Discussão:Sofia de Liechtenstein

O conteúdo da página não é suportado noutras línguas.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Proposta de renomeação do artigo para Sofia de Liechtenstein.[editar código-fonte]

Não concordo com a proposta.

Explico:

Sou historiador. Quando publico artigos sobre historia portuguesa no estrangeiro, escrevo, por exemplo, "D. João III of Portugal", nunca "King John III of Portugal". Tal e qual como escrevo "D. João de Castro." Se João era o nome do vice-rei, era tambem o nome do seu rei.

Do mesmo modo, se em Portugal tivesse que escrever sobre o rei da Dinamarca contemporaneo, escreveria “Christian III da Dinamarca”, e nunca o “Cristiano III” na versão moderna do nosso idioma.

Esta practica é cada vez mais vista, e é mesmo a practica commum na maior parte da Europa.

Assim vemos por exemplo o presente principe Charles de Inglaterra ser referido como “Charles” na

  • a) Allemanha, Dinamarca, Noruega, Paises Baixos, Suecia [mas não na Islandia (Karl)]
  • b) Bosnia, Bulgaria [Чарльз], Croacia, Eslovaquia, Eslovenia, Republica Checa, Russia [Чарльз], Servia [Чарлc] [mas não na Polonia (Karol)]
  • c) Estonia, Finlandia

... paises cujas familias linguisticas a), b) e c) todas são differentes, como se sabe. Apenas n’os paises latinos, sempre e infelizmente mais atrasados, continuamos a tudo traduzir. [E na Grecia, e na lingua basca, e n’as muito archaicas linguas da familia baltica (Letonia e Lithuania)].

Mas repare-se: ha cem annos, todos estes paises teriam traduzido "Charles" para a sua versão local. Hoje mantem-se o original.

Esta practica de manter os nomes originaes d'as pessoas é cada vez mais normal na historiographia, e dentro de poucas decadas será a practica universal. Isto por razões de 1) respeito, 2) riqueza cultural, e 3) facilidade de identificação.

Um exemplo do ultimo: a certa altura no final do seculo XIV, em Portugal reinava D. João I, em Castella reinava Juan I, e em Aragão reinava Joan I. A escrever ou falar na lingua inglesa, todos elles seriam “John I”, e na historiographia antiga, todos elles seriam assim repetidamente referidos como “John I of...”. Hoje, mantendo os nomes originaes, sabemos immediatamente a quem o texto se refere.

E temos immensos exemplos semelhantes ao longo da historia. Se eu por exemplo falar de Henrique IV, a quem me estarei a referir? Ao rei de Castella do seculo XV? Ou ao rei de Inglaterra tambem do seculo XV? Ou talvez ao duque de Mecklenburg[o]... tambem do seculo XV? Não é muito mais facil dizer Enrique IV, Henry IV, e Heinrich IV?

Mas isto não é apenas uma questão de historiographia. Isto tem tambem que ver com a questão da riqueza cultural, e do mundo moderno em que vivemos, em que fronteiras, principalmente na Europa, cada vez mais pouco ou nada significam. Como se diz “Jorge” em sueco? “Christovão” em polaco? “Estevão” em hungaro? Ou... “Étienne”, ou “Krzysztof “, ou “Jørgen” na lingua portuguesa?

Assim, fundamentalmente a questão vai muito alem do uso practico: é uma questão de respeito. Respeito pella pessoa em si, e respeito pella diversidade cultural. Hoje em dia vivemos n’um Mundo cada vez mais unido, principalmente na Europa Occidental. E hoje em dia, no contexto global em que vivemos, não faz mais sentido continuar a traduzir nomes. Se o nome em hungaro é “István”, não deveremos traduzir para “Stephen”, ou qualquer outra variante nacional, como “Étienne”: devemos simplesmente apprender que em hungaro, “Estevão” se diz “István”. Assim apprendemos todos nós. E assim mostramos tambem respeito pellos nossos concidadãos no Mundo.

Esta tendencia, como se pode ver no caso do principe Charles, já é manifesta em metade da Europa; apenas nos paises mais atrasados em questões de globalização, entre elles a França e Portugal, e todo o resto do Sul da Europa, se teima em tudo traduzir. Mas as pessoas cada vez mais viajam, estudam, trabalham e vivem n’outros paises, na Europa e no Mundo, e as tendencias tradicionaes em Espanha, França, Italia e Portugal desapparecerão com o tempo. Duvido muito que, se o Reino Unido alguma vez vier a ter uma Elizabeth III, que o seu nome seja traduzido para Isabel III.

