Chiara Badano: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Página marcada que carece de mais fontes
Imagem eliminada do Commons por VDA - https://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=Special:Log&page=File:Blessed_Chiara_Badano.jpg
(Há 2 edições intermédias do mesmo utilizador que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
{{Mais notas|data=abril de 2021}}
{{Info/Santos
{{Info/Santos
|nome = Beata Chiara Luce Badano
|nome = Beata Chiara Luce Badano
Linha 8: Linha 7:
|dia_consagrado = [[29 de Outubro]]
|dia_consagrado = [[29 de Outubro]]
|venerado_em = [[Igreja Católica]]
|venerado_em = [[Igreja Católica]]
|imagem =Blessed_Chiara_Badano.jpg
|imagem =
|tamanho = 200px
|tamanho =
|legenda = Retrato de Chiara Luce Badano.
|legenda =
|títulos =
|títulos =
|data_beatificação = {{dtlink|25|9|2010}}
|data_beatificação = {{dtlink|25|9|2010}}
Linha 27: Linha 26:
|autor_passagem =
|autor_passagem =
}}
}}
'''Chiara Badano''' ({{lang-pt|''Clara Badano''}}), dito '''Chiara Luce''', conhecida como '''Beata Chiara Luce''' ([[Sassello]], [[29 de outubro]] de [[1971]] - [[Turim]], [[7 de outubro]] de [[1990]]) é uma [[beata]] [[italia]]na.
'''Chiara Badano''' ({{lang-pt|''Clara Badano''}}), dito '''Chiara Luce''', conhecida como '''Beata Chiara Luce''' ([[Sassello]], [[29 de outubro]] de [[1971]] [[Turim]], [[7 de outubro]] de [[1990]]), foi uma jovem adolescente [[Italianos|italiana]] que atualmente está em processo de ser declarada [[Santo|santa]] pela [[Igreja Católica]]. Aos nove anos ingressou no [[Movimento dos Focolares]] e recebeu o apelido de “Luce” da fundadora Chiara Lubich. Quando ela tinha 16 anos, foi diagnosticada com [[osteossarcoma]], um [[câncer ósseo]] doloroso. Badano sucumbiu ao câncer em 7 de outubro de 1990, após uma batalha de dois anos contra a doença.<ref name="Chiara Badano" /> Foi beatificada em 25 de setembro de 2010 no Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor, em Roma. Sua festa é celebrada em 29 de outubro.<ref name="Benedictin XVI" />


== Biografia ==
== Infância ==
Chiara Badano nasceu em 29 de outubro de 1971, filha de Ruggero e Maria Teresa Badano, na pequena aldeia de [[Sassello]], [[Itália]]. O casal esperou e rezou onze anos para ter Chiara. Eles a consideravam sua maior bênção. Enquanto Ruggero trabalhava como caminhoneiro, Maria Teresa ficou em casa para criar a filha. Badano cresceu com uma relação forte e saudável com os pais, mas nem sempre os obedecia e ocasionalmente brigava com eles.<ref name="Colleen Swain">{{citar livro|último =Swain|primeiro =Colleen|título=Ablaze: Stories of Daring Teen Saints|ano=2011|publicado=Liguori Publications|local=Liguori, MO|isbn=978-0764820298|língua=en}}</ref>
Chiara Luce nasceu numa família simples. Filha de pais católicos praticantes, chamados Maria Teresa e Ruggero Badano. Filha única, depois de 11 anos em tentativas para ter um filho. Sua chegada é considerada uma graça de Nossa Senhora das Pedras. Foi educada aos ensinamentos de seus pais para se tornar uma cristã. "Mas percebemos logo que não era filha apenas nossa, era, antes de tudo, filha de Deus, e como tal a devíamos educar, respeitando a sua liberdade", conta a sua mãe, Maria Teresa.


Um dia, Badano tirou uma maçã de uma árvore no pomar de um vizinho; sua mãe mais tarde relatou o evento:
Aos 9 anos entrou como Gen (geração nova) no [[Movimento dos Focolares]]. Viveu a sua espiritualidade e pouco a pouco envolveu os pais. Desde então a sua vida foi uma subida, tentando "colocar a Deus em primeiro lugar". Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico, e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos.


{{quote|texto=Uma tarde, Chiara voltou para casa com uma linda maçã vermelha. Eu perguntei a ela de onde veio. Ela respondeu que o havia tirado do pomar do nosso vizinho sem pedir sua permissão. Expliquei a ela que ela sempre tinha que pedir antes de pegar qualquer coisa e que ela tinha que pegar de volta e pedir desculpas ao nosso vizinho. Ela estava relutante em fazer isso porque estava muito envergonhada. Eu disse a ela que era muito mais importante confessar do que comer uma maçã. Então Chiara levou a maçã para a nossa vizinha e explicou tudo para ela. Naquela noite, a mulher trouxe uma caixa inteira de maçãs dizendo que naquele dia Chiara havia aprendido algo muito importante.<ref name="Chiara Badano">{{citar web|título=Chiara Luce Badano|url=http://focolare.org/En/sif/2000/20000323e_b.html|publicado=Focolare Movement|acessodata=17 de abril de 2021|urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120130212108/http://focolare.org/En/sif/2000/20000323e_b.html|arquivodata=30 de janeiro de 2012|língua=en}}</ref>}}
Aos 13 anos, começou a fazer parte das Gen 3 da Ligúria, e pela sua coerência de vida era por vezes foi muito criticada pelas amigas e até mesmo por sacerdotes. Foi ridicularizada, porque era uma Gen e ia à Missa também durante a semana. Participava com atenção da aula de religião, procurava amar a todos os professores, mesmo os mais difíceis, e era muito disponível para ajudar todos. Por isso, as crianças chamavam-na de "freira". Isso fê-la sofrer muito, mas na Mariápolis encontrou a resposta n'Ele, isto é, em Jesus Abandonado.


