Núcleo anterior hipotalâmico

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O núcleo hipotalâmico anterior é um núcleo do hipotálamo.

Sua função principal é a termorregulação corporal. Dano ou destruição da área pode causar hipertermia.

Esse núcleo também participa na regulação do sono.[1]

A área hipotalâmica anterior é, às vezes, agrupada com a área preóptica.[2]

Também é conhecido como INAH3

INHA3[editar | editar código-fonte]

Em homens, o INAH3 é geralmente 3 vezes maior do que em mulheres independentemente da idade.

No cérebro de homossexuais, o INAH3 é mais semelhante ao encontrado em mulheres heterossexuais segundo um estudo do neurocientista Simon LeVay, de Stanford.

Em 2008, o neurocientista Qazi Rahman, do Instituto Karolinska, na Suécia, publicou um artigo mostrando outras diferenças, desta vez com implicações cognitivas. Ele comparou 90 cérebros de homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais. Viu que mulheres heterossexuais compartilham com os gays uma simetria entre os hemisférios dos cérebros. Já homens heterossexuais compartilham com as lésbicas o hemisfério direito um pouco maior que o esquerdo.[3]

O conhecimento sobre os aspectos biológicos da formação da identidade de gênero é bastante restrito, uma vez que a maioria dos estudos sobre a anatomia e a influência hormonal nesse processo é baseada em experimentos com outras espécies de animais. Já a influência do componente psíquico, sob o controle do processo de socialização do indivíduo, supostamente, faz parte da definição da identidade de gênero; entretanto, isso ainda é um assunto controverso. Um estudo de indivíduos transgêneros pelo neuroanatomista Dick Swaab descobriu que os transgêneros de homem para mulher têm um tamanho e número de neurônios de INAH-3 mais próximos da faixa normal feminina, e que pessoas trans de mulher para homem têm um tamanho e número de neurônios INAH-3 mais próximos de uma faixa normal masculina. Esse achado de que o tamanho do INAH-3 correspondia mais de perto ao gênero com o qual o sujeito se identificou, em vez de seu gênero biológico ou cromossômico, foi repetido desde então, mas ainda é controverso devido aos potenciais confusos da terapia de reposição hormonal.[4]

Do ponto de vista anatômico, as diferenças entre os cérebros masculino e feminino estão relacionadas às dimensões de regiões específicas. Durante o desenvolvimento do concepto, os núcleos do dimorfismo sexual e periventricular anteroventral da área pré-optica inicialmente contêm o mesmo número de neurônios. Entretanto, com o aumento na apoptose celular mediada pelo estradiol na mulher, o núcleo do dimorfismo sexual torna-se menor. Ao contrário, no sexo masculino o estradiol tem efeito antiapoptótico nesse mesmo núcleo, o que o torna três a cinco vezes maior no sexo masculino[5]

O termo INAH (núcleos intersticiais do hipotálamo anterior), proposto pela primeira vez em 1989 por um grupo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, refere-se a 4 grupos de células anteriormente não descritos da área pré-óptica-anterior do hipotálamo (PO-AHA) do ser humano cérebro, que é uma estrutura que influencia a secreção de gonadotrofinas, o comportamento materno e o comportamento sexual em várias espécies de mamíferos. Existem quatro núcleos no PO-AHA (INAH1-4). Descobriu-se que um desses núcleos, INAH-3, é 2.8 vezes maior no cérebro masculino do que no feminino, independentemente da idade.[6]

LeVay notou três possibilidades que poderiam explicar suas descobertas:

1. As diferenças estruturais no INAH3 entre homens homossexuais e heterossexuais estavam presentes no período pré-natal ou no início da vida e ajudaram no estabelecimento da orientação sexual dos homens;

2. As diferenças apareceram após o nascimento como resultado dos sentimentos ou comportamento sexual dos homens e;

3. Ambas as diferenças em INAH3 e orientação sexual estão ligadas a alguma terceira variável de confusão (como um evento de desenvolvimento no pré-natal ou no início da vida).

LeVay encontrou a primeira possibilidade mais provável e observou que a segunda possibilidade era improvável à luz de vários estudos homólogos em outras espécies. Foi comprovado que, em ratos, o núcleo sexualmente dimórfico da área pré-óptica (SDN-POA) surge durante o período perinatal sensível como consequência da dependência de seus neurônios constituintes do andrógeno circulante, oferecendo suporte indireto para a primeira possibilidade. Após esse período, mesmo intervenções extremas, como a castração, têm pouco efeito sobre o tamanho do núcleo, o que ajudaria a contradizer a segunda possibilidade de mudança de comportamento na estrutura do cérebro. Foi sugerido que o INAH-3 humano é o homólogo do SDN-POA do rato.[4]

Referências

  1. Deschenes CL, McCurry SM (fevereiro de 2009). «Current treatments for sleep disturbances in individuals with dementia». Curr Psychiatry Rep. 11 (1): 20–6. PMC 2649672Acessível livremente. PMID 19187704. doi:10.1007/s11920-009-0004-2 
  2. Onoe H, Watanabe Y, Ono K, Koyama Y, Hayaishi O (julho de 1992). «Prostaglandin E2 exerts an awaking effect in the posterior hypothalamus at a site distinct from that mediating its febrile action in the anterior hypothalamus». J. Neurosci. 12 (7): 2715–25. PMID 1613554 
  3. «18. "Boneca é coisa de menina."». Super. Consultado em 29 de setembro de 2021 
  4. a b «INAH 3». Wikipedia (em inglês). 13 de maio de 2021. Consultado em 29 de setembro de 2021 
  5. Lucia Alves da Silva Lara, Adriana Peterson Mariano Salata Romão. «A diferenciação do cérebro masculino e feminino The differentiation of male and female brain» 
  6. Allen, L.S.;, Hines, M.; Shryne, (fevereiro de 1989). «J.E.; Gorski, R.A». Consultado em 7 de junho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]