ciências mais vendidos de todos os tempos, devido à sua falta de rigor matemático, teve pouco efeito no desenvolvimento da TDH. Também em 1976, os geneticistas Marcus Feldman e Luigi Luca Cavalli-Sforza publicou os primeiros modelos dinâmicos de coevolução entre genes e culturas.[21]  Esses modelos formariam a base para trabalhos subsequentes sobre a TDH anunciados pela publicação de três livros seminais na década de 1980.

O primeiro foi Genes, Mente e Cultura de Charles Lumsden e E.O. Wilson.[22]  Este livro esboçou uma série de modelos matemáticos de como a evolução genética pode favorecer a seleção de traços culturais e como traços culturais, por sua vez, afetam a velocidade da evolução genética. Embora tenha sido o primeiro livro publicado descrevendo como os genes e a cultura podem co-evoluir, teve relativamente pouco efeito no desenvolvimento futuro da TDH.  Alguns críticos consideraram que seus modelos dependiam muito de mecanismos genéticos em detrimento de mecanismos culturais.[23]Controvérsia em torno das teorias sociobiológicas de Wilson também pode ter diminuído o efeito duradouro deste livro.[24]

O segundo livro de 1981 foi de Cavalli-Sforza e Feldman, Transmission Cultural and Evolution: A Quantitative Approach.[25]  Influenciado fortemente pela genética populacional e epidemiologia, este livro construiu uma teoria matemática relativa à disseminação de traços culturais. Descreve as implicações evolutivas de diferentes formas de transmissão cultural:

  • Transmissão vertical, passando traços culturais de pais para filhos;
  • Transmissão oblíqua, passando traços culturais de qualquer membro de uma geração mais velha para uma geração mais jovem;
  • Transmissão horizontal, passando traços entre membros da mesma população.

A próxima publicação significativa da TDH foi Culture and the Revolucionary Process de Robert Boyd e Peter Richerson em 1985.[26] Este livro apresenta os modelos matemáticos que agora são padrão da evolução da aprendizagem social sob diferentes condições ambientais, os efeitos populacionais da aprendizagem social, várias forças de seleção nas regras de aprendizagem cultural, diferentes formas de vieses de transmissão e seus efeitos a nível da população, e conflitos entre evolução cultural e genética. A conclusão do livro também delineou áreas para pesquisas futuras que ainda são relevantes hoje.[27]

Influência genética na evolução cultural

Os genes afetam a evolução cultural através de predisposições psicológicas na aprendizagem cultural[28]. Codificam grande parte da informação necessária para formar o cérebro humano. Eles também restringem a estrutura do cérebro e, portanto, a capacidade do cérebro de adquirir e armazenar cultura. Os genes também podem dotar indivíduos de certos tipos de viés de transmissão (descritos abaixo).

Influências culturais na evolução genética

A cultura pode influenciar profundamente as frequências gênicas em uma população.

Persistência da lactase

Um dos exemplos mais conhecidos é a prevalência do genótipo para absorção de lactose adulta em populações humanas, como europeus do norte e algumas sociedades africanas, com uma longa história de criação de gado para o leite. Há cerca de 7.500 anos atrás[29], produção de lactase parou logo após o desmame[30], e em sociedades que não desenvolveram laticínios, como asiáticos e ameríndios, isso segue sendo um fato até os dias atuais[31].  Em áreas com persistência de lactase, acredita-se que, ao domesticar animais, uma fonte de leite se tornou disponível enquanto adulto e, portanto, uma forte seleção de persistência de lactase[29][32]. Em uma população escandinava o coeficiente de seleção estimado foi de 0.09-0.19[32].

Isso implica que a prática cultural de criar gado primeiro para a carne e depois para o leite levou à seleção de características genéticas para a digestão da lactose.[24] Recentemente, a análise da seleção natural no genoma humano sugere que a civilização acelerou a mudança genética nos seres humanos durante os últimos 10.000 anos.[33]

Processamento de alimentos

A cultura provocou mudanças no sistema digestivo humano tornando muitos órgãos digestivos, como nossos dentes ou estômago, menores do que o esperado para primatas de tamanho semelhante,[34] e foi atribuído a uma das razões pelas quais os seres humanos têm cérebros tão grandes em comparação com outros grandes símios.[35][36]  Isso ocorre devido ao processamento de alimentos. Os primeiros exemplos de processamento de alimentos incluem martelar, marinar e, principalmente, cozinhar. A carne martelada quebra as fibras musculares, tirando parte do trabalho da boca, dentes e mandíbula.[37][38] Marinar emula a ação do estômago com altos níveis de ácido. Cozinhar parcialmente decompõe os alimentos, tornando-os mais facilmente digeríveis. O alimento entra no corpo efetivamente digerido parcialmente e, como tal, o processamento de alimentos reduz o trabalho que o sistema digestivo deve realizar. Isso significa que há seleção para órgãos digestivos menores, pois o tecido é energeticamente caro[39], aqueles com órgãos digestivos menores podem processar seus alimentos, mas a um custo energético menor do que aqueles com órgãos maiores.[40] A prática do cozimento é notável porque a energia disponível nos alimentos aumenta quando cozidos e isso também significa menos tempo gasto na procura de alimentos.[41][42]

