Usuário(a):Rafael Burgos/Testes
O Engenho Central de Piracicaba, localizado às margens do Rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba, foi construído por Estêvão Ribeiro de Sousa Resende[1], o Barão de Rezende, em 1881, com o objetivo de substituir o trabalho escravo pelo assalariado e pela mecanização.
Devido às dificuldades de manutenção das máquinas importadas, o engenho de açúcar foi vendido em 1899 à Société de Sucreries Brésiliennes[2], transformando-se no mais importante do país, com uma produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool, incorporando-se a outras seis usinas do grupo no estado de São Paulo.
Sua área verde é de 80 mil metros quadrados e a área construída ocupa 12 mil metros quadrados.
Origem[editar | editar código-fonte]
Propostas para o Engenho Central 1982-2003[editar | editar código-fonte]
Jamais faltaram propostas de intervenção para o imponente conjunto representado pelos diversos pavilhões do Engenho Central. Estas propostas variavam muito, tanto quanto ao programa de necessidades definido, quanto à relação que estabeleciam entre a preservação do conjunto edificado existente e a propositura de novas edificações.[3]
Oscar Niemeyer foi o precursor das propostas nos idos de 1970. Contratado pela Prefeitura, sua proposta, apresentada em 1982, consistia na demolição de praticamente todos os edifícios existentes, preservando-se apenas os antigos pavilhões da refinaria e da fábrica, respectivamente os edifícios 7A e 7B, bem como a antiga sede administrativa. O espaço seria ocupado por um conjunto de novos edifícios projetados por Niemeyer para sede dos diversos órgãos da administração municipal. A intervenção proposta pelo arquiteto previa ainda a construção de uma nova ponte aproximadamente à altura do Largo dos Pescadores, conectando as duas margens.[3]
Em 1990, o escritório Battagliesi & Carvalho Arquitetos Associados, contratado pela administração municipal, elaborou o “Programa Básico de Ocupação e Uso do Engenho Central”. A proposta previa a conversão do espaço com a implantação de equipamentos recreativos, culturais e de lazer.[3]
Em 1994 o arquiteto Carlos Bratke apresentou um estudo arquitetônico para o complexo, denominado “Projeto Engenho de Piracicaba”, voltada ao aproveitamento das estruturas existentes e à implantação de novos edifícios nas áreas desocupadas. A proposta visava constituir um novo centro comercial e empresarial nessa área, contando com centro de convenções, auditórios, hotel e edifícios de escritórios. Previa-se que os edifícios tombados do Engenho seriam utilizados como um complexo de convenções e exposições, notadamente agropecuárias.[3]
Em 2002 foi realizado novo estudo, destinado à implantação de um Museu de Ciência e Tecnologia, para o qual foi constituída equipe multidisciplinar para sua elaboração. Esse estudo serviu de base ao desenvolvimento e integrou a proposta coordenada pelo Ipplap ao longo de 2004.[3]
Engenho Central de Piracicaba | |
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Foto atual do Engenho Central, construído em 1881. | |
Construção | Estêvão Ribeiro de Sousa Resende (19 de janeiro de 1881[4]) |
Estilo | Antigo |
Conservação | Bom |
Aberto ao público | ![]() |
Com a criação do Ipplap em 2003, as propostas elaboradas para o Engenho Central passaram a ser desenvolvidas ou coordenadas pela autarquia.[5]
Em 2003, com projeto de uso e ocupação do Engenho elaborado pelos arquitetos André Blanco, Dirceu Rother, Marcelo Ferraz, Francisco Fanucci e uma equipe formada por profissionais de outras áreas (biologia, física, história dentre outras) se reuniu para pensar em um projeto denominado Engenho da Ciência e o plano de uso e ocupação daquele espaço: O Museu de Ciência e Tecnologia de Piracicaba seria instalado no Engenho Central. Ele ocuparia 50% da área construída do complexo, que é de 16.000 metros quadrados, num total de 8.000 deles voltados para exposições permanentes e temporárias, o centro de aprendizagem e os serviços de apoio aos visitantes (restaurantes, lojas, cafés, lanchonetes, Centro de Recepção, etc.). As atividades que vêm sendo desenvolvidas no Engenho desde sua devolução à comunidade, bem como as manifestações e participações populares, têm apontado os parâmetros para a utilização deste espaço quais sejam a 18 multiplicidade dos usos para atividades de cultura e lazer destinados para as mais amplas camadas da população, respeitando-se a harmonia do conjunto arquitetônico e ambiental. Foram tais parâmetros que orientaram a proposta do projeto de instalação do Engenho da Ciência: Museu de Ciência e Tecnologia no conjunto arquitetônico do Engenho Central e a concepção da ocupação e uso do conjunto como uma cidadela.[6]
