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Romeu e Julieta: diferenças entre revisões

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{{quote|<math>\mathfrak{Q}</math>ue é Montecchio? <ref> Sobrenome da família de Romeu, os rivais da família de Julieta. </ref>? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira. |Julieta, Ato II, Cena II}}
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'''Romeu e Julieta''' ('''The Most Excellent and Lamentable Tragedy of Romeo and Juliet''', no original) é a primeira [[tragédia]] de [[William Shakespeare]] sobre dois adolescentes completamente retardados, cuja a "morte com muito sexo" de ambos acaba unindo pelo pau no cu família dos dois, que antes eram rivais. É seguramente uma das maiores obras da [[dramaturgia]] mundial. Fora traduzida para vários idiomas. Há centenas de adaptações teatrais e cinematográficas da obra(entre os mais populares são os dirigidos por [[Zeffirelli]] e [[Baz Luhrmann|Luhrmann]]). Inúmeras são também as inspirações musicais sobre este drama (sem reminiscência e balé de [[Pyotr Ilyich Tchaikovsky|Tchaikovsky]] e [[Prokofiev]] e o famoso musical ''[[West Side Story]]'').
'''Romeu e Julieta''' ('''The Most Excellent and Lamentable Tragedy of Romeo and Juliet''', no original) é a primeira [[tragédia]] de [[William Shakespeare]] sobre dois adolescentes completamente apaixonados, cuja a "morte inoportuna" de ambos acaba unindo a família dos dois, que antes eram rivais. É seguramente uma das maiores obras da [[dramaturgia]] mundial. Fora traduzida para vários idiomas. Há centenas de adaptações teatrais e cinematográficas da obra(entre os mais populares são os dirigidos por [[Zeffirelli]] e [[Baz Luhrmann|Luhrmann]]). Inúmeras são também as inspirações musicais sobre este drama (sem reminiscência e balé de [[Pyotr Ilyich Tchaikovsky|Tchaikovsky]] e [[Prokofiev]] e o famoso musical ''[[West Side Story]]'').


A vida dos dois protagonistas foi assunto de destaque na época e durou séculos. Ainda hoje, o romance dramático de ''Romeu e Julieta'' possui um valor completamente simbólico, como se divergesse o tipo do amor perfeito, aquele que suporta os preconceitos e os atritos. O drama shakespeariano nasceu clássico e aqueles que entram em contato com este clássico, logo compreendem uma direta amorosa do sentimento amoroso tão admirável e poético.
A vida dos dois protagonistas foi assunto de destaque na época e durou séculos. Ainda hoje, o romance dramático de ''Romeu e Julieta'' possui um valor completamente simbólico, como se divergesse o tipo do amor perfeito, aquele que suporta os preconceitos e os atritos. O drama shakespeariano nasceu clássico e aqueles que entram em contato com este clássico, logo compreendem uma direta amorosa do sentimento amoroso tão admirável e poético.

Revisão das 12h20min de 2 de setembro de 2008

 Nota: Se procura Romeu e Julieta, veja Romeu e Julieta (desambiguação).

Romeu e Julieta numa cena de amor, num quadro de Ford Madox Brown.
ue é Montecchio? [1]? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.
— Julieta, Ato II, Cena II

Romeu e Julieta (The Most Excellent and Lamentable Tragedy of Romeo and Juliet, no original) é a primeira tragédia de William Shakespeare sobre dois adolescentes completamente apaixonados, cuja a "morte inoportuna" de ambos acaba unindo a família dos dois, que antes eram rivais. É seguramente uma das maiores obras da dramaturgia mundial. Fora traduzida para vários idiomas. Há centenas de adaptações teatrais e cinematográficas da obra(entre os mais populares são os dirigidos por Zeffirelli e Luhrmann). Inúmeras são também as inspirações musicais sobre este drama (sem reminiscência e balé de Tchaikovsky e Prokofiev e o famoso musical West Side Story).

A vida dos dois protagonistas foi assunto de destaque na época e durou séculos. Ainda hoje, o romance dramático de Romeu e Julieta possui um valor completamente simbólico, como se divergesse o tipo do amor perfeito, aquele que suporta os preconceitos e os atritos. O drama shakespeariano nasceu clássico e aqueles que entram em contato com este clássico, logo compreendem uma direta amorosa do sentimento amoroso tão admirável e poético.

