Sala das Monções: diferenças entre revisões

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O Museu Paulista, onde localiza-se a Sala das Monções, é, enquanto instituição, o museu público mais antigo da cidade de São Paulo.<ref name=":0" /> Criado em 1890, inicialmente fora denominado Museu do Estado. A atual denominação foi dada em agosto de 1893, e o primeiro diretor, um naturalista alemão, é nomeado em janeiro de 1894.<ref name=":1">{{citar livro|título=Às margens do Ipiranga: 1890-1990|ultimo=MUSEU PAULISTA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO|primeiro=|editora=Museu Paulista - USP|ano=1990|local=São Paulo|página=|páginas=7-9}}</ref> A entidade é conhecida pelo nome "Museu do Ipiranga" desde que alojou-se no bairro com este nome, em 1895.<ref name=":0" /> O edifício em que se encontra desde então encontra-se mais especificamente no Parque da Independência, este inaugurado em 1989, o qual reúne o museu a outros dois bens culturais - o [[Monumento à Independência do Brasil|Monumento à Independência]] e a [[Casa do Grito]].<ref>{{Citar periódico|data=2019-11-22|titulo=Parque da Independência|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Parque_da_Independ%C3%AAncia&oldid=56789953|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> O chamado "conjunto do Ipiranga", que engloba o museu, seus jardins e os bosques que o circundam, o monumento, a casa e o parque, foi tombado pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (IPHAN) em 1998.<ref name=":2">{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=2196|titulo=Conjunto do Ipiranga: Museu Paulista, Monumento à Independência, Casa do Grito e Parque da Independência (São Paulo, SP)|data=|acessodata=|publicado=PORTAL IPHAN: Descrição de tombamento|ultimo=|primeiro=}}</ref> Devido a esta variedade de itens, o tombamento ocorre em três dos quatro livros estabelecidos pelo Decreto Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937<ref>{{Citar periódico|data=2020-05-01|titulo=Lista de bens tombados pelo IPHAN|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lista_de_bens_tombados_pelo_IPHAN&oldid=58160353|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref>: o Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o Livro Histórico e o Livro de Belas Artes.<ref name=":2" />
O Museu Paulista, onde localiza-se a Sala das Monções, é, enquanto instituição, o museu público mais antigo da cidade de São Paulo.<ref name=":0" /> Criado em 1890, inicialmente fora denominado Museu do Estado. A atual denominação foi dada em agosto de 1893, e o primeiro diretor, um naturalista alemão, é nomeado em janeiro de 1894.<ref name=":1">{{citar livro|título=Às margens do Ipiranga: 1890-1990|ultimo=MUSEU PAULISTA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO|primeiro=|editora=Museu Paulista - USP|ano=1990|local=São Paulo|página=|páginas=7-9}}</ref> A entidade é conhecida pelo nome "Museu do Ipiranga" desde que alojou-se no bairro com este nome, em 1895.<ref name=":0" /> O edifício em que se encontra desde então encontra-se mais especificamente no Parque da Independência, este inaugurado em 1989, o qual reúne o museu a outros dois bens culturais - o [[Monumento à Independência do Brasil|Monumento à Independência]] e a [[Casa do Grito]].<ref>{{Citar periódico|data=2019-11-22|titulo=Parque da Independência|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Parque_da_Independ%C3%AAncia&oldid=56789953|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> O chamado "conjunto do Ipiranga", que engloba o museu, seus jardins e os bosques que o circundam, o monumento, a casa e o parque, foi tombado pelo [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (IPHAN) em 1998.<ref name=":2">{{citar web|url=http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=2196|titulo=Conjunto do Ipiranga: Museu Paulista, Monumento à Independência, Casa do Grito e Parque da Independência (São Paulo, SP)|data=|acessodata=|publicado=PORTAL IPHAN: Descrição de tombamento|ultimo=|primeiro=}}</ref> Devido a esta variedade de itens, o tombamento ocorre em três dos quatro livros estabelecidos pelo Decreto Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937<ref>{{Citar periódico|data=2020-05-01|titulo=Lista de bens tombados pelo IPHAN|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lista_de_bens_tombados_pelo_IPHAN&oldid=58160353|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref>: o Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o Livro Histórico e o Livro de Belas Artes.<ref name=":2" />


