Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional foi uma orquestra sinfónica associada à Emissora Nacional de Radiodifusão de Lisboa, que esteve em actividade entre 1934 e 1989.

História[editar | editar código-fonte]

Fundada em 1934 pelo Ministro das Obras Públicas Eng. Duarte Pacheco, a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional começou a sua actividade com um largo período experimental em que realizou diversos concertos, e iniciou a sua primeira temporada oficial como orquestra da rádio, a 26 de Novembro de 1935 no Teatro Municipal de S. Luiz, em Lisboa, sob a direcção do seu primeiro maestro titular, o consagrado Pedro de Freitas Branco.

Criada com o objectivo de exercer uma larga acção cultural através da rádio, a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, inicialmente designada como «Grande Orquestra da Emissora Nacional», nomeada entre 1940 e 1960 como «Orquestra Sinfónica Nacional», e posteriormente nomeada como «Orquestra Sinfónica da RDP«, deu a conhecer ao público português, em primeira audição, ao longo de mais de 5 décadas de existência, inúmeras obras da Música Sinfónica estrangeira de todos os tempos, e também, variadíssimas composições de música portuguesa, que desde sempre foi uma constante do reportório regular da orquestra.

Neste capítulo, muitos foram os compositores portugueses que viram as suas obras estreadas, e posteriormente, até gravadas em disco por esta formação orquestral, entre eles: Luís de Freitas Branco, José Belo Marques, Cláudio Carneyro, Frederico de Freitas, Ruy Coelho, Fernando Lopes-Graça, Joly Braga Santos, Armando José Fernandes, Armando Leça, Júlio Almada, Fernando de Carvalho, Alberto Fernandes, Filipe Pires, Jorge Peixinho e Cândido Lima.

Acresce qu,e sendo uma Orquestra ligada à rádio, praticamente todos os concertos por si realizados, ao longo de 54 anos de existência, foram transmitidos e gravados, em especial todos os concertos efectuados a partir dos anos 50. Desta forma, o Arquivo Sonoro da Radiodifusão Portuguesa possui hoje um acervo inestimável da nossa cultura musical.

A Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, a principal orquestra da rádio portuguesa, contava com 95 instrumentistas, na altura da sua formação. O Maestro Titular era Pedro de Freitas Branco, que recomendou 3 Maestros como Sub-Directores – Frederico de Freitas, Pedro Blanch e Wenceslau Pinto.

No entanto, sob a orientação de Belo Marques, e para corresponder às diversas solicitações que se apresentavam à Orquestra, esta desdobrava o seu efectivo instrumental em várias formações, surgindo assim orquestras eclécticas de reportório diferenciado, como a Orquestra Portuguesa e a Orquestra de Concertos dirigida por Frederico de Freitas, a Orquestra de Câmara dirigida por Ivo Cruz, a Orquestra Genérica dirigida por Pedro Blanch, a Orquestra Ligeira dirigida por Lopes da Costa, a Orquestra de Salão dirigida por Belo Marques, e a Orquestra Sinfónica Popular, dirigida por Wenceslau Pinto.

Uma das características muito elogiadas pelos críticos era a de muitos maestros colaboradores da estação oficial e do complexo orquestral, além de trabalharem como compositores e maestros, também eram instrumentistas da Orquestra Sinfónica, como foram os casos de Jaime Mendes, flauta, Belo Marques, violoncelo, Joaquim Luis Gomes, harpa, Lopes da Costa, violino, ou António Melo, em teclado.

Mais tarde, formaram-se ainda a Academia de Instrumentistas de Câmara da Emissora Nacional, uma orquestra de cordas que se manteve no activo entre 1949 e 1975 e que tinha como concertino a violinista Leonor de Souza Prado, e que incluia os músicos do Quadro Permanente que estavam na reserva, devido ao facto do naipe instrumental na Orquestra Sinfónica estar já preenchico, e a Orquestra de Concerto que sob a direcção de Frederico de Freitas actuou entre 1956 e 1959.