== Movimento dos Focolares ==
Aos 17 anos, de repente, uma dor aguda no ombro esquerdo revelou, nos exames e nas inúteis operações, um [[osteossarcoma]] que deu início a um calvário de dois anos aproximadamente. Depois que ouviu o diagnóstico, Chiara não chorou, nem se revoltou: ficou imóvel em silêncio e depois de 25 minutos saiu dos seus lábios o «sim» à vontade de Deus. Repetirá muitas vezes: «Se é o que queres, Jesus, é o que eu também quero".
Badano participou de seu primeiro encontro do [[Movimento dos Focolares]] em setembro de 1980; ela tinha apenas 9 anos. Este grupo, especialmente sua fundadora [[Chiara Lubich]], teve um impacto profundo na vida de Badano. O grupo focou na imagem de Cristo abandonado como forma de superar os tempos difíceis.<ref name="Colleen Swain" /> Badano escreveu mais tarde: “Descobri que Jesus abandonado é a chave para a unidade com Deus e quero escolhê-lo como meu único esposo. Quero estar pronto para recebê-lo quando ele vier. Para preferi-lo acima de tudo.”<ref name="Ann Ball">{{citar livro|último =Ball|primeiro =Ann|título=Young Face of Holiness: Modern Saints in Photos and Words|ano=2004|publicado=Our Sunday Visitor|local=Huntington, IN|isbn=978-1931709552|língua=en}}</ref>


Embora Badano fosse uma estudante meticulosa, ela teve dificuldades na escola e até foi reprovada no primeiro ano do ensino médio.<ref name="Ann Ball" /> Era frequentemente provocada na escola por suas fortes crenças e recebeu o apelido de “irmã”. Badano fez vários bons amigos, muitas vezes saindo tarde para tomar café com eles. Gostava dos passatempos normais da adolescência, como ouvir música pop, dançar e cantar. Badano também era uma ávida jogadora de tênis e gostava de caminhadas e natação.<ref name="Colleen Swain" />
Assim, aos 19 anos, no dia 7 de Outubro de [[1990]], faleceu, após uma noite muito dolorosa.


No verão de 1988, quando tinha 16 anos, Badano viveu uma experiência transformadora em Roma com o Movimento dos Focolares. Ela escreveu aos pais: “Este é um momento muito importante para mim: é um encontro com Jesus Abandonado. Não foi fácil abraçar este sofrimento, mas esta manhã Chiara Lubich explicou às crianças que têm de ser esposas de Jesus Abandonado.”<ref name="Chiara Badano" /> Depois dessa viagem, começou a corresponder-se regularmente com Lubich. Ela então perguntou por seu novo nome, pois isso seria o início de uma nova vida para ela. Lubich deu a ela o nome de Chiara Luce. Era uma espécie de trocadilho, pois em italiano “Chiara” é um nome comum para meninas, tirado, por exemplo, do nome de [[Clara de Assis]], mas também é uma palavra comum que significa “claro”. “Luce” é ocasionalmente encontrado como nome de menina na Itália, embora seja mais secular do que religioso, e também é uma palavra comum que significa “luz”. Portanto, “Chiara Luce” significa “luz clara”.<ref name="Ann Ball" /> Lubich escreveu a Badano que “seu rosto luminoso mostra seu amor por Jesus”, razão pela qual ela lhe deu o nome de Luce.<ref name="Colleen Swain" />
== A doença ==
No início da caminhada mais íntima de Chiara, na ida em rumo ao seu "Esposo Jesus", como gostava de chamá-lo, deu-se início em 1989, próxima de completar 18 anos. Uma forte dor nas costas, a cometeu durante uma partida de tênis, causou uma suspeita dos médicos. Foram feitos vários exames clínicos e de todos os tipos para se definir a causa das dores. Logo, chegou-se a um diagnóstico, estava com um [[osteossarcoma]] (tumor ósseo). Continuaram as consultas e exames, até que no final de fevereiro de 1989 Chiara faz a primeira operação: as esperanças são poucas. As jovens que partilham de seu mesmo ideal, e outras pessoas do Movimento, se alternam em visitas ao hospital, para sustentar ela e sua família com a unidade e a ajuda concreta. As internações no hospital, em Turim, tornam-se cada vez mais frequentes e os tratamentos são muito dolorosos. Chiara os enfrenta com grande coragem. Diante de cada nova “surpresa” o seu oferecimento é decidido: “Por ti, Jesus, se tu queres eu também quero!”.


