Wikipédia:Wikipédia na Universidade/Cursos/Rurtugal/Vila Nova de Anha

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Portugal Portugal Anha 
  Freguesia  
Gentílico Anhense
Localização
Localização no município de Viana do Castelo
Localização no município de Viana do Castelo
Localização no município de Viana do Castelo
Anha está localizado em: Portugal Continental
Anha
Localização de Anha em Portugal
Coordenadas 41° 40' N 8° 48' O
Administração
Tipo Junta de freguesia
Presidente Rui Jorge Ribeiro Martins de Matos (PPD/PSD)
Características geográficas
Área total 9,12 km²
População total (2011) 2 415 hab.
Densidade 264,8 hab./km²
Código postal 4935
Outras informações
Orago S. Tiago
Sítio [1]

Introdução[editar código-fonte]

Vila Nova de Anha, ou simplesmente Anha, é uma aldeia na freguesia de Vila Nova de Anha, situada no concelho de Viana do Castelo. Anha elevou-se à categoria de Vila no ano de 1985 e tem uma área de 9,12 km² e uma população de 2.410 habitantes (Censos 2011).


Reza a história que Vila Nova de Anha, ou simplesmente Anha, há muito uma das maiores freguesias de Portugal, e como tal pagadora de impostos diretamente à capital, Lisboa, sofreu várias alterações. Uma dessas alterações inicia-se com a própria nomenclatura visto ser uma terra conhecida por Ágnea ou Ágnia, passar a designar-se por Ánia e depois Anha. Embora sem suporte bibliográfico concreto que o confirme, há várias teorias sobre as delimitações e origens desta bela aldeia junto ao mar. Como o rio de Anha, que na foz se chamava Rodanho, é anterior à existência desta pitoresca freguesia, foi ele que deu nome a esta terra quando começa a figurar no registo dos livros de geografia e de história. "Anha" é de origem Celta e não um antropónimo germânico. Os setores laborais são o comércio, a indústria e a agricultura. Anha abastece diariamente Viana de Castelo com uma variada gama de produtos hortícolas. A freguesia de Anha, segundo os documentos antigos, fazia parte das Terras do Neiva, integrada no senhorio da Casa de Bragança e tinha esse nome por se situar entre os rios Lima e Neiva. Está confinada pelo poente com o oceano Atlântico onde também vai desaguar o “Ribeiro do Rodanho”. O Rodanho alberga uma série de espécies de peixe, nomeadamente a famosa enguia. Por sua vez a fauna é principalmente avícola.

2.410 habitantes (Censos 2011).

Vila Nova de Anha encontra-se situada a sul da cidade de Viana do Castelo, na margem esquerda do Rio Lima de onde se afasta cerca de 4 km. Ocupa uma área de aproximadamente 912 hectares, e está abrigada dos ventos Norte pelo Monte do Faro, é atravessada pelo Ribeiro de Anha, que desagua no Oceano Atlântico, que a limita a Poente; e, é rodeada a Norte pela Freguesia de Darque; a Nascente, pelas Freguesias de Mazarefes e Vila Fria, e a Sul, pela Freguesia de Chafé.

Património Cultural[editar código-fonte]

Património Edificado[editar código-fonte]

Igreja Matriz de Vila Nova de Anha[editar código-fonte]

Vista externa da Igreja Matriz de Vila Nova de Anha.

A origem d’Anha remonta aos séculos IX e X e crê-se que a igreja primitiva, pagã, terá existido junto à conhecida Capela de S. João. Tendo sido encontrados vestígios de um castro e de uma possível igreja pagã, mas preterido o estudo arqueológico deste sítio em detrimento de um caminho para transeuntes, a teoria carece de confirmação. Não obstante, o Paço d’Anha, as inúmeras fontes e o alto do Monte do Galeão tudo aponta para uma possível "origem" e subsequente desenvolvimento da povoação em direcção à costa que é hoje conhecida como Anha.

Altar Mor da Igreja Matriz de Vila Nova de Anha.