Vivemos n’um Mundo cada vez mais unido, cada vez mais cosmopolita. Temos que começar a apprender mais nomes ― a incluir mais lettras nos nossos alphabetos, por assim dizer. Continuar a traduzir nomes proprios n’os dias de hoje apenas reflecte um immenso provincianismo. Essa tendencia fazia todo o sentido n’as sociedades do inicio do seculo XX; mas parece-me que já não faz o minimo sentido na sociedade internacional do inicio do seculo XXI.

Dixi. Cumprimentos, ~~

Não podemos simplesmente taxar a situação como uma questão ou não de respeito ao indivíduo. Pois, se assim fosse, sempre escreveríamos Iulius Caesar e Augustus e não Júlio César e Augusto. Ou mesmo Charlemagne ao invés de Carlos Magno e por ai vai. Além disso, a situação tampouco pode ser entendida como uma caso de atraso por parte dos países de língua latina. Ao contrário, a manutenção da prática só mostra que é costume nosso, e isso não é algo ruim. É exatamente o contrário. E se as demais línguas tem por prática manter os nomes originais, isso é particularidades delas, não nossa.--Rena (discussão) 21h04min de 24 de março de 2014 (UTC)[responder]
PS: Sugiro que dê uma boa revisada no que escreve, pois está ininteligível em vários trechos.--Rena (discussão) 21h05min de 24 de março de 2014 (UTC)[responder]


Caro Renato,

Leia com cuidado, por favor, o que escrevi; e não confunda o obvio com o particular. Isto não é apenas uma questão de respeito. É uma questão eminentemente practica tambem. Mas é, acima de tudo, o effeito logico da globalização.

Considere bem o que escrevi: ha cem annos, em qualquer pais se traduziriam os nomes proprios. Hoje, em trez quartos da Europa isto ja não se faz.

A tendencia é recente, é crescente, e é nitidissima. Apenas no Sul a população geral ainda não o descobriu. Mas accredite que o fará. O processo ja se iniciou. É apenas uma questão de mais sul-europeus estudarem, trabalharem, viverem n'outros paises, como no Norte e no Centro da Europa se faz. Uma questão de publicarem as suas obras na lingua academica internacional - a inglesa. E principalmente de terem accesso habitual a informações n'outras linguas que não a sua, aspecto em que o Mundo latino ainda se encontra incrivelmente atrasado em relação à Europa Central e do Norte, onde muitos mais teem accesso à internet em banda larga sem limites de consumo, e onde se fazem muito mais pesquisas na lingua inglesa que no Mundo latino.

Mas tudo isto ja chegou tambem ao Sul. Hoje é apenas incipiente. No entanto, dentro de duas decadas veremos a practica internacional transformar-se, tambem aqui, na norma.

O mesmo, obviamente, podemos dizer da America Latina, hoje ainda mais atrasada que o Sul da Europa em termos de internacionalização da população - effeito logico de sociedades menos desenvolvidas e tambem da propria realidade geo-politica: excepto o Mexico, e não contando com o Suriname, todos os paises latino-americanos apenas teem outros paises de lingua latina como vizinhos. Quantos latino-americanos alguma vez visitaram digamos meia duzia de paises de linguas differentes, como practicamente todos no Norte da Europa fizeram ou farão n'as suas vidas?

Compare assim a realidade do Mundo latino com a realidade de uma Austria, uma Republica Checa, ou uma Suiça; de uns Paises Baixos ou Belgica; de uma Suecia ou Dinamarca.

Não podemos comparar o grau de internacionalização da Europa do Norte com a do Sul. Assim como não podemos comparar o grau de internacionalização da Australia ou Nova Zelandia, ou do Canada e d'os Estados Unidos - que todos os annos enviam uma muito maior percentagem da população ao estrangeiro - ao do Mexico, ou do Peru, ou do Brasil.

Por isso, por favor, considere seriamente o que lhe escrevo. A practica latina de ontem e de hoje não interessa. O que interessa é a previsivel practica internacional ― anglo-saxonica, eslava, germanica, e tambem latina - de amanhã.

Quanto às figuras que mencionou, tem toda a razão. Mas apenas mencionou o obvio. Sempre se dirá, provavelmente, Julio Cesar, Augusto, e Carlos Magno. Tambem em todas as linguas que referi se usam para estes as versões locaes. Mas esses são os colossos da Historia.