O projeto da edificação-sede do museu foi incumbido a Tommaso Gaudenzio Bezzi, [[engenheiro]] e [[arquiteto]] [[Itália|italiano]] radicado no [[Brasil]] desde 1875.<ref>{{Citar periódico|data=2019-02-03|titulo=Tommaso Gaudenzio Bezzi|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tommaso_Gaudenzio_Bezzi&oldid=54206474|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> Este profissional foi indicado pela Comissão Central do Monumento do Ipiranga, em 1882, e em novembro deste ano entrega o projeto. Em 1883, após modificações realizadas por uma comissão técnica, o projeto é aprovado, e as obras se iniciam dois anos depois. Em 1890 encerra-se a construção, no dia 7 de setembro de 1895 é realizada uma inauguração solene do local. A edificação é um palácio eclético, construído para aparentar grande porte, e logo monumentalidade, apesar de possuir espaço interno limitado. Segundo o catálogo da exposição "Às margens do Ipiranga", "O projeto inicial previa um retângulo alongado e dois braços laterais projetando-se da fachada principal, voltada para a cidade (como consta da maquete da época). Abandonadas as alas, por razões de economia, restou o retângulo pontuado por três corpos salientes. O do meio, com arcadas que suportam pares de colunas coríntias e frontão, é servido por ampla escadaria axial e rampas laterais. Em recuo, torre cujo topo é oco e apenas mascara um domo transparente que iluminava os espaços nobres internos. Os corpos das extremidades são torres ligeiramente mais baixas que a central - com a qual, aliás, não têm comunicação direta. O essencial do edifício se desenvolve em dois andares, tirante o subsolo e um terceiro andar nas torres. O térreo dispõe de um saguão hipostilo (são 24 colunas), de onde parte escadaria monumental que, em dois lances após um patamar, desemboca no Salão NObre, por sobre o saguão. Tanto no térreo quanto no segundo andar, corredores laterais servem a uma sequência de pequenas salas de, em média, 55m²."<ref name=":1" />
O projeto da edificação-sede do museu foi incumbido a Tommaso Gaudenzio Bezzi, [[engenheiro]] e [[arquiteto]] [[Itália|italiano]] radicado no [[Brasil]] desde 1875.<ref>{{Citar periódico|data=2019-02-03|titulo=Tommaso Gaudenzio Bezzi|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tommaso_Gaudenzio_Bezzi&oldid=54206474|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> Este profissional foi indicado pela Comissão Central do Monumento do Ipiranga, em 1882, e em novembro deste ano entrega o projeto. Em 1883, após modificações realizadas por uma comissão técnica, o projeto é aprovado, e as obras se iniciam dois anos depois. Em 1890 encerra-se a construção, no dia 7 de setembro de 1895 é realizada uma inauguração solene do local. A edificação é um palácio eclético, construído para aparentar grande porte, e logo monumentalidade, apesar de possuir espaço interno limitado. Segundo o catálogo da exposição "Às margens do Ipiranga", "O projeto inicial previa um retângulo alongado e dois braços laterais projetando-se da fachada principal, voltada para a cidade (como consta da maquete da época). Abandonadas as alas, por razões de economia, restou o retângulo pontuado por três corpos salientes. O do meio, com arcadas que suportam pares de colunas coríntias e frontão, é servido por ampla escadaria axial e rampas laterais. Em recuo, torre cujo topo é oco e apenas mascara um domo transparente que iluminava os espaços nobres internos. Os corpos das extremidades são torres ligeiramente mais baixas que a central - com a qual, aliás, não têm comunicação direta. O essencial do edifício se desenvolve em dois andares, tirante o subsolo e um terceiro andar nas torres. O térreo dispõe de um saguão hipostilo (são 24 colunas), de onde parte escadaria monumental que, em dois lances após um patamar, desemboca no Salão Nobre, por sobre o saguão. Tanto no térreo quanto no segundo andar, corredores laterais servem a uma sequência de pequenas salas de, em média, 55m²."<ref name=":1" />


