Cláudio Abramo

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Cláudio Abramo
Nome completo Cláudio Abramo
Nascimento 6 de abril de 1923
São Paulo, São Paulo
Morte 14 de agosto de 1987 (64 anos)
São Paulo, São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Iole Scarmagnan
Pai: Vincenzo Abramo
Cônjuge Hilde Weber, Radha Abramo
Filho(a)(s) Claudio Weber Abramo, Barbara Abramo e Berenice Abramo
Ocupação Jornalista

Cláudio Abramo (São Paulo, 6 de abril de 1923 — São Paulo, 14 de agosto de 1987) foi um jornalista brasileiro responsável por mudanças no estilo, formatação e conteúdo dos dois maiores jornais paulistas, O Estado de S. Paulo (1952-1963) e a Folha de S. Paulo (1975-1976).

Filho mais novo de Vincenzo Abramo e Iole Scarmagnan, era neto do anarquista italiano Bortolo Scarmagnan e parte de uma família muito influente na arte, na imprensa e na política brasileira. Irmão do gravador Lívio Abramo, dos jornalistas Athos Abramo e Fúlvio Abramo, da atriz Lélia Abramo, de Beatriz Abramo e Mário Abramo. Foi casado com Hilde Weber, chargista, com quem teve um filho: Claudio Weber Abramo. Mais tarde, casou-se com Radha Abramo, crítica de arte e também sua prima, com quem teve duas filhas: a socióloga Barbara Abramo e a jornalista Berenice Abramo.

Se reivindicava trotskista e sempre fez questão de frisar que compreendia e trabalhava conforme a natureza do capitalismo. Admitia que deixara de fazer tudo para fazer só o jornal, num ritmo que o forçou a abrir mão até da militância política. Seu estilo, à maneira concisa e imparcial do jornalismo norte-americano, presente hoje na maioria dos grandes jornais brasileiros, substitui os textos longos e opinativos. Dirigiu a Folha Socialista, jornal do Partido Socialista Brasileiro. Declarava ter por mestres no jornalismo Lívio Xavier, Ermínio Saccheta e Mário Pedrosa[1] (Todos vinculados à esquerda brasileira.) "Ele se orgulhava de duas coisas: ser autodidata e ter sido testamenteiro de Oswald de Andrade, de quem foi amigo," declarou à Folha o artista plástico Geraldo de Barros quando de seu falecimento.[2]

Biografia

Ao contrário dos irmãos mais velhos, não estudou no colégio Dante Alighieri. Cursou apenas o primário. (Obteria o diploma ginasial, prestando um exame de Madureza aos 46 anos de idade.) Trabalhou no jornal O Tempo. Em 1945, aos 22 anos, foi um dos criadores do Jornal de São Paulo, dirigido pelo poeta Guilherme de Almeida. Em 1947, passa pelos Diários Associados, e, no início de 1948, começa a colaborar com O Estado de S.Paulo.

Entre 1951 e 1952, Abramo frequenta a a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais–EHESS de Paris, a convite do governo francês. Naquela cidade, morou no Hotel de L'Academia, na rua de Saint-Pères, assim como outros brasileiros, de quem viria a ser amigo: o artista plástico Geraldo de Barros, o matemático Carlos Lira e o físico Jorge Leal. Estabeleceu relação muito próxima de Mário Pedrosa, que dividia, também em Paris, um apartamento com o crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes. Passou a ter Pedrosa, declaradamente, como seu mestre no jornalismo – e Pedrosa era um dos poucos de quem, já perto dos sessenta anos, ainda aceitava repreensões. Sobre o período passado em Paris, "ele sempre dizia que foram os anos mais lindos de sua vida," segundo Geraldo de Barros.[2] Nesse período, inicia o namoro com Radha Abramo, que viria a ser sua segunda esposa.

Em 1953, de volta ao Brasil, assume o cargo de secretário de Redação de O Estado de S.Paulo, sendo o jornalista mais jovem a assumir essa posição.[2] Junto com Giannino Carta, então diretor do Estado, inicia o processo de modernização e profissionalização do jornal.[3]

Em 1963, deixa o Estado para assessorar o então ministro da Fazenda Carvalho Pinto. É contratado no mesmo ano para assumir, na Folha de S.Paulo, o cargo de chefe de reportagem. Também exerceu, na Folha, os cargos de secretário-geral (1963-1973) e de diretor de Redação (1973-1977), período no qual executou as grandes reformas editorias, como a primeira página mais agressiva, a criação das páginas de Opinão (2 e 3), além do estabelecimento de maior rigor na apuração das notícias, independentemente das pressões. Coordenou, a partir de 1978, o recém-criado conselho editorial do jornal. As reformas que implantou na Folha influenciaram os rumos do jornalismo brasileiro na década de 70. Nessa época, foi perseguido pela ditadura e chegou a ser preso. Em 1979, Abramo foi forçado a deixar a Folha, por intervenção direta do regime militar. Junta-se a Mino Carta, (este recém-saído da Veja também por perseguição política) para fundar o Jornal da República.

Aparece entre os colaboradores da revista Senhor Vogue, (de Luis Carta, Mino Carta e Domingo Alzugaray) de abril de 1978 a abril de 1979. Seria correspondente da Folha em Londres, de 1980 a 1982, e em Paris, até 1984. Em 1984, assume a coluna São Paulo, na página 2 da Folha, bem como, em novembro de 1985, retoma colaboração com a revista (então, apenas) Senhor. Estas colaborações só se interromperiam com seu falecimento.

Em 1985, chegou a lecionar em jornalismo na pós-graduação na Universidade de São Paulo, na condição de professor Notório saber.

Vítima de insuficiência cardíaca, morreu enquanto tomava seu café-da-manhã em companhia da mulher, lendo sua própria coluna na Folha em casa, aos 64 anos.

No ano seguinte à sua morte, publicou-se A regra do jogo, livro que reúne artigos sobre política e um ensaio autobiográfico.

Claudio, artista

Cláudio Abramo gostava de desenhar e se desenvolveu nessa área também de modo autodidata. Aos 24 anos participou da exposição "19 pintores" realizada na Galeria Prestes Maia e foi premiado logo em sua primeira mostra. Mas preferia esconder seu talento, mesmo com incentivos de amigos como Geraldo de Barros, a quem respondia "Sou jornalista, não artista."[2]

Referências

Notas

  1. O Estado de S. Paulo, 15 de Agosto de 1987, p.13
  2. a b c d Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 1987, A5. Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Folha" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. Veja, 19 de agosto de 1987, p.89

Premiações

  • Governo Italiano pelo trabalho clandestino na resistência antifacista durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Governo da República Democrática Popular da Polônia, em reconhecimento ao apoio dado à luta antinazista dos polacos.

Publicações

  • ABRAMO, Cláudio. A Regra do Jogo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

Ligações externas

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