Uma outra teoria sugere que a Capela da Nossa Senhora das Areias, no lugar do Cabedelo e pertencente à Vila de Darque tenha sido a igreja original e primitiva de Anha, anterior à Igreja Matriz. Dizem os escritos que após uma grande inundação, aquela zona ficou submergida e quase arrasada de areias, transferindo-se assim a matriz para a Igreja de S. Tiago de Anha, permanecendo assim até hoje. Esta última, por sua vez, seria o local original da sua construção, mas não a igreja de origem, tendo sofrido aumentos arquitetónicos e subsequentes alterações em detrimento da sua parcial destruição devido a um incêndio na década de 70. A Igreja Matriz da Paróquia de São Tiago de Vila Nova de Anha tem um altar-mor de retábulo barroco e é bastante visitada por estrangeiros, o que pode ser verificado na lista de visitas da mesma.

Uma pequena curiosidade: a loja do Sr. João da Esquina, cenário criado para o clássico do cinema português “As Pupilas do Senhor Reitor” situa-se em Vila Nova de Anha, entre a Igreja Matriz e a Capela Mortuária. As filmagens deste filme ocorreram em 1959 e contaram com a participação de vários Anhenses como figurantes.

Centro Social Paroquial[editar código-fonte]

Situa-se numa zona central da vila, com fáceis acessos. O Centro Social Paroquial de Vila Nova de Anha partilha os princípios da Igreja e do Estado com o intuito de criar melhores condições de vida à população. Foi inaugurado no dia 19 de setembro de 1993 pelo, na altura Primeiro-Ministro, Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva. Esta instituição tem 3 valências em funcionamento:

  • Centro de Atividades de Tempos Livres para crianças;
  • Centro de Dia para idosos – O Centro Social Paroquial tem uma cozinha com refeitório com um espaço alargado, onde são servidas as refeições para os idosos. Possui também balneários com uma dimensão bastante confortável, onde os idosos tratam da sua higiene pessoal, com a ajuda do pessoal auxiliar (com boa formação técnica e qualidades humanas). O Centro de dia, propriamente dito, é um espaço amplo, onde os utentes se ocupam a fazer bordados e trabalhos manuais que são vendidos durante as festas locais, o que os faz sentir úteis. Nesta instituição impera o respeito pela individualidade e esta permite às pessoas idosas mais autonomia no seio da comunidade e aumenta a sua capacidade de independência. Para além do apoio na instituição, o Centro de dia também providencia apoio domiciliário com visitas regulares (providenciam apoios no que toca a transportes, consultas médicas, preparação de refeições etc), o que satisfaz as suas necessidades de comunicação e relacionamento com os outros. Para além das visitas ao domicílio, na instituição a satisfação das necessidades relacionais é conseguida através de encontros com a mesma geração, com bailes, dança e ginástica. O centro também promove convívios com os jovens.
  • Centro de Formação Profissional;

Para além disto, tem também um salão polivalente para a cultura e o desporto (festas, teatro, cinema, ginástica, congressos etc.), uma extensão de Saúde (com médico e enfermeiro em part-time) e um bar de apoio. Também foi criada a Escola de Música do Centro Social Paroquial, que tem como principal objetivo sensibilizar os jovens para a importância da música na comunidade.

Quinta do Paço de Anha[editar código-fonte]

Entrada da Quinta do Paço de Anha

Fica situada na parte alta de Vila Nova de Anha, a 3 km da cidade de Viana do Castelo e da praia mais próxima. Tem uma área de 50 hectares e é toda rodeada de muros. A zona mais alta é composta por vários montes de onde é possível observar um panorama magnífico que passa pelas aldeias vizinhas e termina no mar. Na mata da quinta existem 3 marcos com as armas da Casa de Bragança, o que prova a sua passada integração nas Terras do Neiva.

