Dans le ciel

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Dans le ciel
Autor(es) Octave Mirbeau
Idioma francês
País França
Assunto Tragédia do artista
Editora L'Échoppe
Lançamento 1989
Páginas 148

Dans le ciel (No céu) é um romance do francês Octave Mirbeau, publicado como novela nas colunas do Écho de Paris entre 1892 e 1893, e publicado como livro apenas em 1989.

O tema[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma narrativa em abismo (narrativa que contém outras histórias dentro de si), na qual um primeiro narrador, anônimo, convidado por um amigo que mora numa falésia fantástica, introduz a narrativa desse amigo, chamado Georges, que é um escritor fracassado e que, por sua vez, introduz a fala de seu amigo Lucien. A história de Lucien é a de um homem que acaba por se suicidar cortando a própria mão, por esta representar sua incapacidade de atingir um ideal artístico inatingível. A narrativa termina com esse suicídio, que George ouve atrás de uma porta, sem poder ver nem intervir. Não há retorno ao primeiro narrador, o que causa uma sensação de algo inacabado.

A dimensão da obra[editar | editar código-fonte]

Este romance, que nunca foi retrabalhado por Mirbeau, que desejava sua publicação em livro, foi escrito numa época em que ele atravessava uma tríplice crise, que durou vários anos : a crise conjugal (seu casamento com Alice Regnault, que o deixou muito infeliz) ; a crise existencial (em que seu pessimismo o confina ao niilismo) ; e a crise literária (em que ele não acredita mais na literatura, questionando radicalmente os pressupostos do romance que se pretende realista e acreditando ser vítima de impotência critativa). Sua narrativa está, portanto, impregnada de um pessimismo bastasnte negro, que aparece em três níveis :

– Em primeiro lugar, é a própria condição humana que aparece como uma tragedia : o homem não é mais que um feto perdido no infinito. Sua existência não tem finalidade nem sentido, ele está condenado à solidão, ao sofrimento e à morte, e o universo não passa de um “crime”, já que tudo que vive está condenado a morrer. Trata-se, no entanto, de um crime sem criminoso, contra o qual não é possível se revoltar e que tem pelo menos a vantagem de preservar a dignificade do homem revoltado.

– Em seguida, a sociedade burguesa é desmistificada: ao invés de permitir a cada um encontrar seu caminho e se desenvolver livremente, tudo é feito para destruir o indivíduo e suas potencialidades, impedindo-o de adequar-se a si mesmo e fazendo dele uma “larva putrefante”. A família, a escola e a Igreja católica conjugam esforços a fim de desumanizar e embrutecer o homem.

Vincent Van Gogh, A Noite Estrelada, 1889

– Por fim, os que resistem a esta “educastração”, os artistas inovadores, são vítimas, por seu turno, de uma tragédia específica, ilustrada pelo destino do pintor Lucien, inspirado em Van Gogh. Na sociedade burguesa, na qual reina o mercantilismo, eles não podem encontrar seu lugar, são ridicularizados ou perseguidos, tampouco podem viver facilmente de sua arte em vista do pequeno número de amadores esclarecidos e da pouca ajuda do Estado. E, se resolvem se isolar para encontrar seu caminho “no céu” e tentar realizar o ideal que se fixaram para si mesmos, eles se condenam a perseguir quimeras e sua queda ainda é mais dura, já que tentaram subir muito alto. A arte é mortífera e constitui uma tortura.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]