Tem que considerar o particular. Um qualquer principe allemão Ernst-Wilhelm será muito brevemente na lingua portuguesa chamado isso mesmo na litteratura academica. Não tenha a minima duvida quanto a isto. O processo é alias ja visivel, apesar de o caro Renato possivelmente não o conhecer. Eu proprio, como disse, o faço. E assim como eu muitos outros universitarios. O resto é apenas uma questão de tempo.

Por isso repito: o querer traduzir nomes proprios não é, de maneira alguma, "costume nosso", como diz. Até meados do seculo XX, era o normal em toda a parte. Apenas hoje esse costume, a nivel global, está a conhecer profunda alteração: apenas as sociedades mais atrasadas ainda o practicam.

Assim, "se as demais línguas tem por prática manter os nomes originais" isso não é, como affirma, "particularidades delas, não nossa". É precisamente particularidade nossa ainda traduzir: é syndroma de sociedades muito menos internacionalizadas.

Considere bem: manter os nomes originaes não era, antes, particularidade d'as outras linguas; mas é, hoje, a tendencia internacional, n'os paises que são exactamente os mais avançados em questões de globalização. Isso não lhe diz nada?

Em breve, como disse, será tambem o que veremos no paises latinos. Accredite que se quem redigisse a Wikipedia fosse a nova geração de historiadores, treinados em Glasgow, em Estocolmo, ou em Melbourne, nem sequer teriamos agora este debatte.

Tudo isto que aqui escrevi é ainda tambem valido para toponymos. No futuro muito proximo, todos mas absolutamente todos escreveremos Botswana e Zimbabwe, Bahrain e Qatar, Shanghai e, muito provavelmente, mesmo Tokyo. Isto é um simples e absolutamente previsivel effeito da globalização.

Mas enfim, nada d'isto me preoccupa, pois a evolução em que nos encontramos é claramente unidireccional. Apenas gostaria que mais hoje o vissem, para por exemplo aqui na Wikipedia podermos antecipar essa mesma evolução, e evitar ter que mudar tudo dentro de uma duzia de annos.

Por fim, gostaria de pedir desculpa por antes, infelizmente, não ter completado a minha assinatura.

Se quiser ver exemplos do meu trabalho aqui na Wikipedia, poderá ver o exemplo que hoje mesmo dei n'outra pagina de discussão:

E repare ainda em todos os livros mencionados n'os primeiros paragraphos, cujos artigos na Wikipedia são quasi todos de minha autoria.

Apenas não contribuo tanto quanto gostaria porque tenho, de facto, mais que fazer. Mas como pode ver, não sou exactamente um novato.

Por isso: considere bem o que escrevo. Verá que merece profunda reflexão.

Cumprimentos, Igor Zyx (discussão) 10h14min de 25 de março de 2014 (UTC)[responder]


P.S.: Agradecia que argumentasse seriamente contra o que aqui affirmo, em vez de responder o obvio. Consegue encontrar um unico argumento contra o que escrevi? Julga realmente que a nossa persistencia tardia em tanto traduzir não se deve ao nosso enorme atraso de internacionalização? Julga mesmo que à medida que os nossos jovens conhecerem o Mundo, da mesma forma que os norte-europeus hoje o fazem, que continuarão ainda assim a querer traduzir tudo para a nossa lingua, como os norte-europeus faziam faz sessenta annos, antes da União Europeia, do viajar e do dominar outras linguas?

P.P.S.: ...e acha mesmo "ininteligível"? Não me diga que não é capaz de ler os classicos Oitocentistas da litteratura da lingua portuguesa - quer em Portugal como no Brasil? ;)

Não desmereço sua posição, cada um tem direito a dizer o que acredita ser o mais acertado. Porém, que fique bem claro, não estou argumentando com o óbvio. É com o prático também. Não importa se o Centro-Norte da Europa adota uma postura mais flexível de como escrever topônimos e antropônimos. Se o mundo latino, e especial o mundo espanhol-lusófono, ainda mantêm seu costume, é esse que deve vigorar, e ponto. E não é mera opinião minha, pois tenho o AO como fonte irrefutável dessa tendência. Além disso, na prática, não há nada de produtivo escrever nomes e termos estranhíssimos ao português, se já temos correspondentes que podem facilitar a apreensão por parte dos leitores. E mais que só isso, há muitos editores e estudiosos, principalmente historiadores, que não deixariam de escrever Henrique VIII, Carlos Magno, Júlio César, Luís XIV, etc.--Rena (discussão) 16h17min de 25 de março de 2014 (UTC)[responder]
PS: Mesmo no mundo anglófono há quem discorde de só usar os nomes originais, e a nível de exemplo posso deixar en:John VI of Portugal--Rena (discussão) 16h17min de 25 de março de 2014 (UTC)[responder]


Caro Renato,

O que podemos hoje apprender da historia biblica da Torre de Babel?

