Apeadeiro de Ferragudo

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Ferragudo
Identificação: 90274 FEO (Ferragudo)[1]
Denominação: Apeadeiro de Ferragudo
Administração: Infraestruturas de Portugal (sul)[2]
Classificação: A (apeadeiro)[1]
Tipologia: D [2]
Linha(s): Linha do Algarve (PK 328+329)
Coordenadas: 37°8′19.4″N × 8°31′8.93″W

(=+37.13872;−8.51915)

Mapa

(mais mapas: 37° 08′ 19,4″ N, 8° 31′ 08,93″ O; IGeoE)
Município: border link=Lagoa (Algarve)Lagoa do Algarve
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Estômb.-Lag.
Faro
  R   Portimão
Lagos

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
13 14 107 113
Equipamentos: Acesso para pessoas de mobilidade reduzida
Inauguração: 15 de fevereiro de 1903 (há 121 anos)
Website:

O Apeadeiro de Ferragudo, também conhecido por de Parchal e de Ferragudo-Parchal, é uma interface da Linha do Algarve, que serve as localidades de Ferragudo e Parchal, no concelho de Lagoa, em Portugal. Foi inaugurado, com o nome de Portimão e a categoria de estação, em 15 de Fevereiro do 1903.[3] Em 1922, a via férrea foi continuada até Lagos, tendo sido construída numa nova estação para servir a então vila de Portimão, na outra margem do Arade.[4]

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Aspeto do edifício de passageiros em 2010.

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

Esta interface situa-se na Rua 1.º de Dezembro da localidade de Parchal[5] e dentro do seu perímetro urbano, distando mais de dois quilómetros da localidade nominal.[6]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Como apeadeiro em linha em via única, esta interface tem uma só plataforma, que tem 85 m de comprimento e 76 cm de altura.[2] O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, para Vila Real de Santo António).[7][8]

Serviços[editar | editar código-fonte]

Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional tipicamente com nove circulações diárias em cada sentido entre Lagos e Faro.[9]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História da Linha do Algarve

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Horários em Janeiro de 1903, onde Silves era ainda o terminal da linha para o Barlavento.

Antes da chegada do caminho de ferro, o Algarve sofria de graves problemas de comunicações, especialmente com o resto do país; a região estava isolada pelas cadeias montanhosas e pelo Alentejo, com poucas e péssimas estradas, enquanto que o eixo marítimo só era facilmente navegável ao longo da costa Sul, tornando-se problemático a partir de Sagres, onde o mar se tornava mais agitado.[10] Apesar destes problemas, a vila de Portimão conseguiu afirmar-se como um dos principais centros urbanos na região, com uma zona de influência até à Serra do Caldeirão,[10] além de ser um pólo industrial, baseado principalmente na indústria conserveira.[11]

Planeamento e construção[editar | editar código-fonte]

Um portaria de 10 de Novembro de 1897 ordenou que fossem feitos os estudos para o lanço entre Portimão e Lagos, que ainda não tinha sido analisado.[12] No dia seguinte, houve uma reunião do Conselho Superior de Obras Publicas e Minas, onde se aprovou o projecto para o lanço entre Tunes e Portimão.[12] Este projecto indicava a construção de uma gare ferroviária na margem esquerda do Rio Arade, junto à Avenida da Ponte, que fazia parte da Estrada Real 73, e que serviria provisoriamente Vila Nova de Portimão, até se construir uma ponte sobre o Rio e instalar a estação definitiva na outra margem.[12] Também havia uma segunda hipótese para a travessia do Rio, que era aproveitar a ponte já existente, que ficaria tanto para o trânsito rodoviário como ferroviário.[12]

O primeiro lanço do ramal para Lagos foi entre Tunes e Algoz, que entrou ao serviço em 10 de Outubro de 1899.[13] A via férrea chegou ao Poço Barreto em 10 de Março de 1900, e a Silves em 1 de Fevereiro de 1902.[14]

Mapa do Plano da Rede de 1902, mostrando o lanço já construído até à margem Oriental do Rio Arade, e a sua continuação projectada até Lagos.