== O contexto para a criação da Sala das Monções ==
== O contexto para a criação da Sala das Monções ==
Desde cinco meses após o sete de setembro de 1822 havia a proposta de afirmar e memorar a emancipação da jovem nação, de preferência no mesmo local onde ela fora proclamada. Essa ideia, contudo, pôde ser concretizada apenas cem anos depois.<ref name=":1" /> O contexto geral que motivou a criação da Sala das Monções, logo, é a ocasião do centenário da independência do Brasil. A fim de comemorar tal fato histórico, foram criadas ao longo de alguns anos antecedentes, pelo Museu Paulista, várias propostas que viriam a valorizar tanto a história nacional, quanto os fatos ocorridos no passado do Estado de São Paulo.<ref name=":0" /> O próprio edifício-sede do museu havia sido construído, anteriormente, dentro deste propósito. Esta edificação foi elaborada para possuir a função de monumento, algo único (ao menos até o ano de 1990) no contexto brasileiro<ref>{{citar web|url=http://museudoipiranga2022.org.br/mapa-site/tombado/|titulo=Tombamento|data=|acessodata=|publicado=MUSEU DO IPIRANGA|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref name=":1" />.
Desde cinco meses após o sete de setembro de 1822 havia a proposta de afirmar e memorar a emancipação da jovem nação, de preferência no mesmo local onde ela fora proclamada. Essa ideia, contudo, pôde ser concretizada apenas cem anos depois.<ref name=":1" /> O contexto geral que motivou a criação da Sala das Monções, logo, é a ocasião do centenário da independência do Brasil. A fim de comemorar tal fato histórico, foram criadas ao longo de alguns anos antecedentes, pelo Museu Paulista, várias propostas que viriam a valorizar tanto a história nacional, quanto os fatos ocorridos no passado do Estado de São Paulo.<ref name=":0" /> O próprio edifício-sede do museu havia sido construído, anteriormente, dentro deste propósito. Esta edificação foi elaborada para possuir a função de monumento, algo único (ao menos até o ano de 1990) no contexto brasileiro<ref>{{citar web|url=http://museudoipiranga2022.org.br/mapa-site/tombado/|titulo=Tombamento|data=|acessodata=|publicado=MUSEU DO IPIRANGA|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref name=":1" />.


Se o edifício-monumento foi inaugurado em 1895, mais de vinte anos depois [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d’Escragnolle Taunay]] torna-se diretor da instituição, ingressando nesta com a missão de prepará-la para a celebração do centenário.<ref>{{citar livro|título=O Museu Paulista e a gestão de Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX|ultimo=OLIVEIRA|primeiro=C. H. de S.|editora=Museu Paulista da USP|ano=2017|local=São Paulo|página=7|páginas=}}</ref> Para esta data, buscava-se que o conteúdo apresentado pelo museu reforçasse o nacionalismo e exaltasse os "herois" paulistas e a história do Estado de São Paulo, colocando-o como ponto chave para o sucesso do processo do desvínculo com Portugal.<ref>{{Citar periódico|data=2020-01-22|titulo=Programa decorativo de Affonso Taunay para o Museu Paulista|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Programa_decorativo_de_Affonso_Taunay_para_o_Museu_Paulista&oldid=57250909|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> Nesse sentido, desde 1917, quando adentra a diretoria, este personagem inicia seu projeto de ornamentação interna da edificação,<ref name=":1" /> o chamado "Projeto Decorativo".<ref>{{citar periódico|ultimo=MATTOS|primeiro=C. V. de|data=1999|titulo=Da Palavra à Imagem: sobre o programa
Se o edifício-monumento foi inaugurado em 1895, mais de vinte anos depois [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d’Escragnolle Taunay]] torna-se diretor da instituição.<ref>{{citar livro|título=O Museu Paulista e a gestão de Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX|ultimo=OLIVEIRA|primeiro=C. H. de S.|editora=Museu Paulista da USP|ano=2017|local=São Paulo|página=7|páginas=}}</ref> Este atuante membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), ingressa nesta com a missão de prepará-la para a celebração do centenário.<ref name=":3">SILVA, A. de O.; WALDMAN, T. C. (2016) Museu Paulista. ''Enciclopédia de Antropologia.'' São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. Disponível em: <nowiki>http://ea.fflch.usp.br/instituições/museu-paulista</nowiki>></ref> Para esta data, buscava-se que o conteúdo apresentado pelo museu reforçasse o nacionalismo e exaltasse os "herois" paulistas e a história do Estado de São Paulo, colocando-o como ponto chave para o sucesso do processo do desvínculo com Portugal.<ref>{{Citar periódico|data=2020-01-22|titulo=Programa decorativo de Affonso Taunay para o Museu Paulista|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Programa_decorativo_de_Affonso_Taunay_para_o_Museu_Paulista&oldid=57250909|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> Nesse sentido, desde 1917, quando adentra a diretoria, este personagem inicia seu projeto de ornamentação interna da edificação,<ref name=":1" /> o chamado "Projeto Decorativo".<ref>{{citar periódico|ultimo=MATTOS|primeiro=C. V. de|data=1999|titulo=Da Palavra à Imagem: sobre o programa
decorativo de Affonso Taunay para o
decorativo de Affonso Taunay para o
Museu Paulista|url=http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/24411/1/S0101-47141999000100006.pdf|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|acessodata=}}</ref> Além disso, programa a abertura de oito salas dedicadas à glorificação histórica do Brasil e de São Paulo, as quais foram devidamente abertas para visitação no dia 7 de setembro de 1922.<ref name=":1" /> Dentre estas, encontrava-se a sala "Antiga Iconografia Paulista", a qual continha diversas obras que depois iriam compor a Sala das Monções.<ref>{{citar periódico|ultimo=JUNIOR|primeiro=C. L.|data=2018|titulo=Da pena ao pincel: o passado paulista (re)criado
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Pereira da Silva|url=https://www.scielo.br/pdf/anaismp/v26/1982-0267-anaismp-26-e34.pdf|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|acessodata=}}</ref>
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O "Projeto Decorativo", também chamado de "Projeto Taunay" foca na reformulação especialmente do saguão de entrada, da escadaria e do Salão de Honra. Para estes locais, foram instalados medalhões e encomendadas telas pintadas a óleo - geralmente retratos, inclusive de figuras femininas que contribuíram para a emancipação política do país - e esculturas. Afonso Taunay faz questão de ressaltar, em seus relatórios encaminhados ao Secretário do Interior do Estado de São Paulo, que as decisões estéticas foram discutidas com diversos artistas e obtiveram deles aprovações.<ref name=":1" />
O "Projeto Decorativo", também chamado de "Projeto Taunay" foca na reformulação especialmente do saguão de entrada, da escadaria e do Salão de Honra. Para estes locais, foram instalados medalhões e encomendadas telas pintadas a óleo - geralmente retratos, inclusive de figuras femininas que contribuíram para a emancipação política do país - e esculturas. Afonso Taunay faz questão de ressaltar, em seus relatórios encaminhados ao Secretário do Interior do Estado de São Paulo, que as decisões estéticas foram discutidas com diversos artistas e obtiveram deles aprovações.<ref name=":1" />


