Synco

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O projeto Synco ou projeto Cybersyn foi a tentativa chilena de planejamento econômico controlado em tempo real, desenvolvido durante o Governo de Salvador Allende. Em essência, se tratava de uma rede de máquinas de teletipo que intercomunicava às fábricas a um centro de computação em Santiago, que controlava às máquinas empregando os princípios da cibernética. O principal arquiteto do sistema foi o cientista britânico Stafford Beer.

História[editar | editar código-fonte]

Em princípios dos anos 1970, Stafford Beer recebeu a solicitação do Governo de Salvador Allende de estruturar este sistema. A construção levou um ano (de novembro de 1971 a novembro de 1972), embora nunca tenha sido completada.[1]

O sistema teve a oportunidade de demostrar sua utilidade em outubro de 1972, quando 40.000 caminhoneiros em greve bloquearam as ruas de Santiago. Utilizando as máquinas de teletipos, o governo foi capaz de coordenar o transporte de alimentos à cidade com os cerca de 200 caminhões leais a Allende, que não se encontravam em greve.[2] Comentando este feito, Beer lembrava modestamente: "Comunicação é controle".[3]

Após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, o centro de controle foi destruído.[1]

O sistema[editar | editar código-fonte]

Dado que existiam 500 teletipos sem uso, todos adquiridos durante o Governo de Eduardo Frei Montalva, cada uma das máquinas foi instalada numa fábrica. No centro de controle em Santiago, um computador processava diariamente a informação recebida das fábricas. Ao processar esta informação, se obtinham previsões de curto prazo e recomendações para realizar melhoras. Existiam quatro níveis de controle (companhia, ramal, setor e total) que contavam com retroalimentação algedônica (se o nível de controle inferior não podia solucionar um problema em um intervalo de tempo determinado, o nível superior era notificado a respeito). Os resultados eram discutidos na sala de operação e se elaborava um plano global.

O software do projeto Synco se chamava Cyberstride e empregava filtros bayesianos e controle bayesiano. Foi escrito por uma equipe de programadores chilenos, em consulta a 12 programadores britânicos.[4]

A sala de operações (Opsroom) contava com um aspecto bastante futurista, parecia (segundo o próprio Beer) "o cenário de um filme de ficção científica… Nela, não há nenhum papel. A informação é mostrada em telas ao redor da sala, em modelos electrônicos animados.".[3] Havia um mobiliário composto por 7 cadeiras giratórias (consideradas as melhores para a criatividade) com painéis de botões; estes botões controlavam várias telas gigantes, em que se podia projetar a informação, e outros painéis com informação sobre o estado de operações .

O projeto é mencionado no livro Platform for change, de Stafford Beer.

Referências

  1. a b Phillips, Leigh (2019). The people's republic of Walmart : how the world's biggest corporations are laying the foundation for socialism. Michal Rozworski. London: [s.n.] OCLC 1055569334 
  2. Medina, Eden (agosto de 2006). «Designing Freedom, Regulating a Nation: Socialist Cybernetics in Allende's Chile». Journal of Latin American Studies (em inglês) (3): 571–606. ISSN 0022-216X. doi:10.1017/S0022216X06001179. Consultado em 16 de março de 2021 
  3. a b Chile bajo la Unidad Popular, Tomo 10. Revista Que Pasa
  4. «project cybersyn» (em inglês). 4 de março de 2006. Consultado em 16 de março de 2021. Cópia arquivada em 3 de março de 2017 

Vínculos[editar | editar código-fonte]

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