Trama

Predefinição:Revelações sobre o enredo

uas casas, iguais em dignidade – na formosa Verona vos dirão – reativaram antiga inimizade, manchando mãos fraternas sangue irmão. Do fatal seio desses dois rivais um par nasceu de amantes desditosos, que em sua sepultura o ódio dos pais depuseram, na morte venturosos. Os lances desse amor fadado à morte e a obstinação dos pais sempre exaltados que teve fim naquela triste sorte em duas horas vereis representados. Se emprestardes a tudo ouvido atento, supriremos as faltas a contento.
— Coro, Prólogo

Logo após o coro, o Ato I é iniciado com uma rua de Verona, do qual os Montecchio estão confrontando-se com os Capuletos. A briga é interompida por Escalo, príncipe de Verona, que declara morte aos chefes de ambas as famílias, caso eles não terminem com essa luta e, em seguida, dispersa a multidão. Mais tarde, Páris, um jovem nobre, pede em casamento ao Sr. Capuleto a sua filha de quatorze anos, Julieta. O Sr. Capuleto o convida a uma festa que haverá naquela noite, do qual ele terá a oportunidade de atrair a atenção de Julieta.

Enquanto isso, Benvólio, sobrinho do Sr. Montecchio, conversa com seu primo Romeu. Ele descobre que seu primo anda triste e apaixonado por uma garota chamada Rosaline. Após a grande insistência de Benvólio e de seu outro amigo Mercúcio, Romeu decide assistir a festa de máscaras na casa dos Capuletos, na esperança de encontrar-se com Rosaline. Romeu assiste a festa como planejado, até se apaixonar por Julieta. Julieta apaixona-se completamente por ele também. Os dois trocam pequenas palavras. Romeu, arriscando sua vida, permanece no jardim dos Capuletos após o término da festa, e na famosa cena do terraço, os dois declaram o amor que um sente pelo outro e decidem-se ficarem juntos em segredo. No dia seguinte, o Frei Lourenço decide casá-los, para também promover a paz entre ambas as famílias.

No entanto, algo perigoso acontece: Tebaldo, primo de Julieta, de temperamento desafiador, reúne Romeu e tenta provocá-lo para um duelo de espadas. Romeu recusa-se, mas Mercúcio aceita em seu lugar. Depois de um pequeno confronto, Mercúcio morre e Romeu, furioso com a morte do amigo, confronta-se com Tebaldo; este morre. Benvólio então grita para Romeu fugir e este o faz desesperadamente. O príncipe declara punição à Romeu. Deixa-o viver, embora resolva por final bani-lo para sempre de Verona. A essa altura Julieta recebe a notícia dos acontecimentos e mantém-se completamente apaixonada pelo marido. A ama de Julieta, uma carinhosa mulher, conversa com ela e nestes diálogos fica claro o amor de Julieta por Romeu.

oderei falar mal de meu marido? Ah! meu pobre senhor, que língua pode teu nome acariciar, se eu, há três horas apenas, tua esposa, o mutilei? Mas por que deste a morte, miserável, a meu primo? É que o primo miserável teria dado a morte a meu marido. Voltai, lágrimas tolas, para vossa fonte de origem; à tristeza são devidas as gotas tributárias que por engano ofereceis ao riso. Vivo está meu esposo, que Tebaldo desejava matar; morto, Tebaldo, que teria matado meu marido. Isso consola. Então, por que chorar? Mas há uma palavra pior ainda que a morte de Tebaldo e que me mata. Desejara esquecê-la; mas, oh dor! pesa-me na memória: "Assassinado foi Tebaldo e Romeu se acha banido!" Essa palavra só, esse "banido", matou dez mil Tebaldos. Essa morte de Tebaldo já fora dor bastante, se terminasse aí. Ou, ainda mesmo que a dor amarga amasse a companhia, e acompanhada se fizesse sempre de outras desgraças, por que causa, quando ela disse: "Tebaldo está sem vida", não se seguiu, também: "teu pai foi morto", ou "tua mãe", ou ambos, sim, que fora razão de sobra para as ordinárias lamentações? Mas vindo a retaguarda da morte de Tebaldo com este título: "Romeu banido foi", não há limite, medida, fim, nem termo para a morte dessa palavra. Tudo está sem norte.
— Julieta, Ato III Cena II

