Cneu Cornélio Cosso (tribuno consular em 406 a.C.)

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 Nota: Para outros significados, veja Cneu Cornélio Cosso.
Cneu Cornélio Cosso
Tribuno consular da República Romana
Tribunato 406 a.C.
404 a.C.
401 a.C

Cneu Cornélio Cosso (em latim: Gnaeus Cornelius Cossus) foi um político da gente Cornélia nos primeiros anos da República Romana eleito tribuno consular por três vezes, em 406, 404 e 401 a.C..

Tribunato consular (406 a.C.)[editar | editar código-fonte]

Em 406 a.C., Cneu Cornélio foi eleito tribuno consular com Lúcio Valério Potito, Numério Fábio Ambusto e Públio Cornélio Rutilo Cosso.[1] O Senado finalmente decidiu declarar guerra a Veios, mas, apesar disto, não foi possível organizar um alistamento militar para formar o exército, seja pelo andamento das operações militares contra os volscos, seja pela oposição dos tribunos da plebe, que viam a campanha militar apenas como uma desculpa para os patrícios evitaram a discussão das reformas exigidas pela plebe.

Os tribunos da plebe aumentaram ainda mais a tensão que já era alta: eles diziam que a guerra maior era aquela conduzida pelos patrícios contra a plebe, que era deliberadamente acuada pelo alistamento militar e se expunha para ser trucidada pelo inimigo; a levam para longe de Roma para evitar que na paz, consciente da liberdade e das colônias, se agite pensando no bem público e nas eleições livres.
 
Lívio, Ab Urbe condita IV, 4, 58.[1].

Ainda assim, a decisão foi continuar a guerra contra os volscos: enquanto Cneu Cornélio permanecia cuidando de Roma, Lúcio Valério e Públio Cornélio realizaram operações diversivas, especialmente contra Anzio (Antium) e Ecetra.[2] Enquanto isso, Numério Fábio levou suas forças até Anxur (moderna Terracina), que conquistou e saqueou, seu real objetivo.[1] Foi também neste mesmo ano que o Senado declarou uma lei em favor dos soldados, que passaram a ser pagos diretamente a partir do erário público. Até então, cada soldado cuidava de suas próprias despesas.[3]

Segundo tribunato (404 a.C.)[editar | editar código-fonte]

Em 404 a.C., foi eleito novamente tribuno consular, desta vez com Caio Valério Potito Voluso, Mânio Sérgio Fidenato, Cesão Fábio Ambusto, Públio Cornélio Maluginense e Espúrio Náucio Rutilo.[4]

Roma, enquanto continuava o cerco a Veios iniciado no anterior, voltou suas atenções aos volscos, que foram derrotados numa batalha campal entre Ferentino e Ecetra. Os romanos conseguiram conquistar a cidade volsca de Artena, graças principalmente à traição de um escravo, que indicou aos soldados uma passagem que levava diretamente à fortaleza e a partir da qual puderam atacar os defensores.[4]

Finalmente, os romanos estabeleceram uma colônia em Velletri (Velletriae).[5]

Terceiro tribunato consular (401 a.C.)[editar | editar código-fonte]

Em 401 a.C., foi eleito tribuno consular pela terceira vez, desta vez com Lúcio Júlio Julo, Marco Fúrio Camilo, Mânio Emílio Mamercino, Lúcio Valério Potito e Cesão Fábio Ambusto.[6]

Durante o ano, Roma foi tomada por uma grande polêmica, alimentada pelos tribunos da plebe por causa da má condução da guerra, com uma série de revezes sofridos pelos romanos no cerco a Veios, provocado principalmente por discordâncias entre dois tribunos consulares, Mânio Sérgio Fidenato e Lúcio Vergínio Tricosto Esquilino, pela decisão de manter os soldados a serviço mesmo durante inverno no cerco a Veios (quando o período normal do alistamento era a primavera e o verão) e pela necessidade de novos impostos para sustentar o esforço de guerra, especialmente depois da decisão de pagar os soldados do erário público pelo período da guerra.[6]

...E, como os tribunos não permitia a coleta dos impostos militares e aos comandantes não chegava dinheiro para pagar os homens, que reclamavam impacientemente por seus salários, pouco surpreende que também o acampamento fosse contagiado pelos problemas ocorridos na cidade
 

