Envelhecimento em gatos

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Avanços na medicina veterinária e na educação dos donos aumentaram a expectativa dos gatos domésticos. O envelhecimento em gatos é influenciado por diversos fatores, como a genética do animal, doenças e lesões prévias. Assim, todos os gatos envelhecem de maneira diferente.[1]

Tempo de vida médio entre gatos domésticos[editar | editar código-fonte]

A expectativa de vida média dos gatos domésticos aumentou nas últimas décadas. Na década de 1980, ela era de sete anos. Em 1995, se tornou nove anos, e em 2021, 15 anos.[2] Informações confiáveis sobre a expectativa de vida dos gatos domésticos são variadas e limitadas.[3] No entanto, vários estudos investigaram o assunto e chegaram a estimativas notáveis. As estimativas de expectativa de vida média nesses estudos variam entre 13 e 20 anos, com um único valor em torno de 15 anos.[4][5][6] Um estudo encontrou um valor médio de expectativa de vida de 14 anos e um intervalo interquartil correspondente de 9 a 17 anos.[7] A expectativa de vida máxima foi estimada em 22 a 30 anos, embora existam alegações de gatos que viveram mais de 30 anos.[3][4][7][8][9][10] Conforme a edição de 2010 do Guinness World Records, o gato mais velho já documentado foi Creme Puff, que morreu em 2005, com 38 anos e 3 dias.[11] As gatas fêmeas geralmente vivem mais que os machos, enquanto gatos castrados e gatos mestiços normalmente ultrapassam gatos não castrados e puros, respectivamente.[4][7] Obesidade e magreza excessiva são fatores no aumento da morbidade e da mortalidade.[12]


Em um estudo sobre mortalidade de gatos, as causas mais frequentes foram traumas (12,2%), distúrbios renais (12,1%), doenças inespecíficas (11,2%), neoplasias (10,8%) e lesões de massa (10,2%).[7][13]

Sinais de envelhecimento[editar | editar código-fonte]

Os gatos mais velhos são classificados em maduros (7 a 10 anos), sêniores (11 a 14 anos) e geriátricos (15 anos ou mais).[13] Eles são mais sensíveis a mudanças de rotina e de ambiente, assim como alterações em suas dietas. Portanto, quando necessárias, essas mudanças devem ocorrer lentamente. Com a idade avançada, os gatos podem ter a capacidade ou a vontade de se exercitar reduzidas, por motivos como fraqueza muscular e osteoartrite. Assim, é importante que sejam incentivados com brinquedos leves e porções alimentares pequenas e frequentes. Muitos gatos idosos apresentam também aumento na afetividade, sociabilidade e demanda por atenção, o que pode ser explicado pela maior dependência do animal pelo seu dono.[13]

A obesidade diminui a expectativa de vida dos felinos, no entanto, a perda de peso é mais comum, e resulta de mudanças fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, processos patológicos e mudanças comportamentais.[14] Gatos idosos também têm redução na ingestão de água, aumentando o risco de desidratação. A imunossenescência com a idade diminui a capacidade do organismo de combater infecções, assim como de perceber a presença de células neoplásicas. Perda de massa magra, degeneração articular e osteoartrite podem também ter efeitos consideráveis em gatos idosos.[13]

Nutrição[editar | editar código-fonte]

