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O Mausoléu de Prudente de Morais é um túmulo grandioso construído para abrigar os restos mortais do ex-presidente do Brasil, que está localizado no Cemitério da Saudade, na cidade de Piracicaba, no interior do estado brasileiro de São Paulo. O projeto arquitetônico é de autoria do arquiteto sueco Carlos Eckman, considerado o responsável pela introdução do estilo art nouveau no Brasil[1], a estátua é do escultor e professor ítalo-brasileiro Amadeo Zanni e os jardins são do paisagista alemão João Dierberger.

A obra foi inaugurada no aniversário de um ano de falecimento de Prudente de Morais, no dia 03 de dezembro de 1903, com a presença de senadores, deputados[2], e também de membros de todas as classes sociais.[3] Em sua inauguração, ainda não exibia o busto do ex-presidente, obra realizada por Amadeo Zanni, que foi apresentada no Salão de Belas Artes de 1904 e elogiada na época pelo importante crítico de arte Gonzaga Duque.[4]

A construção é tombada na esfera municipal pelo Decreto n° 7.271, de 05 de Junho de 1996, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (CODEPAC).[5]

Prudente de Morais[editar | editar código-fonte]

Mausoléu de Prudente de Morais na data de sua inauguração em 03 de dezembro de 1903.

Nascido em Itu/SP, o líder republicano Prudente de Morais deixou expressa em seu testamento assinado em Piracicaba na data de 20 de Setembro de 1902 o seu desejo para sua sepultura (conforme ortografia original da época):[6]

“…que a minha sepultura seja assignalada apenas por uma pedra, tendo como inscripção meu nome e as datas do meu nascimento e morte.”[6]

No entanto, como noticiado no jornal A República, órgão do Partido Republicano Federal, em 05 de dezembro de 1902 (conforme ortografia original da época):[7]

“... em São Paulo foi apresentado um projecto para ser erigido alli um monumento ao Dr. Prudente de Moraes, sendo aberta uma subscripção popular para o levantamento de um mausoléo”[7]

A vontade do ex-prudente de ser sepultado na cidade de Piracicaba foi registrada em uma carta em que ele descreveu um sonho que teve onde uma doença grave o atingia e ele recomendou aos seus:[8]

"não me deixem no Rio; gosto muito do Rio, mas gosto mais do meu Estado. Pedi que vocês me mandassem para aqui, para Piracicaba"[8]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

O Mausoléu é a maior construção funerária do Cemitério da Saudade de Piracicaba.[9] Ocupa um terreno de 8m x 12m e tem aproximadamente 78m² de área construída.[9] Fica localizado na Rua 1, quadra 5 e foi projetado pelo arquiteto sueco Carlos Eckman e ajardinado pelo alemão João Dierberger, um dos responsáveis pela criação da fazenda Citra, em Limeira, São Paulo.[10]

Capa do jornal "A Gazeta de Piracicaba" contendo informações sobre a inauguração do Mausoléu de Prudente de Morais.

A Gazeta de Piracicaba publicou a descrição do mausoléu em sua edição de 03 de dezembro de 1903, data de inauguração:[9]

O monumento compõe-se de duas partes anexas. A interior, sob uma espessa lápide inteiriça de granito vermelho, polido, descansa o corpo do Dr. Prudente de Moraes. Sobre essa lápide, antecedida por duas colunatas de granito polido e lavrado, está a inscrição em letras de bronze: "Prudente José de Moraes Barros nascido em Itú a 4 de Outubro de 1841. Falecido em Piracicaba a 3 de dezembro de 1902." Aos lados vêem-se escadarias de granito, que dão acesso a um patamar, no primeiro plano da outra parte do monumento. Esta segunda parte compõe-se de uns planos inferiores retangular, circundados de colunatas de granito lavrado e tosco ligadas por um gradil de bronze, representando série de archotes ligados entre si. A ala interna deste plano é ajardinada. O segundo plano é um retângulo menor e de lados paralelos ao primeiro, com elevação de paredes em granito tosco de dois e meio metros, servindo de anteparo a uma rampa ajardinada, de cujo centro destaca-se um grande bloco de granito seco, tosco, sobre o qual vê-se uma cruz, talhada em relevo e polida. Na frente deste segundo plano, dominando o patamar do primeiro, destaca-se um triângulo sustentado por duas pilastras de granito, em forma de H e na superfície vertical de triângulo, distingue-se em alto relevo uma coroa de saudades. A altura do monumento é de 6 metros e meio, mais ou menos, e toda ela está envolvida por uma faixa ajardinada.

Mausoléu de Prudente de Morais em 1904 - Com o busto em exibição.

O busto do ex-Presidente, obra do escultor italiano Amadeu Zanni, foi acrescido posteriormente ao conjunto arquitetônico. Prudente de Morais é apresentado com:[11][12]

os ombros cobertos por uma toga e o pescoço nu, à maneira de um tribuno romano, como tornou-se voga na representação dos “republicanos históricos". O cruzeiro, ainda que central, é a parte da decoração menos notada no monumento, de tal forma ele se confunde com a pedra de onde emerge. E, na parte posterior do monólito, nem sequer se reproduz o emblema do cristianismo, talvez para não contrastar com o aspecto de ruína romântica, ou classicista à Hubert Robert, que se pretendeu no ajardinado do monumento.

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • O ex-presidente Juscelino Kubitschek escreveu em seu livro de memórias que em determinada oportunidade, quando sobrevoava o Cemitério da Saudade em Piracicaba, após uma visita como presidente, comentou com seus correligionários: “Pudesse, eu, ter a graça de, ao morrer, ser enterrado em minha terra, como Prudente de Moraes”. Embora Prudente de Morais fosse natural de Itu, no estado de São Paulo, ele viveu e morreu em Piracicaba.[13]

Referências

  1. Enciclopédia Itaú Cultural. «Carlos Eckman» 
  2. «Gazeta de Noticias (RJ) - 1900 a 1919 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  3. «Jornal do Brasil (RJ) - 1900 a 1909 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  4. «Amadeu Zani - Dedicacao A Fundicao Artistica | PDF | Escravidão | São Paulo». Scribd. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  5. CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural. «Decreto 7271 de 1996» (PDF) 
  6. a b Romanelli, Tais (30 de maio de 2007). «Testamento de Prudente de Moraes é monumento de honradez e dignidade - A Província - Paixão por Piracicaba». A Província. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  7. a b «A Republica : orgam do Partido Republicano (PR) - 1888 a 1930 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  8. a b PEIXOTO, José Benedicto Silveira. A Tormenta que Prudente de Moraes Venceu! 3ª ed. São Paulo, Imprensa Oficial de São Paulo, 1995
  9. a b c Gazeta de Piracicaba. 03 de dezembro de 1903
  10. Abreu, Augusto (9 de agosto de 2017). «Fazenda Citra». Portal São Francisco. Consultado em 17 de março de 2021 
  11. LEITE, P. Q.; PINTO, P. R. T. . A morte piedosa: a ressacralização da decoração funerária no cemitério de piracicaba (décadas de 1930-1940).. In: II Encontro Nacional de Estudos da Imagem (II ENEIMAGEM)., 2009, Londrina, PR. Anais do II ENEIMAGEM, 2009.
  12. Lustosa, Isabel (1993). Brasil pelo método confuso: humor e boemia em Mendes Fradique.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. pp. 257–258–259–260–261 
  13. Netto, Cecílio Elias. Piracicaba, a Florença Brasileira - As Belas Artes Piracicabanas -- 1a edição -- Piracicaba: ICEN - Instituto Cecílio Elias Netto, 2017.