Língua aimará

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Distribuição dos falantes de aimará

O aimará (aymar aru) é uma língua falada por mais de dois milhões e meio de pessoas da etnia aimará, principalmente no Peru, na Bolívia, no Chile e na Argentina.

No Peru e na Bolívia, a língua aimará é considerada língua oficial, junto com o idioma quíchua, que está estreitamente relacionado com aquela.

Essas línguas não tiveram escrita até a introdução do alfabeto latino pelos espanhóis, que tinham interesse em empregar essas línguas para pregação religiosa e conversão dos ameríndios.

Na Bolívia há cerca de 1.200.000 falantes do idioma aimará, sendo a forma falada na capital La Paz considerada a forma mais pura e estruturada da língua, havendo concentrações nos departamentos de Oruro e Chuquisaca. No Chile, a população aimará é grande, havendo cerca de 50.000 falantes, que também habitam nas regiões andinas do norte do país, em Tarapacá e Antofagasta. Há também cerca de 10.000 falantes do aimará no oeste da Argentina. Na atualidade há quase 2,5 milhões de pessoas de etnia e língua aimará, na zona dos Andes. São o segundo grupo nativo, só superado pelos quíchuas, com quase 15 milhões de pessoas espalhadas pelos Andes da Colômbia até a Argentina.

Embora o idioma aimará seja único, existem diferenças regionais dependendo do local onde é falado. Alguns acreditam[quem?] que o idioma aimará é aparentado com o idioma quíchua, língua original do Império Inca, não obstante fortes objeções de vários estudiosos. Os que defendem o parentesco lingüístico baseiam-se nas semelhanças (por exemplo a palavra condor é kuntura em aimará e kuntur em quíchua. Mas, estruturalmente, as línguas aimará e quíchua são efetivamente diferentes.

Hoje a língua é falada principalmente pelos camponeses e, eventualmente, como segunda língua, nas cidades.

Exemplos de palavras em aimará:

  • Cooperativa = Umaraqi
  • Casca = Sillq'i
  • Gelado = Chullunkiya
  • Pato = Wallatta

Alfabeto

O aimará utiliza apenas 15 letras do alfabeto latino, das quais 4 são vogais (I, A, U, Y) e 11 consoantes (P, T, K, Q, S, J, X, L, M, N, W); as consoantes P, T, K, Q e H (em Ch) podem apresentar um diacrítico em formato de apóstrofo (ex.: p'), que indica fonema diferente da mesma letra sem o apóstrofo. Um texto escrito em aimará pode ser visto aqui.

Características

A língua aimará é de natureza aglutinante e polissintética, com sentenças do tipo Sujeito-Objeto-Verbo (SOV). Assim como outros poucos idiomas, o aimará distingue nas formas verbais dois tipos de eventos: "aqueles testemunhados por quem fala", e "aqueles NÃO testemunhados por quem fala".

Interessante característica - que é exclusiva desse idioma - é a lógica ternária (sim, talvez, não), em contraposição às demais línguas, que seguem a lógica binária (sim, não). Em aimará essa incerteza é expressa por meio de prefixos e sufixos apostos às formas verbais.

Segundo especialistas - entre os quais Umberto Eco e Ludovico Bertonio - essa característica enriquece o aimará com maior expressividade, maior capacidade de incorporar neologismos e também de expressar conceitos abstratos.

Essa língua foi denominada por Emeterio Villamil de Rada (1860) como "a língua de Adão", em função de sua perfeição.

Os conceitos de tempo - passado, futuro - do idioma aimará são únicos, uma vez que aliados ao gestual e a palavras similares, os falantes do aimará gesticulam e associam futuro com "atrás/antes" e passado com "adiante/depois".

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