ContraPoints

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ContraPoints
ContraPoints
Nascimento 21 de outubro de 1988 (35 anos)
Condado de Arlington, Virgínia, Estados Unidos
Residência Baltimore, Maryland, Estados Unidos
Alma mater Universidade de Georgetown, Universidade do Noroeste
Ocupação Youtuber
Carreira no YouTube
Servidor(es) YouTube
Período de atividade 2008–presente
Inscritos + 1 milhão
Visualizações + 50 milhões


100 000 inscritos2018
1 000 000 inscritos2020

Natalie Wynn (21 de outubro de 1988) é uma criadora de conteúdo para o YouTube cujos vídeos de seu canal ContraPoints exploram temas como política, gênero, ética, raça e filosofia. O canal foca em apresentar contra-argumentações aos posicionamentos da direita política utilizando várias personagens atuadas por Wynn, frequentemente envolvidas em um debate. Os vídeos de Wynn receberam críticas positivas e foram elogiados pelos seus cenários e vestuários intricadamente projetados, além de seus tons humorísticos sombrios. A grande maioria de seus vídeos são legendados em português brasileiro.

Início de vida[editar | editar código-fonte]

Wynn nasceu em 21 de outubro de 1988, no Condado de Arlington, Virgínia,[1] e cresceu neste mesmo estado.[2] Os pais de Wynn são um professor de psicologia e uma médica.[3] Ela formou-se em Filosofia na Universidade de Georgetown em Washington, D.C., e então matriculou-se na Universidade do Noroeste em busca de um doutorado em filosofia, trabalhando também como uma instrutora.[2][3][4][5] Wynn deixou a Universidade do Noroeste, afirmando que ela havia se tornado "chata ao ponto do desespero existencial",[2] e moveu-se para Baltimore, Maryland.[2]

Wynn já escreveu ficção, deu lições de piano, e trabalhou como uma paralegal e copywriter.[6]

Carreira no YouTube[editar | editar código-fonte]

Wynn começou a publicar vídeos no YouTube em 2008, de início retratando religião e ateísmo. Em 2016, ela deu início ao canal ContraPoints em reação à controvérsia Gamergate e à quantidade crescente de YouTubers de direita, mudando seu conteúdo para opor os argumentos destes YouTubers.[2][4][7][8] Os primeiros vídeos de ContraPoints também cobriram tópicos como raça, racismo, e radicalização online.[2] Em seus vídeos, Wynn utiliza filosofia, sociologia, e suas experiências pessoais para explicar ideias de esquerda e criticar argumentos comuns conservadores, liberais clássicos, fascistas, e da direita alternativa.[4][9][10]

Os vídeos de ContraPoints costumam possuir um tom combativo e humoroso, além de um humor negro ou surreal, sarcasmo, e sexualidade.[4] Wynn tende a ilustrar conceitos através de diferentes personagens, acompanhadas de elaboradas fantasias, que engajam em debates intensos.[11] Os vídeos expõem as escolhas de direção de Wynn, como os complicados esquemas de iluminação, elaboradas fantasias, e estética.[12] Entre suas inspirações estéticas estão as performances de drag queens, afirmando em uma entrevista de 2019 que se conservadores a chamariam de drag queen de qualquer jeito, ela decidiu tornar-se "a drag queen mais extravagante do YouTube".[13] Katherine Cross, em uma entrevista de agosto de 2018 para o The Verge, destaca uma significante diferença entre Wynn e Contra, a personagem que ela representa em seus vídeos. Contra é indiferente, distante, decadente e desdenhosa, enquanto Wynn pode ser sincera — e ela "se importa extremamente, quase demais".[14]

O canal de vídeos é financiado através da plataforma de crowdfunding Patreon, onde ContraPoints está entre os top 20 criadores no site.[6]

Em fevereiro de 2020, Wynn tornou privados os seus vídeos publicados antes de agosto de 2017 (quando ela iniciou sua transição de gênero), afirmando que eles "não mais representam a pessoa em que me tornei".[15] Ela publicou transcrições para a maioria destes vídeos em seu site.[16]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Os vídeos da Wynn foram elogiados por sua clareza, nuance, e um senso de humor que chama a atenção.[2][11] Jake Hall, escritor da Vice, considerou a Wynn "uma das criadoras de video essays mais incisivas e convincentes do YouTube".[2] Em um artigo contrastando sua sinceridade pessoal e irônico senso de humor, o The Verge a descreve como a "Oscar Wilde do YouTube".[14] A revista New York afirma, "ContraPoints é muito boa. Independentemente do interesse (ou falta do mesmo) por parte do espectador quanto às guerras de cultura da Internet, nazis do YouTube, ou qualquer um dos outros vastos assuntos cobertos nos vídeos do canal, eles são divertidos, bizarros, eruditas, e convincentes".[4] Nathan Robinson da revista Current Affairs cita ContraPoints como um "blitzkrieg de uma só mulher contra a direita do YouTube", descrevendo seus vídeos como "algo diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto... Ela mostra como debates deveriam acontecer: não dando espaço a ideias venenosas, mas sim trazendo uma perspicácia superior, piadas mais engraçadas, e fantasias mais elegantes à luta".[11]

