Golpe de Estado no Peru em 1948

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O golpe de Estado no Peru de 1948 foi um golpe de Estado perpetrado em 27 de outubro de 1948 pelo general de brigada Manuel Odría juntamente com a guarnição de Arequipa,[1] que se sublevou na chamada "Revolução Restauradora", contra o governo de José Luis Bustamante y Rivero. O golpe militar deu lugar a um período de quase vinte meses em que o presidente deposto foi processado, o estado de emergência foi decretado em todo o país e o Congresso Nacional foi dissolvido.[2]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

José Luis Bustamante y Rivero assumiu a presidência peruana nas eleições de 1945 com o apoio da Frente Democrática Nacional, uma aliança de partidos como o APRA (sob a denominação «Partido del Pueblo»), o Partido Comunista Peruano e outros partidos democráticos e de tendências esquerdistas. Contou também com o apoio de sindicalistas e das classes populares.[3]

O governo de Bustamante y Rivero teve que enfrentar situações políticas e sociais difíceis, como a predominância do APRA no Congresso e o posterior confronto entre o Executivo e o Legislativo, e o assassinato, supostamente pelos apristas, do diretor do jornal La Prensa, Francisco Graña Garland. As discrepâncias entre os setores conservadores e militares com o governo devido à recusa em se distanciar do APRA fizeram com que a crise se agravasse até a renúncia do gabinete presidido por Júlio Ernesto Portugal.[3]

O momento decisivo para a oligarquia exportadora e os setores antiapristas[1] iniciarem o caminho para a tomada do poder por meio de um golpe de Estado ocorreu em 3 de outubro de 1948 com a revolta dos marinheiros em El Callao, incentivados pelo APRA e pelos militares afins.[3]

Fatos[editar | editar código-fonte]

Em 27 de outubro de 1948, Manuel Odría, que havia sido Ministro de Governo e Polícia no governo de Bustamante y Rivero, rebelou-se à frente da guarnição de Arequipa. Nomeou seu ato subversivo de «Revolución Restauradora»[3] e leu visivelmente nervoso seu Manifiesto a la Nación na Rádio Continental, no qual declarou o seguinte:

a revolução que eclodiu em Arequipa é por uma causa justa, nobre e patriótica: salvar as instituições armadas que são a base da defesa nacional; reconstruir a vida democrática, restabelecer a vigência da Constituição e, finalmente, encerrar o período de miséria e fome que assola nosso povo.

As demais guarnições do Peru, como a de Cuzco e as do norte do país, hesitaram em aderir ao movimento iniciado em Arequipa, mas sua vitória foi decidida quando a guarnição de Lima, comandada pelo general Zenón Noriega, se uniu a Odría. O golpe de Estado culminou com sucesso com a deportação do presidente Bustamante para Buenos Aires, Argentina. Noriega assumiu o poder interino, como Presidente da Junta Militar, até a chegada de Odría (29 de outubro de 1948).

Nota[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Orrego, Juan Luis (20 de novembro de 2016). «Manuel Arturo Odría: El dictador afortunado | ELDOMINICAL». El Comercio (Perú) (em espanhol) 
  2. Varios 2004, p. 201.
  3. a b c d Varios 2004, p. 199.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]