Já para a composição das novas salas, foi necessário encomendar diversas obras.<ref name=":1" /> Apesar de já abrigar obras artísticas, o museu, no período anterior à diretoria de Afonso Taunay, possuía como foco as ciências naturais, de modo que seu acervo voltado às Belas Artes não era extenso. Durante esta fase inicial, que foi dirigida por Hermann von Ihering (1850-1930), os itens de destaque existentes eram as telas "''Independência ou Morte"'' (1888), de Pedro Américo (1843-1905) e "''Fundação de São Vicente"'' (1900), de Benedito Calixto (1853-1927). Fora isso, haviam obras que haviam sido adquiridas pelo governo do estado e uma antiga coleção particular, o chamado Museu Sertório.<ref name=":3" />
Quanto à idealização da criação de uma sala destinada apenas a representações das monções, provinda de [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d’Escragnolle Taunay]], sabe-se ele não só propõe a destinação do espaço, como também encomenda diversas obras para preenche-la.<ref name=":0" />

Quanto à idealização da criação de uma sala destinada apenas a representações das monções, provinda de [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d’Escragnolle Taunay]], sabe-se ele não só propõe a destinação do espaço, como também encomenda diversas obras para preenche-la.<ref name=":0" />

Assim como em 1922 o museu preparou-se para comemorar os cem anos da independência do Brasil, atualmente esta mesma instituição se organiza para celebrar o bicentenário do mesmo evento, em 2022. Para tal data, programa-se a reabertura do edifício para visitação,<ref>{{citar web|url=http://museudoipiranga2022.org.br/novo-museu/|titulo=Novo museu|data=|acessodata=|publicado=MUSEU DO IPIRANGA|ultimo=|primeiro=}}</ref> uma vez que ele encontra-se fechado para reformas desde 2013.<ref name=":3" />