Julieta pede à ama que entregue à Romeu um anel, como prova de seus sinceros sentimentos. E, mesmo que seja arriscado, dá o recado de que Romeu precisa vir encontrar-se com ela às noites. Ao receber o anel, Romeu diz sentir seu coração mais fortalecido. De fato, Romeu e Julieta passam a noite apaixonadamente juntos.

odas estas dores nos servirão ainda unicamente para doces deixar nossos colóquios, Julieta.
— Romeu, Ato III, Cena V

Romeu parte para Mântua. Os Senhores Capuletos resolvem casar Julieta com o Conde Páris. O desespero de Julieta faz com que ela se encontre com o Frei Lourenço e ele resolve ajudá-la. Diz para aceitar o casamento apenas para despistar os pais. Julieta recebe um frasco de elixir para simular uma suposta morte. Tomando o conteúdo do frasco, sua família acreditaria em sua morte, o casamento com Páris não aconteceria e o Frei Lourenço, através de uma carta, falaria com Romeu para que ele voltasse. Dessa forma, os dois poderiam ficar juntos e até provavelmente fugir em segredo.

arranja-me uma dracma de veneno, mas droga tão violenta que tão veloz se espalhe pelas veias, que a pessoa cansada desta vida, bebendo-a, caia morta, e que do corpo o fôlego se aparte tão depressa como pólvora acesa, ao desprender-se do fatal ventre do canhão medonho.
— Romeu, Ato V, Cena I

O que seria um plano perfeito transforma-se em uma sucessão de tragédias: a carta acaba sendo extraviada. Romeu, recebendo a notícia da morte da amada, angustia-se e compra um veneno para suicidar-se também. O jovem volta à Verona e toma o remédio diante do corpo de sua amada, morrendo junto a ela.

Quando Julieta acorda, o horror torna-se ainda maior. Seu desespero é grande e igual ao de quando Romeu pensou que ela estivesse realmente morta e, com o intuito de morrer ao seu lado, procure alguma gota de veneno em seus lábios. Sem saíde, as mãos de Julieta apoderam-se de um punhal na bainha de Romeu e ela apunhala-se, caindo junto ao corpo dele.

ê bem-vindo, punhal! Tua bainha é aqui. Repousa ai bem quieto e deixa-me morrer!
— Julieta, Ato V, Cena III

As famílias Montecchios e Capuleto perdoam-se mutuamente logo após a descoberta do relacionamento amoroso e trágico de seus filhos, e a paz é mantida em nome do amor de Romeu e Julieta.

Principe: Uma paz triste a manhã traz consigo;
O sol, de luto, nem quer levantar.
Alguns terão perdão, outros castigo;
De tudo isso há muito o que falar.
Mais triste história nunca aconteceu
Que esta, de Julieta e Romeu.
Romeu e Julieta, Ato V Cena III