== Doença ==
Depois que ouve o diagnóstico de que está com câncer, Chiara não chora, não se revolta e fica imóvel e em silêncio. Após 25 minutos saiu dos seus lábios o seu sim à vontade de Deus. Repetiu muitas vezes: "Se é o que você quer, Jesus, é o que eu quero também". Assim sendo, não perde o sorriso luminoso e enfrenta tratamentos dolorosos e arrastava no mesmo Amor, a quem dela se aproximava. Ela não aceita receber morfina para não perder a lucidez e ofereceu tudo pela Igreja, pelos jovens, os ateus, pelo Movimento, pelas missões, etc. E permaneceu serena e forte. Repetia: "Não tenho mais nada, contudo tenho o meu coração e com ele posso sempre amar".
No verão de 1988, Badano sentiu uma pontada de dor no ombro enquanto jogava tênis. A princípio ela não pensou nada a respeito, mas quando a dor continuou presente, foi submetida a uma série de testes. Os médicos então descobriram que ela tinha uma forma rara e dolorosa de [[câncer ósseo]], o [[osteossarcoma]]. Em resposta, Badano declarou simplesmente: “É para você, Jesus; se você quiser, eu também quero”.<ref name="Colleen Swain" />


Durante todo o processo de tratamento, Badano recusou-se a tomar morfina para que pudesse ficar atenta. Ela sentiu que era importante conhecer sua doença e dor para que pudesse oferecer seus sofrimentos. Ela disse: “Isso reduz minha lucidez e só há uma coisa que posso fazer agora: oferecer meu sofrimento a Jesus porque quero compartilhar o máximo possível em seus sofrimentos na cruz.”<ref name="Chiara Badano" /> Durante sua estadia no hospital, aproveitava para fazer caminhadas com outro paciente que estava sofrendo de depressão. Essas caminhadas foram benéficas para o outro paciente, mas causaram grande dor a Badano. Seus pais muitas vezes a incentivavam a ficar e descansar, mas ela simplesmente respondia: “Vou conseguir dormir mais tarde.”<ref name="Colleen Swain" />
Em seu quarto, no hospital em Turim e em casa, qualquer lugar era um lugar de encontro, de apostolado, de unidade: era a sua igreja.


Um de seus médicos, Antonio Delogu, disse: “Por meio de seu sorriso e de seus olhos brilhantes, ela nos mostrou que a morte não existe; só a vida existe”.<ref name="Chiara Badano" /> Uma amiga do Movimento dos Focolares disse: “No início pensamos em visitá-la para mantê-la animada, mas logo percebemos que, de fato, éramos nós que precisávamos dela. Sua vida era como um ímã que nos atraía para ela.”<ref name="Chiara Badano" />
No coração de Chiara se encontrava um amor grande como um interminável oceano. Assim, mesmo doente dizia: “Agora não tenho mais nada sadio. Porém, tenho ainda o coração com o qual posso sempre amar".


Badano manteve seu ânimo, mesmo quando a forte quimioterapia fez seu cabelo cair. Quando uma mecha de seu cabelo caía, Badano simplesmente a oferecia a Deus, dizendo: “Por você, Jesus”.<ref name="Chiara Badano" /> Ela também doou todas as suas economias para uma amiga que estava realizando o trabalho missionário na África. Ela escreveu a ele: “Não preciso mais desse dinheiro. Eu tenho tudo.”<ref name="Ann Ball" />
Também os médicos, até mesmo aqueles católicos não praticantes, ficavam desconsertados com a paz que se sentia ao seu redor e alguns se reaproximaram de Deus. Se sentiam “atraídos como por um ímã” e ainda hoje se recordam dela, falam sobre ela e a invocam. O médico que a acompanhava, cético e muito crítico em relação à Igreja, fica cada vez mais profundamente tocado pelo testemunho seu e de seus pais. “Desde quando conheci Chiara alguma coisa mudou dentro de mim. Aqui existe coerência, aqui, na minha opinião, todo o cristianismo se encaixa”. Fora do comum, extraordinário, incrível foram alguns dos adjetivos usados por esses médicos, que a descrevem a sua serenidade e a fortaleza pela forma que Chiara encarou essa doença mortal. "É verdade. A sua atitude não era normal, porque completamente sobrenatural, fruto da graça divina, da fé infinita e do heroísmo cheio de virtude. Ela falava do vestido de noiva para o seu funeral, como faria uma jovem que se prepara para o matrimônio." Dizia: “eu não choro, porque estou feliz”. Ela disse Dizia à mãe: “quando me quiser encontrar, olhe para o céu, me encontrará numa estrelinha”


Para ajudar a preparar seus pais para a vida após sua morte, Badano fez reservas para o jantar do Dia dos Namorados depois que eles se recusaram a deixar sua cabeceira. Ela também ordenou que eles não voltassem antes da meia-noite. Ela também escreveu: “Santo Natal de 1990. Obrigado por tudo. Feliz Ano Novo”, em um cartão de Natal e escondeu-o entre alguns em branco para sua mãe encontrar depois.<ref name="Colleen Swain" />
Quando sua mãe lhe perguntou se sofria muito, ela responde: "Jesus tira de mim as manchas dos pontinhos pretos com a água sanitária e isso queima. Quando eu chegar ao Paraíso serei branca como a neve". Estava totalmente convencida do Amor de Deus por ela. E de fato, afirmava que "Deus me ama imensamente" e, depois de uma noite particularmente dura, acrescentou: "Sofria muito, mas a minha alma cantava...".


