Etnoficção: diferenças entre revisões
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* [http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cecs_ebooks/article/view/1348 Vestuário Cinematográfico: estudos da fashion theory aplicados à etnoficção portuguesa] – artigo de [http://unl-pt.academia.edu/kettycucinotta Caterina Cucinotta] e [http://www.antoniocascais.de António Cascais] em [http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php LASICS] |
* [http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cecs_ebooks/article/view/1348 Vestuário Cinematográfico: estudos da fashion theory aplicados à etnoficção portuguesa] – artigo de [http://unl-pt.academia.edu/kettycucinotta Caterina Cucinotta] e [http://www.antoniocascais.de António Cascais] em [http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php LASICS] |
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* [http://www.academia.edu/6550166/O_corpo_revestido_na_etno-fic%C3%A7%C3%A3o_portugu%C3%AAsa O corpo revestido na etno-ficção portuguesa] – paper de Caterina Cucinotta ([http://www.academia.edu Academia.eu]) |
* [http://www.academia.edu/6550166/O_corpo_revestido_na_etno-fic%C3%A7%C3%A3o_portugu%C3%AAsa O corpo revestido na etno-ficção portuguesa] – paper de Caterina Cucinotta ([http://www.academia.edu Academia.eu]) |
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* [http://rcfilms.dotster.com/entrevista_caterina.htm Entrevista] de Caterina Cucinotta com [[Ricardo Costa (cineasta)|Ricardo Costa]] (A etnoficção como género cinematográfico) |
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* [http://www.faktafiktion.se/pdf/The%20Ethnofiction%20in%20Theory%20and%20Practice%20Part%201.pdf The Ethnofiction in Theory and Practice] – artigo de Johannes Sjǒberg ([[PDF]]) |
* [http://www.faktafiktion.se/pdf/The%20Ethnofiction%20in%20Theory%20and%20Practice%20Part%201.pdf The Ethnofiction in Theory and Practice] – artigo de Johannes Sjǒberg ([[PDF]]) |
Revisão das 00h13min de 28 de março de 2015
Etnoficção refere-se especificamente a uma docuficção etnográfica, uma mistura de documentário e de ficção na área da antropologia visual. Refere-se a um filme cujas personagens, nativos, recorrendo a uma narrativa ficcionada ou à pura imaginação, muitas vezes improvisando, desempenham o seu próprio papel como membros de um grupo étnico ou social. O termo é usado em antropologia visual, enquanto etnografia e tem por objecto de estudo mais a etnia que o indivíduo que a representa.
Jean Rouch é considerado como o pai da etnoficção. Etnólogo, apaixonado pelo cinema, cedo descobre que, forçada a intervir no evento que regista (o ritual), a máquina de filmar torna-se participante[1]. Exigir na pesquisa etnográfica uma câmara não participante, como Marcel Griaule, seu mestre, preconizava é um preconceito que a prática contradiz. Avançando mais na pesquisa que os seus precursores, Jean Rouch introduz nela o actor, enquanto ferramenta científica. Nasce um novo género de cinema[2].
Referindo-se sobretudo a filmes do domínio da etnologia enquanto antropologia visual, o termo etnoficção[3] também serve para designar filmes documentários artísticos, de longa tradição, que precedem e sucedem Rouch. O termo pode também ser usado, num sentido mais geral, para designar qualquer obra de ficção na comunicação humana, na arte ou na literatura, com base etnográfica ou social.
História
Na linha de Robert Flaherty e de Jean Rouch, representações cinematográficas de duras realidades locais surgem em Portugal a partir dos anos trinta. Têm particular incidência nos anos sessenta e setenta[4], prosseguem na década de oitenta e mantêm-se presentes nos primeiros anos do século XXI, nos filmes de Flora Gomes, Pedro Costa[5][6][7] ou de Daniel E. Thorbecke, o autor desconhecido de Terra Longe.
Fazer surgir a ficção no coração da etnicidade é prática corrente nas narrativas populares portuguesas (literatura oral)[8]. Será assim fácil entender por que motivo, devido à atracção tradicional pelo imaginário surrealista e pela lenda, certos filmes portugueses, como os de Manoel de Oliveira e de João César Monteiro ou como os híbridos de António Campos, de António Reis e de Ricardo Costa[9][10][11] se libertam de predicados realistas e se tornam ficções poéticas. Desde os anos sessenta que a etnoficção (vida real e ficção num só) se torna um traço distintivo do cinema português.