Vinhas da Quinta do Paço de Anha

O Paço d’Anha foi um dos primeiros produtores-engarrafadores de vinho verde. Possui largos hectares de vinhas e também adegas onde se vinifica o famoso, nacional e internacionalmente conhecido, vinho verde branco com a marca Paço d’Anha. A vinificação, conservação e engarrafamento são feitos por sistemas manuais, no entanto é utilizada uma tecnologia moderna com os processos mais aconselháveis ao vinho. Também foi das primeiras Quintas a dedicar-se ao Turismo de Habitação. Tem ao seu dispor 4 apartamentos equipados com uma sala com uma pequena cozinha, quartos com casas de banho e logradouros, podendo receber em média 16 pessoas. A arquitetura é de estilo rústico antigo do século XVII. No Paço d’Anha há a realização de convívios, encontros, festas populares, religiosas, etc. Esta quinta, como já foi referido, é famosa pela manufaturação do vinho verde branco Paço d’Anha, tendo em 1991, recebido a visita de 3 japoneses que queriam experimentar este vinho tão cobiçado e que acabaram por deixar as suas impressões escritas em japonês no “Livro de Honra”. Ainda no mesmo ano, o Paço d’Anha recebeu a visita de alguns franceses que estavam em Portugal e integravam a A.P.P.A.C.D.M. Visitaram a quinta e as casas de turismo, participaram numa prova de vinho e ainda receberam os diplomas.

Refúgio de D. António Prior Do Crato na Quinta do Paço d’Anha

D. António Crato era pretendente ao trono, na crise de 1580, e esteve refugiado nesta Quinta cerca de 20 dias, donde lhe provem o nome de Paço e nela ainda existe a arca em que ele se escondeu do capitão espanhol D. Sancho Ávila. Portugal não queria um Rei espanhol, então Santarém aclamou D. António rei de Portugal e de seguida muitas terras do país seguiram o seu exemplo. No entanto, o Arcebispo quis ser imparcial e como o Senhor de Braga abriu eleições e D. Filipe, Rei de Castela, saiu vitorioso. D. António não chegou a tomar posse do Reino e após ter sido vencido na batalha de Alcântara em 24 de agosto de 1580, teve de se refugiar no norte do país.

Capela de Santo António da Quinta do Paço d'Anha[editar código-fonte]

Esta Capela foi fundada por João d’Agorreta Ferreira, que instituiu a casa e a Capela em Morgado no ano 1626. Nela está sepultado o seu irmão António. O seu filho, João d’Agorreta Ferreira, o primeiro Morgado do Paço d’Anha (instituído por seu pai), casou nesta capela a 5 de maio de 1642 com D. Inês de Miranda Pereira. A capela está construída numa das frentes do Campo chamado “da Capela”, cujo rendimento da produção agrícola servia, no passado, para suportar as despesas do culto e da manutenção do edifício. O Dr. José d’Alpuim d’Agorreta Sá Coutinho, pai dos proprietários atuais, homenageado pela freguesia e pela câmara, que lhe dedicaram o nome de uma rua por tudo o que fez em prole da freguesia. Está também sepultado na Capela de Santo António.

Alminhas d' Anha[editar código-fonte]

Alminhas D’Anha

Esses oratórios de reduzidas dimensões surgiram por volta do Século XVI, sendo encontrados nas encruzilhadas de caminhos ou nas entradas das povoações. Estas são normalmente compostas por um nicho onde são colocadas imagens pintadas sobre tábuas, azulejos ou, até mesmo, esculturas. As alminhas surgiram como reação do povo à Reforma Protestante, movimento político e religioso que conduziu a uma cisão no mundo católico, provocando a Contra-Reforma. Este símbolo da cultura portuguesa tem como objetivo primordial sugerir uma oração pelos que já partiram, para que sejam purificados e possam participar no Banquete do Reino de Deus. Assim se explica o aparecimento de imagens das Almas do Purgatório. Contabilizam-se seis alminhas em Anha, sendo que na antiga Estrada Real podemos deparar-nos com as famigeradas Alminhas do Faro, local de um aparente crime hediondo.

Capela do Senhor dos Aflitos[editar código-fonte]

Conhecida como "Capela Mortuária", encontra-se localizada no Lago da Matriz e foi construída em 1884. A sua função é “Acompanhar à sepultura os cadáveres dos irmãos quando tenham enterro religioso”. É local de repouso e da última romagem aos falecidos.