Durante um doloroso procedimento médico, Badano foi visitada por uma senhora: “Quando os médicos começaram a realizar este pequeno, mas bastante exigente procedimento, apareceu uma senhora com um sorriso muito bonito e luminoso. Ela veio até mim e me pegou pela mão, e seu toque me encheu de coragem. Da mesma forma que ela chegou, ela desapareceu, e eu não podia mais vê-la. Mas meu coração se encheu de uma alegria imensa e todo o medo me deixou. Naquele momento entendi que se estamos sempre prontos para tudo, Deus nos envia muitos sinais de seu amor.”<ref name="Chiara Badano" />
Os amigos que foram visitá-la para consolá-la, acabavam por voltar para casa consolados. Pouco antes de partir para o Céu, ela revelou: "...Vocês não podem imaginar como é agora o meu relacionamento com Jesus... Sinto que Deus me pede algo mais, algo maior. Talvez seja ficar neste leito por anos, não sei. Interessa-me unicamente a vontade de Deus, fazê-la bem no momento presente: aceitar os desafios de Deus. Se agora me perguntassem se quero andar (a doença chegou a paralisar suas pernas com contrações muito dolorosas), eu diria não, porque assim estou mais perto de Jesus". Embora vivendo essa imobilidade Chiara ainda era muito ativa. Pelo telefone acompanhou o grupo dos Jovens por um "Mundo Unido de Savona", mandando mensagens, cartões e cartazes faz sentir a sua presença nos Congressos e atividades. Procurou todos os meios para fazer com que seus amigos e colegas de escola conheçam os gen e as gen, convida muitos deles para o [[Genfest ’90]] (encontro internacional dos Jovens por um Mundo Unido, realizado em Roma, em maio de 1990), que tem a alegria de assistir graças a uma antena parabólica montada no teto de sua casa.


A fé e o espírito de Badano nunca diminuíram, mesmo depois que o câncer a deixou incapaz de andar e uma tomografia computadorizada mostrou que qualquer esperança de remissão se foi. Em resposta, ela simplesmente disse: “Se eu tivesse que escolher entre andar novamente e ir para o céu, não hesitaria. Eu escolheria o céu.”<ref name="Ann Ball" /> Em 19 de julho de 1989, Badano quase morreu de hemorragia. Sua fé não vacilou quando disse: “Não derrame nenhuma lágrima por mim. Eu estou indo para Jesus. No meu funeral, não quero que as pessoas chorem, mas cantem de todo o coração.”<ref name="Chiara Badano" />
Chiara, pela insistência de muitas pessoas, escreveu num bilhetinho a [[Nossa Senhora]]: "Mãezinha Celeste, eu te peço o milagre da minha cura; se isso não for vontade de Deus, peço-te a força para nunca ceder!" e permanecerá fiel a este propósito.


O cardeal Saldarini, arcebispo de [[Turim]], Itália, ouviu falar da doença de Badano e visitou-a no hospital. Ele perguntou a ela: “A luz em seus olhos é esplêndida. De onde isso vem?” Chiara respondeu simplesmente: “Tento amar Jesus tanto quanto posso”.<ref name="Chiara Badano" />
No início do verão os médicos percebem que o tratamento não surte efeito e decidem interromper as terapias. "É impossível parar a doença". Então, eles informam [[Chiara Lubich]] sobre a situação da menina, Chiara Badano. Esse é o dia 19 de julho de 1990: “A medicina depôs as suas armas. Interrompendo os tratamentos as dores nas costas aumentaram e quase não consigo mais me mexer. Sinto-me tão pequena e o caminho a percorrer é tão árduo... muitas vezes sinto-me sufocada pela dor. Mas é o Esposo que vem me encontrar, não é? Sim, eu também repito, com você: ‘Se tu queres, eu também quero’... Tenho certeza que com ele venceremos o mundo!”.


Antes de morrer, ela disse à mãe: “Oh, mamãe, jovens ... jovens ... eles são o futuro. Veja, não posso correr mais, mas gostaria de passar a tocha para eles, como nas Olimpíadas! Os jovens têm apenas uma vida e vale a pena vivê-la bem.”<ref name="Ann Ball" />
Para viver bem o cristianismo, Chiara procurou participar da missa todos os dias, quando recebia Jesus que tanto amava. Tinha por hábito ler e meditar a palavra de Deus. Assim, muitas vezes refletia sobre a frase de Chiara Lubich: “Serei santa, se for santa já”.


Quando Badano percebeu que não iria melhorar, ela começou a planejar seu “casamento” (seu funeral) com sua mãe. Ela escolheu a música, canções, flores e as leituras para a missa.<ref name="Chiara Badano" /> Ela queria ser enterrada com seu “vestido de noiva”, um vestido branco com cintura rosa, porque sua morte permitiria que ela se tornasse a noiva de Cristo.<ref name="Colleen Swain" /> Ela disse à mãe: “Quando você estiver me preparando, mãe, você precisa ficar dizendo para si mesma: ‘Chiara Luce agora está vendo Jesus’”<ref name="Chiara Badano" />
Quando viu que a sua mãe estava preocupada, pois ficaria sem ela, Chiara continuou a repetir: "Confie em Deus, pois você fez tudo"; e "Quando eu tiver morrido, siga Deus e encontrará a força para ir em frente".


== Morte ==
Ela acolheu com amabilidade a todos que foram visitá-la e escutava e oferecia o próprio sofrimento, porque dizia: "Eu tenho mesmo a matéria!". E nos últimos encontros com o seu Bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Enquanto isso o mal avançava sobre ela e as dores aumentavam. Não se ouviu nenhum lamento dos seus lábios, mas somente: "Com você, Jesus, por você, Jesus!".
Durante suas horas finais, Badano fez sua confissão final e recebeu a Eucaristia. Ela pediu à família e aos amigos que orassem com ela: “Venha, Espírito Santo”. Chiara Badano morreu às 4 horas da madrugada de 7 de outubro de 1990, com os pais ao lado de sua cama. Suas palavras finais foram: “Tchau, mãe, seja feliz, porque eu sou.”<ref name="Colleen Swain" /> Duas mil pessoas compareceram ao seu funeral; o prefeito de Sassello fechou a cidade para que as pessoas pudessem comparecer.<ref name="Colleen Swain" />

Chiara se preparou para o encontro: "É o Esposo que vem me encontrar", e escolhe o vestido de noiva, as canções e as orações para a “sua” Missa; o rito deverá ser uma "festa", onde "ninguém deverá chorar".

