Paralisação lunar

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma paralisação lunar (do inglês, lunar standstill) ou lunistício (lunistice) acontece quando a Lua chega em seu ponto mais ao norte ou mais ao sul durante o curso de um mês (especificamente, um mês lunar de 27,2 dias). A declinação (coordenada celestial análoga à latitude geográfica) no lunistício varia periodicamente num ciclo de 18,6 anos, entre o mínimo de 18,134º (norte ou sul) e o máximo de 28,725º (norte ou sul), devido à precessão lunar. Esses extremos são chamados de lunistícios maiores ou menores.

O último lunistício menor ocorreu em outubro de 2015, com o próximo sendo previsto para maio de 2034. O último lunistício maior aconteceu em junho de 2006, com o próximo sendo previsto para janeiro de 2025.

Atualmente o lunistício norte ocorre quando a Lua está na constelação de Taurus, na parte superior de Orion, Gemini ou às vezes na parte mais ao sul da constelação de Auriga (como acontece num lunistício maior). O lunistício sul acontece quando a Lua está ou em Sagittarius ou em Ophiuchus. Devido à precessão do eixo da Terra, as localizações celestes mais ao norte ou mais ao sul que a Lua pode assumir movem em direção ao oeste: em cerca de 13.000 anos o lunistício norte acontecerá em Sagitário e Ofíuco e o lunistício sul acontecerá na área da constelação de Gêmeos.

Durante um lunistício menor, as forças de maré aumentam levemente em alguns lugares, provocando o aumento da amplitude das marés e inundações em áreas mais baixas, litorâneas.[1]

Num lunistício maior, a variação da declinação da Lua, e consequentemente, a variação do seu azimute ao nascer e ao se por, atinge seu máximo. Como resultado, para observadores nas latitudes intermediárias, a altura da Lua na sua culminação superior (o momento diário em que o astro cruza o meridiano do observador acima do horizonte) varia do seu maior valor possível para o seu mínimo possível acima do horizonte num intervalo de duas semanas, indo para o norte ou para o sul (dependendo do hemisfério do observador). Similarmente, seu azimute ao naser muda de nordeste para sudeste e seu ocaso de noroeste para sudoeste. Em um ano de lunistício maior, eclipses solares acontecem em março no nó descendente da órbita lunar, e em setembro no seu nó ascendente. Num ano de lunistício menor, a situação acontece de forma inversa.

Os períodos de lunistício aparentam terem tido um significado especial nas sociedades da Idade do Bronze que construíram monumentos megalíticos nas ilhas da Grã-Bretanha e Irlanda. Eles também possuem uma certa importância para algumas religiões neopagãs. Evidências foram encontradas em locais antigos de culturas ancestrais de alinhamentos de estruturas com os locais de nascer e ocaso lunar em dias de lunistício, como nos locais encontrados nos estados do Colorado (Monumento Nacional Chimney Rock) e Ohio (tradição Hopewell).

Origem do nome[editar | editar código-fonte]

O termo paralisação lunar foi aparentemente usado pela primeira vez pelo engenheiro Alexander Thom no seu livro Megalithic Lunar Observatories[2] ("Observatórios Lunares Megalíticos"), publicado em 1971. O termo solstício, que deriva do verbete do Latim solstituim: sol- (sol) + -stituim (uma parada), descreve os extremos similares que a declinação do Sol também alcança em sua variação, mais familiares à nós por serem intimamente ligados com as estações do ano. Nem o Sol nem a Lua ficam parados, obviamente; o que para, momentaneamente, é a mudança da declinação. A palavra trópico, como usada em Trópico de Capricórnio, vem do Grego Antigo, significando "tornar-se", fazendo referência como o movimento de aumento (ou diminuição) torna-se num movimento de diminuição (ou aumento) da declinação no momento do solstício.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Magazine, Smithsonian; Machemer, Theresa. «Moon's Wobbly Orbit and Rising Sea Levels Will Cause Record Flooding in the 2030s». Smithsonian Magazine (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  2. Vincent, Fiona. «"A major 'lunar standstill'"» (PDF). Journal of the British Astronomical Association. Cópia arquivada (PDF) em 16 de janeiro de 2014 
  3. «Definition of tropic | Dictionary.com». www.dictionary.com (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2023