A mídia frequentemente descreve o conteúdo da Wynn como exclusivamente adequado para uma audiência da geração Y, graças ao estilo de humor do canal e à atenção dada à cultura online.[11][12][17] A análise da utilização de memes e símbolos codificados por fascistas feita por Wynn foi citada pelo Southern Poverty Law Center em um artigo explicando o uso do gesto OK pela direita.[10] A jornalista Liza Featherstone também recomenda o canal, dizendo que Wynn faz um "trabalho incrível" reconhecendo os pontos válidos de seus oponentes enquanto desmascara os argumentos fracos, também revelando a influência da agenda política de direita.[18] 

Em novembro de 2018, após um vídeo do ContraPoints sobre incels atingir mais de um milhão de visualizações, a The New Yorker  compartilhou um perfil do canal, descrevendo Wynn como "uma das poucas pequenas celebridades que são tão inteligentes quanto pensam que são, e uma das poucas esquerdistas de todo o planeta que conseguem ser requintadas sem ser tediosas."[19]The Atlantic elogiou o uso de "cenários exuberantes, iluminação melancólica, e música original pela compositora Zoë Blade" e opinou sobre os vídeos do canal que "A atração mais espetacular [...] é a própria Wynn."[17] O Polygon nomeou o vídeo do ContraPoints sobre incels como um dos dez melhores video essays do ano de 2018.[5] Em maio de 2019, ela chegou ao topo da lista Dazed 100, que classifica as pessoas que "ousaram dar um tiro no braço da cultura".[20]

Em setembro de 2019, Wynn descreveu em seu Twitter seus sentimentos de constrangimento quando perguntada, em certos contextos, sobre os seus pronomes de gênero de preferência.[21] Os tuítes foram criticados como desdenhosos quanto às pessoas não-binárias que utilizam pronomes que não sejam "ele" e "ela".[22] Em contraste, o professor Lal Zimman opinou sobre a utilização de pronomes, "Wynn está absolutamente correta que pessoas engajam com aquela prática em maneiras que podem ser um tanto problemáticas".[21] Após a reação negativa, Wynn desativou sua conta do Twitter por uma semana, e então publicou um pedido de desculpas.[22] Certo tempo depois ela parou de utilizar o Twitter.[23]