E qual é afinal o dever maximo de uma encyclopedia?

Veremos. Primeiro, gostaria de pedir-lhe que responda às minhas perguntas, em vez de responder o obvio. Isto é afinal uma pagina de discussão de uma proposta. Parece-me que as minhas perguntas merecem respostas um pouco mais ponderadas que as que ― talvez por falta de tempo ― me offereceu . Peço assim que considere seriamente todas as perguntas que seguem, e responda com vagar.

Mas primeiro, "que fique bem claro", como escreveu, o obvio:

1 ― O OBVIO

O confrade respondeu-me: “Porém, que fique bem claro, não estou argumentando com o óbvio. [...] E mais que só isso, há muitos editores e estudiosos, principalmente historiadores, que não deixariam de escrever Henrique VIII, Carlos Magno, Júlio César, Luís XIV, etc.”

Ora que escrevera eu?

“Quanto às figuras que mencionou, tem toda a razão. Mas apenas mencionou o obvio. Sempre se dirá, provavelmente, Julio Cesar, Augusto, e Carlos Magno. Tambem em todas as linguas que referi se usam para estes as versões locaes. Mas esses são os colossos da Historia.

Tem que considerar o particular. Um qualquer principe allemão Ernst-Wilhelm [...]”

Ora não repetiu exactamente o obvio? Por isso repito agora novamente: agradeceria respostas às perguntas que fiz. Considere, por exemplo, o seguinte:

2 ― UMA ALLEGORIA

Apenas para lhe dar um exemplo do dia-a-dia: cinco pessoas de cinco paises differentes onde os titulos de obras cinematographicas não são traduzidos sabem logo identificar filmes: todos lhes dão os mesmos nomes. Cinco pessoas de cinco paises que todos traduzam os titulos gastam por vezes bastante tempo apenas tentando identificar os filmes a que uns e outros se estão a referir. Isto é um exemplo muito real. “The Silence of the Lambs”, por exemplo, foi traduzido na Europa para titulos tão differentes como “O Silencio d’os Innocentes”, “Os Olhos do Mal”, “Quebrar o Silencio” e “A Mariposa”. Este filme é conhecidissimo, claro; mas frequentemente não conseguimos identificar até mesmo filmes bastante conhecidos ― apenas porque frequentemente não usamos os mesmos titulos.

Isto, obviamente, é uma allegoria.

Mas entende certamente onde quero chegar com este pequeno exemplo: é a Torre de Babel que queremos?

3 ― A GLOBALIZAÇÃO, O ATRASO LATINO, E O FUTURO

Eu dei-lhe o panorama do que é o futuro proximo totalmente previsivel como resultado da globalização. E perguntei-lhe, no fim:

Julga realmente que a nossa persistencia tardia em tanto traduzir não se deve ao nosso enorme atraso de internacionalização?

O confrade não respondeu. Assim, volto a perguntar: que julga?

E logo a seguir perguntei-lhe:

Julga mesmo que à medida que os nossos jovens conhecerem o Mundo, da mesma forma que os norte-europeus hoje o fazem, que continuarão ainda assim a querer traduzir tudo para a nossa lingua, como os norte-europeus faziam faz sessenta annos, antes da União Europeia, do viajar e do dominar outras linguas?”

Isto são perguntas muito serias. O caro Renato infelizmente nada respondeu.

Que julga?

Eu suggeri as consequencias obvias e inevitaveis da globalização: uma internacionalização cujo resultado é que cada vez mais todos os povos muito melhor se entendem entre si, por usarem os mesmos termos, e não os traduzirem cada um para a sua lingua.

Infelizmente, a tudo o que escrevi, o caro Renato nada reagiu.

Que escreveu, afinal?

“não estou argumentando com o óbvio. É com o prático também [...] Se o mundo latino, e especial o mundo espanhol-lusófono, ainda mantêm seu costume, é esse que deve vigorar, e ponto. [...] Além disso, na prática, não há nada de produtivo escrever nomes e termos estranhíssimos ao português, se já temos correspondentes que podem facilitar a apreensão por parte dos leitores.”

