Bájilas

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Banu Bájila ou Bájila (em árabe: بجيلة‎; romaniz.:Bajīla) foi uma tribo árabe que habitou as montanhas ao sul de Meca na era pré-islâmica e mais tarde se espalhou para diferentes partes da Arábia e depois para o Iraque sob os muçulmanos. A tribo, sob um de seus chefes Jarir ibne Abedalá Albajali, desempenhou um papel importante no exército muçulmano que conquistou o Iraque em meados do século VII.

Genealogia[editar | editar código-fonte]

Na tradição genealógica árabe, as origens dos bájilas não são certas, um ponto de zombaria que seria usado pelos rivais da tribo. O progenitor homônimo da tribo era considerado uma mulher. De acordo com vários genealogistas tradicionais, eles, junto com a tribo dos catamitas, eram subdivisões dos maiores anemaritas, que foram identificados como iemenitas (sul da Arábia) ou adenanitas (norte da Arábia). O nisba de um membro dos bájilas era "Albajali".[1]

História[editar | editar código-fonte]

Os bájilas, junto da tribo irmã dos catamitas e as tribos dos tamimitas, bacritas e Abedal Cais, lançaram ataques contra a Baixa Mesopotâmia controlada pelo Império Sassânida durante o reinado do Sapor II (r. 309–379), mas sofreu pesadas perdas quando o último retaliou. Durante os primeiros anos do profeta islâmico Maomé, habitavam as montanhas ao sul de Meca, mas devido a rixas de sangue com tribos vizinhas e lutas internas entre seus clãs, a saber, Amas, Cácer, Zaíde ibne Algaute e Uraina, a tribo ficou estilhaçada e dispersa. Muitos de seus clãs ficaram ligados a tribos maiores,[1] como os amiritas entre Taife e Jabal Tuaique, ou os jádilas dos caicitas que habitavam a área ao sul de Taife. Um dos clãs que permaneceu no Sarate foi o de Cácer.[2]

Nos últimos anos de Maomé, um chefe Cáceri, Jarir ibne Abedalá Albajali, liderou uma delegação de 150 de seus membros de tribo e se converteu ao Islã na presença do profeta. Foram posteriormente enviados para demolir o santuário de Dul Calaça, que as tribos politeístas bájilas e catamitas haviam adorado até então.[1] Muitos clãs, nomeadamente aqueles que habitam o sul da Arábia, reconverteram-se ao politeísmo após a morte de Maomé em 632, mas voltaram à autoridade muçulmana após as campanhas punitivas de Jarir, que permaneceu leal aos muçulmanos.[3] Jarir tornou-se um comandante muçulmano eficaz sob os califas Abacar (r. 632–634) e Omar (r. 634–644). Durante o governo deste último, os bájilas sob o comando de Jarir foram um poderoso componente do exército muçulmano que conquistou o Iraque (Baixa Mesopotâmia), respondendo de 700 a mais de 1 500 guerreiros, e receberam um quarto das terras de sua rica região agrícola de Sauade.[2] Muitos dos clãs bájilas que se uniram a outras tribos foram dirigidos por Omar para ficarem sob o comando de Jarir.[1] De acordo com o historiador Julius Wellhausen, a ascensão do Islã rejuvenesceu os bájilas em um certo grau após um período de declínio severo.[4]

Referências

  1. a b c d Watt 1960, p. 55.
  2. a b Donner 1981, p. 196.
  3. Donner 1981, p. 201.
  4. Wellhausen 1927, p. 328.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Donner, Fred McGraw (1981). The Early Islamic Conquests. Princeton, Nova Jérsei: Imprensa da Universidade de Princeton 
  • Watt, W. Montgomery (1960). «Badjīla». In: Gibb, H. A. R.; Kramers, J. H.; Lévi-Provençal, E.; Schacht, J.; Lewis, B. & Pellat, Ch. The Encyclopaedia of Islam, New Edition, Volume I: A–B. Leida: E. J. Brill. OCLC 495469456 
  • Wellhausen, Julius (1927). The Arab Kingdom and its Fall. Traduzido por Weir, Margaret Graham. Calcutá: Universidade de Calcutá. OCLC 752790641