== A Sala das Monções ==
A Sala das Monções, identificada como A-9, foi inaugurada em 1929. Nela encontravam-se tanto artefatos que de fato haviam sido utilizados nas monções do século XIX, como pinturas retratando cenas históricas vinculadas a este tema. Dentre os itens tridimensionais que compunham a sala, vale conferir destaque ao beque de proa de um canoão original. Afonso Taunay havia tentado desde sua entrada na diretoria do museu, em 1917, adquirir um canoão remanescente da época das monções, localizado em Porto Feliz - a cidade à beira do rio Tietê de onde partiam estas expedições. Sua requisição ao prefeito vigente na época foi negada, devido a dificuldades de transporte da peça a São Paulo - em razão de suas dimensões e peso - à ausência da estrada de ferro e ao elevado valor de carreto. Seis anos após tal negativa, Taunay voltava a perseguir o único outro exemplar original conhecido deste tipo de embarcação. Dirigiu-se a uma fazenda, indicada pelo mesmo prefeito de Porto Feliz, cujo proprietário possuía um batelão, que havia seccionado e transformado em cocho. Em 1924 o objeto, doado pelo fazendeiro, chegava ao Museu Paulista. Com 3 metros e meio de comprimento, o fragmento de canoão escavado manualmente no tronco de uma grande peroba se achava relativamente bem conservado. Um relato proferido em 1926 demonstra que antes de sua transposição para a Sala das Monções este pedaço de barco estava disposto no saguão de entrada do museu, junto às esculturas de Fernão Dias Paes e Raposo Tavares. Este objeto, 85 anos depois de sua chegada, foi transportado para o Museu Republicano de Itu.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Borrego|primeiro=Maria Aparecida De Menezes|ultimo2=Andrade|primeiro2=Bernardo Luís Rodrigues De|ultimo3=Ceccantini|primeiro3=Gregório Cardoso Tápias|ultimo4=Veiga|primeiro4=Milena De Godoy|ultimo5=Esteves|primeiro5=Fillipe Rocha|ultimo6=Bulla|primeiro6=Pedro Henrique|ultimo7=Valente|primeiro7=Gabriel Bustani|ultimo8=Borrego|primeiro8=Maria Aparecida De Menezes|ultimo9=Andrade|primeiro9=Bernardo Luís Rodrigues De|data=00/2019|titulo=The trajectory and digital reconstitution of a canoe of Museu Paulista - USP|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-47142019000100405&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|volume=27|doi=10.1590/1982-02672019v27e18d1|issn=0101-4714}}</ref>

== Interpretações sobre a atuação de Afonso d’Escragnolle Taunay como diretor do Museu Paulista ==
Ao longo de sua atuação enquanto diretor do Museu Paulista, Taunay alterou o caráter temático do que era exposto. Se recebeu da anterior direção um "museu de história natural", ele o tornou mais voltado à história e a arte. E nesse contexto encontra-se a implantação da Sala das Monções. Este personagem contribuiu também para lançar um olhar para a área da etnografia - linha que é prolongada por seu sucessor, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o qual cria uma seção de etnologia e acentua o caráter antropológico da instituição. organizou o museu de modo a criar uma narrativa sobre a emergência da nação brasileira, colocando, nesse contexto, os paulistas como protagonistas.<ref name=":3" />


== Obras sobre monções ==
== Obras sobre monções ==

Revisão das 01h48min de 11 de junho de 2020

Carga de Canoas, de Oscar Pereira da Silva.

Sala das monções é uma sala de exposição no Museu do Ipiranga, criada em 1929, para dar destaque a pinturas sobre monções. O idealizador da sala foi Afonso d’Escragnolle Taunay, que a imaginou para dar destaque a Partida da Monção, de José Ferraz de Almeida Jr. Duas outras obras de Almeida Júnior estavam na sala: São Paulo a Caminho de Damasco e Retrato de Prudente José de Morais e Barros. Além de quadros, estavam na sala objetos reminiscentes das expedições fluviais, como mapas.