Caro confrade: “na practica” acabei de lhe dar uma allegoria que deveria bem exemplificar como “nada ha de productivo” exactamente em tudo traduzir. É a tal Torre de Babel...

"Ainda mantem"? Eu não falo do hoje, Renato, falo do amanhã. Temos que antecipar a evolução ― não andar atraz d’ella. Agir, em vez de reagir. Temos que implementar hoje o que será a norma amanhã. Ou queremos andar sempre atrasados?

"Nomes e termos estranhissimos"? István? Krzysztof? Isto parece-lhe estranhissimo? Fale por si, caro confrade... Em que Mundo ― quasi tenho vontade de lhe perguntar, com o devido respeito, em que aldeia... ― vive o confrade?

O caro Renato faz alguma ideia de quantos suecos passam dous annos na Belgica a estudar, e depois um anno em Espanha a trabalhar, e mais tarde dous annos na Australia a acabar os estudos? Faz alguma ideia de quantos suiços todos os annos viajam duas ou trez vezes ao estrangeiro, sempre a paises differentes? E faz a mais minima ideia de quantos italianos, e espanhois, e portugueses cada vez mais fazem o mesmo ― comparado, claro, com a realidade de uma ou duas decadas atraz?

O confrade faz a minima ideia de quantos portugueses e espanhois estão hoje a estudar no estrangeiro comparado com ha cinco annos atraz? Ha dez annos atraz? Ha vinte?

Alguma vez se perguntou o que significa viver n’uma metropole estrangeira, convivendo com pessoas de todo o Mundo, durante annos? Apprendendo novas linguas, novos costumes, novas maneiras de ver, e pensar, e resolver as cousas?

Pensa que essa pessoa, ao regressar a casa, ainda tudo quererá traduzir?

O confrade julga que para pessoas assim, habituadas à "aldeia global", esses “nomes e termos estranhissimos” não são absolutamente normaes?

Por isso digo: fale por si, caro Renato... A realidade que o confrade descreve não é a que vemos n'este lado do mar. Aqui vemos, e vivemos hoje, o que será a realidade de muitos outros paises no futuro proximo.

Porque julga o confrade que são exactamente os paises com as populações mais internacionalizadas que menos traduzem? Como explica esse facto?

3 ― O DEVER DE UMA ENCYCLOPEDIA

Por tudo isto lhe pergunto: o confrade não julga que o Mundo latino se encontra atrasado em relação ao norte-americano e norte-centro-europeu? Mas não accredita tambem que dentro de uma a duas decadas, muitos mais latinos se encontrarão onde os outros povos que menciono se encontram hoje ― e que as mentalidades mudam com o tempo?

E finalmente ― e o mais importante: não accredita que o papel de uma encyclopedia universal é justamente educar os leitores? Não pensa que uma encyclopedia deve preparar os cidadãos para o futuro? Dar-lhes as informações que necessitarão no seu trajecto academico e profissional na vida? Abrir os seus horizontes?

A Wikipedia é um magnifico instrumento de educação. Apenas temos que a saber usar.

O confrade julga mesmo que é mais importante ensinar aos cidadãos apenas os seus nomes, para que depois nem sequer saibam como se diz, por exemplo, “Estevão” em hungaro, ou “Christovão” em polaco?

Isso é utilizar o potencial da Wikipedia como instrumento educacional e mesmo civilizador? Não é reduzir, e limitar os cidadãos? Em vez de lhes ensinar mil “estranhissimos” nomes estrangeiros do Mundo que os rodeia, devemos manter os cidadãos na ignorancia, na sua aldeia? É esse o dever de uma encyclopedia? Ou deve esta preparar os cidadãos para um futuro ― e um Mundo ― maior?

Penso que todas estas perguntas que aqui faço são da maior relevancia e pertinencia. Agradeceria assim que reflectisse um pouco, e tentasse depois responder a todas estas questões.