O projecto original para a estação provisória de Portimão foi aprovado pelo Conselho Técnico de Obras Públicas em 8 de Abril de 1900, incluía a construção de uma cocheira para locomotivas, habitações para o pessoal e de um canal fluvial com um cais para que os barcos pudessem aceder directamente à estação.[15] Em Setembro de 1902, já se tinham iniciado as obras do canal,[16] embora a construção do cais apenas tenha sido aprovada em 27 de Julho de 1903.[17]

Inauguração e primeiros anos[editar | editar código-fonte]

A Gazeta dos Caminhos de Ferro de 1 de Setembro de 1902 relatou que a estação de Portimão iria ser inaugurada em 1 de Novembro desse ano.[18] No entanto, só no dia 15 de Fevereiro de 1903 é que foi inaugurada,[5] com grandes festejos, concluindo assim a construção do Ramal de Portimão.[19][20] A 6 de Julho de 1903, o Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro do Estado alterou o nome desta interface para Portimão-Ferragudo.[21]

Em 19 de Março de 1905, o primeiro comboio em serviço regular que chegou a Tavira foi um tranvia, que tinha partido de Portimão.[22]

Em 1913, a estação era servida por carreiras de diligências até Portimão, Lagos e Monchique.[23]

Aviso de 1905, onde o Apeadeiro de Ferragudo aparece como a estação de Portimão.

Continuação até Lagos[editar | editar código-fonte]

Embora o projecto original previsse a futura continuação para Lagos e a construção de uma estação ferroviária junto a Portimão, os elevados custos envolvidos na construção de uma ponte sobre o Rio Arade forçaram a que, durante dezanove anos, o caminho de ferro se tivesse ficado por Ferragudo.[3] Após a inauguração da continuação do ramal até Lagos e da abertura da nova estação de Portimão, em 30 de Julho de 1922, esta interface passou a chamar-se de Ferragudo.[24] Nos primeiros anos do século XX, esta estação também expediu petróleo para iluminação, em regime de Pequena Velocidade.[25]

A partir de 1989, Ferragudo foi desclassificado da categoria de estação para a de apeadeiro.[26][5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  3. a b «Silves a Portimão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (361). 1 de Janeiro de 1903. p. 3-4. Consultado em 25 de Setembro de 2011 
  4. MENDES, 2010:85
  5. a b c Rosário Gordalina: “Apeadeiro Ferroviário de FerragudoSIPA: 2011 (IPA.00032374 = PT050811030055)
  6. OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (37,13853; −8,51899 → 37,12388;−8,52091)». Consultado em 15 de maio de 2023 : 2380 m: desnível acumulado de +42−26 m
  7. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  8. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  9. Horário dos Comboios : Vila Real de S. António ⇄ Lagos («horário em vigor desde 2022.12.11»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
  10. a b GUITA, 2005:13-14
  11. MENDES, 2010:11
  12. a b c d «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1198). 16 de Novembro de 1937. p. 541-542. Consultado em 1 de Março de 2017 
  13. MARTINS et al, 1996:251
  14. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 1 de Março de 2017 
  15. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (358). 16 de Novembro de 1902. p. 346-347. Consultado em 25 de Setembro de 2011 
  16. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (354). 16 de Setembro de 1902. p. 282. Consultado em 25 de Setembro de 2011 
  17. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (376). 16 de Agosto de 1903. p. 281-282. Consultado em 25 de Setembro de 2011 
  18. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (353). 1 de Setembro de 1902. p. 266-267. Consultado em 26 de Junho de 2011 
  19. «Silves a Portimão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 56. Consultado em 19 de Julho de 2012 
  20. SERRÃO, 1980:201
  21. «Avisos de Serviço» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (374). 16 de Julho de 1903. p. 246. Consultado em 25 de Setembro de 2011 
  22. MARQUES, 1959391
  23. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 17 de Março de 2018 
  24. CABRITA, Aurélio Nuno (13 de Setembro de 2007). «Recordar a Inauguração do Ramal de Caminho de ferro de Silves a Portimão». Barlavento Online. Consultado em 8 de Março de 2010 
  25. «Avisos de Serviço» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (376). 16 de Agosto de 1903. p. 289-290. Consultado em 8 de Março de 2010 
  26. «Guia Horário Oficial Verão 1989». Caminhos de Ferro Portugueses. 28 de Maio de 1989. p. 314 
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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • GUITA, José (2005). Uma Família Algarvia. Quadros de um viver antigo 1.ª ed. Vila Nova de Gaia: Editora Ausência. 149 páginas. ISBN 9789895532100 
  • MARQUES, Maria da Graça Maia; et al. (1999). O Algarve Da Antiguidade aos Nossos Dias. Elementos para a sua História. Lisboa: Edições Colibri. 750 páginas. ISBN 972-772-064-1 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • MENDES, António Rosa (2010). Faro. Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 95 páginas. ISBN 978-989-554-726-5 
  • SERRÃO, Joel (1980) [1971]. Cronologia Geral da História de Portugal 4.ª ed. Lisboa: Livros Horizonte. 247 páginas 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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