Eh Pagu, Eh!

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eh Pagu, Eh!
Eh Pagu, Eh!
Pôster promocional
 Brasil
1982 •  p&b •  15 min 
Gênero documentário
Direção Ivo Branco
Roteiro Ivo Branco
Narração Raul Cortez
Elias Andreato
Enio Gonçalves
Julia Pascale
Ivo Branco
Elenco Edith Siqueira
Clodomiro Bacellar
Aldo Bueno
Julio Calasso
Música Gil Reyes
Papavento
Diretor de fotografia José Roberto Sadek
Direção de arte Adão Pinheiro
Edição Francisco Magaldi
Companhia(s) produtora(s) Etcétera Filmes
Distribuição Etcétera Filmes
Idioma português

EH PAGU, EH! é um filme brasileiro documentário de curta-metragem de 1982, filmado em película de 35mm, em preto & branco, com a duração de 15 minutos, escrito e dirigido pelo cineasta Ivo Branco. Estreou no dia 16 de novembro de 1982, no Sesc Pompeia, em São Paulo.[1]

“Eh Pagu, Eh!”, é o primeiro filme sobre a jornalista, escritora, feminista e militante de esquerda Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu. Sua vida está ligada a alguns dos mais importantes momentos da organização das esquerdas no Brasil.[2]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

“Eh Pagu, Eh!”, é uma viagem /trajetória sobre a vida-obra de Patrícia Galvão, Pagu. Ainda estudante da Escola Normal do Brás, conhece Guilherme de Figueiredo que a introduz no ambiente intelectual paulistano.

Convive com o grupo modernista responsável pela Semana de Arte Moderna de 1922. Conhece Oswald de Andrade e participa com ele do Movimento Antropofágico, nas páginas da Revista de Antropofagia, segunda edição, sua fase mais radical, anticatólica e esquerdista.

É Pagu quem leva Oswald a assumir posições de esquerda e se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), atitudes essas que se refletiram em sua obra futura. Militando nos quadros do Partido Comunista, Patrícia Galvão escreve, na década de 30, “Parque Industrial”, o primeiro romance proletário da literatura brasileira. Sua militância no PCB lhe valeu quase cinco anos de encarceramento nos porões da ditadura Vargas.

Divergindo dos caminhos do Partido, junta-se aos dissidentes trotskistas, sendo expulsa do PCB. Libertada, volta-se às suas atividades de jornalista, colaborando em jornais do Rio e de São Paulo. Funda com Geraldo Ferraz e Mário Pedrosa o jornal “Vanguarda Socialista”. Em 1950 candidata-se a deputada federal pelo Partido Socialista Brasileiro. Desiludida, afasta-se da política, ingressa na Escola de Arte Dramática (EAD) em São Paulo e passa a dedicar-se ao trabalho teatral, em Santos, incentivando grupos amadores, traduzindo e dirigindo textos teatrais de vanguarda, até sua morte naquela cidade, em 1962.

Elenco[editar | editar código-fonte]

  • Edith Siqueira como Pagu
  • Clodomiro Bacellar como Delegado do Estado Novo
  • Aldo Bueno como Policial 1
  • Julio Calasso como Policial 2

Vozes[editar | editar código-fonte]

Ator
Elias Andreato
Enio Gonçalves
Ivo Branco
Julia Pascale
Raul Cortez

Curiosidade sobre o título do filme[editar | editar código-fonte]

Seu título foi inspirado no poema do poeta modernista Raul Bopp, quando este dedicou um poema a ela, em 1928, chamado "Côco de Pagu":

Pagu tem uns olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer (...)[3]

Lançamento[editar | editar código-fonte]

Recepção da crítica[editar | editar código-fonte]

Muito elogiado pela crítica, "Eh Pagu, Eh!" utiliza uma linguagem nova em termos de documentário e recupera, através de fotos, jornais, filmes de época e ficção reconstituindo com atores, de cenas e momentos da vida de Pagu, com muita força e emoção, resultando numa obra de amplitude inegável.

“Feminista, musa da geração modernista na década de 20, romancista, poeta, cronista e correspondente internacional, Patricia Galvão, ou simplesmente Pagu", agora é também é um belo curta-metragem de Ivo Branco. O filme revela mais um pouco dessa mulher revolucionária que esteve na China onde entrevistou Freud e passeou de bicicleta com o imperador Manchu.[4]

Como destacou a Revista IstoÉ de 29 de dezembro de 1982,[5] no artigo intitulado Renasce uma estrela: “Um livro organizado por Augusto de Campos, (Pagu: Vida e Obra) e um filme (Eh Pagu, Eh!), de Ivo Branco, foram a ponta do iceberg de uma das corridas de 1982 – a que buscou velhos textos e gerou teses sobre Patrícia Galvão. A autora de Parque Industrial, musa do modernismo antropofágico, morta em 1962, antecipou problemas estéticos e políticos que só depois mereceram preocupação, como a falência dos partidos comunistas e a inanidade de uma estética “partidária”. “O poeta é seu poema”, dizia ela. Com isso, Pagu queria deixar o exemplo de sua obra e também de sua vida – uma espécie de êxtase místico que o livro Pagu Vida-Obra ajudou a despertar.”

Na categoria de curta-metragem, o troféu de melhor filme ficou com "EH PAGU, EH!", de Ivo Branco. Foi o documentário mais aplaudido pelo público durante as exibições do Festival. Ivo também recebeu o prêmio de melhor roteiro.[1]

O curta de Ivo Branco foi consagrado pelo público e pela crítica, ganhando a premiação de melhor filme pelo júri oficial e de melhor roteiro. A vida e a obra de Patricia Galvão, jornalista, escritora, militante política, incentivadora do movimento de 1922 e ex esposa de Oswald de Andrade foram desenvolvidas em cenas harmônicas e fortes, que provocaram aplausos em cada exibição.[6]

Premiações[editar | editar código-fonte]

Fomento[editar | editar código-fonte]

O projeto do filme foi selecionado no concurso Prêmio Estímulo da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo e produzido com os recursos do prêmio.

Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo / 82

  • Prêmio Estímulo de Curta-Metragem

Festivais[editar | editar código-fonte]

XV Festival de Brasília do Cinema Brasileiro / 82

  • Melhor Curta-Metragem
  • Melhor Roteiro de Curta-Metragem[7]

Referências

  1. a b Ivo Branco (19 de dezembro de 1982). «"Tabu" é o melhor filme em Brasília». Folha de S.Paulo. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023 
  2. «Trata-se de EH Pagu, Eh! de Ivo Branco». Viva Pagu. 24 de maio de 2018. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 22 de julho de 2023 
  3. Raul Bopp. «Coco de Pagu». Jornal de Poesia. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 22 de julho de 2023 
  4. «Um filme sobre Pagu». Revista Nova. Agosto de 1982. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023 
  5. «Renasce Uma Estrela». 29 de dezembro de 1982. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023 
  6. «Festival de Brasília consagra "Tabu" e "Pagu"». Jornal da Tela. Dezembro de 1982. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023 
  7. «Eh Pagu, Eh!». Curta!. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 28 de julho de 2023