Quinta e Capela de S. Gonçalo[editar código-fonte]

A quinta de S. Gonçalo, situada nos lugares da Residência, dos Penedos, da Rua e do Mote e circundada pelas ruas de S. António, S. Tiago. Residência e Travessa de S. António, possui duas casas e uma capela. Esta capela estava na posse de João Martins Viana em 1850. De salientar que nestas duas casas da Quinta funcionaram, nos primeiros anos da década de 40 do Século XX, outras tantas salas de aula do ensino primário. S. Gonçalo, santo que dá nome à capela, é um Santo Dominicano. Segundo a poesia e o folclore ele é considerado o casamenteiro das velhas e o protector contra males matrimoniais.

Adro da Igreja Matriz d'Anha[editar código-fonte]

Antigamente, o Adro da Igreja Paroquial dividia-se em duas partes no toante à sua função como cemitério. As mesmas eram designadas pela “dos pobres” e pela “dos ricos”. O centro da soleira da porta principal do templo era considerado como sendo a divisória, pelo que, a do norte seria a dos pobres e a outra, do sul, a dos ricos.

Praia do Rodanho[editar código-fonte]

Vista da Praia do Rodanho.

Conta com uma considerável extensão de areias brancas e com uma bonita envolvente de vegetação. A sua bela paisagem dunar encontra-se protegida por longos percursos de passadiços de madeira que nos levam ao areal, a partir dos quais podemos apreciar a fauna e flora. É uma praia única e maravilhosa porque é possível contemplar a existência de dunas um pouco “montanhosas”, cheias de altos e baixos, repletas de erva no meio do areal. Tal deve-se à passagem de um pequeno rio que é a origem de toda esta vegetação. É o local ideal para um passeio relaxado em contacto com a natureza.

Em Rodanho pode contar com bons apoios de praia, como sanitários, duches, restauração, estacionamento, entre outros. Estação Paleolítica: foram encontrados no local do Rodanho vários seixos afeiçoados e picos. As peças foram encontradas à superfície e no que resta de um cordão cascalhento com seixos de várias proveniências, misturados por acção do declive e pelo efeito das rebentações sobre os eixos, previamente enterrados na areia.

Espólio: os seixos colhidos por Falcão Machado foram depositados na Associação dos Arqueólogos Portugueses. Os achados A. A. Abreu encontram-se na SIRD – Sociedade de Instrução e Recreio de Darque.

Figuras Notáveis (Poetas)[editar código-fonte]

José Gonçalves Araújo Novo[editar código-fonte]

José Gonçalves Araújo Novo nasceu a 28 de janeiro de 1917 em Chafé – lugar pertencente, na data, à freguesia de Anha, hoje uma freguesia independente – e licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Exerceu advocacia até à idade de se aposentar e sempre manifestou grande carinho e consideração por Anha. Araújo Novo faleceu em fevereiro de 2003 e foi sepultado nesta vila como foi seu desejo. Tendo amado Anha perdidamente, debruçou-se sobre vários temas, tendo sido o seu tema primordial a sua paixão pela terra que o viu nascer.

Francisco Viriato de Carvalho[editar código-fonte]

Francisco Viriato de Carvalho, nascido na antiga freguesia Sant’Iago de Anha no dia 19 do mês de dezembro de 1882. Viveu em Viana do Castelo, onde fez os seus estudos no antigo Liceu dessa cidade. Após ter concluído os estudos liceais, saiu de Viana para frequentar o curso superior na escola Politécnica do porto e na Escola Médica de Lisboa. Em 1895, atormentado pela doença, regressou à sua terra natal, na qual, durante os seus últimos meses de vida, fez parte do grupo que integrava os elementos da elite intelectual da cidade. Viriato de Carvalho revelou e expandiu o seu talento de poeta no Jornal Vida Nova e no jornal Aurora do Lima; não obstante, este poeta foi ignorado e esquecido na terra que o viu nascer, falecendo com apenas 23 anos no dia 15 de março de 1896. Apesar de ter sido relegado para um esquecimento quase total, houve um Anhense que reabilitou a casa que o viu nascer e a transformou numa vivenda de turismo, apelidando-a de “Casa de férias Poeta Viriato de Carvalho”. Consta-se, no entanto, que existiu um episódio estranho entre este talentoso poeta e o seu grande amigo, Salvato Feijó, o qual teve por cenário um dos quartos do extinto Hotel Europa na Praça da República na cidade de Viana do Castelo. Ambos eram jovens estudantes e enquanto Feijó estudava, Viriato entretinha-se a desencravar a sua arma, que continha duas balas na sua câmara. Inesperadamente, a arma disparou e um dos projecteis atingiu a virilha do companheiro.

