Guerra chiriguana de 1892

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Guerra chiriguana de 1892
Data 1892
Local Chaco
Desfecho Vitória da República da Bolívia

• repressão dos chiriguanos
• Expansão mestiça e crioula nos territórios habitados pelos chiriguanos

Beligerantes
Avá-guaranis República da Bolívia
Chiriguanos cristãos
Comandantes
Apiaguaiki Tumpa Aniceto Arce

A guerra chiriguana de 1892 é o nome dado a uma série de confrontos armados durante a presidência de Aniceto Arce, entre a República da Bolívia e um grande movimento messiânico chiriguano (ava guaraní) dirigido por seu líder, Apiaguaiki Tumpa.[1]

Os indígenas chiriguanos naquela época estavam localizados no que era conhecido como a cordillera chiriguana no atual Chaco boliviano. O conflito originou-se devido à presença estanciera cada vez maior na região e dos seus abusos cometidos contra os chiriguanos, que se revoltaram com a intenção aberta de expulsá-los de seus territórios.[2]

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

Os chiriguanos já tinham conflitos nas áreas onde viviam, tais conflitos que vinham das invasões guaranis ao leste do Império Inca, na periferia de Collasuyo nos tempos da decadência inca. Com o colapso do poder imperial nas mãos dos conquistadores espanhóis, estes herdaram as escaramuças contra os guarani no Gran Chaco, as administrações vice-reais do Peru e do Rio da Prata preferiram ignorar o problema guarani. Foi somente com a chegada do período republicano, da então incipiente Bolívia independente, que os conflitos se agravaram devido à expansão dos mestiços e criollos nas selvas que os guarani haviam tomado do Tahuantinsuyo.

Desenrolar da guerra[editar | editar código-fonte]

O conflito teve origem em 7 de janeiro de 1892, quando guerreiros chiriguanos, sob o comando de Aiawaiki Tumpa, emboscaram tropas bolivianas (sob o comando do Coronel Tomás Frías) utilizando arcos e flechas. No dia 13 do mesmo mês, ocorreu a primeira batalha de Curuyuqui, na qual os chiriguanos conseguiram uma pequena vitória militar ao repelir um contingente de milicianos, embora sem grandes perdas, pois apenas três homens morreram e vinte ficaram feridos. Em 21 de janeiro, os chiriguanos foram obrigados a recuar para seus territórios após uma derrota contundente no quartel de Santa Rosa, que havia recebido recentemente reforços de 1.690 homens bem equipados com armas de fogo e munições. Em 28 de janeiro, as tropas bolivianas, sob o comando de Frías, perpetraram o chamado massacre de Curuyuqui (ou segunda batalha de Curuyuqui) no qual, segundo dados, morreram aproximadamente 6.200 chiriguanos.[3]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Apiaguaiki Tumpa seria capturado e aprisionado em 21 de março de 1892 e, posteriormente, executado no dia 29 do mesmo mês. A cultura chiriguana, por sua vez, seria submetida e quase extinta.[4]

Referências

  1. Sanabria Fernández, Hernando. Apiawaiki Tumpa. Los Amigos del Libro. La Paz. 1972. Pp. 146.
  2. Sandoval Rodríguez, Isaac. Nación y Estado en Bolivia. Edit. Mundy Color. La Paz-Cochabamba. 1991. Pp. 155.
  3. Calzavarini, Lorenzo. Nación chiriguana, grandeza y ocaso. Los Amigos del Libro. La Paz. 1980. Pp. 280.
  4. Apiaguaiqui Tumpa y la Matanza de Kuruyuki (1891-1892). Fuentes, Revista de la Biblioteca y Archivo Histórico de la Asamblea Legislativa Plurinacional. La Paz. abril de 2014