Em cães e humanos, o requerimento energético é reduzido no envelhecimento. No entanto, em gatos isso ocorre até os 10 a 12 anos, e após essa idade o requerimento energético aumenta.[15] Gatos idosos apresentam digestão alimentar ineficiente, com a redução da produção de ácido gástrico, da atividade da lipase pancreática, da motilidade intestinal e com a mudança na composição da bile. Além da digestão, a absorção dos componentes da dieta são diminuídas, principalmente de gorduras e proteínas. Assim, esses animais devem receber alimentos altamente digestíveis, densos em energia e com maior quantidade de proteína. Ainda, podem ser beneficiados com a suplementação alimentar de antioxidantes, ácidos graxos essenciais e prebióticos.[1][14] Problemas dentários são também comuns em gatos idosos, o que é um dos motivos para a perda de apetite e emagrecimento.[15]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Miele, Amy; Sordo, Lorena; Gunn-Moore, Danielle A. (1 de julho de 2020). «Feline Aging: Promoting Physiologic and Emotional Well-Being». Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Feline Practice: Integrating Medicine and Well-Being (Part I) (em inglês) (4): 719–748. ISSN 0195-5616. doi:10.1016/j.cvsm.2020.03.004. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  2. Hoskins, Johnny D. (setembro de 1997). «Canine and feline geriatrics». Preventive Veterinary Medicine. 32 (1-2): 138–139. ISSN 0167-5877. doi:10.1016/s0167-5877(97)80706-4 
  3. a b «AnAge entry for Felis catus». AnAge: The Animal Ageing and Longevity Database. 14 de outubro de 2017. Consultado em 15 de março de 2018 
  4. a b c Cozzi, B.; Ballarin, C.; Mantovani, R.; Rota, A. (2017). «Aging and veterinary care of cats, dogs, and horses through the records of three university veterinary hospitals». Frontiers in Veterinary Science. 4. 14 páginas. ISSN 2297-1769. PMC 5306394Acessível livremente. PMID 28261586. doi:10.3389/fvets.2017.00014Acessível livremente 
  5. Grimm, D. (2015). «Why we outlive our pets». Science. 350 (6265): 1182–1185. Bibcode:2015Sci...350.1182G. ISSN 0036-8075. PMID 26785473. doi:10.1126/science.350.6265.1182 
  6. Pena, M. (3 de julho de 2018). «How long do cats live? Facts about the average cat lifespan». Catster. Belvoir Media Group. Consultado em 15 de março de 2018 
  7. a b c d O’Neill, D.G.; Church, D.B.; McGreevy, P.D.; Thomson, P.C.; Brodbelt, D.C. (2014). «Longevity and mortality of cats attending primary care veterinary practices in England» (PDF). Journal of Feline Medicine and Surgery. 17 (2): 125–133. ISSN 1098-612X. PMID 24925771. doi:10.1177/1098612X14536176 
  8. Arking, R. (2006). The Biology of Aging: Observations and Principles 3rd ed. New York: Oxford University Press 
  9. Comfort, A. (1956). «Maximum ages reached by domestic cats». Journal of Mammalogy. 37 (1): 118–119. ISSN 0022-2372. JSTOR 1375545. doi:10.2307/1375545 
  10. Hayashidani, H.; Omi, Y.; Ogawa, M.; Fukutomi, K. (1989). «Epidemiological studies on the expectation of life for cats computed from animal cemetery records.». Nihon Juigaku Zasshi. 51 (5): 905–8. PMID 2607740. doi:10.1292/jvms1939.51.905Acessível livremente 
  11. «Oldest cat ever». Guinness World Records. Consultado em 1 de dezembro de 2015 
  12. Cupp, CJ; Kerr, WW; Jean-Philippe, C (2008). «The role of nutritional interventions in the longevity and maintenance of long-term health in aging cats.» (PDF). Intern J Appl Res Vet Med (6(2)): 69-81. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  13. a b c d Dowgray, Nathalie; Pinchbeck, Gina; Eyre, Kelly; Biourge, Vincent; Comerford, Eithne; German, Alexander J. (4 de abril de 2022). «Aging in Cats: Owner Observations and Clinical Finding in 206 Mature Cats at Enrolment to the Cat Prospective Aging and Welfare Study». Frontiers in Veterinary Science. 9. ISSN 2297-1769. doi:10.3389/fvets.2022.859041 
  14. a b «2021 AAFP Feline Senior Care Guidelines». Journal of Feline Medicine and Surgery. 23: 613–638. 2021 
  15. a b Laflamme, Dottie; Gunn-Moore, Danièlle (1 de julho de 2014). «Nutrition of Aging Cats». Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Clinical Nutrition (em inglês) (4): 761–774. ISSN 0195-5616. doi:10.1016/j.cvsm.2014.03.001. Consultado em 4 de novembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]