Prece de Manassés

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A prece de Manassés é um texto religioso que se refere à oração pronunciada por ocasião da conversão do ímpio rei Manassés, quando ele foi levado cativo para a Babilônia e, se encontrando angustiado, orou diante de Deus arrependendo-se de seus pecados (II Crônicas 33:11-13)

O texto encontra-se em algumas traduções da Bíblias nos idiomas grego e eslavo, mas não faz parte do cânon católico, razão porque foi colocada - tardiamente - em separado, em apêndice, na Vulgata latina.

A oração é certamente de origem judaica e imita os salmos penitenciais. O autor, desconhecido, utilizou-se do grego e escreveu a oração provavelmente entre os séculos II ou I a.C., possivelmente no Egito. Existem antigas traduções também em siríaco, armênio e árabe. Entretanto, no livro de II Crônicas do Antigo Testamento bíblico há uma referência de que a oração possa ter sido registrada por algum dos profetas e que tenha sido anterior ao texto originário do século II a. C.

E a sua oração, como Deus se aplacou para com ele, e todo o seu pecado, e a sua transgressão, e os lugares onde edificou altos e pôs bosques e imagens de escultura, antes que se humilhasse, eis que está tudo escrito nos livros dos videntes. (II Cr 33:19)

Considerando que os dois livros de Crônicas teriam sido escritos por Esdras, por volta de 430 a.C., após o cativeiro babilônico, é certo que as cópias do texto do século II a.C. seriam reproduções parciais de algum outro manuscrito antigo.

Alocução[editar | editar código-fonte]

1 Ó Senhor onipotente, Deus de nossos pais, de Abraão, Isaac e Jacó, e de toda a sua descendência de justos;

2 Tu que criaste os céus e a terra, com tudo o que neles existe;

3 que acorrentaste o mar com a tua palavra forte, que confinaste o abismo, selando-o com teu Nome terrível e glorioso;

4 pelo qual se abalam todas as coisas, tremendo perante teu poder;

5 ninguém pode sustentar o esplendor da tua glória, e a tua ira contra os pecadores é insuportável,

6 embora sem medidas e sem limites é a tua misericórdia prometida;

7 Tu és o Senhor das Alturas, de imensa compaixão, grande tolerância e gigantesca misericórdia; demonstras piedade com o sofrimento humano! Ó Senhor, conforme tua imensa bondade, prometeste penitência e perdão àqueles que pecaram contra Ti, e na clemência sem conta apontaste a penitência aos pecadores para que pudessem ser salvos.

Confissão dos Pecados[editar | editar código-fonte]

8 Assim, Senhor, Deus dos justos, não apontaste penitência para os justos, para Abraão, Isaac e Jacó, que não pecaram contra Ti, mas apontaste penitência para mim, que sou pecador.

9 Os pecados que cometi são superiores aos grãos de areia do mar; minhas transgressões são múltiplas, ó Senhor: elas se multiplicaram! Não sou digno de levantar os olhos para os céus em razão da multidão de minhas iniqüidades.

10 Estou sobrecarregado com pesadas correntes de ferro; fui rejeitado em razão dos meus pecados, e não recebo consolo por ter provocado a tua ira e ter feito aquilo que é mau perante os teus olhos, realizando coisas abomináveis e multiplicando as ofensas.

Pedido de Perdão[editar | editar código-fonte]

11 Agora eu dobro os joelhos do meu coração e imploro a tua amizade.

12 Eu pequei, Senhor! Eu pequei, e reconheço as minhas transgressões.

13.a Ardentemente eu te imploro: perdoe-me, Senhor! Perdoe-me! Não destrua-me com as minhas transgressões! Não te zangues comigo para sempre, nem guardes o mal para mim! Não me condenes às profundezas da terra!

Agradecimento[editar | editar código-fonte]

13.b Tu és, Senhor, o Deus daqueles que se arrependem,

14.e em mim manifestarás a tua bondade; pois, miserável como sou, tu me salvarás por tua grande misericórdia,

15.e eu irei orar a Ti incessantemente por todos os dias da minha vida. Pois toda a milícia celeste proclamam a tua honra e tua é a glória para sempre. Amém.

Ver também[editar | editar código-fonte]