Predefinição:Spoiler-fim

Relações dos atos

  • Ato I : Inicia-se num diálogo entre Sansão e Gregório, criados da família Capuleto e termina num diálogo entre Julieta e sua ama. O Ato I mostra o confronto entre a família Capuleto e a família Montecchio, a suposta paixão de Romeu com Rosalina e o amor repentino de Julieta por Romeu. Embora saibam que a suas famílias são rivais, o mais importante para cada um dos dois é o sentimento. As conversas de Julieta com sua ama fazem com que ela demonstre seus sentimentos por Romeu.
  • Ato II: Inicia com Romeu saltando para dentro do jardim dos Capuletos. Ele encontra-se com Julieta no terraço e, na clássica cena, os dois juram amor um pelo outro. Termina com Frei Lourenço, Julieta e Romeu juntos, preparados para o casamento.
  • Ato III: Tebaldo intervém no casamento. Mercúcio morre e Romeu é atacado pela cólera, assassinando Tebaldo. Ainda na Cena I, a família Montecchio e Capuleto discutem perante o príncipe quanto á morte de Mercúcio e Tebaldo. Os Montecchio alegam que Romeu assassinou Tebaldo apenas porque este feriu Mercúcio antes. Os Capuleto ignoram e dizem que Romeu merece morrer. O príncipe decide tirar o direito de Romeu voltar à Verona. Julieta termina sabendo de tudo e encontra-se com Romeu. Este parte logo de manhã e promete vê-la novamente.
  • Ato IV: Os Capuleto apressam o casamento de Julieta com Páris. Frei Lourenço a ajuda e sugere que ela tome um elixir e finja-se de morta, pois enviará uma carta à Romeu dizendo para ele retornar e fugir junto com ela.
  • Ato V: A carta é extraviada e Romeu pensa que Julieta suicidou-se. Ele encontra um boticário e encomenda um veneno. Retornando, Romeu encontra-se com Páris e o enfrenta, derrotando-o. Romeu vai ao encontro do corpo de Julieta e bebe o veneno, morrendo subitamente. Julieta acorda e, desesperada, suicida-se com um punhal que estava presente na bainha de Romeu. A família de ambos, antes rivais, juntam-se para o perdão.

A inspiração para Romeu e Julieta

Romeu and Julieta por Francesco Hayez

Ao contrário do que se acredita, a trama de Romeu e Julieta não foi inventada por William Shakespeare. Na verdade, a peça é a dramatização do poema narrativo de Arthur Brooke: "A Trágica História de Romeu e Julieta" (The Tragicall History of Romeus and Juliet), de 1562. Shakespeare seguiu o poema de Brooke de forma relativamente próxima, mas enriqueceu sua textura adicionando detalhes tanto nos personagens principais quanto secundários, como com Mercutio.

O poema de Brooke também não era original. Em última análise, ele deriva de uma história de 1476, de Masuccio Salernitano, Mariotto e Gianozza, em Il Novelino. Luigi da Porto deu a forma moderna em Istoria novellamente ritrovatta di due Nobili Amanti, dando o nome de Roemeu e Julieta (Romeus e Giulietta) aos personagens principais e mudando a história original de Siena para Verona. Matteo Bandello adaptou a história para incluí-la em Novelle, de 2005. O poema de Brooke é derivado do texto de Bandello.

De modo geral a história de amantes com destino trágico tem paralelos com muitos contos similares em diferentes culturas, incluindo Tristão e Isolda, Pyramus e Thisbe e outros. Essa história trágica é uma adaptação da história de Brooke.

Contexto histórico

Itália e Inglaterra em 1500

No período onde o drama é ambientado, A Itália não existia ainda como um Estado unitário e seus municípios foram divididos, em guerra entre si e com os Estados Papal. Verona e Veneza, em particular no século XVI foram um "espinho" no lado da Igreja Católica. No Reino da Inglaterra, por outro lado, durante o período em que o drama foi composto, reinou Elizabeth I, com todos os soberanos britânicos após Henrique VIII (pai de Elizabeth),

Elizabeth, após o cisma consumido por seu pai, foi tomar um catecismo diferente da católica (Livro de Oração Comum), permitindo a tradução inglesa das sagradas escrituras. Em 1588, a rainha, após o tribunal, recusou insistentes catolicismos de Filipe II, da Espanha, derrotada, o cúmplice instável do clima Atlântico, a Invencível Armada enviada pelo rei para conquistar a ilha. Se a vitória sancionava a superioridade marítima da Inglaterra desdobrando o caminho para as Américas, mas lançou contra Elizabeth a ira de todos os soberanos católicos, espalhados, principalmente, em Londres, um clima de medo, formou-se da intriga da corte, espiões, não aliviados pela discreta presença de uma comunidade De dramaturgos italianos.

O estilo gótico inglês moveu os primeiros passos do teatro elisabetano. Este período designa uma grande gama de dramaturgos competentes, entre eles, Shakespeare. O obscuro e o fantasioso estava em moda. Macbeth, tragédia shakesperiana, figura bem esse período, dos quais muitos personagens são bruxos e magos. A cena em que Julieta suicida-se com o punhal (Ato V, Cena III), também figura esse estilo.

