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Demência vascular

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Demência vascular
Demência vascular
Cérebro de vítima de demência vascular por leucoaraiose
Especialidade psiquiatria, neurologia
Frequência 1.6%
Classificação e recursos externos
CID-10 F01
CID-9 290.4
DiseasesDB 8393
MedlinePlus 000746
eMedicine 292105, 1135408
MeSH D015140
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Demência vascular (DV) refere-se a qualquer demência na qual a principal causa foi uma doença vascular encefálica. No Brasil é o segundo tipo mais comum de demência, sendo a primeira por Alzheimer. Cerca de 30% dos idosos com mais de 85 anos, sendo mais comum em homens. Geralmente são resultado de grandes lesões causadas quando um coágulo bloqueia a passagem de sangue no cérebro (acidente vascular cerebral isquêmico). Caso esse coágulo tenha sido formado por arritmia cardíaca será classificada como demência por infartos múltiplos.[1]

A prevalência média de demência, acima dos 65 anos de idade, variou entre 2,2% na África, 5,5% na Ásia, 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.[2]

Em alguns países orientais é a primeira causa de demência. No Brasil é sub-diagnosticada quando comparada com outros países em desenvolvimento. Em países desenvolvidos com alta expectativa de vida, o risco de desenvolver demência de origem vascular (DVa) é de 29,8% em homens e 25,1% em mulheres.[3] Como é provável que em 2025, o Brasil se torne o 6o país com mais idosos no mundo é importante começar o trabalho preventivo o mais cedo possível. O número de vítimas de demências aumenta exponencialmente com a idade afetando apenas 1,1% dos idosos entre 65 e 70 anos e mais de 65% depois dos 100 anos. A média brasileira em 1998 na população acima de 65 anos era de 7,1%.[4]

Dentre as principais causas estão:[5]

São considerados fatores de risco a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), tabagismo, alcoolismo, doença cardíaca, aterosclerose, dislipidemia e obesidade. A DV é mais comum no sexo masculino, de raça negra ou mulata e com baixa escolaridade.[6]

O diagnóstico de DV é feito com base no quadro clínico e em exames complementares de neuroimagem, podendo ser auxiliado pelo emprego de escalas específicas (como a escala de Hachinski e a escala Rose por exemplo). Seus principais diagnósticos diferenciais são outras demências porém existem evidências que indicam a possibilidade dela ocorrer simultaneamente ao Alzheimer.[7]

Para o diagnóstico DSM-IV os critérios são:

  • Evidências de lesão cerebrovascular;
  • Prejuízos sociais e ocupacionais significativos;
  • Prejuízos na memória;
  • Afasia (distúrbio de linguagem);
  • Apraxia (dificuldade em executar tarefas);
  • Agnosia (dificuldade em reconhecer objetos) e
  • Dificuldade de planejamento, organização, sequênciamente e/ou abstração.

E esses sintomas não podem ocorrer exclusivamente durante delírios

O tratamento eficaz da DV deve incluir:

  • Prevenção de novas lesões cerebrovasculares por exemplo usando anti-hipertensivos e antitrobóticos quando necessário;
  • Intervenções farmacológicas para neuroproteção, ativação cerebral, tratar as manifestações psiquiátricas e retirar medicamentos que causem efeitos mais prejudiciais que benéficos. (especialmente os hipotensores e os que causem declínio cognitivo);
  • Adequação do ambiente para as dificuldades do idoso e
  • Mobilização da família e dos cuidadores.

Os tratamentos medicamentosos podem diminuir e estabilizar o processo de deterioração cognitiva dos pacientes com DV. Em um acompanhamento de 5 anos, 6% dos pacientes tiveram seus déficits cognitivos e alterações do humor revertidos e 40% se mantiveram independentes.[8]

Como existe alta frequência de depressão, perturbações comportamentais e transtornos de ansiedade associados as demências o acompanhamento psicoterapêutico para pacientes e familiares pode ajudar muito a melhorar a qualidade de vida da família. Esse acompanhamento geralmente inclui exercícios cognitivos, grupos de apoio, instrução para as principais dificuldades e acompanhamento regular do comprometimento cognitivo através de testes psicológicos.

Referências

  1. Jerusa Smid, Ricardo Nitrini, Valéria S. Bahia e Paulo Caramelli.(2001)CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA DEMÊNCIA VASCULAR - Avaliação retrospectiva de uma amostra de pacientes ambulatoriais |journal=Arq Neuropsiquiatr |volume=59 |issue=2B|pages=390-393|year=2001 |url = http://www.scielo.br/pdf/anp/v59n2B/a15v592b.pdf}}[ligação inativa]
  2. Marcos A. Lopes, Cássio M.C. Bottino. PREVALÊNCIA DE DEMÊNCIA EM DIVERSAS REGIÕES DO MUNDO. Análise dos estudos epidemiológicos de 1994 a 2000. Arq Neuropsiquiatr 2002;60(1):61-69
  3. Hagnell O, Ojesjo L, Rorsman B. Incidence of dementia in the Lundby study. Neuroepidemiology 1992;11(Suppl 1):61-66.
  4. Herrera E Jr, Caramelli P, Nitrini R. Estudo epidemiológico populacional de demência na cidade de Catanduva - Estado de São Paulo - Brasil. Rev Psiquiatria Clin 1998;25:70-73.
  5. Charles André. Demência vascular: dificuldades diagnósticas e tratamento. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1998, vol.56, n.3A [cited 2011-03-02], pp. 498-510 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1998000300025&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-282X. doi: 10.1590/S0004-282X1998000300025.
  6. Nyenhuis DL, Gorelick PB. Vascular dementia: a contemporary review of epidemiology, diagnosis, prevention, and treatment. J Am Geriatr Soc 1998;46:1437-1448.
  7. Erkinjuntti T. Differential diagnosis between Alzheimer’s disease and vascular dementia: evaluation of common clinical methods. Acta Neurol Scand 1987;76:433-442.
  8. Lechner H, Schmidt R, Goetz B. Long-term experience of a trial in multi-infarct dementia. Neuroepidemiology 1990;9:228-232.