Recebendo pela última vez Jesus Eucaristia aparece imersa nele e suplica que seja recitada a "oração: Vinde Espírito Santo, mandai do Céu um raio da tua luz".

O nome "LUCE" (LUZ) lhe foi dado por Chiara Lubich, com quem teve um intenso e filial relacionamento epistolar desde pequenina.

Chiara, assim como [[Moisés]], estava chegando ao momento final da sua santa viagem, alcançou o mais alto da montanha santa mais elevada, e ficou frente a frente com Deus Trindade. Dali irradiou luz e alegria, ao voltar a entregar ao seu próximo as tábuas da lei, como dez divinas palavras de amor, e as bem-aventuranças de Jesus, para orientar a vida terrena em direção ao sol de Deus.

Não teve medo de morrer e disse à sua mãe: "Não peço mais a Jesus para vir me pegar e me levar para o Paraíso, porque quero ainda lhe oferecer o meu sofrimento, para dividir com ele ainda por um pouco a cruz". Um pensamento especial aos jovens: "...Os jovens são o futuro. Eu não posso mais correr. Porém, gostaria de lhes passar a tocha, como nas Olimpíadas. Os jovens têm uma vida só e vale a pena empregá-la bem!".

"As suas últimas palavras, que não foram o seu último ato de amor, porque esse foi a doação das suas córneas a dois jovens – quando se despediu, foram: 'Tchau mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz'", relata Maria Teresa.

== Uma história do câncer ==
A mãe da jovem beata conta essa história, que aconteceu logo depois da primeira sessão de quimioterapia a que Luce que se submeteu: "Naquele dia, eu não podia acompanhá-la, porque estava com flebite e o médico tinha me proibido qualquer movimento. Depois de duas horas intermináveis, Ruggero e Chiara voltaram. Ela vinha na frente, caminhando lentamente, vestida com a sua jaqueta verde. Tinha o rosto sombrio e olhava para o chão. Perguntei como tinha sido e ela, sem me olhar, respondeu: 'Não diga nada agora', e se jogou na cama com os olhos fechados. Aquele silêncio era terrível, mas eu tinha que respeitá-lo. Eu olhava para ela e pela expressão de seu rosto via toda a luta que estava travando interiormente para dizer o seu ‘sim’ a Jesus. Passaram 25 minutos. De repente ela se girou na minha direção, com o sorriso de sempre, dizendo: 'Agora você pode falar'. Naquele momento eu me perguntei quantas vezes ela iria ter que repetir o seu sim, no sofrimento. Mas Chiara precisou, como eu já disse, de 25 minutos, e desde então nunca mais voltou atrás".

== A carta ==
Aqueles membros do Movimento Focolare que desejavam podiam receber um novo nome e Chiara ainda não havia recebido o seu. O seu relacionamento com Chiara Lubich era muito estreito e a mantinha constantemente informada sobre o estado da sua saúde, suas conquistas e descobertas. No dia 30 de setembro de 1989 Chiara Lubich lhe respondeu: "Chiara, não tenha medo de dizer-lhe o seu sim, momento por momento. Ele lhe dará a força, esteja certa disso! Eu também rezo e estou sempre aí com você. Deus lhe ama imensamente e quer penetrar no íntimo da sua alma e fazer com que você experimente gotas de céu. 'Chiara Luce' ('Clara Luz') é o nome que escolhi para você. Você gosta? É a luz do Ideal que vence o mundo. Eu o mando a você junto com todo o meu afeto...", escreve a fundadora do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, em uma das cartas da intensa correspondência que as duas trocaram durante o período da doença


== Beatificação ==
== Beatificação ==
A causa de santidade de Badano foi promovida por Livio Maritano, o bispo emérito de [[Acqui Terme]], Itália, no início de 1999. Foi por meio desse processo que ela foi declarada “[[Venerável]]” em 3 de julho de 2008.<ref name="Press Release">{{citar web|título=Press Release-Beatification of Chiara Luce Badano|url=http://focolare.us/us/component/content/article/213-beatification-of-chiara-luce-badano|publicado=Focolare Movement U.S.A.|acessodata=17 de abril de 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110812130158/http://www.focolare.us/us/component/content/article/213-beatification-of-chiara-luce-badano|arquivodata=12 de agosto de 2011|urlmorta= sim|língua=en}}</ref> Em dezembro de 2009, o [[Papa]] [[Papa Bento XVI|Bento XVI]] reconheceu o milagre de um jovem italiano cujos pais intercederam a Badano para curá-lo de uma meningite que estava destruindo seus órgãos. Seus médicos não conseguiram explicar clinicamente sua cura repentina.<ref name="Christine Kelly">{{citar web|último =Kelly|primeiro =Christine|título=Ordinary, Extraordinary Life |url=http://www.livingcitymagazine.com/node/2481|publicado=Living City Magazine|acessodata=17 de abril de 2021|língua=en}}</ref>
A iniciativa do processo de beatificação deve-se ao bispo de Acqui, Dom Lívio Maritano, que conheceu Chiara Badano pessoalmente. Eis a motivação: “Pareceu-me que o seu testemunho foi significativo sobretudo para os jovens. Precisamos de santidade nos dias de hoje. Temos que ajudar os jovens a encontrar uma orientação, um objetivo, a ultrapassar a insegurança e a solidão, os seus enigmas perante os insucessos, o sofrimento, a morte, e todas as preocupações. O testemunho de fé e de fortaleza desta jovem é surpreendente. Impressiona, leva muitas pessoas a mudar de vida, temos testemunhos quase todos os dias”.