Os seres humanos que vivem com dietas cozidas passam apenas uma fração do dia mastigando, em comparação com outros primatas que vivem com dietas cruas. Meninas e meninos americanos gastavam em média 8 e 7% do dia mastigando, respectivamente, em comparação com chimpanzés que passam mais de 6 horas por dia.[40] Isso libera tempo que pode ser usado para caçar. Uma dieta crua significa que a caça é restrita, já que o tempo usado na caça não é gasto comendo e mastigando material vegetal, mas o cozimento reduz o tempo necessário para obter as necessidades de energia do dia, permitindo mais atividades de subsistência.[40]  A digestibilidade dos carboidratos cozidos é aproximadamente 30% maior que a digestibilidade dos carboidratos não cozidos.[40] Esse aumento da ingestão de energia, mais tempo livre e economia de tecido usado no sistema digestivo permitiram a seleção de genes para um tamanho cerebral maior.

Apesar de seus benefícios, o tecido cerebral requer uma grande quantidade de calorias; portanto, a principal restrição na seleção de cérebros maiores é a ingestão de calorias. Uma maior ingestão calórica pode suportar maiores quantidades de tecido cerebral. Argumenta-se que isso explica por que os cérebros humanos podem ser muito maiores que outros macacos, uma vez que os humanos são os únicos macacos a se envolver no processamento de alimentos.[43] O cozimento de alimentos influenciou os genes na medida em que, segundo pesquisas, os humanos não podem viver sem cozinhar.[44]

Um estudo com 513 indivíduos que consumiam dietas cruas a longo prazo constatou que, à medida que a porcentagem de sua dieta composta por alimentos crus e / ou o tempo que eles mantinham uma dieta de alimentos crus aumentava, seu IMC diminuía.[44] Isso ocorre apesar do acesso a muitos processos não térmicos, como moer bater ou aquecer a 48 graus centígrados. Com aproximadamente 86 bilhões de neurônios no cérebro humano e 60 a 70 kg de massa corporal, uma dieta exclusivamente crua, próxima à dos primatas existentes, não seria viável, pois, quando modelada, argumenta-se que seria necessário um processo de mais de nove horas de alimentação todos os dias.[43] No entanto, isso é contestado com modelos alternativos mostrando calorias suficientes que podem ser obtidas dentro de 5 a 6 horas por dia.[45]

Alguns biólogos e antropólogos apontam para evidências de que o tamanho do cérebro na linhagem Homo começou a aumentar bem antes do advento do cozimento devido ao aumento do consumo de carne[34] [46] e que o processamento básico de alimentos (fatiamento) é responsável pela redução do tamanho dos órgãos relacionados à mastigação.[47] Cornélio et al. argumenta que o aprimoramento das habilidades cooperativas e uma variação da dieta para mais carne e sementes melhoraram a eficiência de forrageamento e caça. Foi isso que permitiu a expansão do cérebro, independente do cozimento, que argumentam ter ocorrido muito mais tarde, uma consequência do desenvolvimento da complexificação cognitiva.[45] No entanto, este ainda é um exemplo de uma mudança cultural na dieta e a evolução genética resultante.

Críticas adicionais vêm da controvérsia das evidências arqueológicas disponíveis. Alguns afirmam que há uma falta de evidência do controle do fogo quando os tamanhos do cérebro começaram a se expandir.[48] Wrangham argumenta que evidências anatômicas na época da origem do Homo erectus (1,8 milhão de anos atrás) indicam que o controle do fogo e, portanto, a prática do cozimento ocorreu.[49] Nesse momento, ocorreram as maiores reduções no tamanho dos dentes em toda a evolução humana, indicando que alimentos mais macios se tornaram predominantes na dieta. Também nessa época havia um estreitamento da pelve indicando um intestino menor e também há evidências de que houve uma perda da capacidade de escalar, que Wrangham argumenta que são indícios do controle do fogo, já que o comportamento de dormir no chão trás uma necessidade de manusear o fogo para afastar predadores.[40]

Os aumentos propostos é que o processamento de alimentos levou a uma aumento da a eficiência digestiva, fornecendo mais energia para ganhos adicionais no tamanho do cérebro, que permitiu que houvesse mais capacidade para inovação cultural e novas formas de processamento de alimentos. Argumenta-se que esse ciclo de feedback positivo levou ao rápido aumento do tamanho do cérebro observado na linhagem Homo.[40]

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