Etnoficções
CRONOLOGIA
anos 20
- 1926 – Moana de Robert Flaherty, EUA
anos 30
- 1930 – Maria do Mar de José Leitão de Barros, Portugal
- 1932 – L'or des mers de Jean Epstein, França
- 1934 – Man of Aran de Robert Flaherty, GB
- 1936 – Tabu de Robert Flaherty e F.W. Murnau, EUA
anos 40
- 1942 – Ala-Arriba! de Leitão de Barros. Portugal
- 1948 – Louisiana Story de Robert Flaherty EUA
anos 50
- 1955 : Les Maîtres Fous de Jean Rouch, França
- 1958 : La pyramide humaine de Jean Rouch, França
anos 60
- 1960 – Moi, un noir de Jean Rouch. França
- 1962 – Acto da Primavera de Manoel de Oliveira. Portugal
- 1963 – Pour la suite du monde (Of Whales, the Moon and Men) de Pierre Perrault et Michel Brault, Canada
- 1967 - Jaguar (film), de Jean Rouch, França
anos 70
- 1976 – Gente da Praia da Vieira de António Campos
- 1976 – Mau Tempo, Marés e Mudança de Ricardo Costa
- 1976 – Trás-os-Montes de António Reis e Margarida Cordeiro
- 1979 – O Pão e o Vinho de Ricardo Costa
- 1988 – Mortu Nega de Flora Gomes
- 1996 – Po di Sangui de Flora Gomes
- 1997 – Ossos (filme) de Pedro Costa
filmes recentes
- 2000 – No Quarto da Vanda de Pedro Costa
- 2002 – Cidade de Deus (filme) de Fernando Meirelles
- 2003 – Terra Longe de Daniel E. Thorbecke
- 2003 – Brumas de Ricardo Costa
- 2006 – Juventude em Marcha de Pedro Costa
- 2007 – Transfiction de Johannes Sjǒberg
Em balanço sumário, destaca-se o tema transmontano nos filmes dos anos sessenta. O tema africano surge a meio dos anos noventa e prossegue depois, nos filmes de Flora Gomes, de Pedro Costa e de Daniel E. Thorbecke.
Pode deduzir-se, por outro lado, que as cinematografias portuguesa e de expressão portuguesa se distinguem por esse tema, que lhe dá voz no mundo do cinema, como a da Cesária Évora no da música. Certas "etnias" brasileiras serão também ficcionadas: as gentes das favelas e os transexuais.
Referências
- ↑ A Outra Face do Espelho (Jean Rouch e o Outro) – artigo de Ricardo Costa
- ↑ Jean Rouch and the Genesis of Ethnofiction – tese de Brian Quist, Long Island University
- ↑ Filme Etnográfico em processo: Reflexões em torno da Etnoficção – Resenha de Ana Lúcia Ferraz, (Professora Antropologia ICHF- UFF)
- ↑ Imagining Rurality: Portuguese Documentary and Ethnographic Film in the 1960s and 1990s – nota de introdução de uma conferência de Catarina Alves Costa no Comité du Film Ethnographique
- ↑ African Filmmaker Profiles: Flora Gomes (The Woyingi Blog)
- ↑ The Films of Pedro Costa (Distant Voices)
- ↑ Terra Longe ( South Planet)
- ↑ Literatura Popular
- ↑ Things we see: Portuguese anthropology on material culture – Texto de Filomena Silvano em Scielo
- ↑ Disquieting Objects - Artigo de Gabe Klinger ( The Museum of Moving Image)
- ↑ Ricardo Costa e o fluir das imagens – Artigo de José de Matos-Cruz
Consultar
Leituras
- Rouch, o documentário em transe artigo de Carlos Alberto Mattos em Críticos (Globo)
- A experiência da duração no cinema de Jean Rouch - Resenha de Ana Lúcia Ferraz, Universidade de São Paulo, Brasil
- Literatura Popular: em torno de um conceito – Artigo de Manuel Viegas Guerreiro (ver Viegas Guerreiro em Folclore de Portugal)
- A vertente antropológica do cinema português em Cinema de Portugal
- Vestuário Cinematográfico: estudos da fashion theory aplicados à etnoficção portuguesa – artigo de Caterina Cucinotta e António Cascais em LASICS
- O corpo revestido na etno-ficção portuguesa – paper de Caterina Cucinotta (Academia.eu)
- Entrevista de Caterina Cucinotta com Ricardo Costa (A etnoficção como género cinematográfico)
- The Ethnofiction in Theory and Practice – artigo de Johannes Sjǒberg (PDF)