Yukio Mishima

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Yukio Mishima
三島由紀夫
Yukio Mishima.
Nascimento 14 de janeiro de 1925
Tóquio
Morte 25 de novembro de 1970 (45 anos)
Serviço militar
País  Japão

Yukio Mishima, em japonês 三島由紀夫, (Tóquio, 14 de janeiro de 1925 — Tóquio, 25 de novembro de 1970) foi um novelista e dramaturgo japonês mundialmente conhecido por romances como Brasil: O Templo do Pavilhão Dourado / Portugal: O Templo Doirado (金閣寺 Kinkaku-ji) e Cores Proibidas (禁色 Kinjiki). Escreveu mais de 40 novelas, poemas, ensaios e peças modernas de teatro Kabuki e Nô.[1]

Biografia

Origens

Yukio Mishima era o nome artístico utilizado de Kimitake Hiraoka (em japonês 平岡公威; Hiraoka Kimitake), que nasceu na capital do Japão em 1925, onde teve uma infância problemática marcada por eventos que mais tarde influenciariam fortemente a sua literatura. Ainda criança foi separado dos seus pais e passou a viver com a avó paterna, uma aristocrata ainda ligada à Era Tokugawa. A avó mal deixava a criança sair de sua vista, de forma que Kimitake teve uma infância isolada.[2] Muitos biógrafos de Mishima acreditam emergir desta época seu interesse pelo Kabuki e sua obsessão pelo tema da morte.

Aos doze anos Kimitake voltou a viver com os pais e começou a escrever suas primeiras histórias. Matriculou-se num colégio de elite em Tóquio. Seis anos depois, publicou numa revista literária um conto que posteriormente foi editado em livro. Seu pai, um funcionário burocrático do governo, era totalmente contra suas pretensões literárias. Nessa época adoptou o pseudónimo Yukio Mishima, em parte para ocultar seus trabalhos literários do conhecimento paterno. Foi recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, porém ficou fora das linhas de frente por motivos físicos e de saúde. Este fato tornou-se depois fator de grande remorso para Mishima que testemunhou a morte de seus compatriotas e perdeu a oportunidade de ter uma morte heróica. Forçado pelo pai, matriculou-se na Universidade de Tóquio onde formou-se em direito. Após a graduação conseguiu um emprego promissor no Ministério das Finanças.[3] No entanto, tornou-se tão desgostoso que, por fim, convenceu o pai a aceitar a sua carreira literária. Seu pai, um sujeito rude e disciplinador, teria dito que, já que era para ser escritor, era melhor ele se tornar o melhor escritor que o Japão já viu.

Início da carreira literária

Mishima tinha 24 anos quando publicou Confissões de Uma Máscara (仮面の告白; Kamen no Kokuhaku),[3] uma história com sabores autobiográficos de um jovem talento homossexual que precisa se esconder atrás de uma máscara para evitar a sociedade. O romance acabou alcançando um tremendo sucesso literário, o que levou Mishima a um estado de celebridade e seguiu a outras publicações e traduções, de forma a ficar internacionalmente conhecido. Yukio Mishima concorreu a três Prêmios Nobel de literatura, sendo o último deles concedido a seu amigo, Yasunari Kawabata[4], que o introduziu aos círculos literários de Tóquio nos anos 40.

Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e ativa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e se alista no Exército de Autodefesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita composta de jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a displina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, atuou como ator em filmes e co-dirigiu uma adaptação de uma de suas histórias.

Tentativa de golpe de estado e seppuku

Em 25 de Novembro de 1970, Yukio Mishima, acompanhado de 4 membros do Tatenokai, renderam o comandante do quartel general das Forças de Autodefesa japonesas em Tóquio. Ele realizou um discurso patriótico na tentativa de persuadir os soldados do quartel a restituírem ao Imperador os seus poderes.[5] Notando a indiferença dos soldados, Yukio Mishima cometeu seppuku, sendo assistido por Hiroyasu Koga, uma vez que Masakatsu Morita, seu amante, falhou no momento final.[6]

“A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.[3]

Acredita-se que Mishima tenha preparado seu suicídio por um ano. Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade (豊穣の海 Hōjō no Umi).

Obras principais

Título em japonês Título em português (em inglês) Ano
假面の告白
Kamen no Kokuhaku
Confissões de uma Máscara 1948
愛の渇き
Ai no Kawaki
Sede de Amor 1950
禁色
Kinjiki
Cores Proibidas 1953
潮騷
Shiosai
O Tumulto das Ondas 1954
金閣寺
Kinkaku-ji*
Brasil: O Templo do Pavilhão Dourado / Portugal: O Templo Doirado 1956
鏡子の家
Kyōko no Ie
A Casa de Kyoko 1959
宴のあと
Utage no Ato
Depois do Banquete 1960
午後の曳航
Gogo no Eikō
O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar 1963
絹と明察
Kinu to Meisatsu
Seda e Visão 1964
三熊野詣
Mikumano Mōde
(conto)
Atos de Adoração 1965
サド侯爵夫人
Sado Kōshaku Fujin
(peça)
Madame de Sade 1965
憂國
Yūkoku
(conto)
Patriotismo 1966
眞夏の死
Manatsu no Shi
Morte no Verão 1966
葉隠入門
Hagakure Nyūmon
O Caminho do Samurai 1967
わが友ヒットラー
Waga Tomo Hittorā
(peça)
Meu Amigo Hitler e outras peças 1968
太陽と鐡
Taiyō to Tetsu
Sol e Aço 1970
豐饒の海
Hōjō no Umi
O Mar da Fertilidade tetralogia: 1964-
1970
  I. 春の雪
  Haru no Yuki
   1. Neve de Primavera 1968
  II. 奔馬
  Honba
   2. Cavalos em Fuga 1969
  III. 曉の寺
  Akatsuki no Tera
   3. O Templo da Aurora 1970
  IV. 天人五衰
  Tennin Gosui
   4. A Queda do Anjo 1970

Referências

  1. Biografia pela The Internet Movie Database
  2. Naoki Inose & Hiroaki Sato, Persona: A Biography of Yukio Mishima (Naoki Inose, Hiroaki Sato) (Stone Bridge Pr 2012)
  3. a b c Artigo no jornal inglês “The Guardian”
  4. Nobel Prize Organization
  5. Mishima, Yukio; O Hagakure; A Etica dos Samurais; (1987); p 9; Editora Rocco ltda.
  6. Biografia de Yukio Mishima

Ligações externas