Predestinação

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Predestinação: em teologia, é a doutrina[1] de que todos os eventos têm sido desejados por Deus. João Calvino interpretou a predestinação bíblica como significando que Deus quer a condenação eterna para algumas pessoas e a salvação para outras.[2]

Conceitos:

A predestinação divina, comum no monoteísmo, é no cristianismo relacionada a onisciência de Deus sabendo previamente tudo o que vai acontecer, no que se refere à salvação de uns e a não salvação de outros, sendo um tema dos ensinamentos de Agostinho de Hipona e de João Calvino. Para S. Agostinho a salvação não dependeria dos próprios seres humanos, mas sim de uma intervenção divina, da graça divina, algo que seria absolutamente necessário para a salvação. Dessa maneira, pode-se dizer que os "condenados" são nalguma medida escolhidos por Deus, ou melhor, os "não-escolhidos". Os cristãos entendem a doutrina da predestinação como a salvação que Deus planejou para os homens. Os escolhidos não possuem a opção de aceitarem ou não a Cristo, pois Deus há de incliná-los de alguma forma, seja pelo amor ou pela dor.

Predestinação Absoluta de João Calvino

A doutrina da predestinação está particularmente associada ao Calvinismo. A predestinação é um elemento que descende da teologia de João Calvino. Dentro do espectro de crenças quanto à predestinação, é no Calvinismo que possui sua forma mais enfática entre cristãos. Ensina que a predestinação de Deus é fruto de sua onisciência, como presciência, a qual Ele rege de acordo com a Sua vontade e absoluta soberania, em relação as pessoas e acontecimentos. E numa forma insondável, por muitas vezes não compreensível ao nosso entendimento, Deus age continuamente com liberdade total, de forma a realizar a sua vontade de forma completa.

Por outras palavras, o Calvinismo baseia a sua doutrina da predestinação na perspectiva de que Deus predestina previa e absolutamente a humanidade, escolhendo entre os homens aqueles que irão salvar-se e aqueles que vão ser condenados. Esta doutrina tira ao Homem qualquer possibilidade de rejeitar ou aceitar livremente a graça divina.

Tanto para o Calvinismo quanto para o catolicismo-romano agostiniano, não há livre-arbítrio. Para ambos, a soberania de Deus prevalece. O cristão escolhido não pode rejeitar sua eleição, pois Deus há de curvá-lo até que ele aceite a Sua graça.[3]

No Catolicismo e Protestantismo[4] :

Ver artigo principal: Doutrina da Igreja Católica e Graça

Na doutrina católica, a predestinação, além da perspectiva de Deus, baseia-se também na perspectiva de que o Homem, sendo criado livre por Deus, tem a capacidade de aceitar ou rejeitar a graça divina da salvação. Logo, a graça divina e o livre-arbítrio humano estabelecem-se entre si uma relação de colaboração indissociável. Apesar da vontade divina de salvar toda a humanidade através do mistério pascal de Jesus, o Homem pode livremente recusar a salvação e a santidade oferecidas por Deus.[5]

Sobre a onisciência divina, que assume um papel importante na predestinação, Eusébio Pânfilo, um Pai da Igreja, afirmou que: "o conhecimento prévio dos eventos não é a causa de que tenham ocorrido. As coisas não ocorrem [somente] porque Deus sabe. Quando as coisas estão para ocorrer, Deus o sabe".[6] Logo, Deus, apesar de saber previamente os acontecimentos futuros, dá ao Homem a possibilidade de modificá-los e de criar uma nova versão do futuro, que aliás Deus também já consegue prevê-la. Contudo, o homem não pode interferir na vontade de Deus.

Fontes bíblicas:

Ver também:

Referências

  1. Crispim. «A Eleição e a Predestinação segundo o propósito eterno de Deus». estudobiblico.org. Consultado em 18 outubro 2014 
  2. "predestination." The American Heritage New Dictionary of Cultural Literacy, Third Edition. Houghton Mifflin Company, 2005. 13 Jun 2011. <Dictionary.com http://dictionary.reference.com/browse/predestination>.
  3. «Filme: Santo Agostinho, de Roberto Rossellini». Mais corretamente aos 29min. Gloria.tv 
  4. Crispim. «Predestinação». estudobiblico.org. Consultado em 29 maio 2014 
  5. «Graça e Justificação». Um artigo do Veritatis Splendor. Veritatis.com.br 
  6. "The Faith of the Early Fathers", Volume I. William A. Jurgens. Liturgical Press, Collegeville Minnesota, 1970; pág. 296
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