Em 2004 foi desenvolvido um amplo estudo de intervenção denominado “Anteprojeto de Arquitetura e Plano de Uso e Ocupação do Complexo Engenho Central e Parque do Mirante”, a cargo do escritório Brasil Arquitetura e sob coordenação do Ipplap, prevendo a constituição de um complexo de cultura e lazer, ancorado no Museu de Ciência e Tecnologia, respeitando os diversos usos já consolidados, mas ampliando as formas de utilização, integrando eventos e atividades comerciais, de modo a conferir uma sustentabilidade financeira ao complexo.[7]
O projeto propunha a requalificação de um dos edifícios (14A) para a instalação da administração do parque, a conversão dos principais edifícios (7A, 7B e 5) no Museu de Ciência e Tecnologia, bem como dos edifícios 9 e 10, que se transformariam no Museu do Papel e Artes Gráficas. Além desses grandes equipamentos culturais, deveria ser implantada infraestrutura destinada à manutenção dos grandes eventos cuja presença estava consolidada: o Salão Internacional do Humor, Paixão de Cristo, Festa das Nações e SIMTEC – Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia e Energia Canavieira, dentre outros.[7]
Ainda que não tenha sido executada, esta proposta é importante por consistir numa reflexão ampla e integrada a respeito da ocupação do Engenho Central, dando relevância à questão da sustentabilidade do complexo. Além disso, esta proposta foi o ponto de partida para o desenvolvimento do estudo que deu origem ao Novo Teatro do Engenho Central, obra de requalificação do edifício 6, elaborado pelo mesmo escritório Brasil Arquitetura, e cujas obras foram concluídas em 2012.[7]
Em 2006 foi desenvolvida nova proposta para o complexo do Engenho, de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em associação com o escritório Piratininga Arquitetos Associados. O estudo foi contratado e doado à municipalidade pela COSAN (atual Raízen) e foi acompanhado de perto pela equipe técnica do Ipplap. A proposta previa a implantação de vasta infraestrutura e equipamentos com caráter regional . Duas novas passarelas de pedestres conectariam as duas margens, sendo implantados alguns equipamentos definidos como “estruturadores” do projeto: o novo Restaurante do Mirante, o Grande Teatro (edifícios 05/07), Administração (edifício 14A), Exposições (edifícios 09/10, 14, 14B, 15), Restaurante da Esplanada (edifício 17), Hotel (edifício novo), Centro de Convenções (edifícios 14B e 14C) e Grande Pavilhão de Exposições (também em nova edificação).[7]
Além das edificações, a proposta previa uma completa urbanização do Engenho, propondo-se a execução de infraestrutura subterrânea e piso adequado à condição de área de preservação permanente que se configura na área. Em fins de 2007 deu-se início às obras de reforma do Edifício 14, adaptando-o e dando-lhe melhores condições para sediar o Salão Internacional do Humor. No começo do ano seguinte iniciaram-se as obras para a urbanização do Engenho Central, com a execução das redes subterrâneas de infraestrutura, bem como do novo pavimento de blocos intertravados de concreto, de modo a garantir alguma permeabilidade ao solo.[7]
Outra obra executada nesse momento foi a reforma e adaptação do Edifício 14A, defronte à Passarela Pênsil, destinado às instalações da administração do parque do Engenho e dotado de estrutura de informações e acolhimento, além de um espaço de exposições, configurando uma recepção do visitante do parque. O projeto de adaptação foi desenvolvido pela equipe do Departamento de Projetos Especiais do Ipplap.[7]
O já citado Novo Teatro do Engenho Central representa uma das mais importantes ações já realizadas no complexo. Trata-se da requalificação do Edifício 6, instalando em seu interior uma completa infraestrutura e os mais modernos recursos cênicos, num espaço de altíssima qualidade para as artes dramáticas em Piracicaba. O projeto, desenvolvido pelo Escritório Brasil Arquitetura, tirou partido do grande pé-direito de 18 metros da antiga destilaria, distribuindo seus cerca de 500 lugares em dois níveis de plateia e balcões laterais. Seu palco dupla-face possui grandes portas que, abertas, permite a realização de apresentações voltadas à praça externa. O teatro conta, ainda, com um restaurante, salas de ensaio e camarins dotados de todos os recursos necessários ao seu pleno funcionamento.[7]
De potência econômica a patrimônio histórico e cultural[editar | editar código-fonte]