O processo durou quase 11 anos. A fase diocesana, ficou entre 11 de junho de 1999 e 21 de agosto de 2000, e no [[Vaticano]], entre 23 de agosto de 2000 a 8 de Julho de 2008, quando a Serva de Deus, com o reconhecimento das “virtudes heroicas”, foi declarada [[Venerável]].


Chiara Badano foi declarada “[[Beata]]” na Igreja Católica em 25 de setembro de 2010, no [[Santuario della Madonna del Divino Amore|Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor]], em Roma.<ref>{{Citar web |url=https://noticias.cancaonova.com/mundo/jovem-chiara-luce-badano-e-beatificada/ |titulo=Jovem Chiara Luce Badano é beatificada - Notícias |acessodata=2021-04-17 |website=noticias.cancaonova.com}}</ref> Milhares de pessoas compareceram ao evento. O Arcebispo Angelo Amato, chefe da [[Congregação para as Causas dos Santos|Congregação do Vaticano para as Causas dos Santos]], disse que Badano foi um grande exemplo de como a curta vida dos jovens pode ser vivida em grande santidade e “hoje há pessoas virtuosas, que em família, em escola, na sociedade, não desperdice suas vidas.”<ref name="Benedictin XVI">{{citar web|título=Benedict XVI and Vatican Prelates Remember Example of Blessed Chiara 'Luce' Badano |url=http://www.catholicnewsagency.com/news/benedict-xvi-and-vatican-prelates-remember-example-of-blessed-chiara-luce-badano/|publicado=Catholic News Agency |acessodata=17 de abril de 2021|língua=en}}</ref> A festa de Chiara Badano é celebrada em 29 de outubro.<ref name="Benedictin XVI" />
No dia 10 de Dezembro de 2009, foi proclamado o decreto pontifício sobre o milagre por intercessão de Chiara Badano: a cura imprevista e inexplicável de um rapaz de Trieste, com uma gravíssima forma de meningite fulminante. Os médicos haviam lhe dado apenas 48 horas de vida.


== Notas ==
Em 25 de setembro de 2010, a Igreja proclamou oficialmente Chiara como beata. Milhares de pessoas de mais de 40 países participaram da cerimônia.<ref>{{Citar web |url=https://noticias.cancaonova.com/mundo/jovem-chiara-luce-badano-e-beatificada/ |titulo=Jovem Chiara Luce Badano é beatificada - Notícias |acessodata=2021-04-17 |website=noticias.cancaonova.com}}</ref>
{{Tradução/ref|en|Chiara Badano|1007110154}}


{{Referências|Notas e referências}}
{{Referências}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
Linha 118: Linha 100:
{{Portal3|Catolicismo|Itália}}
{{Portal3|Catolicismo|Itália}}


{{DEFAULTSORT:Badano, Chiara}}
{{NM|1971|1990|Badano, Chiara}}
[[Categoria:Mortos em 1990]]
[[Categoria:Beatos da Itália]]
[[Categoria:Beatos da Itália]]
[[Categoria:Naturais de Sassello]]
[[Categoria:Naturais de Sassello]]
[[Categoria:Mortes por câncer na Itália]]
[[Categoria:Mortes por câncer na Itália]]
[[Categoria:Mortes por câncer ósseo]]
[[Categoria:Ativistas católicos]]
[[Categoria:Ativistas católicos]]
[[Categoria:Movimento dos Focolares]]
[[Categoria:Movimento dos Focolares]]

Revisão das 17h29min de 17 de abril de 2021

Beata Chiara Luce Badano
Nascimento 29 de outubro de 1971
Sassello, Itália
Morte 7 de outubro de 1990 (18 anos)
Turim, Itália
Veneração por Igreja Católica
Beatificação 25 de setembro de 2010
por Dom Angelo Cardeal Amato
Festa litúrgica 29 de Outubro
Padroeira Juventude
Portal dos Santos

Chiara Badano (em português: Clara Badano), dito Chiara Luce, conhecida como Beata Chiara Luce (Sassello, 29 de outubro de 1971Turim, 7 de outubro de 1990), foi uma jovem adolescente italiana que atualmente está em processo de ser declarada santa pela Igreja Católica. Aos nove anos ingressou no Movimento dos Focolares e recebeu o apelido de “Luce” da fundadora Chiara Lubich. Quando ela tinha 16 anos, foi diagnosticada com osteossarcoma, um câncer ósseo doloroso. Badano sucumbiu ao câncer em 7 de outubro de 1990, após uma batalha de dois anos contra a doença.[1] Foi beatificada em 25 de setembro de 2010 no Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor, em Roma. Sua festa é celebrada em 29 de outubro.[2]

Infância

Chiara Badano nasceu em 29 de outubro de 1971, filha de Ruggero e Maria Teresa Badano, na pequena aldeia de Sassello, Itália. O casal esperou e rezou onze anos para ter Chiara. Eles a consideravam sua maior bênção. Enquanto Ruggero trabalhava como caminhoneiro, Maria Teresa ficou em casa para criar a filha. Badano cresceu com uma relação forte e saudável com os pais, mas nem sempre os obedecia e ocasionalmente brigava com eles.[3]