A sala foi remontada em 1944, exclusivamente sobre monções, agora sem os quadros de Almeida Júnior. Sobre esta sala exclusiva, foi dito: "Na sala B-4, do segundo pavimento do palácio do Ipiranga, sala exclusivamente consagrada às monções, há a notar vinte quadros a óleo dos quais cinco de grandes dimensões. São todos relativos à iconografia das navegações fluviais para as terras do centro longínquo, em Mato Grosso, com exceção de duas composições. São os demais reproduções de documentos hoje mais que seculares, datando quase todos de 1826. Representam aspetos diversos da navegação do Tietê, Paraná, Pardo, Paraguai e mais rios do oeste".[1] O objeto principal da sala, foi dito, era o Rio Tietê, tornado mítico.[2]

O Museu Paulista (Museu do Ipiranga)

O Museu Paulista, onde localiza-se a Sala das Monções, é, enquanto instituição, o museu público mais antigo da cidade de São Paulo.[1] Criado em 1890, inicialmente fora denominado Museu do Estado. A atual denominação foi dada em agosto de 1893, e o primeiro diretor, um naturalista alemão, é nomeado em janeiro de 1894.[3] A entidade é conhecida pelo nome "Museu do Ipiranga" desde que alojou-se no bairro com este nome, em 1895.[1] O edifício em que se encontra desde então encontra-se mais especificamente no Parque da Independência, este inaugurado em 1989, o qual reúne o museu a outros dois bens culturais - o Monumento à Independência e a Casa do Grito.[4] O chamado "conjunto do Ipiranga", que engloba o museu, seus jardins e os bosques que o circundam, o monumento, a casa e o parque, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1998.[5] Devido a esta variedade de itens, o tombamento ocorre em três dos quatro livros estabelecidos pelo Decreto Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937[6]: o Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o Livro Histórico e o Livro de Belas Artes.[5]

O projeto da edificação-sede do museu foi incumbido a Tommaso Gaudenzio Bezzi, engenheiro e arquiteto italiano radicado no Brasil desde 1875.[7] Este profissional foi indicado pela Comissão Central do Monumento do Ipiranga, em 1882, e em novembro deste ano entrega o projeto. Em 1883, após modificações realizadas por uma comissão técnica, o projeto é aprovado, e as obras se iniciam dois anos depois. Em 1890 encerra-se a construção, no dia 7 de setembro de 1895 é realizada uma inauguração solene do local. A edificação é um palácio eclético, construído para aparentar grande porte, e logo monumentalidade, apesar de possuir espaço interno limitado. Segundo o catálogo da exposição "Às margens do Ipiranga", "O projeto inicial previa um retângulo alongado e dois braços laterais projetando-se da fachada principal, voltada para a cidade (como consta da maquete da época). Abandonadas as alas, por razões de economia, restou o retângulo pontuado por três corpos salientes. O do meio, com arcadas que suportam pares de colunas coríntias e frontão, é servido por ampla escadaria axial e rampas laterais. Em recuo, torre cujo topo é oco e apenas mascara um domo transparente que iluminava os espaços nobres internos. Os corpos das extremidades são torres ligeiramente mais baixas que a central - com a qual, aliás, não têm comunicação direta. O essencial do edifício se desenvolve em dois andares, tirante o subsolo e um terceiro andar nas torres. O térreo dispõe de um saguão hipostilo (são 24 colunas), de onde parte escadaria monumental que, em dois lances após um patamar, desemboca no Salão Nobre, por sobre o saguão. Tanto no térreo quanto no segundo andar, corredores laterais servem a uma sequência de pequenas salas de, em média, 55m²."[3]

O contexto para a criação da Sala das Monções

Desde cinco meses após o sete de setembro de 1822 havia a proposta de afirmar e memorar a emancipação da jovem nação, de preferência no mesmo local onde ela fora proclamada. Essa ideia, contudo, pôde ser concretizada apenas cem anos depois.[3] O contexto geral que motivou a criação da Sala das Monções, logo, é a ocasião do centenário da independência do Brasil. A fim de comemorar tal fato histórico, foram criadas ao longo de alguns anos antecedentes, pelo Museu Paulista, várias propostas que viriam a valorizar tanto a história nacional, quanto os fatos ocorridos no passado do Estado de São Paulo.[1] O próprio edifício-sede do museu havia sido construído, anteriormente, dentro deste propósito. Esta edificação foi elaborada para possuir a função de monumento, algo único (ao menos até o ano de 1990) no contexto brasileiro[8][3].

