Projeto de Edgar Rocha Souza e Raul da Silva Vieitas para o Plano Piloto de Brasília

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O Projeto de Edgar Rocha Souza e Raul da Silva Vieitas para o Plano Piloto de Brasília foi um dos projetos submetidos ao Concurso Nacional do Plano Piloto para a construção da nova capital do Brasil, realizado a partir de 30 de setembro de 1956, com critério de abranger o traçado básico da cidade e estrutura urbana.

O plano número 19 do arquiteto Edgar Rocha Souza e do engenheiro agrônomo Raul da Silva Vietas não esteve entre os sete finalistas. No entanto, devido a ausência do relatório, o próprio Edgar apresentou as trezes pranchas, exemplificando o modelo para a construção de seu plano piloto de Brasília. Além disso, também criticou a maneira como Lúcio Costa participou no concurso, com base no período do edital, e questionou a boa relação dele com Oscar Niemeyer, o que poderia ter influenciado na avaliação final.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Inscrição para o concurso[editar | editar código-fonte]

O concurso para o Plano Piloto de Brasília foi criado em setembro de 1956 visando a construção da nova capital federal que seria inaugurada em 1960.

Em 30 de setembro de 1956, o Diário Oficial da União publicou o edital do concurso de construção para o Plano Piloto de Brasília, sendo que o projeto deve abranger o traçado básico da cidade e características da estrutura urbana.[1] Além disso, os concorrentes tiveram que apresentar elementos para evidenciar seus planos como: esquema cartográfico para a área do Distrito Federal, os cálculos e abastecimento de energia elétrica, água e transporte; programa de desenvolvimento da cidade, a estabilidade econômica da região, entre outros.[1]

Somente profissionais como arquitetos, engenheiros ou urbanistas que puderam participar do concurso, sendo que o projeto teve que ser apresentado em até 120 dias (desde o dia de inscrição) e executado por meio de tinta e cópia heliográfica.[1] Os autores do projeto que ficaram em primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto lugar foram premiados com um milhão de cruzeiros, quinhentos mil, quatrocentos mil, trezentos mil e duzentos mil, respectivamente.[1]

Plano de Rocha e Vietas[editar | editar código-fonte]

Devido a ausência do relatório nos acervos relacionados ao plano número 19, o arquiteto Edgar Rocha Souza apresentou trezes imagens da prancha – classificados em população, comunicações, Distrito Federal, plano diretor, centro administrativo, transporte Subterrâneo, tapete Verde, zona comercial, zona residencial dos funcionários, serviços auxiliares, vias públicas e serviços de utilidade pública – e explicou as razões de cada uma delas. Seu projeto, por outro lado, não esteve presente entre os sete finalistas.[2][3]

Na primeira prancha, Edgar Rocha Souza comparou a população de alguns países como China e Estados Unidos e, fez a projeção que o Brasil teria uma quantidade de 300 milhões de habitantes num período de até cem anos.[4] Na segunda, destacou-se as comunicações de rodovias e ferrovias para a criação da cidade, enquanto que a terceira foi uma proposta de uma zona de abastecimento e indústria leve para drenar a produção, uma vez que essa área de rodovias e ferrovias seria eficiente.[4]

Na quarta prancha, mostrava o plano diretor, em formato de área verde, semelhante a obra do arquiteto Pedro Paulo de Mello Saraiva.[4] Na quinta, foi apresentado o modelo da administração pública, onde se concentrava edifícios públicos e sua zona residencial, organizado para os funcionários do setor.[4] A sexta prancha valorizava a existência de um transporte subterrâneo, enquanto que a sétima possui um "Tapete Verde" em formato de bumerangue, no qual estaria registrado monumentos da História do Brasil, inspirado na Torre Eiffel, em Paris.[4]

A zona comercial foi apresentada pela oitava prancha, dividindo os quarteirões de comércio e alternativo; enquanto a nona referia-se aos funcionários, em relação ao distanciamento deles até o local de trabalho.[4] A prancha dez mostrava os serviços auxiliares, seja por uma circulação específica ou subterrânea. A décima primeira tratava-se das vias públicas e o padrão das calçadas.[5] Por último, as pranchas 12 e 13 concluía o projeto com os serviços de utilidade pública como água, energia elétrica, transporte coletivo, esgoto, definindo critérios técnicos e econômicos para o seu plano piloto.[5]

Segundo Edgar, a sua participação no projeto foi por insistência do engenheiro agrônomo Raul da Silva Vieitas, uma vez que ele já possuía experiência com problemas urbanos.[5] Além disso, o arquiteto também afirmou que Lúcio Costa não deveria ter sequer participado do concurso e questionou a relação dele com Oscar Niemeyer para a avaliação do plano.[5]

Foi uma surpresa a escolha do projeto de Lúcio Costa. Eticamente, ele não poderia sequer participar. Primeiro, porque consta a entrega do seu plano, devido a pedidos insistentes, num período bastante posterior ao prazo estabelecido no edital. E depois, suas relações com Niemeyer eram amplas demais para que o julgamento fosse imparcial. Conta a 'lenda' que um dos responsáveis pela guarda dos projetos enquanto eles estavam expostos, viu Oscar Niemeyer entrar com Juscelino na sala, dirigir-se direto ao plano de Lúcio Costa e sair em seguida, sem voltar-se para qualquer outro projeto. O plano vencedor era bonito, e isso satisfazia o critério do júri e do "construtor" da nova capital Federal. Infelizmente, Brasília sofre por isso até hoje.
 
Edgar Rocha Souza, arquiteto[5].

Referências

  1. a b c d «Edital do concurso para o Plano Piloto de Brasília». Edital de 30 de setembro de 1956, no Diário Oficial. Brasília web. 12 de setembro de 2005. Consultado em 23 de julho de 2020 
  2. Costa 2002, p. 419–420.
  3. Luiz, Gabriel (21 de abril de 2017). «As outras 'Brasílias': veja como seria a capital dos concorrentes de Lucio Costa». G1. Consultado em 23 de julho de 2020 
  4. a b c d e f Costa 2002, p. 421.
  5. a b c d e Costa 2002, p. 422.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]