Em 1914, a Primeira Guerra Mundial estimulou o mercado internacional do açúcar, promovendo a reação do Brasil e o consequente aumento de produção no município de Piracicaba. Nessa época, a região de Piracicaba tinha o cultivo do café como principal riqueza, mas devido à crise econômica da cultura cafeeira, em 1929, as plantações de cana-de-açúcar voltam a se espalhar pelo Estado de São Paulo tendo Piracicaba como um dos principais municípios produtores. Nesse período, a produção das duas usinas existentes no município, o Engenho Central e a Usina Monte Alegre, passou de 1,5 toneladas em 1928 para 1,8 toneladas de açúcar no ano de 1932. Esse crescimento sofreu, de certa forma interferências do recém-criado Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que, a princípio, estimulou a produção do álcool.[8]
A partir da década de 30, muitos engenhos existentes na região desapareceram ou foram encampados pelas usinas. Apesar de sucessivas crises, o Engenho Central de Piracicaba ainda foi ampliado nas décadas de 30, 40 e 50, pois o açúcar continuou a exercer papel preponderante na economia piracicabana. Na década de 50 representava 52% do valor total da produção agrícola local; dez anos mais tarde, essa participação chegou a 75%. Contudo, a crescente urbanização da Vila Rezende e da cidade como um todo, acabou por dificultar as atividades operacionais do Engenho Central.[8]
Em novembro de 1970 foi vendido às Usinas Brasileiras de Açúcar (Ubasa), que o manteve em funcionamento até 1974, quando foi desativado definitivamente. Posteriormente, quase a totalidade das fazendas que compunham a propriedade foi loteada e vendida por empresas do grupo Silva Gordo, através do empreendimento imobiliário “Terras do Engenho”, restando, mediante acordo com a Prefeitura do Município de Piracicaba, apenas a extensa área onde funcionou o Engenho Central, que aos poucos se transforma num dos mais belos complexos turísticos e culturais da cidade, do Brasil e do mundo.[8]
O Engenho Central de Piracicaba foi tombado pelo CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural, em 1º de agosto de 1989 e considerado de Utilidade Pública em setembro do mesmo ano. Em 2008, a Prefeitura do Município de Piracicaba efetua o pagamento da primeira parcela da desapropriação do Engenho Central, garantindo a posse definitiva ao povo piracicabano e à cultura nacional.[8]
Referências
- ↑ http://www.estacoesferroviarias.com.br/ferroviaspart_sul/efengenhocentral-piracicaba.htm Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ http://www.rotarypovoador.org.br/f10.htm Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ a b c d e «Propostas para o Engenho Central 1982-2003 | IPPLAP». ipplap.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2017
- ↑ «E. F. do Engenho Central de Piracicaba». Estações Ferroviarias. Consultado em 16 de agosto de 2012
- ↑ «Estrada de Ferro do Engenho Central de Piracicaba -- Ferrovias Particulares do Brasil». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2017
- ↑ Blanco, Carmen Rita Furlani. «O Engenho Central de Piracicaba como Patrimônio Industrial» (PDF)
- ↑ a b c d e f g «Propostas para o Engenho Central após 2003 | IPPLAP». ipplap.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2017
- ↑ a b c d (PDF) http://semac.piracicaba.sp.gov.br/engenho/wp-content/uploads/2012/01/O-Engenho-Central-HISTORIA.pdf Em falta ou vazio
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(ajuda)
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
http://ipplap.com.br/site/projetos-2/engenho-central/propostas-para-o-engenho-central-1982-2003/
http://ipplap.com.br/site/projetos-2/engenho-central/propostas-para-o-engenho-central-apos-2003/
http://semac.piracicaba.sp.gov.br/engenho/wp-content/uploads/2012/01/O-Engenho-Central-HISTORIA.pdf (p.4-13; 19-20)
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2010v2n3p206/13424 (p.5-6)
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-14092004-142839/en.php (p.88)
http://www.cchla.ufrn.br/appsurbanas/arquivos/Anais_APPS_2012/GT4-68-26-20120213114659.pdf (p.2; p.11-13)
http://www.observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Geografiaeconomica/41.pdf(p.9-16; p.21-22)
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/287549/1/Blanco_CarmenRitaFurlani_M.pdf (p.26-33; p.40; p.46; p.55-56)
https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/2175-7976.2013v20n30p101/27836 (p.17)
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t5_papel_pioneiro_piracicaba.pdf (p.8-14)
https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/2177-5230.2017v32n64p137/34795 (p.2-7)
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/132122 (p.91-99)
http://ageconsearch.umn.edu/record/108517/files/330.pdf (p.2-3)