Soneto 1

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Soneto 1

From fairest creatures we desire increase,
That thereby beauty's rose might never die,
But as the riper should by time decease,
His tender heir might bear his memory:
But thou, contracted to thine own bright eyes,
Feed'st thy light'st flame with self-substantial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thyself thy foe, to thy sweet self too cruel.
Thou that art now the world's fresh ornament
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content
And, tender churl, makest waste in niggarding.
Pity the world, or else this glutton be,
To eat the world's due, by the grave and thee.

–William Shakespeare

Soneto 1 é um dos 154 sonetos escritos por William Shakespeare.

Traduções[editar | editar código-fonte]

Segundo a tradução de Thereza Christina Rocque da Motta,

Dentre os mais belos seres que desejamos enaltecer,
Jamais venha a rosa da beleza a fenecer,
Porém mais madura com o tempo desfaleça,
Seu suave herdeiro ostentará a sua lembrança;
Mas tu, contrito aos teus olhos claros,
Alimenta a chama de tua luz com teu próprio alento,
Atraindo a fome onde grassa a abundância;
Tu, teu próprio inimigo, és cruel demais para contigo.
Tu, que hoje és o esplendor do mundo,
Que em galhardia anuncia a primavera,
Em teu botão enterraste a tua alegria,
E, caro bugre, assim te desperdiças rindo.
Tem dó do mundo, ou sê seu glutão –
Devora o que cabe a ele, junto a ti e à tua tumba.[1]

Na tradução de Jerônimo Aquino,

Em tudo o que há mais belo, a rosa da beleza
Se nos impõe, gerando o anseio de aumentá-la,
E, entre os seres mortais, a própria natureza
Ao herdeiro confere o dom de eternizá-la
Mas tu, assim concentrado em teu olhar brilhante,
Sem o alento de outra alma, a que a tua dê abrigo,
Cheio de amor, negando amor a todo instante,
De ti mesmo e do teu encanto és inimigo.
Tu, agora, esplendoroso ornamento do mundo
E arauto singular de alegre primavera,
Tu, botão, dentro em ti sepultas, infecundo,
Teu gozo e te destróis, poupando o que exubera.
Faze prole, ou, glutão, em ti e na sepultura,
Virá a tragar o mundo a tua formosura.[2]

Na tradução de Fernando Nin'g Guimarães:

Uma criatura tão bela esperaríamos ver multiplicar

Para que a rosa da beleza não fique só na história

E ainda que o destino se divirta em seus dias cortar

Tudo seu terno herdeiro vai carregar na memória  

Mas tu, inebriada por teus próprios olhos brilhantes

Continuarás a se alimentar com a luz da própria chama

Até impores a fome onde tanta abundância havia antes

Tua própria pessoa levando como inimigo para a cama

Tu que és agora o mais fresco ornamento do mundo

E o mais perfeito arauto da primavera a proclamar

Preferes enterrar a riqueza dentro do teu mais fundo

E, ó mesquinhez!, a beleza de uma nova vida recusar

Apieda-te do mundo: dá de comer a este glutão

O que lhe é devido antes que venha a vez do chão

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/12/06/soneto-1-william-shakespeare-347252.asp
  2. Edição da Martin Claret, ano 2005. Coleção Obra Prima de Cada Autor
  • Alden, Raymond. The Sonnets of Shakespeare, with Variorum Reading and Commentary. Boston: Houghton-Mifflin, 1916.
  • Baldwin, T. W. On the Literary Genetics of Shakspeare's Sonnets. Urbana: University of Illinois Press, 1950.
  • Booth, Stephen. Shakespeare's Sonnets. New Haven: Yale University Press, 1977.
  • Dowden, Edward. Shakespeare's Sonnets. London, 1881.
  • Hubler, Edwin. The Sense of Shakespeare's Sonnets. Princeton: Princeton University Press, 1952.