Ponto quente dos Açores

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O ponto quente mantélico dos Açores está assinalado com «1» no mapa.
Plataforma dos Açores, mostrando o espessamento crustal resultante do intenso vulcanismo associado ao hotspot.

O ponto quente mantélico dos Açores (ou hotspot dos Açores) é um ponto quente com origem no manto situado sob a junção tripla dos Açores, na região central do Atlântico Norte. Em consequência da presença dessa estrutura, a região dos Açores é caracterizada pro vulcanismo ativo e por um espessamento da crusta terrestre que deu origem à plataforma dos Açores, uma microplaca tectónica de forma grosseiramente triangular. As ilhas do arquipélago dos Açores são relativamente jovens e estão associados a um espessamento batimétrico, a uma anomalia gravítica e à presença da geoquímica característica dos basaltos insulares.[1] O ponto quente mantélico dos Açores está situado a 100–200 km a leste da Dorsal Média do Atlântico,[2] estando presentemente a região central da pluma mantélica nas proximidades da ilha do Faial.

Descrição[editar | editar código-fonte]

O domínio geológico dos Açores compreende a plataforma dos Açores (por vezes denominado Planalto dos Açores), sobre a qual está instalado o arquipélago dos Açores (formado por 9 ilhas, que se estendem por uma distância de 614 km de SE para NW, que têm sido vulcanicamente ativas pelo menos durante os últimos 7 Ma). O arquipélago fica no ramo lateral da Dorsal Mesoatlântica, perto da junção tripla de três das placas tecónicas principais, já que a região é bordejada a norte pela placa Euroasiática, a leste e sual pela placa Africana e a oeste pela placa Norte-Americana.[3] Esta localização única faz com que a área apresente a interação de um ponto quente mantélico com uma larga variedade de distintos processos vulcânicos.

O arquipélago dos Açores ergue-se do referido Planalto dos Açores, uma área de crosta oceânica espessada que se terá formado nos últimos 20 milhões de anos. Anomalias de velocidade negativa das ondas S foram mapeadas sob o planalto dos Açores até aos 250–300 km de profundidade. Essas anomalias aparentam ser a assinatura de uma pluma mantélica que terá dado origem ao vulcanismo que criou o Planalto dos Açores.[3] Outra teoria é que o excesso de vulcanismo resulta simplesmente do excesso de extensão nesta incomum junção tripla.[4]

Relação entre a dorsal oceânica e o ponto quente[editar | editar código-fonte]

A Dorsal Mesoatlântica é uma zona de distensão da crosta terrestre, caracterizada por expansão do fundo oceânico, que permite a ascensão do magma, formando diques e dando origem a vulcanismo de superfície. As áreas de excesso de magmatismo na Dorsal Média do Atlântico foram designadas por hotspots, como ocorre nos Açores, e estudos de modelação do campo gravítico terrestre mostraram que a espessura da crosta nesta área é 60% maior do que o normal e a dorsal oceânica tem elevada taxa de expansão.[5]

O hotspot vulcânico é assimétrico no sentido norte-sul. Acredita-se que a crosta nas dorsais oceânicas seja formada por uma combinação de processos magmáticos e tectónicos, com adição de magma proveniente de câmaras magmáticas curta duração.[6] O aumento da produção de material em fusão (melt) dentro do manto pode ter suportado uma câmara de magma com mais longa duração, fazendo com que a crosta fosse mais espessa. No entanto, a Dorsal Mesoatlântica também demonstrou ter afetado as características do Planalto dos Açores, levando a que as principais cordilheiras vulcânicas do planalto fossem criadas no eixo de expansão daquela dorsal.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Gente P.; Dyment J.; Maia M.; Goslin J. (2003). «Interaction between the Mid-Atlantic Ridge and the Azores hot spot during the last 85 Myr: Emplacement and rifting of the hot spot-derived plateaus» (PDF). Geochemistry, Geophysics, Geosystems. 4 (10): 1–23. Bibcode:2003GGG.....4.8514G. doi:10.1029/2003GC000527. Cópia arquivada (PDF) em 20 de dezembro de 2013 
  2. Cannat, M.; Briais, A.; Deplus, C.; Escartin, J.; Georgen, J.; Lin, J.; Mercouriev, S.; Meyzen, C.; Muller, M.; Pouliquen, G.; Rabain, A.; da Silva, P. (1999). «Mid-Atlantic Ridge–Azores hotspot interactions: along-axis migration of a hotspot-derived event of enhanced magmatism 10 to 4 Ma ago» (PDF). Earth and Planetary Science Letters. 173 (3): 257–269. Bibcode:1999E&PSL.173..257C. doi:10.1016/S0012-821X(99)00234-4. Cópia arquivada (PDF) em 20 de dezembro de 2013  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  3. a b Silveria, G.; Stutzmann, E.; Davaille, A.; Montagner, J.; Mendes-Victor, L.; Sebai, A. (2006). «Azores hotspot signature in the upper mantle». Journal of Volcanology and Geothermal Research. 156 (1–2): 23–34. Bibcode:2006JVGR..156...23S. doi:10.1016/j.jvolgeores.2006.03.022  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  4. Smith, A. G. (2007). «A plate model for Jurassic to recent intraplate volcanism in the Pacific Ocean basin». In Plates, Plumes, and Planetary Processes, Edited by G.R. Foulger and D.M. Jurdy, Geological Society of America Special Paper 530, Boulder, CO. 430: 471–496 
  5. Bourdon, B.; Langmuir, C. H.; Zinder, A. (1996). «Ridge-hotspot interaction along the Mid-Atlantic Ridge between 37°30′ and 40°30′N: the UTh disequilibrium evidence». Earth and Planetary Science Letters. 142 (1–2): 175–189. Bibcode:1996E&PSL.142..175B. doi:10.1016/0012-821x(96)00092-1Acessível livremente  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  6. Singh, S. C.; Crawford, W. C.; Carton, H.; Seher, T.; Combier, V.; Cannat, M.; Canales, J. P.; Dusunur, D.; Escartin, J.; Miranda, M. (2006). «Discovery of a magma chamber and faults beneath a Mid-Atlantic Ridge hydrothermal field» (PDF). Nature. 442 (7106): 1029–1032. Bibcode:2006Natur.442.1029S. PMID 16943836. doi:10.1038/nature05105. Cópia arquivada (PDF) em 20 de dezembro de 2013  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]