Sarrabulho

Cozido à Portuguesa

  • Arroz q.b.
  • Chouriças (Verde, carne, "sanguinha")
  • Repolho ("coração")
  • Calda/ água de cozer as carnes do cozido
  • Sal q.b.

Após a cozedura dos legumes e das carnes, retira-se uma parte de repolho, vulgarmente chamado de ‘coração’ e corta-se aos pedaços pequenos. Corta-se um pouco de cada carne/ chouriça e pica-se; junta-se o legume e carnes ao tacho onde previamente se colocou a calda das carnes escoada a ferver e em quantidade suficiente para o número de chávenas de arroz a deitar (2 chávenas de água para cada chávena de arroz).

Deita-se chávenas de arroz em número suficiente para a quantidade de pessoas e deixa-se cozer lentamente, mexendo de vez em quando e temperando. Quando o arroz estiver quase cozido, desliga-se o fogo, deixa-se a a panela/ tacho tapada/o, fazendo com que o arroz acabe de cozer na calda, ficando seco, solto e delicioso.

Nota: a calda deve ser escoada após a cozedura das carnes, pois contém a gordura das carnes cozidas e se assim não fizer, pode tornar o arroz enjoativo e gorduroso.

Um Anhense reabilitou a casa do poeta Viriato de Carvalho, casa essa que viu o poeta nascer e transformou-a numa vivenda de turismo, apelidando-a de “Casa de férias Poeta Viriato de Carvalho”.

Quinta Paço d'Anha – Turismo Rural com algumas casas para alugar para férias ou curtas estadias.

Alminhas do Faro[editar código-fonte]

Erigidas em memória de um crime atroz, famoso entre o povo pelo seu julgamento arbitrário. A 18 de janeiro de 1836 passavam por Anha o ourives Joaquim Moninhas e o contador de gado e seu compadre, João Pereira Saraiva, ambos pertencentes ao Concelho de Esposende. Ao virem de Viana e na passagem pelo Faro d’Anha foram assaltados havendo troca de tiros. João Saraiva ficou ferido enquanto o seu companheiro conseguiu escapar. António Manuel Barreto, mais conhecido por Antoninho, de vinte e cinco anos de idade e residente em Barroselas, assistiu casualmente ao crime pois vinha de cumprir uma missão para o seu amo; ao tentar acudir o homem estendido no chão, este agarrou-o tendo ficado com um pedaço das suas calças. Era apenas um "trapo", mas foi este trapo que o incriminou. Foi enforcado, sem que o povo tivesse ficado convencido da sua culpa, chegando ao extremo de lhe reconhecer santidade.

Crendices[editar código-fonte]

Relativas à gravidez, nascimento e infância:

