Homem Montanhês

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Homem Montanhês refere-se a uma tetralogia de documentários de longa-metragem de Ricardo Costa sobre a vida de populações rurais em regiões montanhosas de Portugal, no Alto Douro, Alto Trás-os-Montes e Beira Baixa, feita em co-produção com a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), destinada não só ao pequeno ecrã mas também ao circuito cinematográfico, por força das circunstâncias bastante mais limitado.

A série é toda ela concebida em narrativa não linear (i.e. não sujeita a uma ordem cronológica). O primeiro filme da tetralogia é Castro Laboreiro, filmado na vila homónima de Castro Laboreiro. O segundo, Pitões, Aldeia do Barroso, é filmado na aldeia de Pitões das Júnias. O terceiro, Longe é a Cidade, é um retrato do quotidiano das gentes da Moimenta, aldeia fronteiriça com a Galiza, próxima de Vinhais e a cerca de cinquenta quilómetros de Bragança. O quarto, Ao Fundo desta Estrada, centra-se em Videmonte na Beira Baixa, a pouco mais de trinta quilómetros da cidade da Guarda. Os dois primeiros foram exibidos em seis partes na RTP2, entre 16 de outubro[1] e 20 de novembro de 1979[2], às terças-feiras, às 21 horas, antes do "Informação 2".

Temática[editar | editar código-fonte]

A série reproduz realidades sociais e culturais recentemente extintas ou em vias de extinção, conforme a menor ou maior permeabilidade de cada uma dessas regiões ao progresso tecnológico e económico consequente da revolução industrial iniciada no século XIX, que atingiu o território português com considerável atraso, em comparação com os países do norte e do centro da Europa.

Em Portugal mantiveram-se nos territórios mais remotos práticas de economia de subsistência e, a partir da década de sessenta, o fenómeno da emigração masculina acentuou-se dramaticamente, ao ponto de só crianças, velhos, e mulheres (designadas como "viúvas de vivos" [3] ) passarem a ser os únicos habitantes dessas aldeias. Cientes da particularidade de factos como estes e da necessidade de os darem a conhecer ao mundo, vários cineastas portugueses decidiram investir o seu trabalho nestas regiões, quer por motivos ideológicos quer pela consciência de que o saber milenar de tais populações teria de ser preservado por um imperativo ético, que se resume na prática da etnografia de salvaguarda, que distingue o cinema português de outras cinematografias suas contemporâneas. [4] [5] [6]

Referências

  1. «Televisão». casacomum.org. Diário de Lisboa. 16 de outubro de 1979. Consultado em 7 de setembro de 2021 
  2. «Televisão». casacomum.org. Diário de Lisboa. 20 de novembro de 1979. Consultado em 7 de setembro de 2021 
  3. Saudades: sensibilidades no epistolário de e/imigrantes portugueses (Portugal-Brasil 1890-1930)), artigo de Oswaldo Truzzi e Maria Izilda Matos em SCIELO
  4. Etnografias Portuguesas (1870 - 1970) – Cultura Popular e Identidade Nacional – estudo de João Leal, FCSH, Portugal de Perto, Biblioteca de Etnografia e Antropologia dirigida por Joaquim Pais de Brito do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa
  5. A Etnografia no Cinema em Portugal – artigo de Carlos Gomes, Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza
  6. Pelos Polémicos Caminhos de Trás-os-Montes – dissertação de mestrado em som e imagem de Pedro Branco, Universidade Católica, julho 2017

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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