A primeira apresentação

Representada seguramente antes de 1597, considera-se que o trabalho tenha sido encenado primeiramente pelos The King's Men. A companhia recitou Richard Burbage e Shakespeare. Os estudos históricos alegam que Burbage pode ter sido o primeiro ator a interpretar Romeu, com a jovem Robert Goffe no papel de Julieta. O palco para essa primeira apresentação seria sem dúvida alguma o Globe Theatre. Naquela época, a ausência de efeitos especiais fazia com que a tarefa de ator fosse muito mais colaborativa e muito mais expressiva. Foi trabalhado com luz natural, e o público assistia a apresentação num pátio descoberto.

Análises e críticas

Estrutura dramática

Shakespeare mostra sua habilidade para o drama livremente em Romeu e Julieta, proporcionando momentos intensos entre a troca de comédia e tragédia. Antes da morte do personagem Mercúcio, no Ato Terceiro, a obra é basicamente uma comédia. Após sua morte acidental, a peça torna-se subitamente séria e passa a assumir um cenário mais dramático. Ainda assim, o fato de Romeu ser banido, em vez de executado, oferece uma certa esperança ao público de que as coisas irão funcionar para os protagonistas. O público ainda tem uma outra razão para acreditar que tudo terminará bem para os dois jovens quando Frei Lourenço oferece a Julieta um plano para que ela viva com Romeu. E então, nesses momentos, todos estão em um estado de suspense; e este suspense se intensifica na abertura da última cena no túmulo: se Romeu deu um longo tempo para o Frade chegar, ele e Julieta ainda poderão ser salvos. Com a morte dos dois, o drama vai chegando ao fim e é justamente com essa cena da morte que o suspense dissolve-se, mais particulamente no momento em que Julieta segura um punhal.

Shakespeare também utiliza subplots para oferecer uma visão mais clarificadora das ações dos personagens principais, e fornecer um eixo em torno do qual gira o primeiro plot. Por exemplo, quando a peça começa, Romeu apaixona-se primeiramente por Rosalina, que recusava todos os seus avanços. A interação de Romeu com ela está evidentemente em contraste com seu amor posterior por Julieta. Isto permite uma comparação entre os dois relacionamentos, através do qual o público pode ver a gravidade do amor e do casamento dos protagonistas Romeu e Julieta. Neste caso, o plot seria a paixão de Romeu por Rosalina. O subplot, entretanto, seria o amor entre ele e Julieta. Sem o primeiro plot, nao existia uma grande confiança entre o relacionamento dos dois personagens principais, visto que Romeu pudesse estar apenas mais uma vez apaixonado, o que não é verdade. O amor de Páris por Julieta também estabelece um contraste entre os sentimentos dela por Romeu, que são apresentados depois das cenas da jovem com Páris. Julieta utiliza uma linguagem demasiada formal com Páris.

Além disso, a maior prova de que os sentimentos entre Romeu e Julieta são verdadeiros é o fato da família de ambos não se darem bem e, mesmo assim, eles insistirem em viver juntos para sempre.

Linguagem

Correlações entre sociedade real / sociedade da ficção

Não se sabe as convicções político-religiosas de Shakespeare. No entanto, elas não poderiam ser externadas em uma sociedade hierarquizada e com todos o poder centralizado em um Reinado, como era a dele.

Numa sociedade em que a liberdade não é tão cabível, ter cautela é fundamental. A arte, apenas acessível à alta sociedade na época, era completamente liderada pelo Reinado. Entretanto, Shakespeare tinha intenções quanto ao público do qual se dirigia através da dramaturgia. Frye diz que as peças shakesperianas apresentam aspectos da vida social que podiam ser inteligíveis à audiência e que podiam dialogar com as convicções da sociedade.