Queira aceitar os meus melhores cumprimentos, Igor Zyx (discussão) 22h53min de 25 de março de 2014 (UTC)[responder]

Você me pede que esclareça com maior minucia meu ponto de vista, e o farei com todo gosto. Como você bem disse eu estava sem tempo e não pude dar uma resposta melhor apreensível. Dissertarei na exata ordem que expôs suas perguntas:
O dito óbvio: deixemos bem claro que nem sempre o óbvio é tão óbvio assim. Mesmo para os casos que referi, você consegue encontrar, e não são poucos, resultados que empreguem grafias estrangeiras para estes indivíduos, pois alguns pensam que usar formas traduzidas e/ou transliteradas podem, de alguma forma, trazer algum prejuízo ao conteúdo. E nesse sentido eu posso entender como exemplos mais contundentes, por exemplo, Miquerinos, Quéops e Quéfren. Estas grafias são originárias dos textos de Heródoto e, por razões particularmente tidas como "óbvias", acabaram se tornando a forma quase que oficial para se referir a estes faraós, contudo, há vastos trabalhos recentes, de autores da mais variada estirpe, que preferem as formas semíticas, que são estranhíssimas ao português.
O hipotético "Ernst-Wilhelm": mesmo para indivíduos menos conhecidos, é comum ao português, em especial para o mundo não-brasileiro, inclusive para indivíduos pós séc. XIX, que o nome seja traduzido. Mas veja que esta regra cabe essencialmente para nobres, e não para indivíduos genéricos, mesmo que por vezes possamos encontrar autores que se arriscam a usar os nomes traduzidos ao invés dos nomes originais. Assim sendo, fazer a manutenção da tradição não pode ser entendido como um prejuízo à globalização, uma vez que o próprio conceito de globalização é questionado insistentemente pelos mais variados malefícios que ele traz, por exemplo, para as línguas/escritas. E como eu disse acima, mesmo no contexto da língua globalizante por excelência, há pessoas que preferem en:John VI of Portugal do que João VI de Portugal, e inclusive o primeiro é o título da versão anglófona da Wikipédia, que é marcada com grande diversidade gráfica, em especial porque há editores dos mais variados locais do mundo editando ali, falantes ou não do inglês.
A "Torre de Babel": como resposta prática aqui posso dizer que mesmo dentro do português já podemos notar uma Torre de Babel. Por mais que possa variar mais ou menos de acordo com aquilo que se analisa, é nítido que dentro das variantes linguísticas o tempo e a distância provocou drásticas mudanças que, de certo modo, fazem as variantes serem bem diferentes, o que gera certas discórdias entre indivíduos desta ou daquela variante.
"Alegoria": Não acho que, para a discussão em questão, citar filmes seja o mais acertado. E por uma razão bem prática, dentro e fora da lusofonia, é comum adaptar títulos de filmes, com ou sem globalização. Porém, na condição de muitas vezes mesmo dentro do português existem inúmeras menções diversas, optou-se aqui que só devem permanecer os nomes em português nos artigos quando atestado que em mais de uma variante o título é o mesmo.
"Atraso do mundo lusófono": não vejo como um atraso. Cada coisa segue uma tendência diversa, não dá para transpor uma realidade na outra. É quase como querer, por influência da globalização, que uma determinada comunidade, que por tradição come certa comida, deixa de fazê-lo em detrimento daquilo que todo mundo come. Não podemos fazer tábula rasa naquilo que é comum a nossa língua, e se isso não fosse uma preocupação não teríamos acordos ortográficos visando inibir a ação do estrangeirismo e a influência da globalização.
"Dever da enciclopédia": Nosso dever é informar a todos sobre tudo, ou ao menos é isso que a Wikipédia diz estar destinada. E nessa condição, um dos pontos de devem ser levantados é a forma como isso vai ser exposto, e se isso será compreensível a quem lê. Voltando um pouco aquilo que disse sobre o óbvio, nem todo mundo acha uma associação Ernst=Ernesto, Wilhelm=Guilherme, óbvia. E partindo do pressuposto de que uma grande massa de leitores da Wikipédia é de conhecimento médio, e essencialmente leigos, é crucial que a informação seja entendível por eles. E títulos são a alma do negócio nesse processos. Além disso, deve sempre estar em mente que quando se sugere um nome alternativo, não necessariamente se pensa em apagar completamente o nome antigo. É por tradição aqui que na introdução de cada artigo sejam listadas todas as grafias existentes daquele determinado tema de modo a permitir que cada um consiga encontrar aquilo que procura. E nesse mesmo raciocínio temos os redirecionamento que permitem, por exemplo, que aqueles que falam Elizabeth II consigam chegar na mesma Isabel II.
Acho que argumentei sobre alguns dos principais pontos que você solicita, mas caso você queira mais alguma explicação pode pedir.--Rena (discussão) 03h49min de 26 de março de 2014 (UTC)[responder]