Se o edifício-monumento foi inaugurado em 1895, mais de vinte anos depois Afonso d’Escragnolle Taunay torna-se diretor da instituição.[9] Este atuante membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), ingressa nesta com a missão de prepará-la para a celebração do centenário.[10] Para esta data, buscava-se que o conteúdo apresentado pelo museu reforçasse o nacionalismo e exaltasse os "herois" paulistas e a história do Estado de São Paulo, colocando-o como ponto chave para o sucesso do processo do desvínculo com Portugal.[11] Nesse sentido, desde 1917, quando adentra a diretoria, este personagem inicia seu projeto de ornamentação interna da edificação,[3] o chamado "Projeto Decorativo".[12] Além disso, programa a abertura de oito salas dedicadas à glorificação histórica do Brasil e de São Paulo, as quais foram devidamente abertas para visitação no dia 7 de setembro de 1922.[3] Dentre estas, encontrava-se a sala "Antiga Iconografia Paulista", a qual continha diversas obras que depois iriam compor a Sala das Monções.[13]

O "Projeto Decorativo", também chamado de "Projeto Taunay" foca na reformulação especialmente do saguão de entrada, da escadaria e do Salão de Honra. Para estes locais, foram instalados medalhões e encomendadas telas pintadas a óleo - geralmente retratos, inclusive de figuras femininas que contribuíram para a emancipação política do país - e esculturas. Afonso Taunay faz questão de ressaltar, em seus relatórios encaminhados ao Secretário do Interior do Estado de São Paulo, que as decisões estéticas foram discutidas com diversos artistas e obtiveram deles aprovações.[3]

Já para a composição das novas salas, foi necessário encomendar diversas obras.[3] Apesar de já abrigar obras artísticas, o museu, no período anterior à diretoria de Afonso Taunay, possuía como foco as ciências naturais, de modo que seu acervo voltado às Belas Artes não era extenso. Durante esta fase inicial, que foi dirigida por Hermann von Ihering (1850-1930), os itens de destaque existentes eram as telas "Independência ou Morte" (1888), de Pedro Américo (1843-1905) e "Fundação de São Vicente" (1900), de Benedito Calixto (1853-1927). Fora isso, haviam obras que haviam sido adquiridas pelo governo do estado e uma antiga coleção particular, o chamado Museu Sertório.[10]

Quanto à idealização da criação de uma sala destinada apenas a representações das monções, provinda de Afonso d’Escragnolle Taunay, sabe-se ele não só propõe a destinação do espaço, como também encomenda diversas obras para preenche-la.[1]

Assim como em 1922 o museu preparou-se para comemorar os cem anos da independência do Brasil, atualmente esta mesma instituição se organiza para celebrar o bicentenário do mesmo evento, em 2022. Para tal data, programa-se a reabertura do edifício para visitação,[14] uma vez que ele encontra-se fechado para reformas desde 2013.[10]

A Sala das Monções

A Sala das Monções, identificada como A-9, foi inaugurada em 1929. Nela encontravam-se tanto artefatos que de fato haviam sido utilizados nas monções do século XIX, como pinturas retratando cenas históricas vinculadas a este tema. Dentre os itens tridimensionais que compunham a sala, vale conferir destaque ao beque de proa de um canoão original. Afonso Taunay havia tentado desde sua entrada na diretoria do museu, em 1917, adquirir um canoão remanescente da época das monções, localizado em Porto Feliz - a cidade à beira do rio Tietê de onde partiam estas expedições. Sua requisição ao prefeito vigente na época foi negada, devido a dificuldades de transporte da peça a São Paulo - em razão de suas dimensões e peso - à ausência da estrada de ferro e ao elevado valor de carreto. Seis anos após tal negativa, Taunay voltava a perseguir o único outro exemplar original conhecido deste tipo de embarcação. Dirigiu-se a uma fazenda, indicada pelo mesmo prefeito de Porto Feliz, cujo proprietário possuía um batelão, que havia seccionado e transformado em cocho. Em 1924 o objeto, doado pelo fazendeiro, chegava ao Museu Paulista. Com 3 metros e meio de comprimento, o fragmento de canoão escavado manualmente no tronco de uma grande peroba se achava relativamente bem conservado. Um relato proferido em 1926 demonstra que antes de sua transposição para a Sala das Monções este pedaço de barco estava disposto no saguão de entrada do museu, junto às esculturas de Fernão Dias Paes e Raposo Tavares. Este objeto, 85 anos depois de sua chegada, foi transportado para o Museu Republicano de Itu.[15]

Interpretações sobre a atuação de Afonso d’Escragnolle Taunay como diretor do Museu Paulista

