Javaquécia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Javaquécia (em latim: Javachetia; em georgiano: ჯავახეთი, Javakheti; em armênio/arménio: Ջավախք, Javakhk) foi uma região histórica do sul da Geórgia e corresponde aos modernos municípios de Acalcalaqui e Ninocminda. Historicamente, fazia fronteira no oeste com o rio Cura e no norte, sul e leste com Xavexécia, Abul-Samsari e Nialiscuri respetivamente.

História[editar | editar código-fonte]

Limites de Javaquécia sobre as fronteiras da atual Geórgia
Cólquida e diauequi

Javaquécia estava no vale superior do rio Ciro[1] e era dividida em Javaquécia Superior e Javaquécia Inferior ou Eruchécia. Segundo Cyril Toumanoff, nos séculos IV/III a.C. pertencia ao Reino da Ibéria farnabázida e estava sob o Ducado de Cunda, na Ibéria Superior. [2] No século II a.C., o Reino da Armênia artaxíada conquista a Javaquécia Superior e adiciona à Marca Mósquia.[3] No século I, foi recuperada pela Ibéria, mas no século II a Armênia armênia retoma-a.[4] Segundo Moisés de Corene, era um apanágio guxárida, os descendentes de Haico.[5] Eremyan propôs que a Javaquécia Inferior também pertenceu a Armênia como distrito de Gogarena, mas foi perdida em 363 com Xavexécia e Paruar.[6] Em 387, a Javaquécia Superior, que à época também era distrito de Gogarena, quebra seu vínculo com a Armênia.[7] Segundo Eremyan, a Javaquécia Superior tinha 2 675 quilômetros quadrados e a Javaquécia Inferior tinha 1 400.[8]

A Javaquécia Inferior foi incorporada ao arquiducado em 522 e ca. 530 toda a região estava sob controle da dinastia guaramida.[4] À época, o rei Dachi (r. 522–534) deu Javaquécia a seu irmão Mitrídates VI.[9] Em 588, o príncipe da Ibéria Gurgenes I (r. 588–590), sobrinho de Mitrídates, era senhor de Colarzena e Javaquécia.[10][11] Cerca de 813/830, estava sob controle dos bagrátidas da Ibéria.[4] Os bagrátidas mantinham Colarzena e Javaquécia,[12] que no começo do século IX estava sob Gurgenes V, filho do príncipe Asócio I (r. 813–826).[13] No século X, estava sob Gurgenes II (r. 918–941), e com sua morte essa propriedade é legada aos outros membros vivos de sua família.[14]

Estava ao sul e sudeste de Mingrélia, alcançando a oeste as montanhas Arsiani e a leste o lago Panavari. Possuía muitas fortalezas, a principal delas Cunda; a Javaquécia Inferior foi batizada Eruchécia em homenagem a uma dessas fortalezas.[15] Ao sul da Javaquécia Superior estava Artani e a nordeste estava Trialécia (Trelca).[16] Cyril Toumanoff sugeriu, apoiando teorias precedentes, que os antigos diauequi das fontes do Reino de Urartu e os daiaeni das fontes do reinado do rei da Assíria Tiglate-Pileser I eram o mesmo povo. Além disso, pensou-ele, a medida que Urartu impôs pressão nessa confederação tribal, ela dividiu-se em dois grupos, um que dá origem aos taocos de Taique/Tao, e outro que dá origem a Javaquécia; propôs que os daiaeni deram origem aos taocos e os diauequi deram origem a Javaquécia.[17]

Referências

  1. Toumanoff 1963, p. 185.
  2. Toumanoff 1963, p. 103.
  3. Toumanoff 1963, p. 185-186.
  4. a b c Toumanoff 1963, p. 499.
  5. Toumanoff 1963, p. 468.
  6. Hewsen 1992, p. 200.
  7. Toumanoff 1963, p. 335, 499.
  8. Hewsen 1992, p. 301-302.
  9. Toumanoff 1963, p. 464.
  10. Rapp 2000, p. 570-576.
  11. Toumanoff 1963, p. 432.
  12. Toumanoff 1963, p. 334.
  13. Toumanoff 1963, p. 414.
  14. Toumanoff 1963, p. 495-496.
  15. Toumanoff 1963, p. 439.
  16. Toumanoff 1963, p. 439-440.
  17. Toumanoff 1963, p. 441.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Hewsen, Robert H. (1992). The Geography of Ananias of Širak. The Long and Short Recensions. Introduction, Translation and Commentary. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag 

  • Rapp, Stephen H. (2000). «Sumbat Davitis-dze and the Vocabulary of Political Authority in the Era of Georgian Unification». Journal of the American Oriental Society. 120 (4) 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press