  1. No dia de S. Pedro de Rates, as mulheres grávidas não podem utilizar facas, tesouras ou agulhas.
  2. Quem tiver galinhas no choco também não o deverá fazer, pois os pintos nascerão defeituoso.
  3. Uma mulher grávida não deve tocar/cheirar flores, pois, se o fizer, a criança nascerá com uma mancha na pele. No caso de tocar em flores, a mancha nascerá na parte do corpo onde a mulher primeiro colocar a mão.
  4. Quando uma criança nasce, as unhas devem ser cortadas pelos dentes da mãe.
  5. É costume dar de beber aos bebés água do primeiro banho, a que se chama “água de cu lavado”, dizendo: "Águinha a beber, a criança a crescer."
  6. As crianças não podem entrar na igreja antes do dia do Batismo. Estas crianças também não podem ficar sem luz, devem ter uma luz acesa mesmo durante a noite.
  7. A roupa das crianças não pode ficar a secar de noite, tolhe as crianças.
  8. Quando um bebe sai de noite tem de levar uma peça de roupa do pai ou, então, ir ao seu colo.
  9. Para que o bebé se livre do "mau olhado" deve passar-se as calças do pai do avesso e em cruz, sobre a cabeça da criança.
  10. Há alguns anos, quando se achava que uma criança estava aguada, recolhia-se massa de sete cozeduras, ou seja de sete casas, fazia-se um bolo com sete pequenos buracos nos quais se colocava um pingo de azeite e cozia-se para lhe dar de comer. Era o chamado bolo dos aguados.

Crenças Variadas[editar código-fonte]

O mar é sagrado, devido a isso não se deve despejar lixo, mas se o fizerem ele deita-o fora. A ideia de mar sagrado está presente nestes versos:

Ainda acreditam na existência de sereias. Elas cantam muito bem e enganam os navios:

Nos inícios do mundo, quando o homem cavava a terra, esta começava a gritar. O homem queixou-se a Deus e Este disse à terra: “Cala-te, que tudo criarás e tudo comerás.” Esta cantiga diz o mesmo:

Para muitas pessoas, a ideia do Céu a chover sobre a terra é sobrenatural; Quando chove e faz sol ao mesmo tempo, quer dizer que o sol envia pérolas para a terra se enfeitar. Estas cantigas assim o dizem:

Quando se ouve um eco num vale ou num monte, o povo diz que é uma Moura encantada a falar.

Na maioria dos montes existem capelas cristãs; as imagens são quase sempre encontradas por um pastor de gado e são levadas para a igreja mais próxima, mas depois fogem para o mesmo sítio. Isso significa que elas querem ter ali um templo.

Festas Populares e Romarias[editar código-fonte]

Festas de Vila Nova de Anha[editar código-fonte]

As festas de Vila Nova de Anha são histórico-religiosas, acontecendo anualmente nos finais do mês de julho. São festas em honra de S. Tiago, Sto. António e S. José. Estas festas contam com a presença de um cortejo etnográfico e histórico que mostra a tradição, usos e costumes, através de um fantástico desfile etnográfico nas suas principais artérias, andores floridos confecionados totalmente com flores naturais, bandas de música, conjuntos, ranchos folclóricos, exposições dos costumes desta terra e uma quantidade impressionante de fogo de artifício. Quem realiza estes eventos é a comissão de festas, da qual fazem parte todos os grupos da comunidade. As festas de Vila Nova de Anha são das melhores do distrito e são pagas quase na totalidade pela sua população.

“A festa envolve o ser humano no domínio do mistério, na fantasia do depois, na quimera da lenda, no entusiasmo do imediato, no fascínio do inesperado, ao mesmo tempo que o faz regressar às suas origens, recordar os seus maiores e afirmar-se como centro histórico, lugar charneira da influência temporal e força centrípeta do processo civilizatório” - Padre Alípio da Silva Lima, 1996.

Romarias[editar código-fonte]

Os banhos tomados no mar devem ser em número ímpar. No dia de S. Bartolomeu cada banho vale por sete, porque este santo é uma divindade marítima. Nesse dia, o povo vai ao mar em romaria, envolvendo música e dança ao mar.

Ligações Externas[editar código-fonte]

Paço d'Anha

Bibliografia[editar código-fonte]

  • Anha – Povo, Terra e Mar, (2003), Viana do Castelo. Organizadores – Carla Caetano, Ivone Rego, Sílvia Barros e Rego Meira. Edição – Grupo de Danças e Cantares da Casa do Povo de Vila Nova de Anha; fotocomposição e impressão: Viúva de José de Sousa, Filhos, Lda.
  • Revistas – Festas de Vila Nova de Anha, Viana do Castelo: edições de 1986 – 2014. Edição – Comissão de Festas.