João de Crema

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

João de Crema (em italiano: Giovanni da Crema; em latim: Johannes Cremensis; (m. antes de 27 de janeiro de 1137[1]) foi um legado papal, cardeal da Igreja Católica e um dos maiores aliados do papa Calisto II[2].

Legado[editar | editar código-fonte]

João foi o líder de uma importante missão papal ao rei Henrique I da Inglaterra entre 1124 e 1125, enviada por Calisto (que morreu em 1124) e confirmada por seu sucessor, Honório II. Na época, a Inglaterra estava fechada aos diplomatas papais[3]. Dos nove enviados para a Inglaterra durante o reinado de Henrique, João foi o único que recebeu permissão para utilizar sua autoridade em terras inglesas[4].

Historiadores modernos especularam[5] que esta permissão foi um quid pro quo depois de Calisto ter anulado o casamento Guilherme Clito (William), um adversário de Henrique na Normandia, com Sibila de Anjou. João, assim como Pedro Pierleone e Gregório de San Angelo, mantiveram a anulação[6]. Fulque V de Anjou, pai de Sibila, não recebeu bem o ato e, no final de 1124, criou-se um impasse. Ele aprisionou os legados e os tratou com brutalidade, pelo que foi excomungado. Logo depois ele se submeteu, o que enfraqueceu a posição de Guilherme Clito[7].

João realizou um concílio legatino na Abadia de Westminster em 9 de setembro de 1125[8], no qual reivindicou precedência sobre Guilherme de Corbeil[9].

Uma das tarefas de João estava relacionada à aplicação do celibato do clero. Uma história da época, mencionada por Rogério de Hoveden[10] e repetida na história de David Hume[11] conta que ele teria sido surpreendido na cama com uma mulher (possivelmente espalhada pelo bispo de Durham[12]). Historiadores modernos tratam o evento como um rumor criado por Henrique de Huntingdon[13].

Cardeal[editar | editar código-fonte]

João foi feito cardeal por volta de 1117[14] e iniciou a reconstrução de sua igreja titular, San Crisogono, em Roma, em 1120[15][16].

Referências

  1. «Epistola accusati episcopi ad cardinales, ut adiuvent eum, nota 2» (em latim e alemão) 
  2. Mary Stroll, Calixtus II (1119-1124): A Pope Born to Rule (2004), p. 164. (em inglês)
  3. Stroll, p. 165.
  4. A. L. Poole, Domesday Book to Magna Carta (1955 edition), p. 184. (em inglês)
  5. Reginald Allen Brown (editor), Anglo-Norman Studies VI: Proceedings of the Battle Conference 1983(1984), p. 86. (em inglês)
  6. I. S. Robinson, The Papacy 1073-1198(1990), p. 158. (em inglês)
  7. C. Warren Hollister, Henry I (2001), p. 305. (em inglês)
  8. Edward Carpenter, Cantuar: The Archbishops in Their Office(1997), p. 116. (em inglês)
  9. Hollister, pp. 378-9.
  10. Tradução de Henry T. Riley. «Elfinspell:Annals of Roger de Hoveden Pt 20» (em inglês). Medieval History 
  11. «Book 1, Ch. 2 - The Conquest to King John» (em inglês). British History Online 
  12. «History Of The Christian Church» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library 
  13. Hollister, p. 11.
  14. (em inglês) http://www.fiu.edu/~mirandas/titles-2.htm  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  15. «Medieval Rome» (em inglês)  Texto " Roma Turismo" ignorado (ajuda)
  16. Peter Cornelius Claussen, Die Kirchen der Stadt Rom in Mittelalter 1050-1300 (2002), p. 387. (em alemão)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sandy Burton Hicks, The Anglo-Papal Bargain of 1125: The Legatine Mission of John of Crema, Albion: A Quarterly Journal Concerned with British Studies, Vol. 8, No. 4 (Winter, 1976), pp. 301–310