Um dia, Badano tirou uma maçã de uma árvore no pomar de um vizinho; sua mãe mais tarde relatou o evento:

Uma tarde, Chiara voltou para casa com uma linda maçã vermelha. Eu perguntei a ela de onde veio. Ela respondeu que o havia tirado do pomar do nosso vizinho sem pedir sua permissão. Expliquei a ela que ela sempre tinha que pedir antes de pegar qualquer coisa e que ela tinha que pegar de volta e pedir desculpas ao nosso vizinho. Ela estava relutante em fazer isso porque estava muito envergonhada. Eu disse a ela que era muito mais importante confessar do que comer uma maçã. Então Chiara levou a maçã para a nossa vizinha e explicou tudo para ela. Naquela noite, a mulher trouxe uma caixa inteira de maçãs dizendo que naquele dia Chiara havia aprendido algo muito importante.[1]

Movimento dos Focolares

Badano participou de seu primeiro encontro do Movimento dos Focolares em setembro de 1980; ela tinha apenas 9 anos. Este grupo, especialmente sua fundadora Chiara Lubich, teve um impacto profundo na vida de Badano. O grupo focou na imagem de Cristo abandonado como forma de superar os tempos difíceis.[3] Badano escreveu mais tarde: “Descobri que Jesus abandonado é a chave para a unidade com Deus e quero escolhê-lo como meu único esposo. Quero estar pronto para recebê-lo quando ele vier. Para preferi-lo acima de tudo.”[4]

Embora Badano fosse uma estudante meticulosa, ela teve dificuldades na escola e até foi reprovada no primeiro ano do ensino médio.[4] Era frequentemente provocada na escola por suas fortes crenças e recebeu o apelido de “irmã”. Badano fez vários bons amigos, muitas vezes saindo tarde para tomar café com eles. Gostava dos passatempos normais da adolescência, como ouvir música pop, dançar e cantar. Badano também era uma ávida jogadora de tênis e gostava de caminhadas e natação.[3]

No verão de 1988, quando tinha 16 anos, Badano viveu uma experiência transformadora em Roma com o Movimento dos Focolares. Ela escreveu aos pais: “Este é um momento muito importante para mim: é um encontro com Jesus Abandonado. Não foi fácil abraçar este sofrimento, mas esta manhã Chiara Lubich explicou às crianças que têm de ser esposas de Jesus Abandonado.”[1] Depois dessa viagem, começou a corresponder-se regularmente com Lubich. Ela então perguntou por seu novo nome, pois isso seria o início de uma nova vida para ela. Lubich deu a ela o nome de Chiara Luce. Era uma espécie de trocadilho, pois em italiano “Chiara” é um nome comum para meninas, tirado, por exemplo, do nome de Clara de Assis, mas também é uma palavra comum que significa “claro”. “Luce” é ocasionalmente encontrado como nome de menina na Itália, embora seja mais secular do que religioso, e também é uma palavra comum que significa “luz”. Portanto, “Chiara Luce” significa “luz clara”.[4] Lubich escreveu a Badano que “seu rosto luminoso mostra seu amor por Jesus”, razão pela qual ela lhe deu o nome de Luce.[3]

Doença

No verão de 1988, Badano sentiu uma pontada de dor no ombro enquanto jogava tênis. A princípio ela não pensou nada a respeito, mas quando a dor continuou presente, foi submetida a uma série de testes. Os médicos então descobriram que ela tinha uma forma rara e dolorosa de câncer ósseo, o osteossarcoma. Em resposta, Badano declarou simplesmente: “É para você, Jesus; se você quiser, eu também quero”.[3]

Durante todo o processo de tratamento, Badano recusou-se a tomar morfina para que pudesse ficar atenta. Ela sentiu que era importante conhecer sua doença e dor para que pudesse oferecer seus sofrimentos. Ela disse: “Isso reduz minha lucidez e só há uma coisa que posso fazer agora: oferecer meu sofrimento a Jesus porque quero compartilhar o máximo possível em seus sofrimentos na cruz.”[1] Durante sua estadia no hospital, aproveitava para fazer caminhadas com outro paciente que estava sofrendo de depressão. Essas caminhadas foram benéficas para o outro paciente, mas causaram grande dor a Badano. Seus pais muitas vezes a incentivavam a ficar e descansar, mas ela simplesmente respondia: “Vou conseguir dormir mais tarde.”[3]

Um de seus médicos, Antonio Delogu, disse: “Por meio de seu sorriso e de seus olhos brilhantes, ela nos mostrou que a morte não existe; só a vida existe”.[1] Uma amiga do Movimento dos Focolares disse: “No início pensamos em visitá-la para mantê-la animada, mas logo percebemos que, de fato, éramos nós que precisávamos dela. Sua vida era como um ímã que nos atraía para ela.”[1]

Badano manteve seu ânimo, mesmo quando a forte quimioterapia fez seu cabelo cair. Quando uma mecha de seu cabelo caía, Badano simplesmente a oferecia a Deus, dizendo: “Por você, Jesus”.[1] Ela também doou todas as suas economias para uma amiga que estava realizando o trabalho missionário na África. Ela escreveu a ele: “Não preciso mais desse dinheiro. Eu tenho tudo.”[4]

Para ajudar a preparar seus pais para a vida após sua morte, Badano fez reservas para o jantar do Dia dos Namorados depois que eles se recusaram a deixar sua cabeceira. Ela também ordenou que eles não voltassem antes da meia-noite. Ela também escreveu: “Santo Natal de 1990. Obrigado por tudo. Feliz Ano Novo”, em um cartão de Natal e escondeu-o entre alguns em branco para sua mãe encontrar depois.[3]

