Fazenda São Bernardo

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Fazenda São Bernardo
Tipo património histórico, casa, quinta
Geografia
Coordenadas 23° 2' 38.317" S 47° 32' 28.59" O
Mapa
Localização Rafard - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo CONDEPHAAT

A Fazenda São Bernardo é uma fazenda fundada em 1881 localizada na zona rural do município de Rafard, no interior do estado de São Paulo.[1][2] O casarão construído nesta fazenda foi onde a pintora Tarsila do Amaral nasceu e morou até seus nove anos de idade. A Fazenda São Bernardo é tombada parcialmente pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) desde o ano de 2011.[1]

História[editar | editar código-fonte]

A Fazenda São Bernardo é uma remanescente das fazendas cafeeiras de monocultora do final do século XIX e vivenciou a transição da força de trabalho escravo para a mão de obra livre, do beneficiamento realizado manualmente para o mecanizado, assim como da grande lavoura agrícola para a exploração industrial usineira.[3][4][5]

Em 1886, Tarsila do Amaral nasceu no casarão da Fazenda São Bernardo, que pertencia ao seu pai, José Estanislau do Amaral Filho, conhecido como "o milionário" devido a fortuna acumulada em fazendas no interior paulista.[6][7]

No ano de 1911, foi instalada a Societé de Exploration Agricole de Vila Rafard, raro modelo de unidade de produção de cana de açúcar de uma companhia francesa no Estado de São Paulo.[3]

Pertencia a uma usina de cultivo de cana-de-açúcar (COSAN/Raízen), porém após ser tombada, o proprietário decidiu doá-la para a organização "Abaçaí Cultura e Arte" em 2014.[8]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Distinguem-se dois grandes grupos arquitetônicos existentes na Fazenda São Bernardo: conjunto da fazenda cafeeira e conjunto da Societé de Exploration Agricole de Vila Rafard.[9]

O conjunto da fazenda cafeeira constitui a casa da Fazenda São Bernardo, onde nasceu Tarsila, terreiros de secagem, antigo estábulo, muros que cercam a residência e ruínas das tulhas.[9] A casa começou a ser construída em 1871 e mantém suas telhas originais que estão lá desde 1875. É uma construção de pau-a-pique e barrotes de bambu amarrados com cipó.[1] É uma típica casa de morada senhorial e a fazenda apresenta as características das fazendas cafeeiras, com senzala, terreiro e outras edificações complementares à produção de café.[3]

Com relação ao conjunto da Societé de Exploration Agricole de Vila Rafard, contempla a antiga escola e as moradas dos funcionários graduados no estilo art déco, a antiga igreja e o antigo laboratório.[3][9][10]

Restauração[editar | editar código-fonte]

O projeto de restauro com verba inicial de 424 mil reais, focava em primeiro momento na recuperação da casa de Tarsila, cuja estrutura de madeira já estava impactada pelo cupim, e aos poucos, em fases, recuperar o restante das edificações da fazenda também.[1][11] As outras edificações localizam-se em volta do casarão, como cerca de trinta pequenas moradias (algumas tombadas), escola, igreja, laboratório da usina, cocheira, porém todas sem utilização atualmente.[1]

Em 2016, as telhas foram limpas e impermeabilizadas para serem novamente colocadas no casarão, formando seu "telhado de quatro águas", símbolo de status há 150 anos atrás.[12] A casa com sua escadaria que conduz à varanda, suas paredes brancas e janelas de madeira, pintadas na cor azul passam por processo de restauro com o objetivo de transformar o local em museu interativo ligado ao modernismo, movimento artístico conhecido pela "Semana de 22" do qual a pintora fez parte.[1][13]

No ano de 2020, a Capela de São Bernardo, construída em 1948, foi recuperada, com renovação da pintura, recuperação da estrutura e limpeza do jardim.[14][15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f Braghero, Laila (11 de fevereiro de 2016). «Casa onde Tarsila do Amaral nasceu é restaurada para virar museu interativo». Piracicaba e Região. G1. Consultado em 10 de maio de 2021 
  2. «Rafard». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 10 de maio de 2021 
  3. a b c d «Fazenda São Bernardo – Condephaat». Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico. Consultado em 17 de abril de 2021 
  4. Silva, Gustavo Pereira da; Silva, Gustavo Pereira da (2015). «A dinâmica do enriquecimento paulista no século XIX: das origens à diversificação do capital da família Lacerda Franco». Estudos Econômicos (São Paulo) (2): 347–376. ISSN 0101-4161. doi:10.1590/0101-4161201545244gps. Consultado em 10 de maio de 2021 
  5. Tosi, Pedro (2 de agosto de 2011). «Domínios do café: ferrovias, exportação e mercado interno de São Paulo (1888-1917)» (PDF). Economia e Sociedade (Instituto de Economia da Unicamp). Consultado em 10 de maio de 2021 
  6. Brandt, Ricardo (5 de junho de 2000). «Cidade busca o título de berço de Tarsila do Amaral». Folha de São Paulo. Consultado em 17 de abril de 2021 
  7. RAC, Grupo. «Casarão onde morou Tasila, em Rafard, é restaurado». Gazeta de Piracicaba. Consultado em 17 de abril de 2021 
  8. «Fazenda São Bernardo». Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Capivari. Consultado em 17 de abril de 2021 
  9. a b c «Diário Oficial - Poder Executivo». Governo do estado de São Paulo. 28 de outubro de 2014. Consultado em 17 de abril de 2021 
  10. «Patrimônio cultural da aglomeração urbana de Piracicaba: levantamento preliminar.» (PDF). Prefeitura Municipal de Piracicaba. Setembro de 2017. Consultado em 10 de maio de 2021 
  11. «Abaçaí recebe R$ 424 mil para restaurar a casa de Tarsila - Jornal O Semanário Regional». O Semanário. 27 de outubro de 2015. Consultado em 10 de maio de 2021 
  12. «Casa onde Tarsila do Amaral nasceu é restaurada para virar museu interativo – SISEM SP». Sistema Estadual de Museus de São Paulo. 17 de fevereiro de 2016. Consultado em 10 de maio de 2021 
  13. Mazze Cerchiaro, Marina; Paredes Valin, Roberta; Souza Viana, Morgana; Mazze Cerchiaro, Marina; Paredes Valin, Roberta; Souza Viana, Morgana (2019). «Entre fragmentos e narrativas: arquivos, mulheres e modernismo brasileiro». Anales del Instituto de Investigaciones Estéticas (114): 181–199. ISSN 0185-1276. doi:10.22201/iie.18703062e.2019.114.2678. Consultado em 10 de maio de 2021 
  14. Cardoso, Ivanete (11 de dezembro de 2020). «Capela reformada, Quitanda e Vivenda são apostas para o Turismo». O Semanário. Consultado em 17 de abril de 2021 
  15. Bordini, Jean (15 de junho de 2020). «Grupo pede doação de tintas para terminar pintura da Capela São Bernardo, em Rafard». Raízes FM 98,7 | Notícias de Capivari e Região. Consultado em 17 de abril de 2021