Ao longo de mais de meio século de existência, a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, posteriormente Orquestra Sinfónica da RDP, era considerada como a mais antiga e mais prestigiada orquestra portuguesa, e apresentou-se em centenas e centenas de concertos, tanto em Lisboa, como em digressões pelo país e pelo estrangeiro.

Das tournées internacionais destacam-se as que foram efectuadas em 1944 e 1945, a Madrid, e em 1966, à Bélgica.

Em Lisboa, e para além das diversas séries de concertos realizadas em salas como o Teatro Nacional D. Maria II, o Teatro Politeama, o Teatro Tivoli, o Teatro S. Luís, o Teatro da Trindade e o Coliseu dos Recreios, cabe aqui salientar, as temporadas de ópera do S. Carlos, em que a Orquestra Sinfónica da rádio portuguesa participou de forma continuada entre 1946 e 1975.

Destaque ainda para colaborações regulares no Serão para Trabalhadores, os concertos efectuados no Pavilhão dos Desportos durante os meses de Julho e de Agosto e para os célebres Concertos de Verão, que vieram substituir os anteriores, e que se realizaram nas Ruínas do Carmo durante 11 anos, entre 1978 e 1989.

Durante a sua longa existência a Orquestra Sinfónica da rádio, colaborou ainda com diversas outras entidades de maneira a alargar o seu campo de acção cultural. Destas, destacam-se a Companhia de Bailado “Verde Gaio”, a Companhia Nacional de Bailado, a Fundação Gulbenkian, os Festivais de Sintra, a Sociedade de Concertos de Lisboa, o Círculo de Cultura Musical e a Juventude Musical Portuguesa.

Muitos foram também os importantes compositores, maestros e solistas estrangeiros que dirigiram a Orquestra, tocaram na Orquestra e colaboravam regularmente com a Orquestra, entre eles: Bela Bartók, Igor Strawinsky, Heitor Villa-Lobos, Leopold Stokowsky, Otto Klemperer, Thomas Beechamm, Sir John Barbirolli, Pierre Monteux, Antal Dorati, Bernard Haitink, Rafael Fruhebeck de Burgos, George Solti e Lorin Maazel.

No campo solístico colaboraram Fritz Kreisler, Isaac Stern, Yehudi Menuhin, David Oistrach, Maria Callas, Artur Rubisntein, Jacques Thibaud, Aldo Ciccolini, Victoria de Los Angeles e Vladimir Ashkenazy.

Em 1963, com o falecimento de Pedro de Freitas Branco, o maestro Frederico de Freitas viria a ocupar o lugar de Maestro Titular, e os Maestros Sub-Directores foram Silva Pereira, então 1º Violino Concertino da Orquestra Sinfónica, e Joly Braga Santos, num período de intensa actividade entre 1963 e 1974.

A partir de 1975, com a reforma compulsiva de Frederico de Freitas, a Orquestra teve como seus últimos Maestros directores Silva Pereira e Álvaro Cassuto. E aí iniciaram-se uma série de gravações discográficas com todas as editoras portuguesas, e uma longa batalha pela manutenção da Orquestra Sinfónica, cuja extinção era uma das prioridades do Parlamento.

O último concerto da Orquestra Sinfónica da RDP, sob a regência de Silva Pereira, teve lugar a 2 de Dezembro de 1989, no Teatro de S. Luiz, no âmbito dos Festivais de Lisboa. Os números executados foram a 4ª Sinfonia de Joly Braga Santos e o "Llanto por Ignacio Sánchez Mejías" de Maurice Ohana.

Criada nos já longínquos anos 30, do século XX a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional / Orquestra Sinfónica da RDP, foi um verdadeiro pilar da cultura portuguesa. Ao longo de 54 anos de existência com ela tocaram praticamente todos os solistas portugueses e por ela passaram também praticamente todos os nossos maestros, tendo sido um verdadeiro pólo de oportunidades para os nossos músicos.

Regentes[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]