Normose

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Normal se refere à resposta mais comum em um gráfico na análise de uma determinada variável. Ou seja, o normal representa aquilo que é o mais frequente, a maioria, o mais comum.

Normose[1] ou normopatia[2] é a tendência patológica para condicionar o próprio comportamento, por molde a seguir os trâmites e as normas de conduta socialmente estabelecidas, em prejuízo da auto-expressão pessoal e individual da pessoa, sobrevalorizando-se a opinião e a aceitação social dos outros.

No âmbito da filosofia e da medicina holística, a normose afigura-se como um conceito referente às normas, crenças e valores sociais que causam angústia e que podem ser prejudiciais ao bem-estar psíquico do indivíduo, por outras palavras: aos "comportamentos normais de uma sociedade que causam sofrimento".[3]

Dessa forma os indivíduos que estão em, aparente, perfeita conformidade com os padrões da normalidade e fazem aquilo que lhes é socialmente espectável, contravindo aquelas que são as suas vontades, opiniões e compulsões pessoais e subjectivas próprias, podem acabar por sofrer psicologicamente.[4]

É comum justificar a manutenção de um comportamento morbígeno, por se afigurar dentro dos padrões convencionais da normalidade, porém essa justificativa pode volver-se falaciosa, acabando por, inadvertidamente, perpetuar normoses.[4]

Definições[editar | editar código-fonte]

É comum esperar que, ao seguir todas as normas sociais, um indivíduo seja feliz e saudável, mas isso nem sempre acontece, pois diversas das nossas normas sociais atuais podem revestir-se de contornos morbígenos.[3]

Pierre Weil define «normal» como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir que são aprovados por consenso ou pela maioria.[5] Patológico é definido como aquilo que se desvia do normal e que, por isso, constitui ou caracteriza uma doença.[6]

Por contraponto, saudável é aquilo que gera bem-estar e qualidade de vida.

Critérios[editar | editar código-fonte]

Para que um comportamento possa ser definido como normose[5]:

  • Não perceber o quanto esse comportamento faz mal;
  • A maioria concorda que esse comportamento é, formalmente, tido como normal[4];
  • Esse comportamento causa sofrimento;

Ou seja, nem todo o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir, que são aprovados por consenso ou pela maioria provocam alguma doença. O normal para determinada sociedade, comunidade ou indivíduo pode também trazer benefícios ou simplesmente não terem consequências nem negativas nem positivas.

Tipos de normalidades[editar | editar código-fonte]

Assim toda a variedade que compõe o Ethos no qual indivíduo está inserido possui normalidades saudáveis, normalidades doentias e normalidades neutras.

Por exemplo:

  • Normalidade saudável: levantar cedo para caminhar.
  • Normalidade adiáfora: almoçar ao meio-dia.
  • Normalidade patológica (normose): comer para diminuir a ansiedade.

Normoses gerais[editar | editar código-fonte]

Normoses gerais são aquelas aceitas pela maioria da humanidade[5]:

  • Fantasia da Separatividade: Sentir-se separado e independente das outras pessoas e da natureza;
  • Guerra justa: Guerras são formas normais e necessárias para resolver conflitos entre nações;
  • Sentimento de propriedade: Acreditar que produtos naturais são posses humanas;
  • Consumismo: Consumir à vontade sem pensar nas consequências sociais e ambientais.

Normoses específicas[editar | editar código-fonte]

As normoses podem ser subdivididas em questões específicas como:

  • Normoses alimentares[5]: Propensão patológica para o consumo de fritos, doces, refrigerantes, excesso de carne, excesso de sal, bebidas alcoólicas.
  • Normoses relacionais[5]: Egoísmo patológico; confundir amor com sensualidade; sexo com foco só nos genitais.
  • Normoses educacionais[5]: Confundir ciência com positivismo; não atender ao casuísmo na formação de raciocínios e apreensão de conhecimentos.

Origem do conceito[editar | editar código-fonte]

Segundo Pierre Weil, em seu artigo «A Normose Informacional», "Normose é um termo que foi forjado por Jean Yves Leloup na França, e por Roberto Crema, no Brasil".[7]

Referências

  1. Infopédia. «normose | Definição ou significado de normose no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  2. Infopédia. «normopatia | Definição ou significado de normopatia no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  3. a b «PsiqWeb: Normose; patologia do normal». Consultado em 11 de janeiro de 2009 
  4. a b c Carvalho Ferraz, Flávio (2002). Normopatia: Sobreadaptação e Pseudonormalidade. Belo Horizonte, MG: CASA DO PSICÓLOGO. 148 páginas. ISBN 8573961759 
  5. a b c d e f «NORMOSE OU ANOMALIAS DA NORMALIDADE». Consultado em 10 de abril de 2013. Arquivado do original em 12 de junho de 2013 
  6. S.A, Priberam Informática. «patologia». Dicionário Priberam. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  7. «A Normose Informacional» 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Normose - a patologia da normalidade, ed. Vozes, Roberto Crema, Jean-Yves Leloup, Pierre Weil; org. Suzana Beiro