Igreja de São Paulo (Vila Real)

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Igreja de São Paulo
Igreja de São Paulo (Vila Real)
Vista da fachada principal
Estilo dominante Barroco
Início da construção 1639
Fim da construção 1740
Religião Igreja Católica Romana
Diocese Diocese de Vila Real
Património Nacional
DGPC 341964
SIPA 21888
Geografia
País Portugal Portugal
Região Distrito de Vila Real
Coordenadas 41° 17' 51" N 7° 44' 40" O

A Igreja de São Paulo, também conhecida por Capela Nova ou Igreja dos Clérigos, localiza-se no centro histórico de Vila Real, Portugal. É um edifício de arquitetura barroca atribuído a Nicolau Nasoni, cujas obras se iniciaram em 1639. De uma fachada profusamente decorada e de ritmos dinâmicos, mantém uma arquitetura sólida marcada por duas imponentes colunas de ordem toscana, de cada lado do pórtico da entrada, com entablamento em relevo e frontão contracurvado a que se sobrepõem três esculturas representando São Pedro e dois anjos.[1]

Está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 2006.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1638 foi fundada a Irmandade de São Paulo. No ano seguinte, a 22 de fevereiro, foi colocada a primeira pedra da Igreja de São Paulo, após procissão solene. Após a sua construção, procedeu-se à transferência da Irmandade, então na Igreja da Misericórdia, para a Igreja de São Paulo. A Irmandade tinha dois famosos lampadários, que alumiavam o Santíssimo Sacramento, e uma grande cruz pontifica com hóstia de prata, encimada pela tiara pontifical com as chaves.[2]

Em 1656, o testamento do reverendo António Soares de Mendonça, um dos principais fundadores da Irmandade e igreja, colocou o Santíssimo Sacramento no sacrário da mesma igreja e em 1669 foram instituídas missas pelo reverendo João Correia de Mendonça na sua capela, dedicada a Santa Liberata e Santa Engrácia, a primeira lateral do lado da Epístola, com jazigo no supedâneo.

No ano de 1671 iniciou-se a construção da torre e no ano seguinte das grades do coro.

A 19 de janeiro de 1709 foi registado um acordo no livro de Actas da Câmara Municipal de Vila Real, em que o Município se obrigava a dar anualmente ao sacristão da Igreja 3$000 pela manutenção e conserto do relógio e sino da Câmara, transferido a pedido da Irmandade para a torre da igreja de São Paulo, após a ruína da torre da muralha onde ele se encontrava.[2]

Em 1710 deu-se a construção do retábulo do altar-mor e santuário da sacristia.

No ano de 1721 a igreja era por dentro pintada, dourada e azulejada, tinha cinco altares, dois de cada lado da nave, em capelas confrontantes, e o altar-mor com sacrário e peanha onde se expunha o Santíssimo nos dias de festa. Tinha coro com órgãos, sacristia forrada de painéis entalhados e com santuário e "caixões", tudo bem dourado e pintado e, por cima, a casa do despacho, com uma mesa redonda. Tinha ainda torre suficientemente levantada, com sinos, rematada por esfera e cruz pontifica, dourada. Nesse mesmo ano, a Irmandade tinha então 200 Irmãos sacerdotes e 15 leigos.

Entre 1754 e 1756 ocorre demolição e reconstrução da fachada e acréscimo da igreja pelo arquiteto João Lourenço de Matos, a construção do corpo de ligação entre a torre sineira e a nave e ainda a provável construção da torre norte.

A Comissão Fabriqueira da Igreja de São Paulo foi responsável por intervenções realizadas em 1976 e 1990 com o objetivo de restaurar os altares laterais da nave, com picagem e substituição de rebocos, substituição do pavimento da nave e sacristia, execução da instalação eléctrica e das redes de águas e esgotos, entaipamento do antigo acesso ao coro, construção de pavimento em betão no acesso à torre sineira e restauro do teto da casa do despacho. Em 2001 a Câmara Municipal de Vila Real procedeu à reabilitação do telhado, aplicação de rebocos e pintura no interior e exterior, colocação de novo pavimento na nave e aplicação de placagem de granito no rodapé exterior.[2]

Detalhe da empena da fachada, com São Pedro com cruz papal ao centro, e, lateralmente, anjos segurando as chaves e o báculo.

Características[editar | editar código-fonte]

Fachada principal.

No interior destacam-se os painéis de azulejos azuis e brancos, que revestem as paredes e que relatam episódios da vida de São Pedro e São Paulo, contemporâneos da arquitetura da capela. Apresenta muitas semelhanças com a Capela do Palácio de Mateus, com a Igreja do Carmo no Porto, ambas atribuídas a José Figueiredo Seixas, discípulo de Nicolau Nasoni, e com a Capela de Arroios, com as quais partilha a acentuada verticalidade.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Alves, Joaquim J. B. Ferreira, A construção da nova fachada e o acréscimo da Igreja de São Paulo de Vila Real, Porto, 1984;
  • Ferreira, Lobo, A Capela Nova e a Irmandade dos Clérigos, Tellus nº 7 e 8, Vila Real, 1983;
  • Salavessa, Eunice, Igreja de São Paulo de Vila Real. Subsídios para a sua reabilitação e o seu restauro, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Série Didáctica - Ciências Aplicadas nº 89, Vila Real, 1996;

Referências

  1. Pareente, João Ribeiro (1999). «Igreja de São Paulo, também denominada «Igreja dos Clérigos» ou «Capela Nova»». Património Cultural. Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 22 de fevereiro de 2022 
  2. a b c d Noé, Paula (2006). «Igreja de São Paulo / Igreja dos Clérigos / Capela Nova». Sistema de Informação para o Património Arquitetónico. Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 22 de fevereiro de 2022