Política e classes sociais

Tendo como base para análise esse contato entre o enredo de uma peça fictícia e o estilo social geral da sociedade, Romeu e Julieta apresenta uma sociedade dividida em classes sociais. Observa-se uma hierarquia na obra, do qual as personagens pertencentes à categoria das classes mais baixas vão aparecendo primeiro, até chegar à mais nobre. Escalo, o príncipe de Verona, é figurado no topo dessa suposta escala social. Inclusive, ele exerce uma certa autoridade na Cena I do Ato I.

aus cidadãos, inimigos da paz, que profanais com aço o sangue irmão! [...] Por hoje, que se afastem daqui todos! Vós, Capuleto, podeis vir comigo até o tribunal de julgamento para receber a solução do caso. Que partam todos, pois a pena é morte!
— Príncipe, Ato I, Cena I

Escalo dirige-se à Montéquio e Capuleto através do termo rebellious subjects, enemies to peace o que, numa tradução literal, poderia dizer súditos revoltosos, inimigos da paz. O príncipe ainda é mais incisivo com a frase Once more on pain of death, all men depart, o que, nas traduções do domínio público se encontra Já! Sob pena de morte, dispersai-vos!. Na vida real, Elizabeth I também possuía esse tipo de autoridade para com seus súditos. Não viu outra saída senão executar o Conde de Northumberland e o Duque de Norfolk, além de Mary Stuart, para ganhar força e ficar mais segura diante da conspiração da época que era contra seu reinado.

Nota-se claramente nessas passagens da peça que Escalo é o mediador entre as duas famílias, tentando estabelecer ordem através do seu poder no principado. Sua linguagem, enquanto que incisiva e com tom superior, traz palavras semelhantes a de um clero, citando termos que lembrem religião, como perdão, sangue irmão, paz.

No final da peça, o Príncipe julga a situação das duas famílias, e toma uma posição de destaque, o que permite ao personagem demonstrar sua liderança e influência perante os demais. A reconciliação entre os Montéquios e os Caputelos faz com que uma nova ordem surja em Verona.

Principe: Uma paz triste a manhã traz consigo;
O sol, de luto, nem quer levantar.
Alguns terão perdão, outros castigo;
De tudo isso há muito o que falar.
Mais triste história nunca aconteceu
Que esta, de Julieta e Romeu.
Romeu e Julieta, Ato V Cena III

Há uma outra personagem representando uma classe social: a ama de Julieta. Ela é introduzida na peça a partir do Ato I Cena III. Os nobres da época possuíam criados antigos e confiáveis na roda de conversas para discutirem assuntos íntimos.

A ama de Julieta não pertence a uma classe nobre, pelo contrário, pertence a uma classe desprevilegiada. Seus diálogos com Julieta deixam classo sua personalidade mais voltada à emoção, aos sentimentos, ao instinto de sobrevivência.

unca criei menina tão bonita. Se viver para ver seu casamento é o meu sonho.
— Ama, Ato I, Cena III

A ama de Julieta possui um enorme afeto por ela, e usa uma linguagem diminutiva e carinhosa (Julinha, pombinha, boba), ao contrário da mãe de Julieta, que utiliza palavras mais formais.

ão é Julinha? e, por tudo o que é santo, a boba ficou quieta e disse "É". [...] Nem que viva mil anos, eu lhes juro, eu hei de me esquecer, "não é, Julinha?", e a boba, sem chorar, respondeu "é".
— Ama, Ato I, Cena III

A ama possui um papel importante no sentido de fazer com que Julieta diga seus verdadeiros sentimentos. Diante da ama, a protagonista fica completamente mais confortável para falar sobre sua vida de forma sincera, e isso contribui para que o público torne-se mais íntimo da personagem.

A sociedade real da época e a da ficção possuem ligações estreitas, porém, Romeu e Julieta não é uma obra cuja descrição da sociedade de Elizabeth I tem o objetivo de levar ao público uma informação sobre o estilo do reinado de Elizabeth em outro local (Verona).

Religião

A personagem Frei Lourenço representa um guia da religião cristã, defensor do amor. Frei Lourenço procura sempre ajudar os protagonistas a ficarem juntos. Embora essa ajuda possa contrariar os príncipios da Igreja, o Frei acredita que este amor entre ambos é mais importante que tudo. Fora Frei Lourenço quem sugeriu a Julieta a simulação do suicídio, a fim de dar um final feliz aos dois amantes.

As ervas preparadas pelo padre e o veneno utilizado por Romeu acabam levando à morte dos protagonistas.

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Predefinição:Link FA

  1. Sobrenome da família de Romeu, os rivais da família de Julieta.