Ariel (ensaio)

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Ariel é um ensaio, de 1900, do autor uruguaio José Enrique Rodó.[1] Utilizando as alegorias da peça A Tempestade, de William Shakespeare, na qual Ariel representa o positivo e Caliban as tendências negativas da natureza humana, este ensaio é um debate sobre os rumos futuros da história, no que Rodó pretendia que se tornasse um sermão secular para os jovens latino-americanos, defendendo a causa da tradição clássica ocidental.[2]

Ariel é classificado como pertencente ao modernismo latino, sendo caracterizado por sua elegância, prosa, além das referências e alusões mundanas. Mesmo sendo um ensaio, suas ideias são expressas por meio da voz narrativa de Próspero.[3]

Temas[editar | editar código-fonte]

Próspero, o professor, e Ariel são referências aos personagens de A Tempestade, e o uso de seus nomes é um exemplo do desejo cosmopolita do modernismo. Em Ariel, o seminário de Próspero inclui autores europeus conceituados e, também, alguns menos conhecidos.[4] Ele faz referências frequentes a Goethe, Gaston Deschamps, São Francisco de Assis, Schiller e Guyau. Próspero também faz referências a história da Grécia Antiga, e enfatiza a beleza helênica como o único ideal digno de imitação.

Rodó usa Ariel como uma metáfora que simboliza a beleza, o espírito e o que é bom. O oposto de Ariel é o utilitarismo, simbolizado por Caliban, e ele cita o positivismo e a "nordomanía" (conceito desenvolvido na obra para se referir a influência dos Estados Unidos na América Latina) como duas razões pelas quais o modernismo adquiriu popularidade. Ariel é estruturalmente baseado na oposição binária, e as figuras de Ariel e Caliban são diametralmente opostas.[5]

Em Ariel, Rodó faz um balanço da condição da América Latina no final do século XIX. Ele aponta que o utilitarismo depende da especialização e do materialismo e que, consequentemente, a riqueza de nossas mentes é diminuída. Tais práticas podem e afetarão o espírito. Para que a América Latina revivesse seu espírito, Rodó propôs uma estrita adesão aos ideais estéticos das culturas grega e romana antigas.

Rodó acreditava que ambas personificam o senso de beleza e, mais importante, as duas reconhecem a importância de se dedicar a uma atividade da mente. A arte se torna, então, uma forma de aprendizado, que encontra e enriquece o espírito, e nega o utilitarismo.

Veja Também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Komlódi, Zsuzsanna. «El centenario de la publicación del "Ariel" de José Enrique Rodó» (PDF). Budapest Business School. Centro Virtual Cervantes. Actas del XXXV Congreso Internacional de la Asociación Europea de Profesores de Español (em espanhol). Consultado em 27 de junho de 2021 
  2. G Brotherton, ‘’Arielismo’’ in P Hulme ed., The Tempest and Its Travels (London 2000) p. 216-7
  3. G Brotherton, ‘’Arielismo’’ in P Hulme ed., The Tempest and Its Travels (London 2000) p. 216-7
  4. A Vaughan, Shakespeare’s Caliban (Cambridge 1991) p. 148 and p. 154
  5. A Vaughan, Shakespeare’s Caliban (Cambridge 1991) p. 153

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]