No final, os tribunos da plebe processaram Sérgio Fidenato e Lúcio Vergínio pela péssima condução da guerra e os dois foram condenados a pagara uma multa de 10 000 asses.[7]

Na frente militar, Na frente militar, Fúrio Camilo assumiu o comando do exército romano e, num curto período de tempo, atacou dois aliados de Veios, os falérios e os capenatos, que resistiram dentro de suas muralhas. Os romanos reconquistaram as posições perdidas no ano anterior em Veios enquanto Valério Potito cuidava da campanha contra os volscos e cercou Anxur (Terracina), que também foi cercada.

No território dos volscos, porém, depois de haver saqueado a zona rural, os romanos tentaram tomar Anxur, que ficava numa colina. Mas quando eles perceberam a inutilidade de uma ação pela força, guiados por Valério Potito, a quem foi confiado comando da operação, iniciou-se um cerco da cidade com a construção de um fosso e de trincheiras.
 

Cornélio estabeleceu um terceiro estipêndio a ser pago aos cavaleiros cujo cavalo não fosse fornecido pelo Estado. Supõe-se que ele tenha promovida a candidatura de seu meio-irmão (ou primo), o plebeu Públio Licínio Calvo Esquilino, à magistratura de tribuno consular em 400 a.C.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Tribuno consular da República Romana
Precedido por:
Caio Valério Potito Voluso

com Lúcio Fúrio Medulino
com Numério Fábio Vibulano II
com Caio Servílio Estruto Aala II

Públio Cornélio Rutilo Cosso
406 a.C.

com Numério Fábio Ambusto
com Cneu Cornélio Cosso
com Lúcio Valério Potito II

Sucedido por:
Tito Quíncio Capitolino Barbato

com Aulo Mânlio Vulsão Capitolino
com Quinto Quíncio Cincinato II
com Lúcio Fúrio Medulino II
com Caio Júlio Julo II
com Mânio Emílio Mamercino

Precedido por:
Tito Quíncio Capitolino Barbato

com Aulo Mânlio Vulsão Capitolino
com Quinto Quíncio Cincinato II
com Lúcio Fúrio Medulino II
com Caio Júlio Julo II
com Mânio Emílio Mamercino

Espúrio Náucio Rutilo III
404 a.C.

com Cneu Cornélio Cosso
com Mânio Sérgio Fidenato
com Cesão Fábio Ambusto
com Públio Cornélio Maluginense
com Caio Valério Potito Voluso III

Sucedido por:
Mânio Emílio Mamercino II

com Marco Quintílio Varo
com Lúcio Valério Potito III
com Lúcio Júlio Julo
com Ápio Cláudio Crasso Inregilense Sabino
com Marco Fúrio Fuso

Precedido por:
Caio Servílio Estruto Aala III

com Quinto Servílio Fidenato
com Lúcio Vergínio Tricosto Esquilino
com Quinto Sulpício Camerino Cornuto
com Aulo Mânlio Vulsão Capitolino II
com Mânio Sérgio Fidenato II

Lúcio Júlio Julo
401 a.C.

com Marco Fúrio Camilo
com Lúcio Valério Potito IV
com Mânio Emílio Mamercino III
com Cneu Cornélio Cosso
com Cesão Fábio Ambusto II

Sucedido por:
Públio Licínio Calvo Esquilino

com Públio Mânlio Vulsão
com Lúcio Titínio Pansa Saco
com Públio Mélio Capitolino
com Espúrio Fúrio Medulino
com Lúcio Publílio Filão Vulsco

Referências

  1. a b c Lívio, Ab Urbe condita IV, 4, 58.
  2. Lívio, Ab Urbe condita IV, 4, 49
  3. Lívio, Ab Urbe condita IV, 4, 59
  4. a b Lívio, "Ab Urbe Condita libri" IV, 4, 61.
  5. Lívio, "Ab Urbe Condita libri" V, 16-17
  6. a b Lívio, Ab Urbe Condita V, 10.
  7. a b c Lívio, Ab Urbe Condita V, 12.
  8. Lívio, Ab Urbe Condita IV, 58-61; V 10-12

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • T. Robert S., Broughton (1951). The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I, número XV. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas