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O letramento literário é um conceito cunhado pela professora brasileira Graça Paulino no final da década de 1990. Ele se refere a um tipo especial de letramento, que é a habilidade de ler e compreender corretamente a linguagem literária. O letramento literário estabelece um paradigma no ensino de literatura nas escolas do Brasil, sendo um termo já consagrado no ensino de literatura no Brasil, bem como no meio acadêmico.[1]

Graça Paulino e outros autores oferecem uma definição precisa para o conceito. O letramento literário é "o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos." É um processo, pois não é algo que se esteja pronto em qualquer dado momento, mas é algo que se constrói ao longo de toda a vida. É um processo de apropriação pois é uma habilidade incorporada; embora a literatura seja um produto coletivo, sua apropriação se dá individualmente por cada indivíduo. Por fim, essa apropriação deve ser literária, ou seja, deve ocorrer levando-se em conta a linguagem literária.[1][2][3][4]

Outras definições[editar | editar código-fonte]

Embora tenha tido mais relevância no contexto brasileiro, a noção de letramento literário — literary literacy — também é registrado em outros países, especialmente os de língua inglesa.[1] Mingshui Cai e Rick Traw, nos Estados Unidos, definem a literary literacy como "a habilidade de entender, interpretar e criticar literatura". Para o acadêmico australiano Wayne Sawyer, é "a aquisição das estruturas da literatura como um ramo da leitura". Oarra Bill Green, não se deve apenas reafirmar o ensino do cânone literário tradicional, mas defender que haja uma forma específica de letramento, que é o letramento literário. Para Florence Kayard, tal forma de letramento é a capacidade de ler e interagir com os textos literários.[1]

Paradigma do letramento literário[editar | editar código-fonte]

Para Rildo Cosson, o letramento literário estabelece um paradigma no ensino da literatura nas escolas. O autor defende que, por esse paradigma, a literatura vira uma prática, e não — como se acretiva no passado — um conteúdo a ser ensinado. Em vez disso, o conteúdo do ensino de literatura deve ser a linguagem literária.

Nesse paradigma, o papel do professor deve ser o de condutor. Ele deve "acompanhar a leitura do aluno sem impor uma direção, mas apontando caminhos por onde o leitor pode escolher transitar dentro do texto." Nesse sentido, o professor deve ser, paradoxalmente, uma presença e, ao mesmo tempo, uma ausência.

Referências

  1. a b c d Cosson, Rildo (2020). Paradigmas do ensino da Literatura 1ª edição ed. [S.l.]: Contexto 
  2. «Letramento Literário | Glossário Ceale». www.ceale.fae.ufmg.br. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  3. Cosson, Rildo; Lucena, Josete Marinho de (19 de outubro de 2022). Práticas de letramento literário na escola. [S.l.]: Editora UFPB 
  4. «Letramento literário na escola: o texto poético no processo de ensino-aprendizagem». basenacionalcomum.mec.gov.br. Consultado em 14 de agosto de 2023 


O letramento literário integra a expansão do uso do termo letramento que tem por finalidade designar a construção de sentido a partir da sua relação com a escrita. Todavia, o emprego do termo letramento literário tem uma relação diferenciada com a escrita, porque ocupa um lugar exclusivo em relação à linguagem. O surgimento dessa nova área de letramento aconteceu pela necessidade de configurar e nomear os comportamentos e práticas sociais a partir da leitura e escrita que ultrapassassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico.

Um outro ponto que devemos destacar é que ninguém nasce gostando de literatura, por isso, não se pode associar como um ato de prazer. Nesse sentido, a relação entre a literatura e a educação está longe de ser pacífica. Nesse contexto, o processo de letramento literário surgiu como uma prática social de humanização e, como tal, uma obrigação da escola. Por isso, é papel do professor fortalecer a disposição crítica do aluno, de maneira que eles ultrapassem o simples consumo do texto literário. A literatura, nesse sentido, torna-se ferramenta de contestação, e o letramento literário, enquanto construção literária do sentido, acontece a partir de questionamentos do texto: quem e quando diz, o que diz, como diz, para que diz e para quem diz. As respostas só podem ser obtidas quando se faz um aprofundamento da obra, permitindo leituras e releituras e seu diálogo com outros inúmeros textos. Desse modo, o letramento literário, por se tratar de um mecanismo de transgressão no processo de ensino/aprendizagem da literatura, deve ser uma prática indispensável em sala de aula.

Práticas de letramento literário em sala de aula[editar | editar código-fonte]

A escola se constitui muitas vezes e por diversos motivos, como o espaço em que o estudante é apresentado à literatura e seus desdobramentos culturais. Pesquisas como a de Branchi e Alves (2022)[1] testemunham a interferência positiva do ambiente escolar, mais especificamente dos professores e chamam atenção para a responsabilidade que eles têm na formação de alunos leitores. Assim, estar atento à condução das atividades de mediação de leitura que ocorrem nas escolas é de fundamental importância, pois assim como uma boa experiência pode formar leitores, uma experiência ruim pode afastá-los.

O letramento literário surge como uma nova vertente da educação básica, primordialmente, e repensa o ensino da literatura de uma maneira mais ampla, surge pela necessidade de preparar o aluno para entrar no texto, já que, muitas vezes, no âmbito escolar os gêneros literários têm exercido o papel de pretexto para ensinar aspectos gramaticais da língua.

Na prática pedagógica, o letramento literário pode ser realizado de diversas maneiras, mas há alguns pontos específicos que são elementares na formação do aluno leitor. A começar pelo contato direto do leitor com a obra, ou seja, é preciso dar ao aluno a oportunidade de interagir com as obras literárias. Outro ponto relevante é a formação de uma comunidade leitora, espaço de compartilhamento e circulação de leituras e respeito pelo interesse e grau de dificuldade que o aluno possa ter em relação à obra. A ampliação do repertório literário deve ser um outro objetivo do professor, tendo em vista que a literatura não se limita a textos escritos, Mas, por meio dos diversos espaços de manifestações culturais que a escola possibilita, é possível reconhecer que ela está presente em outros tantos suportes e meios.

Existem duas formas sobre como desenvolver atividades com leitores tendo como objeto a leitura: sequência básica e sequência expandida. A sequência básica é formada por quatro passos:

Motivação - Através de uma boa motivação é que o professor vai inserir o aluno ao mundo da leitura.

Introdução - Consiste na apresentação física da obra.

Leitura - A leitura escolar é o passo que deve ser acompanhado e direcionada pelo professor, possibilitando perceber as dificuldades de leituras dos alunos.

Interpretação - A interpretação é o passo que leva a um possível raciocínio para chegar a construção de sentido na obra literária, exigindo sempre o envolvimento do autor, leitor e comunidade. Esse momento de interpretação é oportuno para que se faça uma reflexão sobre a obra lida e possa relacionar, de forma concisa, com fatos de sua vida, permitindo o diálogo entre leitores e o âmbito escolar.

A sequência básica está intrinsecamente inserida na sequência expandida que surgiu para atender a demanda dos professores de ensino médio, expandindo alguns passos pretendendo evidenciar as articulações entre experiência, saber e educação literária. Por isso, há necessidade da prática efetiva do letramento literário em sala de aula, pensando a literatura como uma experiência a ser realizada e influente na construção da identidade do aluno leitor e sua relação com o mundo. Esses passos são fundamentais, pois consistem em preparar o aluno para adentrar o texto, por isso, o professor deve sempre repensar o conceito de literatura em sala de aula. E, mais do que um material que leva ao simples ato de aprender a ler e escrever, ela é uma experiência a ser realizada.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
  2. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.
  3. SOUZA, Renata Junqueiro de; COSSON, Rildo. Letramento Literário: uma proposta para a sala de aula. UNESP, p. 101-107. Disponível em: <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40143/1/01d16t08.pdf>
  4. VIEIRA, Hilluska de Figueiredo Sousa Carneiro. Letramento Literário - um caminho possível. Revista Arredia, Dourados, MS, Editora UFGD, v.4, n.7: 117-126, jul./dez. 2015.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

ANDRADE, Rafaela. Sequência Básica e Expandida. Disponível em: <https://prezi.com/xng2xc-ico97/sequencia-basica-e-expandida/>

  1. Branchi, Natália; Alves, Izandra (18 de novembro de 2022). «Influências do professor na constituição do aluno leitor: algumas constatações». Linhas Crí­ticas: e43453–e43453. ISSN 1981-0431. doi:10.26512/lc28202243453. Consultado em 12 de dezembro de 2022  soft hyphen character character in |periódico= at position 11 (ajuda)