Em outubro de 2019, o vídeo "Opulence" da Wynn destacou uma citação de John Waters lida pelo ator pornográfico transexual Buck Angel,[24] cujos ideais sobre pessoas trans já atraíram críticas, incluindo de pessoas que veem os ideais de Angel como transmedicalistas.[22][24] Além de ter sido criticada por apresentar junto a Angel, Wynn e outros YouTubers associados a ela foram assediados.[22][24] O vídeo "Canceling" da Wynn, publicado em janeiro de 2020, tratou de ambos o criticismo e assédio que sofreu, e do contexto mais amplo da "cultura do cancelamento". O vídeo foi elogiado por Robby Soave da Reason.[25]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Wynn é uma mulher trans, uma questão que aparece frequentemente em seus vídeos, e iniciou sua transição em julho de 2017.[4] Wynn costumava se identificar como genderqueer.[26] Ela é uma feminista e se autodenomina uma socialista democrata e social-democrata.[11][14][19][27] Desde 2017, ela reside em Baltimore, Maryland.[4] Em 2020, Wynn afirmou ser lésbica em seu vídeo "Shame".[28]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Wynn, Natalie (18 de julho de 2018). «Alright, alright astrologers. October 21, 1988. 8:00 AM. Arlington, VA. Tell me about my soul.». @ContraPoints (em inglês). Consultado em 23 de março de 2019. Arquivado do original em 30 de março de 2019 
  2. a b c d e f g h Hall, Jake; Garland, Emma (9 de abril de 2019). «ContraPoints Is the Opposite of the Internet». Vice (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 2 de junho de 2019 
  3. a b «Transgender YouTube star ContraPoints tries to change alt-right minds». Los Angeles Times (em inglês). 12 de junho de 2019. Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 4 de julho de 2019 
  4. a b c d e f g Singal, Jesse (30 de outubro de 2017). «This YouTuber Is Figuring Out How to Counter the Right's Dominance of the Site». Intelligencer (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 24 de junho de 2019 
  5. a b Schindel, Daniel (28 de dezembro de 2018). «The best video essays of 2018». Polygon. Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 29 de dezembro de 2018 
  6. a b «Meet the YouTube star who's de-radicalizing young, right-wing men». www.vice.com (em inglês). Consultado em 3 de novembro de 2020 
  7. «The transgender populist fighting fascists with face glitter». The Economist. 21 de dezembro de 2018. ISSN 0013-0613. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 21 de março de 2019 
  8. Herrman, John (3 de agosto de 2017). «For the New Far Right, YouTube Has Become the New Talk Radio». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 23 de março de 2019 
  9. Kronfeld, Ezra (8 de maio de 2018). «ContraPoints on YouTube, Social Justice, and Transphobic Feminists». OUT FRONT (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 25 de julho de 2018 
  10. a b «Is that an OK sign? A white power symbol? Or just a right-wing troll?». Southern Poverty Law Center (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 16 de junho de 2019 
  11. a b c d e Robinson, Nathan J. (6 de maio de 2018). «God Bless ContraPoints». Current Affairs. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 1 de abril de 2019 
  12. a b St. James, Emily (20 de dezembro de 2018). «2018's Best TV Was YouTube» (em inglês). Slate. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 20 de janeiro de 2019 
  13. McCrea, Aisling; Robinson, Nathan J. «Interview: Natalie Wynn of ContraPoints». Current Affairs. Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 7 de abril de 2020 
  14. a b c Cross, Katherine (24 de agosto de 2018). «The Oscar Wilde of YouTube fights the alt-right with decadence and seduction». The Verge. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 3 de abril de 2019 
  15. «Archived Transcript of "TERFs"». ContraPoints (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 28 de abril de 2020 
  16. «Archived Transcripts». ContraPoints (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de maio de 2020 
  17. a b Mark, Clifton (6 de janeiro de 2019). «'ContraPoints' Is Political Philosophy Made for YouTube». The Atlantic (em inglês). Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 5 de julho de 2019 
  18. Featherstone, Liza (7 de junho de 2018). «I Think My Friend Is a Jordan Peterson Fan. What Should I Do?». The Nation. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 4 de abril de 2019 
  19. a b Marantz, Andrew (19 de novembro de 2018). «The Stylish Socialist Who Is Trying to Save Youtube From Alt-Right Domination». The New Yorker. Consultado em 23 de março de 2019. Cópia arquivada em 21 de março de 2019 
  20. «ContraPoints | Dazed». web.archive.org. 1 de maio de 2019. Consultado em 21 de julho de 2019 
  21. a b Mahdawi, Arwa (13 de setembro de 2019). «He, she, they … should we now clarify our preferred pronouns when we say hello?». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 20 de julho de 2020. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2019 
  22. a b c d «What Does the ContraPoints Controversy Say About the Way We Criticize?». www.pride.com (em inglês). 21 de outubro de 2019. Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 6 de janeiro de 2020 
  23. Wynn, Natalie (6 de novembro de 2019). «Alright y'all. I've had enough of this for a lifetime. I'll leave the account up so no one else gets the @, but this is my last tweet. Love to all, but especially to non-binary people, who I will never stop supporting and loving. Goodbye.». @ContraPoints. Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2020 
  24. a b c Asarch, Steven (21 de outubro de 2019). «YouTuber ContraPoints Attacked After Including Controversial Buck Angel in Video». Newsweek. Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 6 de janeiro de 2020 
  25. «Leftist YouTuber ContraPoints Explains Why Cancel Culture Mobs Should Drop the Pitchforks». Reason.com (em inglês). 2 de janeiro de 2020. Consultado em 20 de julho de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 
  26. Bergner, Daniel (4 de junho de 2019). «The Struggles of Rejecting the Gender Binary». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 21 de julho de 2019. Cópia arquivada em 18 de junho de 2019 
  27. Miller, Hallie. «This Baltimore YouTube star wants to change minds about transgender issues, one absurd costume at a time». baltimoresun.com. Consultado em 20 de julho de 2020. Cópia arquivada em 5 de novembro de 2019 
  28. Wynn, Natalie (15 de fevereiro de 2020). «Shame». YouTube. Consultado em 19 de julho de 2020. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]