Casa Allemã

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Casa Allemã
Casa Allemã
Entrada dos fundos da Casa Allemã, na Rua da Quitanda. A entrada principal ficava na Rua Direita.
Fundação 1883
Fundador(es) Daniel Heydenreich
Encerramento 1959

A Casa Allemã foi uma loja de departamentos de São Paulo, que depois foi aberta em outras localidades, que funcionou do final do século XIX até meados do século XX.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Fundada pelo imigrante alemão Daniel Heydenreich, foi a principal casa comercial do final do século XIX, quando lojas departamentais refletiam uma tendência que se encontrava na Europa e Estados Unidos.[1] Daniel Heydenreich nasceu na Alemanha em 1855 e imigrou para o Brasil em torno de 1880. Apesar de ser lembrada como uma loja direcionada à elite paulistana, os primórdios da Casa Allemã começou na rua 25 de Março, onde ele vendia linho alemão, rendas e outros produtos que conseguia comprar para revender. Em 1883 transferiu-se para a Rua General Carneiro (à época chamava Rua Municipal) e lá a loja recebeu o nome de Casa Alemã.[2][3]

Com a ajuda de seus irmãos que estavam na Alemanha (Adolf, Hermann e Traugott), obtinha as mercadorias para sua loja. Em 1883, Adolf veio para o Brasil e logo em 1890, seu irmão Hermann também. A empresa tornou-se "D.& A. Heydenreich". A loja mudaria ainda mais uma vez, agora para a Rua Direita e em 1895 seria ampliada, ocupando mais dois andares para depósito e venda de mercadorias. Com a chegada de seu irmão Traugott, a loja passa a ser "Irmãos Heydenreich" e em 1896 passa a ocupar o prédio inteiro, ganhando duas vitrines na parte central. Em 1904 mudaria novamente, permanecendo na mesma rua Direita, porém em um edifício melhor, equipado até com elevador.[2]

Tinha um catálogo de divulgação e seguindo a influência francesa da época, apresentava inúmeras expressões em francês como "manteaux" de seda e de lã, vestidos para "soirée", "peignoir".[1]

Havia uma distinção entre o masculino e feminino, caracterizando o universo masculino à intelectualidade e praticidade enquanto as mulheres eram relacionadas à perfeição, delicadeza e intuição. As mulheres representavam a maior parte da clientela, cujo consumo era estimulado pela urbanização e busca pelo luxo europeu e bem-estar.[1]

Mas se por um lado as lojas de departamento inspiravam esse mundo do status social e aparências para as mulheres que compravam, por outro lado também vivenciava uma mudança em trânsito na emancipação da mesma, que a partir do século XIX ingressava no mercado de trabalho assalariado e as lojas tornavam-se uma fonte de sustento, um local de trabalho para as mulheres.[1]

Com seu crescimento, também surgiram filiais em Campinas (1887), Santos (1890), Ribeirão Preto (1910) e Jaú (1912).[2] A filial de Santos localizava-se à rua 15 de Novembro, esquina com a Frei Gaspar, e oferecia serviços de tapeçaria.[4]

Com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, a Revolução de 1930, depois a Revolução Constitucionalista de 1932, a elite paulistana foi perdendo seu poder aquisitivo e a loja é forçada a popularizar-se. A Segunda Guerra Mundial teve grandes impactos, dificultando as importações devido à alta de preços e também à imagem dos imigrantes alemães no Brasil, associando erroneamente ao nazismo. Em virtude disso, a Casa Alemã muda de nome para Galeria Paulista de Modas.[2]

Em 1959, depois de tantos percalços, a loja encerra suas atividades.[2]

Produtos[editar | editar código-fonte]

Os produtos vendidos na loja eram em grande parte de origem alemã, mas a loja também se alinhava com as tendências cosmopolitas que marcaram o centro de São Paulo no período. Inicialmente, eram peças de tecido e vestuário feminino e com o passar do tempo, foi incorporando o setor masculino e infantil também.[1]

A loja era organizada em departamentos, vendendo uma variedade de produtos: armarinhos, perfumaria, bordados, artigos para cavalheiros, cortinas e tapetes.[2]

A partir de 1920, roupas de esportes ingressa ao rol dos produtos oferecidos, consequência da mudança de hábito da sociedade, com o incentivo da prática de esportes. Assim, roupas para "banhos de mar" e artigos para patinação ganham espaço dentro da loja.[2]

Referências

  1. a b c d e f «Entre estantes: Catálogo do 50º aniversário da Casa Allemã». Museu da Imigração. Consultado em 25 de março de 2021 
  2. a b c d e f g Fyskatoris, Anthoula (2008). «A Casa Alemã» (PDF). ABEPEM - Colóquio de Moda. Consultado em 25 de março de 2021 
  3. «A Casa Alemã». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 26 de março de 2021 
  4. «Novo Milênio: Histórias e Lendas de Santos: Propaganda santista - 1912». www.novomilenio.inf.br. Consultado em 26 de março de 2021