Ao longo de sua atuação enquanto diretor do Museu Paulista, Taunay alterou o caráter temático do que era exposto. Se recebeu da anterior direção um "museu de história natural", ele o tornou mais voltado à história e a arte. E nesse contexto encontra-se a implantação da Sala das Monções. Este personagem contribuiu também para lançar um olhar para a área da etnografia - linha que é prolongada por seu sucessor, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o qual cria uma seção de etnologia e acentua o caráter antropológico da instituição. organizou o museu de modo a criar uma narrativa sobre a emergência da nação brasileira, colocando, nesse contexto, os paulistas como protagonistas.[10]

Obras sobre monções

As expedições fluviais de colonização do Brasil foram um tema central da sala, com intervenção direta de Taunay. Para ele, as monções traziam um caráter épico na história de São Paulo. São obras trazidas para a sala, várias delas encomendadas pelo próprio Taunay:[1]

As pinturas eram influenciadas por desenhos de Hércules Florence e de Aimé-Adrien Taunay, especialmente sobre a Expedição Langsdorff. Aliás, um retrato de Florence, feito por Oscar Pereira da Silva, também estava colocado na sala.[1] Também influenciaram obras mitos e lendas das monções, como nos casos das pinturas de Nair Opromolla Araújo.[16]

Referências

  1. a b c d e f g Borrego, Maria Aparecida de Menezes (31 de maio de 2019). «Perspetivas sobre a representação das monções no Museu Paulista e no Museu Republicano de Itu». MIDAS. Museus e estudos interdisciplinares (10). ISSN 2182-9543. doi:10.4000/midas.1784 
  2. Emerson Dionisio Gomes de Oliveira. «Arte, imagem, instituição» (PDF) 
  3. a b c d e f g h MUSEU PAULISTA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (1990). Às margens do Ipiranga: 1890-1990. São Paulo: Museu Paulista - USP. pp. 7–9 
  4. «Parque da Independência». Wikipédia, a enciclopédia livre. 22 de novembro de 2019 
  5. a b «Conjunto do Ipiranga: Museu Paulista, Monumento à Independência, Casa do Grito e Parque da Independência (São Paulo, SP)». PORTAL IPHAN: Descrição de tombamento 
  6. «Lista de bens tombados pelo IPHAN». Wikipédia, a enciclopédia livre. 1 de maio de 2020 
  7. «Tommaso Gaudenzio Bezzi». Wikipédia, a enciclopédia livre. 3 de fevereiro de 2019 
  8. «Tombamento». MUSEU DO IPIRANGA 
  9. OLIVEIRA, C. H. de S. (2017). O Museu Paulista e a gestão de Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX. São Paulo: Museu Paulista da USP. p. 7 
  10. a b c d SILVA, A. de O.; WALDMAN, T. C. (2016) Museu Paulista. Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. Disponível em: http://ea.fflch.usp.br/instituições/museu-paulista>
  11. «Programa decorativo de Affonso Taunay para o Museu Paulista». Wikipédia, a enciclopédia livre. 22 de janeiro de 2020 
  12. MATTOS, C. V. de (1999). «Da Palavra à Imagem: sobre o programa decorativo de Affonso Taunay para o Museu Paulista» (PDF). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material  line feed character character in |titulo= at position 38 (ajuda)
  13. JUNIOR, C. L. (2018). «Da pena ao pincel: o passado paulista (re)criado nas encomendas de Afonso Taunay a Oscar Pereira da Silva» (PDF). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material  line feed character character in |titulo= at position 49 (ajuda)
  14. «Novo museu». MUSEU DO IPIRANGA 
  15. Borrego, Maria Aparecida De Menezes; Andrade, Bernardo Luís Rodrigues De; Ceccantini, Gregório Cardoso Tápias; Veiga, Milena De Godoy; Esteves, Fillipe Rocha; Bulla, Pedro Henrique; Valente, Gabriel Bustani; Borrego, Maria Aparecida De Menezes; Andrade, Bernardo Luís Rodrigues De (00/2019). «The trajectory and digital reconstitution of a canoe of Museu Paulista - USP». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 27. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/1982-02672019v27e18d1  Verifique data em: |data= (ajuda)
  16. Oliveira, Marcela Marrafon de (2007). «Paquequer, S?o Francisco e Tiete : as imagens dos rios e a constru??o da nacionalidade». bdtd.ibict.br. Consultado em 23 de junho de 2019