Durante um doloroso procedimento médico, Badano foi visitada por uma senhora: “Quando os médicos começaram a realizar este pequeno, mas bastante exigente procedimento, apareceu uma senhora com um sorriso muito bonito e luminoso. Ela veio até mim e me pegou pela mão, e seu toque me encheu de coragem. Da mesma forma que ela chegou, ela desapareceu, e eu não podia mais vê-la. Mas meu coração se encheu de uma alegria imensa e todo o medo me deixou. Naquele momento entendi que se estamos sempre prontos para tudo, Deus nos envia muitos sinais de seu amor.”[1]

A fé e o espírito de Badano nunca diminuíram, mesmo depois que o câncer a deixou incapaz de andar e uma tomografia computadorizada mostrou que qualquer esperança de remissão se foi. Em resposta, ela simplesmente disse: “Se eu tivesse que escolher entre andar novamente e ir para o céu, não hesitaria. Eu escolheria o céu.”[4] Em 19 de julho de 1989, Badano quase morreu de hemorragia. Sua fé não vacilou quando disse: “Não derrame nenhuma lágrima por mim. Eu estou indo para Jesus. No meu funeral, não quero que as pessoas chorem, mas cantem de todo o coração.”[1]

O cardeal Saldarini, arcebispo de Turim, Itália, ouviu falar da doença de Badano e visitou-a no hospital. Ele perguntou a ela: “A luz em seus olhos é esplêndida. De onde isso vem?” Chiara respondeu simplesmente: “Tento amar Jesus tanto quanto posso”.[1]

Antes de morrer, ela disse à mãe: “Oh, mamãe, jovens ... jovens ... eles são o futuro. Veja, não posso correr mais, mas gostaria de passar a tocha para eles, como nas Olimpíadas! Os jovens têm apenas uma vida e vale a pena vivê-la bem.”[4]

Quando Badano percebeu que não iria melhorar, ela começou a planejar seu “casamento” (seu funeral) com sua mãe. Ela escolheu a música, canções, flores e as leituras para a missa.[1] Ela queria ser enterrada com seu “vestido de noiva”, um vestido branco com cintura rosa, porque sua morte permitiria que ela se tornasse a noiva de Cristo.[3] Ela disse à mãe: “Quando você estiver me preparando, mãe, você precisa ficar dizendo para si mesma: ‘Chiara Luce agora está vendo Jesus’”[1]

Morte

Durante suas horas finais, Badano fez sua confissão final e recebeu a Eucaristia. Ela pediu à família e aos amigos que orassem com ela: “Venha, Espírito Santo”. Chiara Badano morreu às 4 horas da madrugada de 7 de outubro de 1990, com os pais ao lado de sua cama. Suas palavras finais foram: “Tchau, mãe, seja feliz, porque eu sou.”[3] Duas mil pessoas compareceram ao seu funeral; o prefeito de Sassello fechou a cidade para que as pessoas pudessem comparecer.[3]

Beatificação

A causa de santidade de Badano foi promovida por Livio Maritano, o bispo emérito de Acqui Terme, Itália, no início de 1999. Foi por meio desse processo que ela foi declarada “Venerável” em 3 de julho de 2008.[5] Em dezembro de 2009, o Papa Bento XVI reconheceu o milagre de um jovem italiano cujos pais intercederam a Badano para curá-lo de uma meningite que estava destruindo seus órgãos. Seus médicos não conseguiram explicar clinicamente sua cura repentina.[6]

Chiara Badano foi declarada “Beata” na Igreja Católica em 25 de setembro de 2010, no Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor, em Roma.[7] Milhares de pessoas compareceram ao evento. O Arcebispo Angelo Amato, chefe da Congregação do Vaticano para as Causas dos Santos, disse que Badano foi um grande exemplo de como a curta vida dos jovens pode ser vivida em grande santidade e “hoje há pessoas virtuosas, que em família, em escola, na sociedade, não desperdice suas vidas.”[2] A festa de Chiara Badano é celebrada em 29 de outubro.[2]

Notas

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l «Chiara Luce Badano» (em inglês). Focolare Movement. Consultado em 17 de abril de 2021. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2012 
  2. a b c «Benedict XVI and Vatican Prelates Remember Example of Blessed Chiara 'Luce' Badano» (em inglês). Catholic News Agency. Consultado em 17 de abril de 2021 
  3. a b c d e f g h i j Swain, Colleen (2011). Ablaze: Stories of Daring Teen Saints (em inglês). Liguori, MO: Liguori Publications. ISBN 978-0764820298 
  4. a b c d e f Ball, Ann (2004). Young Face of Holiness: Modern Saints in Photos and Words (em inglês). Huntington, IN: Our Sunday Visitor. ISBN 978-1931709552 
  5. «Press Release-Beatification of Chiara Luce Badano» (em inglês). Focolare Movement U.S.A. Consultado em 17 de abril de 2021. Arquivado do original em 12 de agosto de 2011 
  6. Kelly, Christine. «Ordinary, Extraordinary Life» (em inglês). Living City Magazine. Consultado em 17 de abril de 2021 
  7. «Jovem Chiara Luce Badano é beatificada - Notícias». noticias.cancaonova.com. Consultado em 17 de abril de 2021 

Bibliografia

Ver também

Ligações externas

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Commons Imagens e media no Commons