Seoses (século V)

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Seoses (em persa médio: Siyavush; em grego medieval: Σεόσης; romaniz.:Seóses) foi um oficial sassânida do final do século V e as primeiras décadas do VI, ativo durante o reinado do Cavades I. Aparece pela primeira vez na década de 480, quando auxiliou Cavades a fugir do cativeiro, que lhe fora imposto por seu tio Balas (r. 484–488) e os nobres persas, em direção ao Império Heftalita, bem como ajudou-o a retomar seu trono em 488 pela força das armas.[1] Como recompensa, Seoses foi nomeado adrastadarã salanes, um título que lhe conferiu autoridade sobre todos os magistrados e sobre o exército inteiro; Procópio de Cesareia afirma que foi o primeiro e único a ostentar esta posição, o que é suspeito com base nas fontes disponíveis.[2]

Alguns anos após sua reconquista do trono real, Cavades foi derrubado devido ao golpe de Zamasfes (r. 496–498). Ele novamente fugiu junto dos heftalitas, que ajudariam-o a recuperar seu trono em 488 em troca de somas em dinheiro. Para quitar sua dívida, solicitou ajuda financeira ao imperador Anastácio I Dicoro (r. 491–518), mas ele recusou-se.[3] Como forma de obrigar os bizantinos, os persas declararam guerra em 502 e iniciaram o conflito, provavelmente por instigação de Seoses.[4] Em ca. 525/526, foi enviado com Mebodes para negociar com os oficiais bizantinos Hipácio e Rufino sobre a adoção de Cosroes como filho de Justino I (r. 518–527).[5]

A embaixada não teve resultados satisfatórios para os persas. Com o colapso das negociações, Mebodes acusou seu companheiro Seoses de ter sabotado a missão.[5] Muitas acusações foram feitas por Mebodes perante Cavades, o que fez com que Seoses fosse chamado para julgamento. Segundo Procópio, que relatou todo o episódio, o conselho persa, que era hostil a ele por sua posição anômala e seu temperamento natural, foi reunido para deliberar sobre a questão. Os juízes condenaram-o a morte e apesar de ser seu amigo, Cavades nada fez para poupar sua vida.[6] Segundo Henning Börm, sua execução deve ter ocorrido cerca de 530.[4]

Referências

  1. Kaldellis 2001, p. 90.
  2. Sundermann 1986, p. 662.
  3. Greatrex 2002, p. 62.
  4. a b Börm 2013.
  5. a b Martindale 1992, p. 868.
  6. Procópio de Cesareia, 1.12.31-38.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Kaldellis, Anthony (2001). Prokopios as Classical Historian and Political Thinker. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8